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Se em meu ofício, ou arte severa,/ Vou labutando, na quietude/ Da noite, enquanto, à luz cantante/ De encapelada lua jazem/ Tantos amantes que entre os braços/ As próprias dores vão estreitando —/ Não é por pão, nem por ambição,/ Nem para em palcos de marfim/ Pavonear-me, trocando encantos,/ Mas pelo simples salário pago/ Pelo secreto coração deles. (Dylan Thomas — Tradução de Mário Faustino)
23/03/2014 às 7:55
Quanto mais mexe, pior fica. Uma proposta da diretoria da Petrobras ao conselho e um e-mail complicam um pouco mais a situação de Dilma; caso esbarra em Graça Foster e vai se tornando, a cada dia, mais inexplicável
Vejam este documento (se preciso, clique na imagem para ampliá-la).
Já volto a ele. Antes, algumas considerações.
Eu não sou o único a tentar entender a tumultuada cabeça de Dilma Rousseff — nos limites, deixo claro, de sua atuação pública (sou um homem de ambições modestas…). Outros tentam fazê-lo sem chegar a um desfecho satisfatório. Alguém consegue explicar por que ela mandou demitir, em 2014, um diretor que lhe teria dado um truque em 2006, induzindo-a e aos demais conselheiros ao erro? Por que agora e não antes?
A hoje presidente da República demorou oito anos para concluir que Nestor Cerveró não teria agido, então, com a devida transparência? A gente sabe que membros de conselhos administrativos não leem milhares de páginas eventualmente disponíveis sobre determinados investimentos. Contentam-se, nem poderia ser diferente, com memoriais executivos, pareceres de analistas, dos bancos etc. É assim em qualquer lugar do mundo. O ponto não está aí. A questão é saber por que Dilma demorou tanto para agir. E, ao fazê-lo, CONFESSA A SUA OMISSÃO DE OITO ANOS. Reitero: COMO ADMINISTRADORA E SENHORA ABSOLUTA DO SETOR ENERGÉTICO, DILMA DESMORALIZA DILMA AO DEMITIR CERVERÓ SÓ AGORA.
Parafraseando Ricky em Casablanca, ao se despedir de Ilse, “US$ 1,18 bilhão (na verdade, um pouco mais) é um punhado de feijão quando a empresa perdeu mais de R$ 200 bilhões em valor de mercado de 2010 a esta data, despencando de R$ 380 bilhões para R$ 179 bilhões. Era a 12ª maior empresa do mundo em 2010 e agora é a 120ª. Performance tão desastrada e desastrosa não é corriqueira. Ainda que fossem verdadeiras todas as bobagens que o petismo disse sobre a privatização de estatais no governo FHC, só o tombo dado na Petrobras já faria do PT um vitorioso no campeonato da dilapidação da patrimônio público. E, não custa notar, eram acuações falsas, num misto, em doses idênticas, de ignorância e pilantragem ideológica. Mas a dilapidação da Petrobras é verdadeira.
Reportagem da VEJA desta semana intitulada “Um poço de suspeitas” agrega um documento novo ao imbróglio de Pasadena — aquele que está lá no alto da página. No dia 2 de julho de 2008, o então procurador-geral da Fazenda Nacional, Luis Inácio Adams, que é hoje advogado-geral da União, enviou à então secretária-geral da Casa Civil, Erenice Guerra, um e-mail em que solicitava que se incluíssem na ata de uma reunião do conselho de administração da Petrobras duas ressalvas sobre a compra da refinaria de Pasadena. A primeira advertia que a tal Cláusula Marlim (aquela segundo a qual a Petrobras garantia à sua sócia, Astra, uma rentabilidade anual de 6,9% independentemente dos resultados da refinaria) não havia sido objeto de aprovação. A segunda informava que a diretoria executiva da empresa havia aberto um procedimento para investigar a falha.
O e-mail reforça a informação de que o conselho acabou aprovando, originalmente, uma operação sem ter conhecimento de todos os dados. Mas, então, que fique claro: a partir de 2 de julho de 2008, Dilma não poderia alegar ignorância de mais nada. E ATENÇÃO! NÃO SE TRATA DE EVOCAR, NESTE MOMENTO, A ENTÃO PRESIDENTE DO CONSELHO, MAS A CHEFE DA CASA CIVIL, A GERONTONA DO PAC, A SABICHONA, A QUE DECIDIA TUDO, A DAMA DE FERRO, A SENHORA DO ÓLEO, DOS VENTOS, DAS ÁGUAS, DOS RAIOS…
Compra tudo!
Mas Dilma nem precisaria ter esperado o e-mail de Adams para saber de tudo. Reportagem da Folha publicada neste domingo informa que a direção da Petrobras defendeu diante do conselho, no dia 3 de março de 2008, a compra da outra metade da refinaria — e de seu estoque de óleo — por US$ 788 milhões. Sabem quem foi, de novo, o orador da turma? Nestor Cerveró — sim, o tal senhor que Dilma mandou agora demitir. Era ele quem falava, mas o fazia em nome de toda a direção executiva da Petrobras, a saber: José Sérgio Gabrielli, então presidente, e os diretores Graça Foster, Almir Barbassa, Renato Duque, Cerveró (afastado da diretoria da BR Distribuidora) e Paulo Roberto da Costa (preso em operação que apura lavagem de dinheiro).
Note-se: isso aconteceu no dia 3 de março de 2008. O que se debateu, então, nessa reunião era a tal cláusula “PuT Option”. Até porque, ATENÇÃO PARA OUTRO DADO, a Astra já havia recorrido à Justiça americana no ano anterior: 2007! Se Dilma não sabia de nada em 2006 porque o resumo executivo de Cerveró era incompleto, ela certamente tomou ciência — NEM QUE FOSSE COMO MINISTRA DA CASA CIVIL, NÃO COMO PRESIDENTE DO CONSELHO — da ação judicial. Não fosse isso, teria sido informada de sua existência no dia 3 de março de 2008; se escapou de ficar sabendo ali, o e-mail de Adams, do dia 2 julho, era mais uma advertência.
Dilma não apenas se omitiu como ouviu a nova exposição de Cerveró. O conselho se recusou a pagar o que pediam os belgas, e a Petrobras teve de ir à Justiça se defender. Contratou um escritório de advocacia por US$ 7,9 milhões ligado a ex-integrantes da cúpula da empresa.
Não dá soberana!
- Em 2006, a senhora não sabia de nada? Ok.
- Mas e em 2007, quando a Astra recorreu à Justiça? Atenção! Em 2008 começa o litígio porque a Petrobras decide não ficar com a outra metade.
- E em março de 2008, quando o conselho discutiu a compra da outra metade, recusando-a?
- E em julho de 2008, quando recebeu o e-mail de Adams?
- Por que Cerveró continuou, então, à frente da diretoria da Área Internacional?
- Por que voltou para o grupo, como diretor financeiro da bilionária BR Distribuidora?
- Por que foi demitido só em março de 2014?
- Por que Cerveró é mais culpado do que Graça Foster?
- A que título a Petrobras remeteu para a refinaria, em 2008, US$ 200 milhões, depois que a Astra já tinha entrado na Justiça contra a Petrobras?
Parece evidente que se está tocando, por enquanto, apenas na superfície desse imbróglio.
- Como foi que a Astra, e por intermédio de quem, entrou na vida da Petrobras?
- De quanto foi exatamente o investimento feito pelos belgas na refinaria antes de vender 50% para a Petrobras?
- Na composição do preço da primeira metade (US$ 360 milhões), US$ 170 milhões seriam correspondentes ao estoque de petróleo. Assim, por metade da refinaria propriamente, a Petrobras pagou US$ 190 milhões — o empreendimento inteiro tinha sido comprado pelos belgas menos de um ano antes por US$ 42,5 milhões! Ora, se a apenas metade correspondiam US$ 190 milhões, ela toda, sem contar o estoque de óleo, já estaria avaliada, então, em US$ 380 milhões! Haja valorização!
Os petistas zangados se acalmem! Não são os “oposicionistas de sempre” que acham a história mal contada. Dilma também! Por isso mandou botar Cerveró na rua. Ela não explica por que só agora decidiu arrumar um bode expiatório, mantido, até anteontem, num dos cargos mais cobiçados do país.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Petrobras
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339 COMENTÁRIOS
22/03/2014 às 6:19
LEIAM ABAIXO
— Petrobras – A resolução politicamente delinquente do PT; com a companheirada, empresa perde mais de R$ 200 bilhões do seu valor de mercado e despenca do 12º lugar entre as maiores do mundo para o 120º;
— Dilma trata a política externa brasileira com o mesmo cuidado e habilidade dispensados à Petrobras. Ou: A mais recente delinquência do Itamaraty;
— Por CPI, Aécio tenta unir siglas do bloco de oposição;
— FIFA tira do ar página com 10 dicas sobre os brasileiros. É pena! Até que eram boas. Ou: A volta do “relaxa e goza”;
— “Minha única alternativa é o silêncio”, diz o agora demitido Cerveró;
— Dilma manda demitir Cerveró. É pouco! Isso é tática do bode expiatório;
— Justiça Federal nega liberdade a ex-diretor da Petrobras;
— Segurança Pública: Há 4 anos, Dilma prometeu transformar o Brasil num grande Rio de Janeiro. Manterá a promessa neste 2014?;
— Após ataques, tropas federais atuarão no Rio;
— José Sérgio Gabrielli e aquele seu olhar…;
— O ÚLTIMO DEBATE SOBRE O MENSALÃO NA VEJA.com;
— Não! Dilma não tem saída!;
— Seguidores do Dom Sebastião da gramática alternativa usam Petrobras para tentar tirar Dilma do caminho;
— A refinaria de Pasadena e a Petrobras: o que pode e o que não pode ser desculpável na atuação da conselheira e da presidente Dilma. Ou: Conta sobe mais US$ 200 milhões. Ou ainda: PT contra PT;
— Minha coluna na Folha: Gaby Amarantos canta para Dilma;
— Ibope: Dilma venceria no 1º turno se eleição fosse hoje. Só que não é! Ou: Sinal amarelo para a petista!;
— Cartel – Aécio diz a coisa certa sobre o CADE, e Cardozo se irrita
Por Reinaldo Azevedo
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22/03/2014 às 6:05
O PT publicou mais uma daquelas suas resoluções que ainda comporão a História Universal da Infâmia. E resolveu falar da Petrobras, investindo, de novo!, na fraude histórica, na pilantragem ideológica, no raciocínio falacioso, na vigarice intelectual, na impostura… Escolham aí os substantivos e adjetivos que lhes parecem bem degradantes.
Leiam (em vermelho) o trecho da resolução que trata da Petrobras. Volto em seguida.
Mais uma vez estamos presenciando a oposição e os setores conservadores da nossa sociedade fazer ataques para atingir a imagem da Petrobras. É importante relembrarmos que a nossa maior empresapública foi alvo da política de privatizações no governo liderado pelo PSDB, apoiado pela elite nacional, representado por FHC.
A Petrobras é a mais sólida das empresas brasileiras com um lucro superior a 23 bilhões de Reais, e a sétima empresa de energia do mundo, tornando-se competitiva no mercado internacional e simbolizando o arrojo do nosso projeto de Nação. A tentativa da oposição e do conservadorismo nacional em atacar a Petrobras é mais uma iniciativa daqueles que sucatearam o Estado brasileiro e aprofundaram as desigualdades sociais.
A defesa intransigente da Petrobras é a defesa do nosso projeto de Nação que tem resultado no crescimento econômico e na justiça social. Um projeto que colocou o Brasil “em pé” perante o mundo.
(…)
Retomo
Essa gente mente com um desassombro capaz de impressionar até mesmo os que não esperam que saia dali nada além de mentiras. A direção do partido repete a farsa de 2002, de 2006 e 2010, segundo o qual o PSDB teria tentado privatizar a Petrobras. Caso se cobre que os petistas exibam um só indício ou documento a respeito, eles não serão capazes.
Quem privatizou a Petrobras, como deixa clara a compra da refinaria de Pasadena, foi o PT. Não privatizou apenas. Destruiu também. Em 2009, a empresa estava em 12º lugar entre as maiores do mundo; há um ano, em 48º e, agora, em 2014, em 120º. Perdeu mais da metade de seu valor.
Ora, se nada de errado foi feito na Petrobras, então a senhora Dilma Rousseff cometeu uma arbitrariedade quando mandou demitir Nestor Cerveró da diretoria financeira da BR Distribuidora. Nem esperou o homem, que está em férias no exterior, chegar ao Brasil. Foi demissão à distância, num gesto também de execração pública.
Não, senhores! O que o Brasil precisa é salvar a Petrobras das mãos dos petistas. Eles já torraram mais de R$ 200 bilhões do valor da empresa.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Petrobras
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505 COMENTÁRIOS
22/03/2014 às 5:32
Quando se pensa que a política externa brasileira chegou ao fundo do poço, a gente descobre que é possível descer um pouco mais. Como já informei aqui, a deputada venezuelana Maria Corina Machado — aquela que teve a cara chutada por parlamentares bolivarianos — está ameaçada de perder a imunidade parlamentar e pode ir para a cadeia. Estava prevista uma intervenção sua, nesta sexta, na OEA (Organização dos Estados Americanos). Em dois lances, com a ajuda do Brasil, sua palavra foi cassada.
Num primeiro, a Nicarágua, governada pelo orelhudo Daniel Ortega, propôs que Maria Corina falasse a portas fechadas, sem a presença de público ou da imprensa. A proposta venceu com 22 votos a favor, 9 contra e 1 abstenção. Numa segunda, sugeriu-se pura e simplesmente cortar o tema Venezuela da pauta, o que também foi aprovado, aí com 22 votos a favor, 3 contra e nove abstenções. A deputada só conseguiu se pronunciar brevemente — e a portas fechadas — porque o embaixador do Panamá cedeu a ela a sua palavra, um recurso que é permitido.
Nas duas vezes, o Brasil votou para cassar a palavra de Maria Corina. É nojento!
A parlamentar venezuelana foi à OEA evocar a Carta Democrática Interamericana para que a entidade cumpra a sua função e cobre o respeito do governo da Venezuela aos fundamentos da democracia. Leiam, por exemplo, dois artigos:
Restou a Maria Corina falar com mais vagar numa entrevista coletiva: “Não viemos aqui pedir nenhum favor, mas exigir que a OEA cumpra o seu dever. Esta é uma organização de Estados, não um clube de presidentes”. Ela cobra que a OEA reúna o Conselho Permanente para discutir a crise em seu país; que se condem a repressão e a supressão de liberdades e que se faça uma comissão, compostas por reais democratas — como Óscar Arias, ex-presidente da Costa Rica — para visitar a Venezuela.
Ironias
Ao emprestar a sua cadeira para Maria Corina, o Panamá repetiu o gesto generoso da Venezuela pré-chavista, em 1989, quando cedeu o seu lugar para que um representante panamenho denunciasse a ditadura do delinquente Manuel Noriega. Em 2009, já sob os auspícios do bolivarianismo, o representante da Venezuela na OEA, Roy Chaderton, também cedeu seu posto a Patricia Rodas, ex-chanceler de Honduras, para atacar Porfirio Lobo, presidente eleito e legítimo do seu país. Ocorre que Patricia era da turma do maluco Manuel Zelaya. Nesse caso, como lembra o jornal “El Nacional”, a sessão foi aberta e transmitida ao vivo pela TV chavista VTV.
Já são 31 os mortos na Venezuela desde o dia 12 de fevereiro. Mais de 1.800 pessoas foram detidas. Na semana passada, foram presos os prefeitos Daniel Ceballos, de San Cristóbal, no estado de Táchira, e Enzo Scarano, de San Diego, em Carabobo. O primeiro foi acusado de incitar a violência; o segundo, de não ter impedido a formação de barricadas. É espantoso! O Brasil não apenas se cala diante da escalada ditatorial como também cala uma representante da oposição, tentando impedi-la de se manifestar até na OEA.
O governo Dilma poderia se contentar em ser apenas medíocre. Mas não! A mulher está disposta a nos cobrir de vergonha.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Itamaraty, Venezuela
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166 COMENTÁRIOS
22/03/2014 às 4:27
Por Daniela Lima e Gabriela Terenzi, na Folha:
Pré-candidato à Presidência, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) vai convidar líderes de todos os partidos de oposição a discutir uma estratégia de atuação em bloco para instalar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) e investigar a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), pela Petrobras. Aécio quer articular a reunião até terça-feira. O senador pretende envolver siglas como o PSOL, que não se alinha com PT ou PSDB. e o PSB, que tem seu próprio candidato ao Planalto, o governador Eduardo Campos (PE).
Em conversa com a Folha ontem, Aécio defendeu a investigação –a presidente Dilma Rousseff, que era chefe do conselho da Petrobras na época da compra, disse ter decidido pela aquisição da refinaria com base em um relatório “falho”. O negócio resultou em prejuízo de US$ 1,18 bilhão para a estatal.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Aécio Neves, CPI da Petrobras, PSDB
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62 COMENTÁRIOS
22/03/2014 às 4:15
Leio na Folha que a Fifa decidiu tirar do ar uma página em que explica o Brasil para os turistas, para os “iniciantes”, dando algumas dicas aos estrangeiros que nos visitam. A entidade ficou com temor de que pudesse ofender a brasileirada. Já ouvi, de fato, aqui e ali alguns muxoxos de protesto. Não chego a ter simpatia pela Fifa, mas será que está muito errada? Traduzo as dicas. Comento em seguida.
1: Sim nem sempre significa “sim”
Os brasileiros são um povo receptivo e otimista, e eles nunca começam uma frase com “não”. Há vários sentidos para a palavra “sim”. De fato, para os brasileiros, “sim” pode significar “talvez”. Se alguém lhe disser “eu ligo de volta”, não espere que o telefone toque nos cinco minutos seguintes.
2: O tempo é flexível
A pontualidade não é exatamente uma ciência no Brasil. Quanto você combina de encontrar alguém, ninguém espera que você esteja no local na hora exata. Um atraso de 15 minutos é a norma. Se duas pessoas marcam um encontro às 12h30, elas vão se ver a partir das 12h45.
3: Contato físico
Homens e mulheres não estão acostumados com o modo europeu de manter uma distância educada entre si. Eles falam com as mãos e não hesitam em tocar a pessoa com a qual conversam. Nas casas noturnas, isso pode até resultar num beijo, mas não se deve levar a mal. Um beijo, no Brasil, é só uma forma descontraída de comunicação não verbal, não um convite para algo mais.
4: Filas
Esperar pacientemente na fila não está no DNA dos brasileiros. Quando eles vão subir numa escada rolante, por exemplo, não existe o costume britânico de se alinhar em um dos lados. Em vez disso, preferem o caos. Mas, de algum modo, conseguem chegar ao topo (frequentemente).
5: Contenção
Se você for a uma churrascaria que oferece tudo-o-que-há-para-comer e se quiser provar imediatamente toda a variedade de carnes, lembre-se de duas coisas: de não se alimentar nas 12 horas anteriores e de comer em pequenas porções, já que a melhor carne é geralmente servida por último.
6: Prevalência do mais forte
Nas ruas, os pedestres são claramente ignorados, e, mesmo nas faixas de segurança, dificilmente um motorista vai parar. O direito de ultrapassagem dos motoristas é simplesmente definido pelo veículo maior.
7: Experimente açaí
Os frutos da Amazônia podem realmente fazer maravilhas. São agentes emagrecedores naturais, previnem doenças e, dizem, são energéticos. Uma porção no intervalo da partida pode ajudar o jogador mais cansado a recuperar as suas forças.
8: Topless
Corpos descobertos e arte em corpo feminino são comuns no Carnaval, mas não é isso o que você vai ver todos os dias no Brasil. Ainda que os biquínis brasileiros tenham menos pano quando comparados aos europeus, eles são sempre usados. Tomar sol na praia sem biquíni é rigorosamente proibido e pode resultar em multa.
9: Não ao espanhol
Quem espera usar o espanhol para se comunicar com a população local vai manter uma conversa de surdos. O idioma nacional é o português brasileiro, uma variante do português. E, se você disser que a capital do Brasil é Buenos Aires, pode esperar a deportação.
10: Tenha paciência
No Brasil, tudo é feito no último minuto. Se há uma coisa de que os turistas devem se lembrar acima de todas as outras, é esta: não perca a paciência e controle os nervos. Tudo vai dar certo e ficar pronto a tempo. Isso vale até para o estádios. De fato, a atitude dos brasileiros diante da vida pode ser assim resumida: relaxa e goza.
Retomo
Exceção feita ao açaí, um das coisas mais detestáveis que já provei e que não é assim tão comum Brasil afora, o resto tem mesmo a ver com a gente, ora essa! E o texto até que é bem-humorado. Não vejo nada de errado. Alguns reclamaram da foto que o ilustra. Por quê? Convenham: a culpa não é deles, hehe.
Temos dificuldade de dizer “não”, chegamos atrasados aos encontros, adoramos um “beijinho” e, como diria Fernando Pessoa, “pegar no braço” dos outros, não sabemos usar escada rolante, o trânsito é uma zona, e tudo, até os estádios, são feitos na undécima hora.
A frase final foi inspirada, creio, na ministra da Cultura, Marta Suplicy, quando estava à frente do Ministério do Turismo. Perguntaram a ela que conselho daria aos turistas que temiam enfrentar o caos nos aeroportos brasileiros. Ela não teve dúvida, com o se vê abaixo:
A Fifa, desta vez, não tem culpa.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Copa do Mundo de 2014, Fifa
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174 COMENTÁRIOS
21/03/2014 às 20:33
No Estadão Online:
“Do jeito que as coisas foram postas, minha única alternativa é o silêncio”. O desabafo foi feito nesta sexta-feira, 21, ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, pelo ex-diretor da área Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró, apontado pela presidente da República, Dilma Rousseff, como responsável pelo relatório que subsidiou a compra da refinaria de Pasadena (EUA).
(…)
Ao lado de Cerveró, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, preso na quinta-feira no Rio pela Polícia Federal (PF), participou da elaboração do negócio que garantia vantagens à empresa belga Astra Oil em detrimento da Petrobrás na operação de compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). A acusação foi feita quinta por Sílvio Sinedino, que já foi conselheiro, deixou o cargo em 2013, e reassume agora para novo mandato de um ano. Em entrevista à Globo News, Carveró confirmou que está em férias no exterior, sem precisar o local, e disse que ainda tem duas semanas antes de retornar ao Brasil. Ele afirmou que as férias já estavam agendadas desde antes da divulgação da notícia do envolvimento da presidente Dilma Rousseff com a aprovação da compra da refinaria.
Funcionário da Petrobrás desde 1975 e com formação em engenharia química, Cerveró assumiu o posto de diretor internacional da companhia no início de 2003, primeiro ano do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Ele foi indicado pelo senador Delcídio Amaral (PT), dentro da cota petista de cargos na estatal. Também recebeu a bênção de José Dirceu, que naquele ano chefiava a Casa Civil. Em 2008, em meio a uma disputa política entre PT e PMDB na Petrobrás, Delcídio perdeu a queda de braço e Cerveró teve de deixar o cargo, que foi depois ocupado por Jorge Zelada. O seu substituto seria indicado do PMDB. O ex-diretor foi então deslocado para a diretoria financeira da BR Distribuidora.
Delcídio negou na quarta ser o responsável pela indicação de Cerveró. “Em 2003 fui consultado pelo governo sobre o nome de Cerveró para a diretoria e não vi nenhum óbice, era um funcionário de carreira da empresa”, afirmou o petista, que também é ex-diretor da Petrobras. “No que se refere à tramitação de projetos, acho pouco provável que algum processo chegue ao conselho sem estar devidamente instruído para liberação dos diretores e conselheiros”, afirmou o senador.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Nestor Cerveró, Petrobras
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183 COMENTÁRIOS
21/03/2014 às 20:04
Tentaram queimar um fusível para ver se conseguem interromper os desastres causados pelo curto-circuito. Nestor Cerveró, que era diretor da Área Internacional da Petrobras em 2006 e agora respondia pela Direção Financeira da BR Distribuidora, foi exonerado. É mesmo, é? Estamos diante de um caso clássico, emblemático, de bode expiatório. Por que só agora?
Ao mandar botar Cerveró na rua, Dilma reforça a versão de que os conselheiros foram enganados por um memorial executivo manco, que não trazia as informações completas sobre a natureza do contrato da Petrobras com a Astra. Ok.
Mas isso só reforça o óbvio: a decisão de Dilma tem pelo menos sete anos de atraso, não é mesmo? Em 2007, ano seguinte à compra, quando a Astra entrou na Justiça americana, a então presidente do Conselho ficou sabendo da natureza do contrato. Quando assumiu a Presidência, em 2011, a empresa brasileira ainda lutava para não ter de pagar quase US$ 1 bilhão pela outra metade da refinaria. Em 2012, a causa chegou ao fim. A Petrobras perdeu. E lá se foram US$ 820,5 milhões pelo ralo.
Quase dois anos depois, até este dia 21 de março, lá estava Cerveró — cujo resumo executivo manco, então, Dilma conhece, no mínimo, desde 2007 — como diretor financeiro da BR Distribuidora, divisão da Petrobras comandada pelo PT. O chefe máximo é José Eduardo Dutra, ex-presidente do partido e um dos “Três Porquinhos”.
Vai ficar só nisso? Dilma manda demitir Cerveró porque admite, então, que ele fez um resumo executivo que foi lesivo à Petrobras, mas não ordena que Graça Foster, presidente da Petrobras, mobilize a área jurídica da empresa contra José Sérgio Gabrielli, então presidente da estatal (ou melhor: empresa de economia mista; há acionistas que foram lesados)? Gabrielli deixou claro que sabia de tudo e ainda sustenta que se tratou de operação corriqueira.
Das duas uma: a) ou bem se trata mesmo de uma burla, como parece que é, e isso justifica a demissão de Cerveró — o que implica que se busque punir também Gabrielli; b) ou bem não foi uma burla, e a demissão é, então, injusta. Qual é a alternativa correta, soberana?
Mais: ao mandar demitir Cerveró, Dilma admite que só esse “negocinho” na gestão Lula-Gabrielli provocou um prejuízo bilionário à Petrobras.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Nestor Cerveró, Petrobras
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336 COMENTÁRIOS
21/03/2014 às 19:10
Por Daniel Haidar na VEJA.com:
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região negou o pedido de habeas corpus apresentado pela defesa de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, para que ele fosse libertado da cadeia. Ele foi preso em casa na manhã de quinta-feira por ocultar provas da Justiça e também deve ser investigado por corrupção passiva. O advogado Fernando Fernandes vai voltar a pedir a liberdade de Costa ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) ainda nesta sexta-feira.
A ordem de prisão temporária contra Costa tem validade de cinco dias. Costa foi preso na esteira da operação Lava Jato da Polícia Federal, que desmontou um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou cerca de 10 bilhões de reais. Policiais federais flagraram parentes dele ocultando documentos ao deixar o escritório do ex-diretor com malas e pastas, no que parecia ser uma tentativa de destruir provas. Costa também é investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) do Estado do Rio de Janeiro, em outro processo, por irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, no Texas, pela Petrobras.
Na Operação Lava Jato, a PF descobriu que Costa ganhou um Land Rover blindado, modelo Evoque, como remuneração equivalente a 300.000 reais (custo do veículo e da blindagem), do doleiro Alberto Youssef, personagem central do esquema de lavagem. Na casa do ex-diretor da Petrobras foram apreendidos 751.000 reais, 181.000 dólares e 10.850 euros em espécie. ”Ora, em cognição sumária, a doação, às ocultas, por suposto doleiro de veículo de luxo a pessoa que recentemente exercia cargo de Direção na Petrobras é fato por si só suspeito e que precisa ser melhor elucidado. Pode configurar crime de corrupção passiva”, diz o mandado de prisão expedido pela 13ª Vara Federal de Curitiba.
Fernandes afirmou ao site de VEJA que o Land Rover foi recebido como pagamento de um serviço de consultoria financeira que ele prestou ao doleiro. Costa é engenheiro mecânico formado na Universidade Federal do Paraná, em 1976. Fernandes nega que o pagamento esteja relacionado a quaisquer atividades de Costa como funcionário da Petrobras. O ex-diretor foi um dos responsáveis pela compra de 50% da refinaria de Pasadena, no Texas, negócio que deu um prejuízo de 1 bilhão de dólares para a estatal e é investigado pelo Ministério Público Federal. ”Ele não era mais funcionário público e não estava impedido de praticar consultoria. A prisão não tem relação com Pasadena ou Petrobras. É uma prisão ilegal e arbitrária”, afirmou Fernandes.
O advogado do ex-diretor nega que ele tenha ocultado provas ou praticado corrupção. Diz que, na verdade, a filha do ex-diretor estava retirando documentos de sua empresa, temporariamente guardados no escritório do pai, enquanto ele prestava depoimento na sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Fernandes afirma que esses documentos não tinham relação com negócios de Costa. Ainda assim, o advogado diz que os documentos foram apresentados para a polícia e apreendidos. A prisão de Costa foi decretada por cinco dias “para impedir novas perturbações de provas”, de acordo com o mandado expedido pela Justiça.
Youssef foi um dos personagens da CPI do Banestado, em 2005, quando afirmou em depoimento que pagava propina para os diretores do banco do Estado do Paraná para ter facilidades na remessa de dinheiro para o exterior por meio das extintas contas CC-5. Ele havia conseguido o benefício da delação premiada e, por isso, estava em liberdade. Na última segunda-feira, a PF havia desarticulado quatro grandes quadrilhas de lavagem de dinheiro, prendendo os doleiros Alberto Youssef, Carlos Habib Chater e Enivaldo Quadrado – este último condenado no julgamento do mensalão.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Petrobras
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20 COMENTÁRIOS
21/03/2014 às 19:01
Caros leitores,
abaixo, vocês assistirão a um vídeo de um evento no Rio de Janeiro, em 2010, com a então candidata à Presidência do PT, Dilma Rousseff, e com Sérgio Cabral, que disputava a reeleição ao governo do estado. Era o tempo em que eles andavam de braços dados, como amigos inseparáveis. A política de segurança pública do Rio era considerada um exemplo a ser seguido em todo o Brasil. Prestem atenção ao vídeo a partir de 1min30s. Transcrevo a fala da agora presidente em seguida.
Disse Dilma:
“A gente considera que o resultado da política aqui, dessa parceria do governo federal com o governo estadual, aqui, com o governador Sérgio Cabral, ela construiu uma referência no que se refere (!!!) à… No que se refere basicamente à… estruturação de uma política de segurança através das Unidades de Polícia Pacificadora. É transformar territórios em guerra em territórios de paz (…) Em muitos estados, não transferiram os chefes do crime organizado para as penitenciárias de segurança máxima. Aqui foi transferido. Os daqui estão em Catanduvas, Campo Grande e Mossoró. Com isso, o que é que acontece? Você tira do presídio os líderes e os cabeças e impede que os presídios sejam transformados em plataformas do crime (…)
Retomo
Bem, é a Dilma dos velhos tempos, com um raciocínio ainda mais confuso do que o de hoje e um vocabulário mais estreito. Mas está claro no vídeo, editado como propaganda, que a política de segurança de Sérgio Cabral era considerada exemplar.
Quatro anos depois, o Rio está em chamas. E não foi por falta de aviso. Não!, leitores, eu não acho que Cabral e José Mariano Beltrame, secretário de Segurança Pública, deveriam ter ouvido as minhas advertências. Penso que ambos, mais uma boa leva de bacanas que resolveram jogar os fatos no lixo, deveriam ter ouvido os apelos da lógica. A Internet presta uma grande contribuição à memória.
Pesquisem neste blog e em toda parte: durante uns bons anos, na grande imprensa, devo ter sido o único crítico da política de segurança do Rio. Apanhava que dava gosto — inclusive de muitos amigos cariocas! Alguns deles chegaram a se engajar numa pré-campanha para fazer de Beltrame candidato ao Prêmio Nobel da Paz. Sim, eu sei! Até Arafat ganhou o seu… Mas o ridículo em estranhos dói menos do que em pessoas que a gente ama ou admira, né?
As críticas que eu fazia às UPPs eram compreendidas ou pelo avesso ou simplesmente não eram compreendidas de modo nenhum. É evidente que eu não era — e os textos estão em arquivo — nem poderia ser contra a chegada de postos policiais aos morros. Aliás, escandaloso é que não houvesse isso no Rio. Há quanto tempo existe essa modalidade de polícia em São Paulo, por exemplo? Há décadas. Nunca foi chamada de “polícia pacificadora”. É garantia de segurança? Garantia não é. Mas não existem, em São Paulo, áreas onde a polícia não entra, como ainda há no Rio, e todo mundo sabe disso.
O nome “Polícia Pacificadora” sempre me irritou porque carrega consigo uma óbvia impostura, mas também uma revelação involuntária. “Pacificar” quem exatamente? Pactos de paz se estabelecem entre inimigos beligerantes, postos em pé de igualdade e considerados igualmente legítimos. Cabe hoje, como sempre coube, a pergunta: quem está de cada lado? Então vamos estabelecer a “pax” entre a bandidagem e suas vítimas, é isso? Entre a lei e a não-lei? Entre a sociedade de direito e o arbítrio do crime?
Sim, infelizmente, sempre se tratou exatamente disto: a polícia dita “pacificadora” traz na sua origem o reconhecimento de que existe certa legitimidade no banditismo. O que se cobrava dele é que fosse mais discreto; que não tiranizasse as populações do morro; que não as submetesse a uma disciplina escandalosamente de exceção; que não saísse matando desbragadamente; que fizesse o seu tráfico, mas com um pouco mais de decoro.
Tanto isso é verdade que essa “pacificação” tinha, e tem, como um de seus fundamentos, não prender bandidos. Ao contrário: o anúncio da “ocupação” dos morros é feito com grande antecedência para que dê tempo para a tigrada sair correndo — ou, então, para que se recolha à discrição. E isso sempre encantou os deslumbrados e os especialistas nos próprios preconceitos, vendidos como grandes sábios da segurança pública. Quando se ocupavam os morros sem dar um único tiro, aquilo lhes parecia poesia. ‘Ah, então você acha que tem de dar tiro?”, poderia perguntar um idiota. Não! Penso que atirar ou não é irrelevante como evidência da paz. Se o silêncio decorre de um pacto informal com a bandidagem, então não se tem paz, mas a guerra feita por outros meios.
Ano eleitoral
Estamos em ano eleitoral. Como esquecer que, em 2010, a então candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, como se vê lá no alto, considerava que o Rio de Janeiro, para onde ela manda agora tropas federais, um exemplo a ser seguido. Para ela, ruim mesmo era a segurança em São Paulo. Escrevi naquele 2010 o óbvio: o Rio tinha, segundo o Mapa da Violência, 26,2 homicídios por 100 mil habitantes; São Paulo, 13,2. Hoje, essa diferença aumentou.
Segundo o Anuário de Segurança Pública, São Paulo tem 633,1 presos por 100 mil habitantes com mais de 18 anos; no Rio, essa taxa é de 281,5. Na comparação, é evidente que o Rio prende pouco. E não menos evidente é a existência de uma relação proporcional entre taxa de reclusão e taxa de homicídios. A Bahia, o segundo estado que menos prende no Brasil (134,6 por 100 mil) — só perde para o Maranhão (128,5) — tem uma taxa de homicídios de 40,7 por 100 mil habitantes, quase o quádruplo, hoje, da de São Paulo.
Volto ao Rio. Os números e a realidade evidenciam que a política deliberada de não prender criminosos não funciona — ou funciona enquanto o crime organizado deixa. É claro que prender custa caro, dá trabalho e traz problemas novos. Mas ainda é o mais seguro a fazer. Os erros, as imposturas e o deslumbramento cobram agora o seu preço.
Quatro anos depois, a candidata à reeleição Dilma Rousseff ainda acha que o Rio é exemplo a ser seguido? Ainda é o caso de exaltar a “parceria” entre os governos estadual e federal? Qual será a promessa quando ela subir no palanque, ao lado de Pezão e de Lindbergh Farias?Por Reinaldo Azevedo
Tags: Rio de Janeiro, Segurança Pública
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130 COMENTÁRIOS
21/03/2014 às 17:38
Por Marcela Mattos na VEJA.com. Volto no próximo post.
Após apelo do governador do Rio de Janeiro, o governo federal vai enviar suas tropas ao Estado para auxiliar a conter os ataques de traficantes às Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). A decisão foi tomada após reunião nesta sexta-feira entre o governador Sérgio Cabral, a presidente Dilma Rousseff, os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Aloizio Mercadante (Casa Civil) e a cúpula de segurança pública do Rio, no Palácio do Planalto, em Brasília.
Na noite de quinta-feira, quatro UPPs foram alvos de criminosos. Em Manguinhos, onde a ação foi mais grave, os bandidos atiraram e atearam fogo em contêineres e balearam o comandante da unidade, o capitão Gabriel Toledo. Outros três policiais ficaram feridos. A ordem do ataque, de acordo com secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, partiu de dentro de um presídio.
“Desde janeiro esses ataques passaram a ser mais intensos. Nós entendemos que não há nenhum problema de pedir apoio das Forças Federais. Acabou esse constrangimento no Rio há muito tempo”, disse Cabral após encontro com Dilma. “A população quer resultados e todas as vezes que nós precisamos das Forças Federais elas foram efetivas”, continuou.
Na próxima segunda-feira, o ministro da Justiça vai ao Rio de Janeiro para definir um plano de ação no Estado. Alegando questões de segurança, José Eduardo Cardozo não informou quais tropas federais vão ao Estado e nem a quantidade do efetivo destacado para auxiliar a polícia carioca. “Nossos órgãos de inteligência estão integrados fazendo as análises necessárias. Tudo está sendo acompanhado para que as medidas corretas sejam tomadas no seu tempo necessário”, disse Cardozo. Segundo ele, o reforço federal já estará disponível neste fim de semana, caso seja necessário.
De acordo com Cabral, o Rio conta com um efetivo de 9.400 policiais atuando nas comunidades pacificadas. “Creio que só São Paulo e Belo Horizonte tenham efetivo maior nas capitais. É evidente que quando se amplia o volume de presença com bases, o risco de ataques é enorme. Mas é uma demonstração da fragilidade do crime organizado”, disse o governador. Ele afirmou que, após a pacificação, houve uma redução de 65% na quantidade de homicídios nas comunidades.
Mundial
A três meses da Copa do Mundo, o governo federal afirma ter um “excelente” plano de segurança para enfrentar problemas durante os jogos e que casos como os do Rio não prejudicarão o esquema já discutido com os governos estaduais. “Isso tem a ver com uma situação imediata que estamos vivendo. Nós estamos muito seguros que teremos uma Copa com excelente padrão de segurança”, disse Cardozo.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Rio de Janeiro, violência
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21/03/2014 às 17:29
Vi José Sérgio Gabrielli na televisão. Está com sangue nos olhos. Seu interlocutor, do outro lado da tela e dos recados que tem mandado por intermédio da imprensa, é a presidente Dilma Rousseff.
Gabrielli nunca foi um, como posso dizer?, presidente de estatal convencional — refiro-me já ao convencionalismo do particularismo: petistas à frente de outras estatais costumam ser mais discretos. Ele não! Nunca escondeu que era apparatchik; que estava no comando da Petrobras para defender os interesses do partido, não os da empresa.
Às vésperas da eleição, no dia 18 de outubro de 2010, concedeu umaentrevista à Folha afirmando que FHC havia tentado privatizar a Petrobras. Era mentira. Sempre foi mentira. Nunca ninguém tentou, INFELIZMENTE, privatizar a Petrobras. Alguém acha que uma empresa privada teria feito o negócio de Pasadena?
Quando Dilma não quis mais Gabrielli na Petrobras, ele foi se aboletar no governo Jaques Wagner, como secretário de Planejamento da Bahia. O plano original era disputar o governo do Estado pelo PT. Mas o seu, vá lá, “estilo” risca-faca não conseguiu se adequar nem mesmo à companheirada.
O ex-presidente da Petrobras veio a público para dividir as responsabilidades. Indagado sobre alguns detalhes, alegou confidencialidade — a mesma que fez com que os acionistas privados da Petrobras se tornassem sócios involuntários de um mico.
Lá no “Partido”, Dilma está sendo execrada — e Lula já deu a senha: “Ela errou!”. Era para ter agasalhado a operação, mas preferiu tirar o corpo fora, coisa que companheiro não faz com companheiro. Pelos cantos, Gabrielli já disse que não aceita ser bode expiatório, daí aquele ar, deixem-me procurar as palavras, vingativamente vetusto.
De resto, sobra outra coisa de sua entrevista, até óbvia, mas à qual não se deu destaque: ele, inequivocamente, sabia de tudo. E tenta nos convencer de que um prejuízo de US$ 1,38 bilhão era um bom negócio.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Gabrielli, Petrobras
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21/03/2014 às 16:11
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Mensalão
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21/03/2014 às 15:37
Não! Dilma não tem saída!
Idiotas falam e dizem idiotices e, por óbvio, isso faz deles o que são: idiotas. Se fizessem e dissessem as coisas que fazia e dizia Schopenhauer, então Schopenhauer seriam. É evidente! A canalha andou ruminando que eu estaria tentando relativizar isso e aquilo. Relativizar o quê? Ao contrário: eu estou dizendo que o comportamento de Dilma não tem desculpa. Ainda que ela e os demais conselheiros tenham sido levados, pelo conjunto de dados à época disponível, a aprovar a compra de 50% da refinaria de Pasadena, como justificar o que houve depois?
1 – por que Dilma, na condição de ministra-chefe da Casa Civil e, sim!, presidente do Conselho, nada fez quando ficou claro que a Petrobras havia caído numa armadilha?
2 – a compra foi aprovada em 2006; em 2007, a Astra já havia entrado na Justiça americana para obrigar a Petrobras a comprar a outra metade;
3 – em 2008, a Petrobras organizou a sua defesa nos EUA; no mesmo ano, enviou US$ 200 milhões à refinaria;
4 – o senhor Nestor Cerveró, sobre quem recaem as suspeitas de ter elaborado um memorial executivo incompleto, continuou à frente da diretoria da Área Internacional da Petrobras;
5 – Cerveró saiu da Área Internacional e virou nada menos do que diretor financeiro da BR Distribuidora, presidida pelo petista José Eduardo Dutra, um daqueles que Dilma chamou os seus “Três Porquinhos” na campanha eleitoral.
Relativizando? Não! Ao contrário: eu estou é deixando claro que, para Dilma, não há saída nesse caso e que a sua desculpa é muito fraca. Como afirmei nacoluna de hoje da Folha, posta na vitrine, não vale R$ 1,99.
Se a conselheira Dilma não tinha como saber o tamanho do abacaxi em 2006, como asseveram outros conselheiros, a conselheira já sabia de tudo em 2007 e seguiu sabendo em 2008, 2009 e 2010. Depois, quem passou a saber de tudo em 2011, 2012, 2013 e 2014 foi a presidente da República.
E é justamente em 2014 que vamos encontrar o tal Cerveró como diretor financeiro da BR Distribuidora. Se Dilma foi enganada, como ela diz, transformou o logro de que foi vítima em omissão.
Ora, ela que venha a público contar a história inteira. Mas, nesse caso, suponho, terá de entregar os companheiros.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Governo Dilma, Petrobras
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356 COMENTÁRIOS
21/03/2014 às 15:16
É evidente que a ala lulista do petismo, que sonha com a volta do Dom Sebastião da outra gramática possível, está usando o caso da Petrobras para desgastar Dilma. Quem sabe desta vez… É curioso. O negócio se deu durante o governo Lula. Quem comandava a empresa era um lulista de carteirinha: José Sérgio Gabrielli — este não tem por onde sair: sabia de tudo. E, não por acaso, diz que os outros também sabiam. Quer dar o abraço de afogados.
A estratégia para queimar Dilma chega a ser escancarada. Como noticia a Folha, os seguidores do Companheiro-Chefe saíram por aí a descer a língua na presidente, que teria tentando jogar a bomba no colo dos outros. O escândalo da Petrobras pode ser mais uma chance de tirar Dilma do meio do caminho. Afinal, eles estão certos de que, no Lula, nada cola.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Governo Dilma, Petrobras
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105 COMENTÁRIOS
21/03/2014 às 7:06
— A refinaria de Pasadena e a Petrobras: o que pode e o que não pode ser desculpável na atuação da conselheira e da presidente Dilma. Ou: Conta sobe mais US$ 200 milhões. Ou ainda: PT contra PT;
— Minha coluna na Folha: Gaby Amarantos canta para Dilma;
— Ibope: Dilma venceria no 1º turno se eleição fosse hoje. Só que não é! Ou: Sinal amarelo para a petista!;
— Cartel – Aécio diz a coisa certa sobre o CADE, e Cardozo se irrita;
— Traficantes atacam três UPPs no Rio; a de Manguinhos foi incendiada; quatro PMs ficam feridos;
— “Independentes” querem que PGR apure papel de Dilma em compra de refinaria de Pasadena;
— Ex-diretor da Petrobras que está preso é considerado a “caixa-preta” da estatal;
— Petrobras: na melhor das hipóteses, o desemprego; na mais dura, a cadeia;
— Vaias: Dilma na versão “Dilma Bolada”…;
— Por uma questão de isonomia, duas perguntas ao jornalismo da Globo;
— Neste blog, nada menos de dezessete posts sobre a refinaria de Pasadena!;
— Ah, então este blog estava certo, não é? O CADE vai investigar a formação de cartel de trens também em território petista! Haverá, nesse caso, vazamento diário de informações, por uma questão de isonomia partidária, ou não?;
— Operação Lava Jato prende um ex-diretor da Petrobras, também envolvido com lambança de Pasadena;
— Aécio cobra responsabilidade de Dilma por prejuízo bilionário da Petrobras; oposição fala em CPI; hipótese virtuosa para a presidente é a incompetência;
— Petrobras: a trapalhada de Dilma para tentar se livrar do rolo;
— Executivos da Petrobras rebatem versão de Dilma e dizem que ela tinha como saber de tudo;
— Filha de Marco Aurélio derrota profissionais mais experientes e é nomeada por Dilma para o TRF. Pois é…;
— Marco Civil: governo perde de novo e vai ceder; restrição de parlamentares sobre superpoderes presidenciais é pertinente!;
— Este vídeo explica por que a canalha bolivariana quer calar Maria Corina;
— Se a mulher não pensa como Dilma acha que deve pensar, ela não vê nada demais em que lhe chutem a cara, quebrem-lhe o nariz e lhe cassem o mandato. É tudo merecido!Por Reinaldo Azevedo
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21/03/2014 às 6:49
Ainda se sabe pouco do incrível imbróglio de Pasadena. Mas algumas informações começam a vir à tona. Saibam, por exemplo, que a dinheirama gasta pela Petrobras foi ainda maior do que aquele US$ 1,18 bilhão: há outro espeto de US$ 200 milhões que ainda não foi mencionado. Já explico. Em primeiro lugar, cumpre notar que estamos diante de um fogo amigo nada amigável. Vale dizer: há uma luta explícita de petistas contra petistas. A presidente Dilma insiste na versão de que desconhecia o inteiro teor do contrato da Petrobras com a Astra, que obrigava a empresa brasileira a comprar a outra metade da refinaria. José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras e um dos queridinhos de Lula, espalha o contrário: segundo dá a entender, não havia como o conselho não saber de tudo. O preço pago pela Petrobras por 50% da refinaria também merece algumas considerações. Como se sabe, a Astra comprou a dita-cuja em 2005 por US$ 42,5 milhões e vendeu metade para a empresa brasileira, um ano depois, por US$ 360 milhões.
Começo por essa questão. A informação passada aos conselheiros é que o preço se justificava porque os belgas fizeram investimentos na refinaria e porque a empresa tinha um estoque de óleo cujo valor não estava computado naqueles US$ 42,5 milhões. Assim, segundo essa leitura, não haveria nada de errado com a compra inicial daquela metade da empresa. Lembre-se que, quando Graça Foster tentou vender a refinaria, no ano retrasado, encontrou um único comprador, que aceitou dar US$ 180 milhões — bem menos, é certo, do que os US$ 360 milhões que a Petrobras pagou por apenas metade, mas bem mais dos que os US$ 42,5 milhões pagos pelos belgas em 2005 pela refinaria inteira. Adiante.
Outros conselheiros da Petrobras à época, como o empresário Jorge Gerdau e o economista Cláudio Haddad, endossam a versão de Dilma. Segundo Haddad, quem fez a exposição de motivos e justificou a compra foi Nestor Cerveró, que era, então, diretor da Área Internacional da Petrobras e é hoje diretor financeiro da BR Distribuidora, comandada por José Eduardo Dutra, ex-presidente do PT.
Agora ninguém quer ser pai da criança. Nesta quinta, os senadores Delcídio Amaral, do PT, e Renan Calheiros, do PMDB, trocaram farpas sobre a indicação do diretor. Delcídio diz que ele era um homem do PMDB na Petrobras; Renan respondeu que foi o petista quem o indicou para o cargo e ironizou: “O Delcídio tem de ficar despreocupado porque certamente não indicou o Cerveró para este roubar a Petrobras”. Sobre a permanência do diretor, afirmou: “Ele ter ficado é imperdoável. O Delcídio tem de pedir a sua saída”. Não sei, não! Neste caso ao menos, Renan me parece inocente.
Agora a dinheirama
Além daquele US$ 1,18 bilhão que a Petrobras gastou para comprar uma refinaria que não funciona, a sede da empresa, no Brasil, fez uma transferência eletrônica para Pasadena de outros US$ 200 milhões em 2008 — não dá para saber exatamente o motivo e a destinação do dinheiro. Assim, meus caros, a conta subiu para, por extenso, um bilhão, trezentos e oitenta milhões de dólares.
NOTA 1 – A Astra havia entrado na Justiça contra a Petrobras em 2007. Mesmo assim, em 2008, são transferidos para a refinaria os US$ 200 milhões.
NOTA 2 - No mesmo ano dessa remessa, a Petrobras começa a se defender na Justiça americana. Contratou um escritório de advocacia por US$ 7,9 milhões, ligado a um ex-integrante da cúpula da empresa.
Então vamos ver. Em algum arquivo se deve encontrar o resumo executivo elaborado por Cerveró. Se lá não estiver a informação de que havia a cláusula de compra obrigatória, então os conselheiros foram levados no bico — supor que leiam centenas ou milhares de páginas de cada caso sobre o qual opinam é ingenuidade. Escrevo isso porque Gabrielli me parece, como direi?, solerte quando afirma que essa cláusula é comum em contratos. Ainda que assim fosse, ela teria de constar do resumo executivo. Se lá não estava, houve trapaça.
Digamos que o preço, pela primeira metade da empresa, considerados os investimentos dos belgas e o estoque de óleo, fosse razoável. Até este ponto, Dilma poderia sustentar não ter nada com isso. Mas e depois? E quando a história inteira veio à tona? Em 2007, quando a Astra entra na Justiça, a presidente do conselho e ministra, Dilma Rousseff, já sabia de tudo. E seguiu sabendo de tudo em 2008 e 2009. Fez o quê?
A derrota final da Petrobras na Justiça americana se deu em 2012. Foi no seu governo que a Petrobras teve de pagar estupefacientes US$ 820,5 milhões pela outra metade da refinaria. E foi também no seu governo que Nestor Cerveró, o que fez o resumo executivo que ela considera omisso, foi nomeado diretor financeiro da BR Distribuidora.
Podem até existir coisas para as quais haja uma explicação razoável. Mas há aquelas que são certamente indesculpáveis. E é fato: a empresa em que a Petrobras torrou US$ 1,38 bilhão vale, no mercado, US$ 118 milhões — e há um só comprador. Pode-se perdoar Dilma por aquilo que ela eventualmente não sabia. Mas não se pode perdoá-la por aquilo que não fez mesmo quando já sabia de tudo.
Texto publicado originalmente às 4h58Por Reinaldo Azevedo
Tags: Petrobras
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583 COMENTÁRIOS
21/03/2014 às 6:47
No dia 29 de agosto de 2010, esta Folha publicou uma reportagem (folha.com/no790511) informando que, entre março de 1995 e julho de 1996, Dilma foi empresária. Montou uma lojinha, que chegou a ter uma filial, de bugigangas importadas do Panamá. Como diz a meninada, era um negócio “tipo” R$ 1,99. Não deu certo. Fechou. Chamava-se “Pão & Circo”. Entendo. Liberais ainda na primeira dentição tendem a achar que bons empresários seriam bons gestores públicos. Não necessariamente. Trata-se de domínios e de propósitos distintos. Ocorre que a então candidata Dilma era oferecida ao país como gerente sem igual e planejadora rigorosa. Como ela era, e ainda é, meio enfezada, esse temperamento se confundia com competência. Gente que está sempre dando bafão, na vida ou no trabalho, recorre aos maus bofes para escamotear com o mau humor as suas deficiências técnicas. A eficiência costuma ser amigável.
Indagada, naquela época, sobre a sua experiência frustrada, depois de um encontro com o presidente da Confederação Nacional da Indústria, a petista explicou: “Quando o dólar está 1 por 1 e passa para 2 ou 3 por 1, ele [o microempresário] quebra. É isso que acontece com o microempresário, ele fecha. A minha experiência é essa e de muitos microempresários desse país”. Epa! Resposta errada! A cotação média do dólar em março de 1995, quando Dilma abriu sua lojinha, foi de R$ 0,884. Aquele ano fechou com a moeda a R$ 0,967. Em julho de 1996, quando ela cerrou as portas, foi de R$ 1,006. Em 17 meses, portanto, houve uma variação de 14%, não de 200%. Sempre lembrando que a moeda local supervalorizada beneficia esse tipo de negócio. Na vitrine dos fatos, a desculpa de Dilma não vale R$ 1,99, filosofaria Gaby Amarantos.
As pessoas, como já escreveu o poeta, não costumam confessar que já levaram porrada, que foram traídas ou que não tiveram paciência para tomar banho. Procuram também esconder a própria incompetência. É normal. Transferir, no entanto, para terceiros as consequências das próprias inabilidades e irresponsabilidades já é coisa mais séria. Na função pública, as consequências podem ser dramáticas.
(…)
Leia a íntegra aqui
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Dilma, Petrobras
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21/03/2014 às 3:15
O Ibope divulgou uma nova pesquisa eleitoral nesta quinta-feira. A presidente Dilma Rousseff, do PT, pode comemorar? Até pode. Mas com muita cautela. Se a eleição fosse hoje, ela ainda venceria no primeiro turno. Por que, então, há motivos para preocupação?
Bem, em primeiro lugar, porque a eleição não é hoje; em segundo lugar, só que mais importante, porque a pesquisa captou uma enorme insatisfação do eleitorado com o governo. Vamos ver. No cenário mais provável da disputa, Dilma aparece com 43% dos votos, contra apenas 15% de Aécio Neves, do PSDB, e 7% de Eduardo Campos, do PSB. Se Marina Silva fosse a candidata em lugar de Campos, a petista venceria no primeiro turno do mesmo jeito: ficaria com 41%; o tucano teria 14%, e Marina, que já chegou a marcar 21%, aparece agora com apenas 12%. Num eventual segundo turno, Dilma venceria Aécio por 47% a 20%; Marina, por 45% a 21% e Campos por 47% a 16% (veja quadro publicado pelo Estadão Online).
Até aqui, como percebem os leitores, tudo parece um mar de rosas para Dilma Rousseff. Ocorre que a presidente tem dois complicadores bastante sérios pela frente, que podem encher de esperança os corações oposicionistas. Prestem muita atenção ao primeiro.
Nada menos de 64% dos que responderam à pesquisa dizem que o próximo presidente tem de “mudar totalmente” ou “mudar muita coisa” na gestão. E agora o fator que deve deixar Dilma assustada: entre esses que querem mudanças, só 27% esperam que elas aconteçam com a própria Dilma. Nada menos de 63% querem mudar tanto o governo como a governante.
Então vamos fazer uma continha: de cada 100 pessoas, 64 querem mudar tudo ou muita coisa. Dessas 64, uma expressiva maioria de 63% — ou seja, 40,32% do total — querem mudar também de presidente. Repararam, ouvintes? A soma dos votos de Aécio e Campos, por enquanto, é de apenas 22 pontos percentuais. Mas nada menos de 40,32% dos que responderam à pesquisa revelaram que preferem Dilma fora da Presidência.
O que isso significa? Nem Aécio nem Campos encarnaram ainda o necessário espírito mudancista. E agora chego ao segundo fator que tira o sono de Dilma. O Ibope listou os candidatos e quis saber, sobre cada um, se os eleitores votariam naquela pessoa com certeza, se poderiam fazê-lo, se não fariam isso de jeito nenhum ou se nem o conhecem. Os números são muito interessantes. A rejeição é praticamente a mesma para os três: 38% se recusam a votar em Dilma; 39%, em Campos, e 41% em Aécio.
Votam em Dilma com certeza 36% — um índice sem dúvida muito bom —; em Aécio, 11%, e em Campos, 5%. Até poderiam votar na petista 19%; em Aécio, 22%, e em Campos, 21%. Onde é que o bicho pega para Dilma? Só 7% não a conhecem ou não sabem quem é ela. Esse número chega a 27% com Aécio e a 35% com Campos.
Há um terceiro fator a ser considerado, que nada tem a ver com a pesquisa, mas com as circunstâncias. Dilma está todo dia na televisão; a oposição mal aparece. Quando começa a campanha, ainda que a petista vá ter um latifúndio no horário eleitoral, as condições da disputa ficam um pouco mais equilibradas.
Quando se considera que 40,32% das pessoas que responderam à pesquisa gostariam que Dilma deixasse a Presidência para que se pudesse ter um governo totalmente ou muito diferente desse e quando se verifica que mais ou menos um terço do eleitorado desconhece os candidatos da oposição, é evidente que se deve supor que muito dificilmente a presidente vencerá a disputa no primeiro turno.
Notem: 32% dizem querer um governo igual ou quase igual ao que aí está. Entre os 64% que querem mudanças, 27% — ou 17,28% do total — acham que elas poderiam ser feitas pela própria Dilma. Somando-se os dois grupos, chega-se a 49,28% — até superior ao desempenho de Dilma no segundo turno porque se deve supor que há pessoas que querem a continuidade, mas prefeririam outro petista — Lula, por exemplo.
No fim das contas, estes são os números que contam: os 40,32% que querem mudar tudo, inclusive Dilma, contra os 49,2% que ou não querem mudar nada ou aceitam mudanças, mas com a presidente. A diferença, como se vê, é muito menor do que se verifica na pesquisa de intenção de votos. Quando se constata que quase todo mudo conhece Dilma e que muita gente ainda desconhece seus opositores, o que parecia um cenário tranquilo para a petista esconde, na verdade, riscos nada desprezíveis.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Eleições 2014, Ibope
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227 COMENTÁRIOS
21/03/2014 às 1:04
Como vocês sabem, o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) investiga a formação de cartel na compra de trens do metrô e da CPTM, em São Paulo. Há pelo menos oito meses, a imprensa é quase diariamente abastecida por informações vazadas por esse órgão. Durante um bom tempo, parecia que as empresas que fornecem trens também para estatais federais e para outros estados só recorriam a esse método em São Paulo — governado pelo PSDB. Só agora o CADE anuncia que está investigando também contratos feitos com o governo federal.
O presidenciável Aécio Neves (PSDB) disse o óbvio: finalmente, o conselho deixará de investigar apenas administrações da oposição, emendando que seu partido não passa a mão na cabeça de malfeitores e pune quem tem de punir. Na prática, o chefe do CADE é o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, já que o órgão é subordinado à sua pasta.
Cardozo se abespinhou, chamou Aécio de mal informado e afirmou que sua crítica é “desqualificada”. Disse: “Parece piada. O CADE investiga independentemente de questões políticas ou partidárias. Não é que o CADE mudou. É que os ingredientes para a investigação surgiram a partir da busca e apreensão que foi feita e da própria representação do PSDB. Ninguém investiga o que antes não tinha notícia de crime. A Siemens revelou problemas ou indício de cartel em São Paulo e Brasília, mas não falou de outras situações”.
Com a devida vênia, piada é a resposta do ministro. E vou dizer por quê:
1: eu, eu mesmo, Reinaldo Azevedo, publiquei uma reportagem no dia 13 de agosto do ano passado demonstrando que, nos metrôs de Porto Alegre e Belo Horizonte, apenas um consórcio se apresentou, formado pelas empresas CAF e Alstom.
2: No metrô de Porto Alegre, sob o comando da estatal federal Trensurb, a Alstom ficou com 93% do contrato, e a CAF, com 7%. No de Belo Horizonte, comandado por outra estatal federal, a CBTU, as posições de inverteram: a CAF ficou com 93%, e a Alstom com 7%.
3: Isso foi publicado, insisto, há sete meses. Só agora o CADE sai da moita. O ministro vem com a desculpa esfarrapada de que o CADE só investiga se houver uma denúncia. No caso de São Paulo, ela teria sido feita pela Siemens, com o tal “acordo de leniência”, que é uma espécie de delação premiada.
4: O ministro omite a ativa participação do deputado estadual Simão Pedro, do PT — hoje secretário da gestão Haddad —, na denúncia contra o Metrô e a CPTM, de São Paulo. Omite ainda que Vinicius Carvalho, presidente do CADE, já foi funcionário de Simão Pedro, fato omitido de seu currículo.
5: Em suma, não resta a menor dúvida de que o CADE direcionou, enquanto pôde, a sua investigação para São Paulo. Também não resta a menor dúvida de que houve uma verdadeira indústria de vazamentos contra as empresas do estado administrado pelo PSDB. Agora, finalmente, o órgão teve de admitir que existem indícios de formação de cartel também em empresas estatais federais, cujo governo é comandado pelo PT.
Então encerro. Aécio disse o quê? Que o CADE deixará de investigar apenas administrações de oposição. José Eduardo Cardozo ficou bravo com o quê? Com a verdade?Por Reinaldo Azevedo
Tags: Cade, formação de cartel
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22/03/2014 às 6:05
Petrobras – A resolução politicamente delinquente do PT; com a companheirada, empresa perde mais de R$ 200 bilhões do seu valor de mercado e despenca do 12º lugar entre as maiores do mundo para o 120º
O PT publicou mais uma daquelas suas resoluções que ainda comporão a História Universal da Infâmia. E resolveu falar da Petrobras, investindo, de novo!, na fraude histórica, na pilantragem ideológica, no raciocínio falacioso, na vigarice intelectual, na impostura… Escolham aí os substantivos e adjetivos que lhes parecem bem degradantes.
Leiam (em vermelho) o trecho da resolução que trata da Petrobras. Volto em seguida.
Mais uma vez estamos presenciando a oposição e os setores conservadores da nossa sociedade fazer ataques para atingir a imagem da Petrobras. É importante relembrarmos que a nossa maior empresapública foi alvo da política de privatizações no governo liderado pelo PSDB, apoiado pela elite nacional, representado por FHC.
A Petrobras é a mais sólida das empresas brasileiras com um lucro superior a 23 bilhões de Reais, e a sétima empresa de energia do mundo, tornando-se competitiva no mercado internacional e simbolizando o arrojo do nosso projeto de Nação. A tentativa da oposição e do conservadorismo nacional em atacar a Petrobras é mais uma iniciativa daqueles que sucatearam o Estado brasileiro e aprofundaram as desigualdades sociais.
A defesa intransigente da Petrobras é a defesa do nosso projeto de Nação que tem resultado no crescimento econômico e na justiça social. Um projeto que colocou o Brasil “em pé” perante o mundo.
(…)
Retomo
Essa gente mente com um desassombro capaz de impressionar até mesmo os que não esperam que saia dali nada além de mentiras. A direção do partido repete a farsa de 2002, de 2006 e 2010, segundo o qual o PSDB teria tentado privatizar a Petrobras. Caso se cobre que os petistas exibam um só indício ou documento a respeito, eles não serão capazes.
Quem privatizou a Petrobras, como deixa clara a compra da refinaria de Pasadena, foi o PT. Não privatizou apenas. Destruiu também. Em 2009, a empresa estava em 12º lugar entre as maiores do mundo; há um ano, em 48º e, agora, em 2014, em 120º. Perdeu mais da metade de seu valor.
Ora, se nada de errado foi feito na Petrobras, então a senhora Dilma Rousseff cometeu uma arbitrariedade quando mandou demitir Nestor Cerveró da diretoria financeira da BR Distribuidora. Nem esperou o homem, que está em férias no exterior, chegar ao Brasil. Foi demissão à distância, num gesto também de execração pública.
Não, senhores! O que o Brasil precisa é salvar a Petrobras das mãos dos petistas. Eles já torraram mais de R$ 200 bilhões do valor da empresa.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Petrobras
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505 COMENTÁRIOS
22/03/2014 às 5:32
Dilma trata a política externa brasileira com o mesmo cuidado e habilidade dispensados à Petrobras. Ou: A mais recente delinquência do Itamaraty
Quando se pensa que a política externa brasileira chegou ao fundo do poço, a gente descobre que é possível descer um pouco mais. Como já informei aqui, a deputada venezuelana Maria Corina Machado — aquela que teve a cara chutada por parlamentares bolivarianos — está ameaçada de perder a imunidade parlamentar e pode ir para a cadeia. Estava prevista uma intervenção sua, nesta sexta, na OEA (Organização dos Estados Americanos). Em dois lances, com a ajuda do Brasil, sua palavra foi cassada.
Num primeiro, a Nicarágua, governada pelo orelhudo Daniel Ortega, propôs que Maria Corina falasse a portas fechadas, sem a presença de público ou da imprensa. A proposta venceu com 22 votos a favor, 9 contra e 1 abstenção. Numa segunda, sugeriu-se pura e simplesmente cortar o tema Venezuela da pauta, o que também foi aprovado, aí com 22 votos a favor, 3 contra e nove abstenções. A deputada só conseguiu se pronunciar brevemente — e a portas fechadas — porque o embaixador do Panamá cedeu a ela a sua palavra, um recurso que é permitido.
Nas duas vezes, o Brasil votou para cassar a palavra de Maria Corina. É nojento!
A parlamentar venezuelana foi à OEA evocar a Carta Democrática Interamericana para que a entidade cumpra a sua função e cobre o respeito do governo da Venezuela aos fundamentos da democracia. Leiam, por exemplo, dois artigos:
Restou a Maria Corina falar com mais vagar numa entrevista coletiva: “Não viemos aqui pedir nenhum favor, mas exigir que a OEA cumpra o seu dever. Esta é uma organização de Estados, não um clube de presidentes”. Ela cobra que a OEA reúna o Conselho Permanente para discutir a crise em seu país; que se condem a repressão e a supressão de liberdades e que se faça uma comissão, compostas por reais democratas — como Óscar Arias, ex-presidente da Costa Rica — para visitar a Venezuela.
Ironias
Ao emprestar a sua cadeira para Maria Corina, o Panamá repetiu o gesto generoso da Venezuela pré-chavista, em 1989, quando cedeu o seu lugar para que um representante panamenho denunciasse a ditadura do delinquente Manuel Noriega. Em 2009, já sob os auspícios do bolivarianismo, o representante da Venezuela na OEA, Roy Chaderton, também cedeu seu posto a Patricia Rodas, ex-chanceler de Honduras, para atacar Porfirio Lobo, presidente eleito e legítimo do seu país. Ocorre que Patricia era da turma do maluco Manuel Zelaya. Nesse caso, como lembra o jornal “El Nacional”, a sessão foi aberta e transmitida ao vivo pela TV chavista VTV.
Já são 31 os mortos na Venezuela desde o dia 12 de fevereiro. Mais de 1.800 pessoas foram detidas. Na semana passada, foram presos os prefeitos Daniel Ceballos, de San Cristóbal, no estado de Táchira, e Enzo Scarano, de San Diego, em Carabobo. O primeiro foi acusado de incitar a violência; o segundo, de não ter impedido a formação de barricadas. É espantoso! O Brasil não apenas se cala diante da escalada ditatorial como também cala uma representante da oposição, tentando impedi-la de se manifestar até na OEA.
O governo Dilma poderia se contentar em ser apenas medíocre. Mas não! A mulher está disposta a nos cobrir de vergonha.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Itamaraty, Venezuela
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166 COMENTÁRIOS
22/03/2014 às 4:27
Por CPI, Aécio tenta unir siglas do bloco de oposição
Por Daniela Lima e Gabriela Terenzi, na Folha:
Pré-candidato à Presidência, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) vai convidar líderes de todos os partidos de oposição a discutir uma estratégia de atuação em bloco para instalar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) e investigar a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), pela Petrobras. Aécio quer articular a reunião até terça-feira. O senador pretende envolver siglas como o PSOL, que não se alinha com PT ou PSDB. e o PSB, que tem seu próprio candidato ao Planalto, o governador Eduardo Campos (PE).
Em conversa com a Folha ontem, Aécio defendeu a investigação –a presidente Dilma Rousseff, que era chefe do conselho da Petrobras na época da compra, disse ter decidido pela aquisição da refinaria com base em um relatório “falho”. O negócio resultou em prejuízo de US$ 1,18 bilhão para a estatal.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Aécio Neves, CPI da Petrobras, PSDB
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62 COMENTÁRIOS
22/03/2014 às 4:15
FIFA tira do ar página com 10 dicas sobre os brasileiros. É pena! Até que eram boas. Ou: A volta do “relaxa e goza”
Leio na Folha que a Fifa decidiu tirar do ar uma página em que explica o Brasil para os turistas, para os “iniciantes”, dando algumas dicas aos estrangeiros que nos visitam. A entidade ficou com temor de que pudesse ofender a brasileirada. Já ouvi, de fato, aqui e ali alguns muxoxos de protesto. Não chego a ter simpatia pela Fifa, mas será que está muito errada? Traduzo as dicas. Comento em seguida.
1: Sim nem sempre significa “sim”
Os brasileiros são um povo receptivo e otimista, e eles nunca começam uma frase com “não”. Há vários sentidos para a palavra “sim”. De fato, para os brasileiros, “sim” pode significar “talvez”. Se alguém lhe disser “eu ligo de volta”, não espere que o telefone toque nos cinco minutos seguintes.
2: O tempo é flexível
A pontualidade não é exatamente uma ciência no Brasil. Quanto você combina de encontrar alguém, ninguém espera que você esteja no local na hora exata. Um atraso de 15 minutos é a norma. Se duas pessoas marcam um encontro às 12h30, elas vão se ver a partir das 12h45.
3: Contato físico
Homens e mulheres não estão acostumados com o modo europeu de manter uma distância educada entre si. Eles falam com as mãos e não hesitam em tocar a pessoa com a qual conversam. Nas casas noturnas, isso pode até resultar num beijo, mas não se deve levar a mal. Um beijo, no Brasil, é só uma forma descontraída de comunicação não verbal, não um convite para algo mais.
4: Filas
Esperar pacientemente na fila não está no DNA dos brasileiros. Quando eles vão subir numa escada rolante, por exemplo, não existe o costume britânico de se alinhar em um dos lados. Em vez disso, preferem o caos. Mas, de algum modo, conseguem chegar ao topo (frequentemente).
5: Contenção
Se você for a uma churrascaria que oferece tudo-o-que-há-para-comer e se quiser provar imediatamente toda a variedade de carnes, lembre-se de duas coisas: de não se alimentar nas 12 horas anteriores e de comer em pequenas porções, já que a melhor carne é geralmente servida por último.
6: Prevalência do mais forte
Nas ruas, os pedestres são claramente ignorados, e, mesmo nas faixas de segurança, dificilmente um motorista vai parar. O direito de ultrapassagem dos motoristas é simplesmente definido pelo veículo maior.
7: Experimente açaí
Os frutos da Amazônia podem realmente fazer maravilhas. São agentes emagrecedores naturais, previnem doenças e, dizem, são energéticos. Uma porção no intervalo da partida pode ajudar o jogador mais cansado a recuperar as suas forças.
8: Topless
Corpos descobertos e arte em corpo feminino são comuns no Carnaval, mas não é isso o que você vai ver todos os dias no Brasil. Ainda que os biquínis brasileiros tenham menos pano quando comparados aos europeus, eles são sempre usados. Tomar sol na praia sem biquíni é rigorosamente proibido e pode resultar em multa.
9: Não ao espanhol
Quem espera usar o espanhol para se comunicar com a população local vai manter uma conversa de surdos. O idioma nacional é o português brasileiro, uma variante do português. E, se você disser que a capital do Brasil é Buenos Aires, pode esperar a deportação.
10: Tenha paciência
No Brasil, tudo é feito no último minuto. Se há uma coisa de que os turistas devem se lembrar acima de todas as outras, é esta: não perca a paciência e controle os nervos. Tudo vai dar certo e ficar pronto a tempo. Isso vale até para o estádios. De fato, a atitude dos brasileiros diante da vida pode ser assim resumida: relaxa e goza.
Retomo
Exceção feita ao açaí, um das coisas mais detestáveis que já provei e que não é assim tão comum Brasil afora, o resto tem mesmo a ver com a gente, ora essa! E o texto até que é bem-humorado. Não vejo nada de errado. Alguns reclamaram da foto que o ilustra. Por quê? Convenham: a culpa não é deles, hehe.
Temos dificuldade de dizer “não”, chegamos atrasados aos encontros, adoramos um “beijinho” e, como diria Fernando Pessoa, “pegar no braço” dos outros, não sabemos usar escada rolante, o trânsito é uma zona, e tudo, até os estádios, são feitos na undécima hora.
A frase final foi inspirada, creio, na ministra da Cultura, Marta Suplicy, quando estava à frente do Ministério do Turismo. Perguntaram a ela que conselho daria aos turistas que temiam enfrentar o caos nos aeroportos brasileiros. Ela não teve dúvida, com o se vê abaixo:
A Fifa, desta vez, não tem culpa.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Copa do Mundo de 2014, Fifa
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174 COMENTÁRIOS
21/03/2014 às 20:33
“Minha única alternativa é o silêncio”, diz o agora demitido Cerveró
No Estadão Online:
“Do jeito que as coisas foram postas, minha única alternativa é o silêncio”. O desabafo foi feito nesta sexta-feira, 21, ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, pelo ex-diretor da área Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró, apontado pela presidente da República, Dilma Rousseff, como responsável pelo relatório que subsidiou a compra da refinaria de Pasadena (EUA).
(…)
Ao lado de Cerveró, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, preso na quinta-feira no Rio pela Polícia Federal (PF), participou da elaboração do negócio que garantia vantagens à empresa belga Astra Oil em detrimento da Petrobrás na operação de compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). A acusação foi feita quinta por Sílvio Sinedino, que já foi conselheiro, deixou o cargo em 2013, e reassume agora para novo mandato de um ano. Em entrevista à Globo News, Carveró confirmou que está em férias no exterior, sem precisar o local, e disse que ainda tem duas semanas antes de retornar ao Brasil. Ele afirmou que as férias já estavam agendadas desde antes da divulgação da notícia do envolvimento da presidente Dilma Rousseff com a aprovação da compra da refinaria.
Funcionário da Petrobrás desde 1975 e com formação em engenharia química, Cerveró assumiu o posto de diretor internacional da companhia no início de 2003, primeiro ano do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Ele foi indicado pelo senador Delcídio Amaral (PT), dentro da cota petista de cargos na estatal. Também recebeu a bênção de José Dirceu, que naquele ano chefiava a Casa Civil. Em 2008, em meio a uma disputa política entre PT e PMDB na Petrobrás, Delcídio perdeu a queda de braço e Cerveró teve de deixar o cargo, que foi depois ocupado por Jorge Zelada. O seu substituto seria indicado do PMDB. O ex-diretor foi então deslocado para a diretoria financeira da BR Distribuidora.
Delcídio negou na quarta ser o responsável pela indicação de Cerveró. “Em 2003 fui consultado pelo governo sobre o nome de Cerveró para a diretoria e não vi nenhum óbice, era um funcionário de carreira da empresa”, afirmou o petista, que também é ex-diretor da Petrobras. “No que se refere à tramitação de projetos, acho pouco provável que algum processo chegue ao conselho sem estar devidamente instruído para liberação dos diretores e conselheiros”, afirmou o senador.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Nestor Cerveró, Petrobras
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183 COMENTÁRIOS
21/03/2014 às 20:04
Dilma manda demitir Cerveró. É pouco! Isso é tática do bode expiatório
Tentaram queimar um fusível para ver se conseguem interromper os desastres causados pelo curto-circuito. Nestor Cerveró, que era diretor da Área Internacional da Petrobras em 2006 e agora respondia pela Direção Financeira da BR Distribuidora, foi exonerado. É mesmo, é? Estamos diante de um caso clássico, emblemático, de bode expiatório. Por que só agora?
Ao mandar botar Cerveró na rua, Dilma reforça a versão de que os conselheiros foram enganados por um memorial executivo manco, que não trazia as informações completas sobre a natureza do contrato da Petrobras com a Astra. Ok.
Mas isso só reforça o óbvio: a decisão de Dilma tem pelo menos sete anos de atraso, não é mesmo? Em 2007, ano seguinte à compra, quando a Astra entrou na Justiça americana, a então presidente do Conselho ficou sabendo da natureza do contrato. Quando assumiu a Presidência, em 2011, a empresa brasileira ainda lutava para não ter de pagar quase US$ 1 bilhão pela outra metade da refinaria. Em 2012, a causa chegou ao fim. A Petrobras perdeu. E lá se foram US$ 820,5 milhões pelo ralo.
Quase dois anos depois, até este dia 21 de março, lá estava Cerveró — cujo resumo executivo manco, então, Dilma conhece, no mínimo, desde 2007 — como diretor financeiro da BR Distribuidora, divisão da Petrobras comandada pelo PT. O chefe máximo é José Eduardo Dutra, ex-presidente do partido e um dos “Três Porquinhos”.
Vai ficar só nisso? Dilma manda demitir Cerveró porque admite, então, que ele fez um resumo executivo que foi lesivo à Petrobras, mas não ordena que Graça Foster, presidente da Petrobras, mobilize a área jurídica da empresa contra José Sérgio Gabrielli, então presidente da estatal (ou melhor: empresa de economia mista; há acionistas que foram lesados)? Gabrielli deixou claro que sabia de tudo e ainda sustenta que se tratou de operação corriqueira.
Das duas uma: a) ou bem se trata mesmo de uma burla, como parece que é, e isso justifica a demissão de Cerveró — o que implica que se busque punir também Gabrielli; b) ou bem não foi uma burla, e a demissão é, então, injusta. Qual é a alternativa correta, soberana?
Mais: ao mandar demitir Cerveró, Dilma admite que só esse “negocinho” na gestão Lula-Gabrielli provocou um prejuízo bilionário à Petrobras.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Nestor Cerveró, Petrobras
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336 COMENTÁRIOS
21/03/2014 às 19:10
Justiça Federal nega liberdade a ex-diretor da Petrobras
Por Daniel Haidar na VEJA.com:
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região negou o pedido de habeas corpus apresentado pela defesa de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, para que ele fosse libertado da cadeia. Ele foi preso em casa na manhã de quinta-feira por ocultar provas da Justiça e também deve ser investigado por corrupção passiva. O advogado Fernando Fernandes vai voltar a pedir a liberdade de Costa ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) ainda nesta sexta-feira.
A ordem de prisão temporária contra Costa tem validade de cinco dias. Costa foi preso na esteira da operação Lava Jato da Polícia Federal, que desmontou um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou cerca de 10 bilhões de reais. Policiais federais flagraram parentes dele ocultando documentos ao deixar o escritório do ex-diretor com malas e pastas, no que parecia ser uma tentativa de destruir provas. Costa também é investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) do Estado do Rio de Janeiro, em outro processo, por irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, no Texas, pela Petrobras.
Na Operação Lava Jato, a PF descobriu que Costa ganhou um Land Rover blindado, modelo Evoque, como remuneração equivalente a 300.000 reais (custo do veículo e da blindagem), do doleiro Alberto Youssef, personagem central do esquema de lavagem. Na casa do ex-diretor da Petrobras foram apreendidos 751.000 reais, 181.000 dólares e 10.850 euros em espécie. ”Ora, em cognição sumária, a doação, às ocultas, por suposto doleiro de veículo de luxo a pessoa que recentemente exercia cargo de Direção na Petrobras é fato por si só suspeito e que precisa ser melhor elucidado. Pode configurar crime de corrupção passiva”, diz o mandado de prisão expedido pela 13ª Vara Federal de Curitiba.
Fernandes afirmou ao site de VEJA que o Land Rover foi recebido como pagamento de um serviço de consultoria financeira que ele prestou ao doleiro. Costa é engenheiro mecânico formado na Universidade Federal do Paraná, em 1976. Fernandes nega que o pagamento esteja relacionado a quaisquer atividades de Costa como funcionário da Petrobras. O ex-diretor foi um dos responsáveis pela compra de 50% da refinaria de Pasadena, no Texas, negócio que deu um prejuízo de 1 bilhão de dólares para a estatal e é investigado pelo Ministério Público Federal. ”Ele não era mais funcionário público e não estava impedido de praticar consultoria. A prisão não tem relação com Pasadena ou Petrobras. É uma prisão ilegal e arbitrária”, afirmou Fernandes.
O advogado do ex-diretor nega que ele tenha ocultado provas ou praticado corrupção. Diz que, na verdade, a filha do ex-diretor estava retirando documentos de sua empresa, temporariamente guardados no escritório do pai, enquanto ele prestava depoimento na sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Fernandes afirma que esses documentos não tinham relação com negócios de Costa. Ainda assim, o advogado diz que os documentos foram apresentados para a polícia e apreendidos. A prisão de Costa foi decretada por cinco dias “para impedir novas perturbações de provas”, de acordo com o mandado expedido pela Justiça.
Youssef foi um dos personagens da CPI do Banestado, em 2005, quando afirmou em depoimento que pagava propina para os diretores do banco do Estado do Paraná para ter facilidades na remessa de dinheiro para o exterior por meio das extintas contas CC-5. Ele havia conseguido o benefício da delação premiada e, por isso, estava em liberdade. Na última segunda-feira, a PF havia desarticulado quatro grandes quadrilhas de lavagem de dinheiro, prendendo os doleiros Alberto Youssef, Carlos Habib Chater e Enivaldo Quadrado – este último condenado no julgamento do mensalão.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Petrobras
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20 COMENTÁRIOS
21/03/2014 às 19:01
Segurança Pública: Há 4 anos, Dilma prometeu transformar o Brasil num grande Rio de Janeiro. Manterá a promessa neste 2014?
Caros leitores,
abaixo, vocês assistirão a um vídeo de um evento no Rio de Janeiro, em 2010, com a então candidata à Presidência do PT, Dilma Rousseff, e com Sérgio Cabral, que disputava a reeleição ao governo do estado. Era o tempo em que eles andavam de braços dados, como amigos inseparáveis. A política de segurança pública do Rio era considerada um exemplo a ser seguido em todo o Brasil. Prestem atenção ao vídeo a partir de 1min30s. Transcrevo a fala da agora presidente em seguida.
Disse Dilma:
“A gente considera que o resultado da política aqui, dessa parceria do governo federal com o governo estadual, aqui, com o governador Sérgio Cabral, ela construiu uma referência no que se refere (!!!) à… No que se refere basicamente à… estruturação de uma política de segurança através das Unidades de Polícia Pacificadora. É transformar territórios em guerra em territórios de paz (…) Em muitos estados, não transferiram os chefes do crime organizado para as penitenciárias de segurança máxima. Aqui foi transferido. Os daqui estão em Catanduvas, Campo Grande e Mossoró. Com isso, o que é que acontece? Você tira do presídio os líderes e os cabeças e impede que os presídios sejam transformados em plataformas do crime (…)
Retomo
Bem, é a Dilma dos velhos tempos, com um raciocínio ainda mais confuso do que o de hoje e um vocabulário mais estreito. Mas está claro no vídeo, editado como propaganda, que a política de segurança de Sérgio Cabral era considerada exemplar.
Quatro anos depois, o Rio está em chamas. E não foi por falta de aviso. Não!, leitores, eu não acho que Cabral e José Mariano Beltrame, secretário de Segurança Pública, deveriam ter ouvido as minhas advertências. Penso que ambos, mais uma boa leva de bacanas que resolveram jogar os fatos no lixo, deveriam ter ouvido os apelos da lógica. A Internet presta uma grande contribuição à memória.
Pesquisem neste blog e em toda parte: durante uns bons anos, na grande imprensa, devo ter sido o único crítico da política de segurança do Rio. Apanhava que dava gosto — inclusive de muitos amigos cariocas! Alguns deles chegaram a se engajar numa pré-campanha para fazer de Beltrame candidato ao Prêmio Nobel da Paz. Sim, eu sei! Até Arafat ganhou o seu… Mas o ridículo em estranhos dói menos do que em pessoas que a gente ama ou admira, né?
As críticas que eu fazia às UPPs eram compreendidas ou pelo avesso ou simplesmente não eram compreendidas de modo nenhum. É evidente que eu não era — e os textos estão em arquivo — nem poderia ser contra a chegada de postos policiais aos morros. Aliás, escandaloso é que não houvesse isso no Rio. Há quanto tempo existe essa modalidade de polícia em São Paulo, por exemplo? Há décadas. Nunca foi chamada de “polícia pacificadora”. É garantia de segurança? Garantia não é. Mas não existem, em São Paulo, áreas onde a polícia não entra, como ainda há no Rio, e todo mundo sabe disso.
O nome “Polícia Pacificadora” sempre me irritou porque carrega consigo uma óbvia impostura, mas também uma revelação involuntária. “Pacificar” quem exatamente? Pactos de paz se estabelecem entre inimigos beligerantes, postos em pé de igualdade e considerados igualmente legítimos. Cabe hoje, como sempre coube, a pergunta: quem está de cada lado? Então vamos estabelecer a “pax” entre a bandidagem e suas vítimas, é isso? Entre a lei e a não-lei? Entre a sociedade de direito e o arbítrio do crime?
Sim, infelizmente, sempre se tratou exatamente disto: a polícia dita “pacificadora” traz na sua origem o reconhecimento de que existe certa legitimidade no banditismo. O que se cobrava dele é que fosse mais discreto; que não tiranizasse as populações do morro; que não as submetesse a uma disciplina escandalosamente de exceção; que não saísse matando desbragadamente; que fizesse o seu tráfico, mas com um pouco mais de decoro.
Tanto isso é verdade que essa “pacificação” tinha, e tem, como um de seus fundamentos, não prender bandidos. Ao contrário: o anúncio da “ocupação” dos morros é feito com grande antecedência para que dê tempo para a tigrada sair correndo — ou, então, para que se recolha à discrição. E isso sempre encantou os deslumbrados e os especialistas nos próprios preconceitos, vendidos como grandes sábios da segurança pública. Quando se ocupavam os morros sem dar um único tiro, aquilo lhes parecia poesia. ‘Ah, então você acha que tem de dar tiro?”, poderia perguntar um idiota. Não! Penso que atirar ou não é irrelevante como evidência da paz. Se o silêncio decorre de um pacto informal com a bandidagem, então não se tem paz, mas a guerra feita por outros meios.
Ano eleitoral
Estamos em ano eleitoral. Como esquecer que, em 2010, a então candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, como se vê lá no alto, considerava que o Rio de Janeiro, para onde ela manda agora tropas federais, um exemplo a ser seguido. Para ela, ruim mesmo era a segurança em São Paulo. Escrevi naquele 2010 o óbvio: o Rio tinha, segundo o Mapa da Violência, 26,2 homicídios por 100 mil habitantes; São Paulo, 13,2. Hoje, essa diferença aumentou.
Segundo o Anuário de Segurança Pública, São Paulo tem 633,1 presos por 100 mil habitantes com mais de 18 anos; no Rio, essa taxa é de 281,5. Na comparação, é evidente que o Rio prende pouco. E não menos evidente é a existência de uma relação proporcional entre taxa de reclusão e taxa de homicídios. A Bahia, o segundo estado que menos prende no Brasil (134,6 por 100 mil) — só perde para o Maranhão (128,5) — tem uma taxa de homicídios de 40,7 por 100 mil habitantes, quase o quádruplo, hoje, da de São Paulo.
Volto ao Rio. Os números e a realidade evidenciam que a política deliberada de não prender criminosos não funciona — ou funciona enquanto o crime organizado deixa. É claro que prender custa caro, dá trabalho e traz problemas novos. Mas ainda é o mais seguro a fazer. Os erros, as imposturas e o deslumbramento cobram agora o seu preço.
Quatro anos depois, a candidata à reeleição Dilma Rousseff ainda acha que o Rio é exemplo a ser seguido? Ainda é o caso de exaltar a “parceria” entre os governos estadual e federal? Qual será a promessa quando ela subir no palanque, ao lado de Pezão e de Lindbergh Farias?Por Reinaldo Azevedo
Tags: Rio de Janeiro, Segurança Pública
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21/03/2014 às 17:38
Após ataques, tropas federais atuarão no Rio
Por Marcela Mattos na VEJA.com. Volto no próximo post.
Após apelo do governador do Rio de Janeiro, o governo federal vai enviar suas tropas ao Estado para auxiliar a conter os ataques de traficantes às Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). A decisão foi tomada após reunião nesta sexta-feira entre o governador Sérgio Cabral, a presidente Dilma Rousseff, os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Aloizio Mercadante (Casa Civil) e a cúpula de segurança pública do Rio, no Palácio do Planalto, em Brasília.
Na noite de quinta-feira, quatro UPPs foram alvos de criminosos. Em Manguinhos, onde a ação foi mais grave, os bandidos atiraram e atearam fogo em contêineres e balearam o comandante da unidade, o capitão Gabriel Toledo. Outros três policiais ficaram feridos. A ordem do ataque, de acordo com secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, partiu de dentro de um presídio.
“Desde janeiro esses ataques passaram a ser mais intensos. Nós entendemos que não há nenhum problema de pedir apoio das Forças Federais. Acabou esse constrangimento no Rio há muito tempo”, disse Cabral após encontro com Dilma. “A população quer resultados e todas as vezes que nós precisamos das Forças Federais elas foram efetivas”, continuou.
Na próxima segunda-feira, o ministro da Justiça vai ao Rio de Janeiro para definir um plano de ação no Estado. Alegando questões de segurança, José Eduardo Cardozo não informou quais tropas federais vão ao Estado e nem a quantidade do efetivo destacado para auxiliar a polícia carioca. “Nossos órgãos de inteligência estão integrados fazendo as análises necessárias. Tudo está sendo acompanhado para que as medidas corretas sejam tomadas no seu tempo necessário”, disse Cardozo. Segundo ele, o reforço federal já estará disponível neste fim de semana, caso seja necessário.
De acordo com Cabral, o Rio conta com um efetivo de 9.400 policiais atuando nas comunidades pacificadas. “Creio que só São Paulo e Belo Horizonte tenham efetivo maior nas capitais. É evidente que quando se amplia o volume de presença com bases, o risco de ataques é enorme. Mas é uma demonstração da fragilidade do crime organizado”, disse o governador. Ele afirmou que, após a pacificação, houve uma redução de 65% na quantidade de homicídios nas comunidades.
Mundial
A três meses da Copa do Mundo, o governo federal afirma ter um “excelente” plano de segurança para enfrentar problemas durante os jogos e que casos como os do Rio não prejudicarão o esquema já discutido com os governos estaduais. “Isso tem a ver com uma situação imediata que estamos vivendo. Nós estamos muito seguros que teremos uma Copa com excelente padrão de segurança”, disse Cardozo.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Rio de Janeiro, violência
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21/03/2014 às 17:29
José Sérgio Gabrielli e aquele seu olhar…
Vi José Sérgio Gabrielli na televisão. Está com sangue nos olhos. Seu interlocutor, do outro lado da tela e dos recados que tem mandado por intermédio da imprensa, é a presidente Dilma Rousseff.
Gabrielli nunca foi um, como posso dizer?, presidente de estatal convencional — refiro-me já ao convencionalismo do particularismo: petistas à frente de outras estatais costumam ser mais discretos. Ele não! Nunca escondeu que era apparatchik; que estava no comando da Petrobras para defender os interesses do partido, não os da empresa.
Às vésperas da eleição, no dia 18 de outubro de 2010, concedeu umaentrevista à Folha afirmando que FHC havia tentado privatizar a Petrobras. Era mentira. Sempre foi mentira. Nunca ninguém tentou, INFELIZMENTE, privatizar a Petrobras. Alguém acha que uma empresa privada teria feito o negócio de Pasadena?
Quando Dilma não quis mais Gabrielli na Petrobras, ele foi se aboletar no governo Jaques Wagner, como secretário de Planejamento da Bahia. O plano original era disputar o governo do Estado pelo PT. Mas o seu, vá lá, “estilo” risca-faca não conseguiu se adequar nem mesmo à companheirada.
O ex-presidente da Petrobras veio a público para dividir as responsabilidades. Indagado sobre alguns detalhes, alegou confidencialidade — a mesma que fez com que os acionistas privados da Petrobras se tornassem sócios involuntários de um mico.
Lá no “Partido”, Dilma está sendo execrada — e Lula já deu a senha: “Ela errou!”. Era para ter agasalhado a operação, mas preferiu tirar o corpo fora, coisa que companheiro não faz com companheiro. Pelos cantos, Gabrielli já disse que não aceita ser bode expiatório, daí aquele ar, deixem-me procurar as palavras, vingativamente vetusto.
De resto, sobra outra coisa de sua entrevista, até óbvia, mas à qual não se deu destaque: ele, inequivocamente, sabia de tudo. E tenta nos convencer de que um prejuízo de US$ 1,38 bilhão era um bom negócio.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Gabrielli, Petrobras
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21/03/2014 às 16:11
O ÚLTIMO DEBATE SOBRE O MENSALÃO NA VEJA.com
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Mensalão
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21/03/2014 às 15:37
Não! Dilma não tem saída!
Idiotas falam e dizem idiotices e, por óbvio, isso faz deles o que são: idiotas. Se fizessem e dissessem as coisas que fazia e dizia Schopenhauer, então Schopenhauer seriam. É evidente! A canalha andou ruminando que eu estaria tentando relativizar isso e aquilo. Relativizar o quê? Ao contrário: eu estou dizendo que o comportamento de Dilma não tem desculpa. Ainda que ela e os demais conselheiros tenham sido levados, pelo conjunto de dados à época disponível, a aprovar a compra de 50% da refinaria de Pasadena, como justificar o que houve depois?
1 – por que Dilma, na condição de ministra-chefe da Casa Civil e, sim!, presidente do Conselho, nada fez quando ficou claro que a Petrobras havia caído numa armadilha?
2 – a compra foi aprovada em 2006; em 2007, a Astra já havia entrado na Justiça americana para obrigar a Petrobras a comprar a outra metade;
3 – em 2008, a Petrobras organizou a sua defesa nos EUA; no mesmo ano, enviou US$ 200 milhões à refinaria;
4 – o senhor Nestor Cerveró, sobre quem recaem as suspeitas de ter elaborado um memorial executivo incompleto, continuou à frente da diretoria da Área Internacional da Petrobras;
5 – Cerveró saiu da Área Internacional e virou nada menos do que diretor financeiro da BR Distribuidora, presidida pelo petista José Eduardo Dutra, um daqueles que Dilma chamou os seus “Três Porquinhos” na campanha eleitoral.
Relativizando? Não! Ao contrário: eu estou é deixando claro que, para Dilma, não há saída nesse caso e que a sua desculpa é muito fraca. Como afirmei nacoluna de hoje da Folha, posta na vitrine, não vale R$ 1,99.
Se a conselheira Dilma não tinha como saber o tamanho do abacaxi em 2006, como asseveram outros conselheiros, a conselheira já sabia de tudo em 2007 e seguiu sabendo em 2008, 2009 e 2010. Depois, quem passou a saber de tudo em 2011, 2012, 2013 e 2014 foi a presidente da República.
E é justamente em 2014 que vamos encontrar o tal Cerveró como diretor financeiro da BR Distribuidora. Se Dilma foi enganada, como ela diz, transformou o logro de que foi vítima em omissão.
Ora, ela que venha a público contar a história inteira. Mas, nesse caso, suponho, terá de entregar os companheiros.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Governo Dilma, Petrobras
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356 COMENTÁRIOS
21/03/2014 às 15:16
Seguidores do Dom Sebastião da gramática alternativa usam Petrobras para tentar tirar Dilma do caminho
É evidente que a ala lulista do petismo, que sonha com a volta do Dom Sebastião da outra gramática possível, está usando o caso da Petrobras para desgastar Dilma. Quem sabe desta vez… É curioso. O negócio se deu durante o governo Lula. Quem comandava a empresa era um lulista de carteirinha: José Sérgio Gabrielli — este não tem por onde sair: sabia de tudo. E, não por acaso, diz que os outros também sabiam. Quer dar o abraço de afogados.
A estratégia para queimar Dilma chega a ser escancarada. Como noticia a Folha, os seguidores do Companheiro-Chefe saíram por aí a descer a língua na presidente, que teria tentando jogar a bomba no colo dos outros. O escândalo da Petrobras pode ser mais uma chance de tirar Dilma do meio do caminho. Afinal, eles estão certos de que, no Lula, nada cola.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Governo Dilma, Petrobras
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105 COMENTÁRIOS
21/03/2014 às 7:06
LEIAM ABAIXO
— A refinaria de Pasadena e a Petrobras: o que pode e o que não pode ser desculpável na atuação da conselheira e da presidente Dilma. Ou: Conta sobe mais US$ 200 milhões. Ou ainda: PT contra PT;
— Minha coluna na Folha: Gaby Amarantos canta para Dilma;
— Ibope: Dilma venceria no 1º turno se eleição fosse hoje. Só que não é! Ou: Sinal amarelo para a petista!;
— Cartel – Aécio diz a coisa certa sobre o CADE, e Cardozo se irrita;
— Traficantes atacam três UPPs no Rio; a de Manguinhos foi incendiada; quatro PMs ficam feridos;
— “Independentes” querem que PGR apure papel de Dilma em compra de refinaria de Pasadena;
— Ex-diretor da Petrobras que está preso é considerado a “caixa-preta” da estatal;
— Petrobras: na melhor das hipóteses, o desemprego; na mais dura, a cadeia;
— Vaias: Dilma na versão “Dilma Bolada”…;
— Por uma questão de isonomia, duas perguntas ao jornalismo da Globo;
— Neste blog, nada menos de dezessete posts sobre a refinaria de Pasadena!;
— Ah, então este blog estava certo, não é? O CADE vai investigar a formação de cartel de trens também em território petista! Haverá, nesse caso, vazamento diário de informações, por uma questão de isonomia partidária, ou não?;
— Operação Lava Jato prende um ex-diretor da Petrobras, também envolvido com lambança de Pasadena;
— Aécio cobra responsabilidade de Dilma por prejuízo bilionário da Petrobras; oposição fala em CPI; hipótese virtuosa para a presidente é a incompetência;
— Petrobras: a trapalhada de Dilma para tentar se livrar do rolo;
— Executivos da Petrobras rebatem versão de Dilma e dizem que ela tinha como saber de tudo;
— Filha de Marco Aurélio derrota profissionais mais experientes e é nomeada por Dilma para o TRF. Pois é…;
— Marco Civil: governo perde de novo e vai ceder; restrição de parlamentares sobre superpoderes presidenciais é pertinente!;
— Este vídeo explica por que a canalha bolivariana quer calar Maria Corina;
— Se a mulher não pensa como Dilma acha que deve pensar, ela não vê nada demais em que lhe chutem a cara, quebrem-lhe o nariz e lhe cassem o mandato. É tudo merecido!Por Reinaldo Azevedo
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21/03/2014 às 6:49
A refinaria de Pasadena e a Petrobras: o que pode e o que não pode ser desculpável na atuação da conselheira e da presidente Dilma. Ou: Conta sobe mais US$ 200 milhões. Ou ainda: PT contra PT
Ainda se sabe pouco do incrível imbróglio de Pasadena. Mas algumas informações começam a vir à tona. Saibam, por exemplo, que a dinheirama gasta pela Petrobras foi ainda maior do que aquele US$ 1,18 bilhão: há outro espeto de US$ 200 milhões que ainda não foi mencionado. Já explico. Em primeiro lugar, cumpre notar que estamos diante de um fogo amigo nada amigável. Vale dizer: há uma luta explícita de petistas contra petistas. A presidente Dilma insiste na versão de que desconhecia o inteiro teor do contrato da Petrobras com a Astra, que obrigava a empresa brasileira a comprar a outra metade da refinaria. José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras e um dos queridinhos de Lula, espalha o contrário: segundo dá a entender, não havia como o conselho não saber de tudo. O preço pago pela Petrobras por 50% da refinaria também merece algumas considerações. Como se sabe, a Astra comprou a dita-cuja em 2005 por US$ 42,5 milhões e vendeu metade para a empresa brasileira, um ano depois, por US$ 360 milhões.
Começo por essa questão. A informação passada aos conselheiros é que o preço se justificava porque os belgas fizeram investimentos na refinaria e porque a empresa tinha um estoque de óleo cujo valor não estava computado naqueles US$ 42,5 milhões. Assim, segundo essa leitura, não haveria nada de errado com a compra inicial daquela metade da empresa. Lembre-se que, quando Graça Foster tentou vender a refinaria, no ano retrasado, encontrou um único comprador, que aceitou dar US$ 180 milhões — bem menos, é certo, do que os US$ 360 milhões que a Petrobras pagou por apenas metade, mas bem mais dos que os US$ 42,5 milhões pagos pelos belgas em 2005 pela refinaria inteira. Adiante.
Outros conselheiros da Petrobras à época, como o empresário Jorge Gerdau e o economista Cláudio Haddad, endossam a versão de Dilma. Segundo Haddad, quem fez a exposição de motivos e justificou a compra foi Nestor Cerveró, que era, então, diretor da Área Internacional da Petrobras e é hoje diretor financeiro da BR Distribuidora, comandada por José Eduardo Dutra, ex-presidente do PT.
Agora ninguém quer ser pai da criança. Nesta quinta, os senadores Delcídio Amaral, do PT, e Renan Calheiros, do PMDB, trocaram farpas sobre a indicação do diretor. Delcídio diz que ele era um homem do PMDB na Petrobras; Renan respondeu que foi o petista quem o indicou para o cargo e ironizou: “O Delcídio tem de ficar despreocupado porque certamente não indicou o Cerveró para este roubar a Petrobras”. Sobre a permanência do diretor, afirmou: “Ele ter ficado é imperdoável. O Delcídio tem de pedir a sua saída”. Não sei, não! Neste caso ao menos, Renan me parece inocente.
Agora a dinheirama
Além daquele US$ 1,18 bilhão que a Petrobras gastou para comprar uma refinaria que não funciona, a sede da empresa, no Brasil, fez uma transferência eletrônica para Pasadena de outros US$ 200 milhões em 2008 — não dá para saber exatamente o motivo e a destinação do dinheiro. Assim, meus caros, a conta subiu para, por extenso, um bilhão, trezentos e oitenta milhões de dólares.
NOTA 1 – A Astra havia entrado na Justiça contra a Petrobras em 2007. Mesmo assim, em 2008, são transferidos para a refinaria os US$ 200 milhões.
NOTA 2 - No mesmo ano dessa remessa, a Petrobras começa a se defender na Justiça americana. Contratou um escritório de advocacia por US$ 7,9 milhões, ligado a um ex-integrante da cúpula da empresa.
Então vamos ver. Em algum arquivo se deve encontrar o resumo executivo elaborado por Cerveró. Se lá não estiver a informação de que havia a cláusula de compra obrigatória, então os conselheiros foram levados no bico — supor que leiam centenas ou milhares de páginas de cada caso sobre o qual opinam é ingenuidade. Escrevo isso porque Gabrielli me parece, como direi?, solerte quando afirma que essa cláusula é comum em contratos. Ainda que assim fosse, ela teria de constar do resumo executivo. Se lá não estava, houve trapaça.
Digamos que o preço, pela primeira metade da empresa, considerados os investimentos dos belgas e o estoque de óleo, fosse razoável. Até este ponto, Dilma poderia sustentar não ter nada com isso. Mas e depois? E quando a história inteira veio à tona? Em 2007, quando a Astra entra na Justiça, a presidente do conselho e ministra, Dilma Rousseff, já sabia de tudo. E seguiu sabendo de tudo em 2008 e 2009. Fez o quê?
A derrota final da Petrobras na Justiça americana se deu em 2012. Foi no seu governo que a Petrobras teve de pagar estupefacientes US$ 820,5 milhões pela outra metade da refinaria. E foi também no seu governo que Nestor Cerveró, o que fez o resumo executivo que ela considera omisso, foi nomeado diretor financeiro da BR Distribuidora.
Podem até existir coisas para as quais haja uma explicação razoável. Mas há aquelas que são certamente indesculpáveis. E é fato: a empresa em que a Petrobras torrou US$ 1,38 bilhão vale, no mercado, US$ 118 milhões — e há um só comprador. Pode-se perdoar Dilma por aquilo que ela eventualmente não sabia. Mas não se pode perdoá-la por aquilo que não fez mesmo quando já sabia de tudo.
Texto publicado originalmente às 4h58Por Reinaldo Azevedo
Tags: Petrobras
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583 COMENTÁRIOS
21/03/2014 às 6:47
Minha coluna na Folha: Gaby Amarantos canta para Dilma
No dia 29 de agosto de 2010, esta Folha publicou uma reportagem (folha.com/no790511) informando que, entre março de 1995 e julho de 1996, Dilma foi empresária. Montou uma lojinha, que chegou a ter uma filial, de bugigangas importadas do Panamá. Como diz a meninada, era um negócio “tipo” R$ 1,99. Não deu certo. Fechou. Chamava-se “Pão & Circo”. Entendo. Liberais ainda na primeira dentição tendem a achar que bons empresários seriam bons gestores públicos. Não necessariamente. Trata-se de domínios e de propósitos distintos. Ocorre que a então candidata Dilma era oferecida ao país como gerente sem igual e planejadora rigorosa. Como ela era, e ainda é, meio enfezada, esse temperamento se confundia com competência. Gente que está sempre dando bafão, na vida ou no trabalho, recorre aos maus bofes para escamotear com o mau humor as suas deficiências técnicas. A eficiência costuma ser amigável.
Indagada, naquela época, sobre a sua experiência frustrada, depois de um encontro com o presidente da Confederação Nacional da Indústria, a petista explicou: “Quando o dólar está 1 por 1 e passa para 2 ou 3 por 1, ele [o microempresário] quebra. É isso que acontece com o microempresário, ele fecha. A minha experiência é essa e de muitos microempresários desse país”. Epa! Resposta errada! A cotação média do dólar em março de 1995, quando Dilma abriu sua lojinha, foi de R$ 0,884. Aquele ano fechou com a moeda a R$ 0,967. Em julho de 1996, quando ela cerrou as portas, foi de R$ 1,006. Em 17 meses, portanto, houve uma variação de 14%, não de 200%. Sempre lembrando que a moeda local supervalorizada beneficia esse tipo de negócio. Na vitrine dos fatos, a desculpa de Dilma não vale R$ 1,99, filosofaria Gaby Amarantos.
As pessoas, como já escreveu o poeta, não costumam confessar que já levaram porrada, que foram traídas ou que não tiveram paciência para tomar banho. Procuram também esconder a própria incompetência. É normal. Transferir, no entanto, para terceiros as consequências das próprias inabilidades e irresponsabilidades já é coisa mais séria. Na função pública, as consequências podem ser dramáticas.
(…)
Leia a íntegra aqui
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Dilma, Petrobras
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21/03/2014 às 3:15
Ibope: Dilma venceria no 1º turno se eleição fosse hoje. Só que não é! Ou: Sinal amarelo para a petista!
O Ibope divulgou uma nova pesquisa eleitoral nesta quinta-feira. A presidente Dilma Rousseff, do PT, pode comemorar? Até pode. Mas com muita cautela. Se a eleição fosse hoje, ela ainda venceria no primeiro turno. Por que, então, há motivos para preocupação?
Bem, em primeiro lugar, porque a eleição não é hoje; em segundo lugar, só que mais importante, porque a pesquisa captou uma enorme insatisfação do eleitorado com o governo. Vamos ver. No cenário mais provável da disputa, Dilma aparece com 43% dos votos, contra apenas 15% de Aécio Neves, do PSDB, e 7% de Eduardo Campos, do PSB. Se Marina Silva fosse a candidata em lugar de Campos, a petista venceria no primeiro turno do mesmo jeito: ficaria com 41%; o tucano teria 14%, e Marina, que já chegou a marcar 21%, aparece agora com apenas 12%. Num eventual segundo turno, Dilma venceria Aécio por 47% a 20%; Marina, por 45% a 21% e Campos por 47% a 16% (veja quadro publicado pelo Estadão Online).
Até aqui, como percebem os leitores, tudo parece um mar de rosas para Dilma Rousseff. Ocorre que a presidente tem dois complicadores bastante sérios pela frente, que podem encher de esperança os corações oposicionistas. Prestem muita atenção ao primeiro.
Nada menos de 64% dos que responderam à pesquisa dizem que o próximo presidente tem de “mudar totalmente” ou “mudar muita coisa” na gestão. E agora o fator que deve deixar Dilma assustada: entre esses que querem mudanças, só 27% esperam que elas aconteçam com a própria Dilma. Nada menos de 63% querem mudar tanto o governo como a governante.
Então vamos fazer uma continha: de cada 100 pessoas, 64 querem mudar tudo ou muita coisa. Dessas 64, uma expressiva maioria de 63% — ou seja, 40,32% do total — querem mudar também de presidente. Repararam, ouvintes? A soma dos votos de Aécio e Campos, por enquanto, é de apenas 22 pontos percentuais. Mas nada menos de 40,32% dos que responderam à pesquisa revelaram que preferem Dilma fora da Presidência.
O que isso significa? Nem Aécio nem Campos encarnaram ainda o necessário espírito mudancista. E agora chego ao segundo fator que tira o sono de Dilma. O Ibope listou os candidatos e quis saber, sobre cada um, se os eleitores votariam naquela pessoa com certeza, se poderiam fazê-lo, se não fariam isso de jeito nenhum ou se nem o conhecem. Os números são muito interessantes. A rejeição é praticamente a mesma para os três: 38% se recusam a votar em Dilma; 39%, em Campos, e 41% em Aécio.
Votam em Dilma com certeza 36% — um índice sem dúvida muito bom —; em Aécio, 11%, e em Campos, 5%. Até poderiam votar na petista 19%; em Aécio, 22%, e em Campos, 21%. Onde é que o bicho pega para Dilma? Só 7% não a conhecem ou não sabem quem é ela. Esse número chega a 27% com Aécio e a 35% com Campos.
Há um terceiro fator a ser considerado, que nada tem a ver com a pesquisa, mas com as circunstâncias. Dilma está todo dia na televisão; a oposição mal aparece. Quando começa a campanha, ainda que a petista vá ter um latifúndio no horário eleitoral, as condições da disputa ficam um pouco mais equilibradas.
Quando se considera que 40,32% das pessoas que responderam à pesquisa gostariam que Dilma deixasse a Presidência para que se pudesse ter um governo totalmente ou muito diferente desse e quando se verifica que mais ou menos um terço do eleitorado desconhece os candidatos da oposição, é evidente que se deve supor que muito dificilmente a presidente vencerá a disputa no primeiro turno.
Notem: 32% dizem querer um governo igual ou quase igual ao que aí está. Entre os 64% que querem mudanças, 27% — ou 17,28% do total — acham que elas poderiam ser feitas pela própria Dilma. Somando-se os dois grupos, chega-se a 49,28% — até superior ao desempenho de Dilma no segundo turno porque se deve supor que há pessoas que querem a continuidade, mas prefeririam outro petista — Lula, por exemplo.
No fim das contas, estes são os números que contam: os 40,32% que querem mudar tudo, inclusive Dilma, contra os 49,2% que ou não querem mudar nada ou aceitam mudanças, mas com a presidente. A diferença, como se vê, é muito menor do que se verifica na pesquisa de intenção de votos. Quando se constata que quase todo mudo conhece Dilma e que muita gente ainda desconhece seus opositores, o que parecia um cenário tranquilo para a petista esconde, na verdade, riscos nada desprezíveis.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Eleições 2014, Ibope
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227 COMENTÁRIOS
21/03/2014 às 1:04
Cartel – Aécio diz a coisa certa sobre o CADE, e Cardozo se irrita
Como vocês sabem, o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) investiga a formação de cartel na compra de trens do metrô e da CPTM, em São Paulo. Há pelo menos oito meses, a imprensa é quase diariamente abastecida por informações vazadas por esse órgão. Durante um bom tempo, parecia que as empresas que fornecem trens também para estatais federais e para outros estados só recorriam a esse método em São Paulo — governado pelo PSDB. Só agora o CADE anuncia que está investigando também contratos feitos com o governo federal.
O presidenciável Aécio Neves (PSDB) disse o óbvio: finalmente, o conselho deixará de investigar apenas administrações da oposição, emendando que seu partido não passa a mão na cabeça de malfeitores e pune quem tem de punir. Na prática, o chefe do CADE é o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, já que o órgão é subordinado à sua pasta.
Cardozo se abespinhou, chamou Aécio de mal informado e afirmou que sua crítica é “desqualificada”. Disse: “Parece piada. O CADE investiga independentemente de questões políticas ou partidárias. Não é que o CADE mudou. É que os ingredientes para a investigação surgiram a partir da busca e apreensão que foi feita e da própria representação do PSDB. Ninguém investiga o que antes não tinha notícia de crime. A Siemens revelou problemas ou indício de cartel em São Paulo e Brasília, mas não falou de outras situações”.
Com a devida vênia, piada é a resposta do ministro. E vou dizer por quê:
1: eu, eu mesmo, Reinaldo Azevedo, publiquei uma reportagem no dia 13 de agosto do ano passado demonstrando que, nos metrôs de Porto Alegre e Belo Horizonte, apenas um consórcio se apresentou, formado pelas empresas CAF e Alstom.
2: No metrô de Porto Alegre, sob o comando da estatal federal Trensurb, a Alstom ficou com 93% do contrato, e a CAF, com 7%. No de Belo Horizonte, comandado por outra estatal federal, a CBTU, as posições de inverteram: a CAF ficou com 93%, e a Alstom com 7%.
3: Isso foi publicado, insisto, há sete meses. Só agora o CADE sai da moita. O ministro vem com a desculpa esfarrapada de que o CADE só investiga se houver uma denúncia. No caso de São Paulo, ela teria sido feita pela Siemens, com o tal “acordo de leniência”, que é uma espécie de delação premiada.
4: O ministro omite a ativa participação do deputado estadual Simão Pedro, do PT — hoje secretário da gestão Haddad —, na denúncia contra o Metrô e a CPTM, de São Paulo. Omite ainda que Vinicius Carvalho, presidente do CADE, já foi funcionário de Simão Pedro, fato omitido de seu currículo.
5: Em suma, não resta a menor dúvida de que o CADE direcionou, enquanto pôde, a sua investigação para São Paulo. Também não resta a menor dúvida de que houve uma verdadeira indústria de vazamentos contra as empresas do estado administrado pelo PSDB. Agora, finalmente, o órgão teve de admitir que existem indícios de formação de cartel também em empresas estatais federais, cujo governo é comandado pelo PT.
Então encerro. Aécio disse o quê? Que o CADE deixará de investigar apenas administrações de oposição. José Eduardo Cardozo ficou bravo com o quê? Com a verdade?Por Reinaldo Azevedo
Tags: Cade, formação de cartel
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