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quinta-feira, 22 de maio de 2014

Reinaldo Azevedo - Blog - VEJA.com



Reinaldo Azevedo - Blog - VEJA.com











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Se em meu ofício, ou arte severa,/ Vou labutando, na quietude/ Da noite, enquanto, à luz cantante/ De encapelada lua jazem/ Tantos amantes que entre os braços/ As próprias dores vão estreitando —/ Não é por pão, nem por ambição,/ Nem para em palcos de marfim/ Pavonear-me, trocando encantos,/ Mas pelo simples salário pago/ Pelo secreto coração deles. (Dylan Thomas — Tradução de Mário Faustino)



22/05/2014 às 17:43

José Eduardo Cardozo chuta a democracia



José Eduardo Cardozo é petista e ministro da Justiça. Até aí, tudo bem. As coisasse complicam quando, como ministro da Justiça, ele decide atuar como um petista e, como petista, atuar como ministro da Justiça. Cardozo, para todos os efeitos, é um homem de estado, e os homens de estado não podem se comportar como chefes de facção, como líderes de milícia, como militantes políticos. Afinal, Cardozo é ministro de quem é petista e de quem não é; de quem votou na presidente Dilma e de quem não votou.

Muito bem! Exercendo prerrogativas verdadeiramente sagradas na democracia — como o direito à crítica e o direito de fazer oposição —, o pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, criticou a atuação do governo na área de segurança pública. O senador lembrou, por exemplo, que “87% de tudo que se gasta em segurança pública no Brasil hoje vêm dos Estados e municípios. Apenas 13% da União. A União, que tem responsabilidade de cuidar das nossas fronteiras, de coibir o tráfico de drogas e o tráfico de armas, é, hoje, quem menos gasta.”

Trata-se apenas de um fato. Cardozo pertence ao governo. Ele tem todo o direito de responder, de contraditar um dos líderes da oposição no Brasil, mas não da forma como o fez.

Em vez de contestar os números, o ministro procurou desqualificar Aécio. Disse que a atuação do senador na área é “pífia”; qualificou suas propostas de “patéticas” e ainda tentou fazer graça, dizendo que o tucano mora no Rio, como a indicar que não cumpre a sua função.

É um despropósito! É um absurdo! Cardozo desrespeita os eleitores de Minas, que o elegeram senador por esmagadora maioria. Demonstra um entendimento estúpido do que seja a democracia. A entrevista de Aécio está na Folha. É crítico, sim, sem ser desrespeitoso. Cardozo, ao contrário, é só desrespeitoso sem fazer a crítica, o que seria natural.

Dilma é a legítima presidente do Brasil porque eleita segundo as regras. Obteve 55.752.529 votos, mas atenção! Em 2010, o Brasil tinha 134 milhões de eleitores. Atenção, ministro Cardozo: na eleição passada, deixaram de votar na presidente, entre os eleitores de Serra, os brancos, os nulos e as abstenções, 78.247.471 pessoas.

Tenha compostura, meu senhor! Essa gente também paga o seu salário.

De resto, ministro Cardozo, no ano passado, o governo federal investiu em presídios 34,2% menos do que em 2012: caiu de R$ 361,9 milhões para R$ 238 milhões. E tal queda se deu num ano em que a violência explodiu no país.

Fale menos e trabalhe mais, ministro!Por Reinaldo Azevedo





22/05/2014 às 15:50

Ônibus param em 4 cidades da Grande SP. E greve cessa na capital



Na VEJA.com:
Enquanto na capital paulista a greve de motoristas e cobradores ficou restrita pela manhã a funcionários de uma empresa, a viação Santa Brígida, a população de quatro cidades da Grande São Paulo enfrenta problemas na circulação de ônibus nesta quinta-feira: Osasco, Diadema, Itapecerica da Serra e Embu das Artes. Em São Paulo, os veículos da Santa Brígida começaram a sair das garagens por volta de 11 horas. Na madrugada, ônibus da viação Gato Preto chegaram a ser impedidos por uma hora de sair da garagem, mas agora circulam normalmente. Houve também uma tentativa de fechar o terminal Cachoeirinha, na Zona Norte, mas a ação foi frustrada por funcionários que trabalham no local.

Sem se identificar, motoristas e cobradores que voltaram ao trabalho disseram que aguardam o resultado de uma reunião que será realizada entre a categoria e o prefeito Fernando Haddad (PT) para excluir a possibilidade de novas greves. O trânsito da capital paulista sofre os reflexos da paralisação: a cidade registrou recorde de 172 quilômetros de congestionamento às 9h48 desta manhã – 68 quilômetros acima da média para o dia e horário.

Em Osasco, uma viação que conta com 177 ônibus está inteiramente paralisada. Já a viação Urubupungá, que também opera na cidade, tem 80% da frota na rua e atende linhas intermunicipais. Alguns motoristas da empresa também cruzaram os braços e abandonaram os coletivos. As informações são da Prefeitura de Osasco, que afirma que as duas empresas atendem diariamente cerca de 140.000 usuários nas 45 linhas do município. Já em Diadema, no ABC paulista, motoristas e cobradores protestam e pedem aumento salarial. Na empresa Mobibrasil todos os funcionários estão em greve e 230 ônibus estão retidos na garagem. Cerca de 400 motoristas e cobradores protestando em frente ao local. Eles pedem reajuste e equiparação salarial. A viação atende principalmente os municípios de Diadema e São Bernardo do Campo.

Em Itapecerica da Serra, a assessoria de imprensa da EMTU afirma que há paralisação total nas linhas da viação Miracatiba, que opera 48 linhas. Na cidade, o transporte é feito por vans de cooperativas. A Prefeitura tenta agendar uma reunião para negociar com manifestantes. Todas as linhas da empresa Viação Miracatiba, que servem o município, foram afetadas e estão paralisadas. Segundo a empresa, não há previsão de negociação ou normalização das atividades. Embu também é afetada pela paralisação.

Obrigatoriedade
O sindicato patronal obteve liminar na quarta-feira que obriga cada linha de ônibus a circular com no mínimo 75% de sua capacidade em São Paulo. Se a decisão não for cumprida, será aplicada multa. Paralelamente, o Ministério Público Estadual abriu dois inquéritos para apurar responsabilidades.Por Reinaldo Azevedo

Tags: ônibus




22/05/2014 às 15:42

Todo mundo sobe na pesquisa Ibope das datas confusas. Então é preciso prestar atenção às sutilezas



Ai, que preguiça!, disse Macunaíma ao vir à luz. Eu sou uma pessoa dada a certos formalismos e acredito na informação que os institutos de pesquisaprestam ao TSE. O Ibope informou ao tribunal que começara a fazer uma pesquisa para a eleição presidencial no dia 15, registrada no dia 17, com o encerramento do campo no dia 22 — e o dia 22, salvo melhor juízo, é hoje. Ocorre que o resultado já foi divulgado, o que faz supor que o campo, então, terminou antes. Quando?


O resultado é este que vocês veem — reproduzo um gráfico publicado na Folha Online.


Os questionários foram aplicados enquanto estava no ar a propaganda políticaterrorista do PT — que foi tirada do ar pelo próprio TSE. Convenham: não é exatamente o melhor momento para fazer uma pesquisa. A anterior do instituto incorreu no mesmo vício.

Boataria
O Ibope está em campo desde o dia 15, segundo informação oficial, mas a boataria corre solta desde o dia 18 — na verdade, começou a circular no mercado financeiro no dia 17: Dilma teria subido; Aécio teria caído ou ficado igual. Vamos ver.

Comparado o Ibope consigo mesmo, todo mundo subiu — e, proporcionalmente, os dois candidatos de oposição cresceram mais. Ocorre que não é assim que são as coisas. A referência das pessoas que acompanham esse assunto é a pesquisa anterior do Datafolha, do começo deste mês. Aécio e Campos aparecem nos dois institutos com o mesmo índice: 20% e 11%. Dilma, no entanto, aparece no Ibope com três pontos percentuais a mais do que no Datafolha: 40% a 37%.

Imediatamente, plasma-se uma espécie de “verdade”: a oposição teria parado de crescer, e Dilma, começado a subir. Especialistas dizem o óbvio: não se comparam pesquisas de institutos diferentes. Ocorre que a média das pessoas, como se sabe, não é formada de especialistas.

Há certa suspeição a cercar institutos de pesquisa. O Ibope, por exemplo, trabalha para o governo federal — fez um contrato para pesquisas quantitativas, cujo conteúdo é considerado “sigiloso”. Isso, por si, matematicamente falando, não macula a sua isenção. Ocorre que é bom não misturar carne com leite nessas coisas, não é?

Quanto mais transparentes forem as práticas, melhor para quase todo mundo. Fazer pesquisa enquanto está no ar o horário político de um partido não concorre para essa transparência. Fazer o campo em período diferente do informado também não.

Não estou entre aqueles que querem proibir divulgação de pesquisas. Acho isso obscurantista. Mas acho também que a gente precisa debater que instituto faz o quê. Acho um excesso de licenciosidade prestar serviços de “inteligência” ao governo e depois fazer pesquisas eleitorais cujos resultados são de interesse desse mesmo governo.

“Você está insinuando que o Ibope manipulou os dados?” Eu nunca insinuo nada. Eu só afirmo. E eu afirmo que o que vai acima não caracteriza uma boa prática — nem técnica nem política.Por Reinaldo Azevedo





22/05/2014 às 6:11







22/05/2014 às 4:49

É o fim da picada! Deputado estadual do PT, um ex-presidiário e aliado do secretário de transportes de Haddad, participou em março de reunião com membros do PCC que, segundo a Polícia, planejavam ataques a ônibus



Atenção, leitores! A história que vem agora é do balacobaco! No primeiro dia da greve dos motoristas de ônibus em São Paulo, na terça, eu tinha recebido uma informação certa, mas não consegui a prova, de que, no dia 17 de março, no auge dos incêndios a ônibus em São Paulo, a 6ª Delegacia de Polícia de Investigações sobre Facções Criminosas e Lavagem de Dinheiro havia estourado uma reunião na sede da Cooperativa Transcooper, em Itaquera, na Zona Leste, em que membros do PCC planejavam as ações criminosas. Sabem quem estava presente ao encontro? Ninguém menos do que o deputado estadual petista Luiz Moura (PT-SP), que estaria lá na condição de “convidado”. É este senhor aqui.


Luiz Moura, deputado estadual do PT: presente a uma estranha reunião


Muito bem! Ontem, critiquei duramente no blog o secretário de Transportes da cidade, Jilmar Tatto. Em vez de tentar articular uma resposta para o caos da cidade, ele concedeu uma entrevista atacando a PM, acusando-a de fazer corpo mole, como se policiais militares pudessem sair por aí conduzindo ônibus. Eu tinha, sim, a informação certa sobre a participação do tal deputado naquela reunião da bandidagem, mas não a prova. Mesmo assim, não os deixei na mão. Publiquei, então, o que segue em azul:

“ (…) Terei eu de lembrar que Jilmar Tatto tem dois aliados importantes que são, digamos assim, ligados à área de transporte? Um é o deputado estadual Luiz Moura, um ex-presidiário que não cumpriu os 12 anos a que estava condenado porque se tornou um fugitivo. Hoje, é deputado petista. Outro é Senival Moura, vereador, também do partido, irmão de Luiz.
O agora deputado estadual se fez líder dos perueiros, uma área que a família Tatto conhece muito bem.”

E lembrei, então, trecho de uma reportagem da VEJA publicada em 2006, a saber (em azul):
Há três semanas, a polícia prendeu Luiz Carlos Efigênio Pacheco, presidente da Cooper Pam, uma das principais cooperativas de perueiros da capital paulista, suspeita de ligação com a organização criminosa. Conhecido como “Pandora”, o perueiro é acusado de ter financiado, com dinheiro de lotações, uma tentativa frustrada de resgate de preso de uma cadeia de Santo André (região do ABC paulista), em março passado. Detido, ele negou pertencer ao crime organizado, mas admitiu a infiltração do PCC no setor perueiro e disse que foi por ordem de Jilmar Tatto, ex-secretário de Transportes da prefeita Marta Suplicy, que sua cooperativa incorporou integrantes da organização criminosa.

Rasgando o verbo
A informação que eu tinha estava certa. Em entrevista ao programa do apresentador José Luiz Datena, da Band, Márcio Airth, secretário de comunicação do governo de São Paulo, rasgou o verbo. A operação aconteceu mesmo! A reunião da bandidagem, de fato, estava em curso, e o objetivo era planejar novas ações contra ônibus na cidade. Um dos “convidados” para o evento era o deputado estadual petista Luiz Moura, ex-presidiário (condenado a 12 anos) e ex-fugitivo, que se reinventou como líder dos perueiros, que foi como conheceu Jilmar Tatto, ligado ao setor.

Aith foi adiante e afirmou que, em março, no curso da investigação dos ataques, a polícia solicitou diretamente a Tatto a relação de empresas que atuam no setor de transportes público. “Ele [Tatto] é o primeiro a dizer que a polícia é truculenta e se excede, mas, quando interessa a ele barrar uma investigação, como de fato ele barrou, ao não responder ao delegado, ele fica quieto. A polícia poderia investigar muito mais se o deputado Jilmar Tatto tivesse feito o trabalho dele, respondido ao ofício e chamado a atenção do colega deputado dele para que não comparecesse a locais que não são recomendáveis a qualquer pessoa pública”.

Nas moscas, né?

Tatto falou no mesmo programa e disse que nunca soube da reunião. Pois é… Soube, sim, né, secretário? O senhor sabe que sim! A informação lhe foi passada pela própria polícia. O secretário não revelou por que não passou a lista que a Polícia lhe pediu. Limitou-se a dizer: “Eu falo por mim”. E desconversou: “Não me parece adequado, num momento desses, tentar imputar a mim qualquer atitude, ação de atrapalhar investigação. Ao contrário, estou inteiramente à disposição”.

Então tá. Entre os convocados para aquela reunião a que compareceu o deputado estadual petista estava, ora vejam, Carlos Roberto Maia, vulgo Carlinhos Alfaiate, ladrão de bancos então foragido. Ontem, a imprensa não conseguiu achar Luiz Moura. 

Tudo gente fina!Por Reinaldo Azevedo





22/05/2014 às 4:15

Para 73%, protestos geram mais prejuízos do que benefícios; apoio a Copa no Brasil divide opiniões



Na Folha:
Com a greve de motoristas e cobradores de ônibus em São Paulo, o humor dos paulistanos em relação aos protestos em geral parece ter entrado em acelerada mutação. De cada 10 moradores da cidade, 7 afirmam que os protestos geram mais prejuízos que benefícios. Seja para eles mesmos (69%), seja para o conjunto da sociedade (73%). São números altos. Em levantamentos anteriores, essas avaliações críticas nunca haviam predominado. Apesar disso, ainda há uma estreita maioria, 52%, que apoia as manifestações.

Os dados são da pesquisa Datafolha realizada na terça-feira (20) na cidade, no primeiro dia da greve de ônibus que tumultuou todo o sistema de transporte no município. Conforme a amostra, esses resultados são comparáveis com os de duas pesquisas de 2013. Uma feita em junho, logo após a explosão da enorme onda de manifestações pelo país, outra em setembro. Nas duas ocasiões anteriores, o apoio dos paulistanos aos protestos era bem maior. Em junho, 89% aprovavam. Em setembro, 74%.

Há, porém, diferenças entre os protestos de junho e o que começou na terça (20). No ano passado, milhares de pessoas de diferentes origens iam para as ruas com um leque diversificado de interesses: redução das tarifas do transporte, fim da violência policial, melhoria da educação e da saúde e combate à corrupção, entre outros. Os atos de 2013 começaram sob a coordenação do Movimento Passe Livre, mas aos poucos, conforme cresciam, essa liderança ia se diluindo. A cidade parava por causa das enormes passeatas.

Agora, o protesto foi feito por um grupo específico: empregados de empresas de ônibus. O interesse declarado –frustração com um reajuste de 10% do salário– diz respeito só à categoria. E a liderança do movimento, pelo menos até agora, é clandestina, já que a diretoria do sindicato não tem relação com a greve. Outra diferença: o que faz a cidade parar não são as pessoas na rua, mas os ônibus estacionados de forma a bloquear algumas vias.

COPA
O Datafolha também investigou temas relacionados à realização da Copa do Mundo no Brasil neste ano. O dado que mais chama a atenção é o alto percentual de paulistanos que acreditam haver corrupção na organização do evento, 90%. Os paulistanos estão divididos em relação à conveniência de fazer a Copa no Brasil: 45% são a favor; 43%, contra. Como a margem de erro é de quatro pontos (foram ouvidas 819 pessoas), trata-se de um empate técnico.
(…)Por Reinaldo Azevedo





21/05/2014 às 22:25

PF diz haver suspeita de atuação de “organização criminosa” na Petrobras



Por Andréia Sadi e Severino Motta, na Folha:
Relatório da Polícia Federal que faz parte do inquérito que apura a compra da refinaria de Pasadena (EUA) afirma haver a suspeita da existência de uma “organização criminosa no seio da empresa Petrobras” que patrocinaria desvio de recursos públicos para o exterior e consequente “retorno de numerário via empresas offshore”. Encaminhado ao juiz Sergio Moro, da Justiça Federal do Paraná, o documento informa que o suposto esquema serviria de base para “pagamento de propinas e abastecimento financeiro de grupos criminosos envolvidos no ramo petroleiro”. Segundo o texto, de 22 de abril, apura-se a possível participação do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa em irregularidades na compra da refinaria do Texas.

Ex-diretor da Petrobras, ele foi preso na Operação Lava Jato em março. Nesta segunda, ele foi solto após decisão do Supremo Tribunal Federal. Costa também foi representante da Petrobras no comitê interno da refinaria de Pasadena.
(…)Por Reinaldo Azevedo

Tags: Petrobras




21/05/2014 às 21:38

Ônibus – Tratamento dispensado ao banditismo vai determinar se assistiremos, de novo, ao caos



Os motoristas e cobradores que estavam em greve — liderados por uma ala dissidente do sindicato dos motoristas — decidiram pôr fim à paralisação a partir desta quinta. As negociações ainda estão em curso. A polícia decidiu abrir inquérito, com base do Artigo 262 do Código Penal, para apurar responsabilidades. Estabelece o texto:
Art. 262 – Expor a perigo outro meio de transporte público, impedir-lhe ou dificultar-lhe o funcionamento:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
§ 1º – Se do fato resulta desastre, a pena é de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.

Obviamente, dada a gravidade do que se viu, trata-se de uma pena branda. Mas que, ao menos, se apurem as responsabilidades.

Mas que fique claro: não pode a Polícia investigar de um lado, e a Prefeitura, como é mesmo?, “abrir diálogo” de outro. Não, ao menos, com lideranças capazes de fazer o que se viu na cidade. Segundo Gilberto Carvalho, o caminho é o papinho. Ele está acostumado a passar a mão na cabeça de quem depreda de forma contumaz a ordem pública.

Meus caros leitores — e eleitores! Eu estou pouco me lixando se o espetáculo degradante a que assistimos nestes dois dias é bom ou ruim para os partidos A, B ou C. Não estou nem aí se a truculência colabora com este ou com aquele candidatos. Eu não faço campanha eleitoral. Eu não faço campanha política.

Acho inaceitável que a população seja usada de instrumento de manobra e chantagem de sindicalistas e de arruaceiros. Não gosto da gestão de Fernando Haddad e considero, sim, que isso é péssimo pra ele. Mas não vou ser condescendente com atos terroristas e que só punem os pobres. De resto, avalio que outros artigos do Código Penal foram feridos. Por mim, essa gente seria enquadrada mesmo é na Lei 7.170, conhecida por Lei de Segurança Nacional. Sabotagem contra instalações de transporte rende pena de 3 a 10 anos de cadeia.

Ocorre que o PT não tem nenhuma ideia melhor do que puxar o saco de arruaceiros, que são reverenciados pela legenda. Ou, em meio ao caos, não vimos o secretário Jilmar Tatto (Transportes) a atacar a Polícia Militar, e o prefeito Fernando Haddad a criticar o governo do Estado?

O tratamento que será dispensado a atos de banditismo vai determinar se teremos ou não ações semelhantes no futuro; se alguns gatos-pingados vão ousar de novo fazer 12 milhões de pessoas reféns de sua irresponsabilidade.Por Reinaldo Azevedo

Tags: greves, ônibus




21/05/2014 às 21:17

Grevistas prometem encerrar paralisação de ônibus nesta quinta



Na VEJA.com. Volto no próximo post.
Após dois dias de caos na cidade de São Paulo, dissidentes do sindicato dos motoristas e cobradores de ônibus aceitaram encerrar a paralisação à meia-noite. O impasse sobre o percentual de reajuste salarial para a categoria persiste, mas os grevistas se comprometeram a liberar a saída dos ônibus das garagens na madrugada desta quinta-feira. Como não há uma liderança clara entre os dissidentes, o fim da greve é tratado com cautela pelas autoridades e encarado como uma promessa.

Grevistas, representantes de empresas e do poder público passaram a tarde de hoje reunidos na Delegacia Regional do Trabalho. As empresas se recusam a renegociar o aumento fixado em 10% para a categoria. O fim da paralisação ficou condicionado a uma reunião com o prefeito Fernando Haddad (PT), que será cobrado para reabrir as negociações.

O sindicato patronal obteve liminar nesta quarta que obriga cada linha de ônibus a circular com no mínimo 75% de sua capacidade amanhã. Se a decisão não forcumprida, será aplicada multa. Paralelamente, o Ministério Público Estadual abriu dois inquéritos para apurar responsabilidades.

Nesta quarta, o paulistano sofreu pelo segundo dia seguido com os efeitos da paralisação dos motoristas e cobradores de ônibus. Ao longo do dia, foram bloqueados catorze dos 28 terminais de ônibus da cidade – às 19 horas, nove terminais continuavam fechados. Com ônibus estacionados nas garagens e o rodízio municipal de veículos suspenso, o trânsito na capital paulista voltou a ficar complicado: foram registrados até 178 quilômetros de vias congestionadas. Ontem, nesse mesmo horário, o índice era de 261 quilômetros, recorde no ano.Por Reinaldo Azevedo





21/05/2014 às 20:55

Otávio Cabral vai assessorar Aécio. E o que diz o JEG, o Jornalismo da Esgotosfera Governista. Ou ainda: PT 9 X PSDB 2


Otávio Cabral: ele deixa a redação da VEJA para assumir nova empreitada


Eu poderia deixar quieto, mas não deixo. Cada um tem seu estilo, eu tenho o meu. E gosto de fatos. Otávio Cabral, jornalista de VEJA, um profissional de altíssimo gabarito, vai deixar a redação para trabalhar na assessoria do pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, Aécio Neves.

Os espadachins da reputação alheia, os idiotas, os ressentidos e os bandidos disfarçados de jornalistas já começaram a gritar: “Olhem lá, um jornalista da VEJA trabalhando para Aécio”. Uma ova!

No que concerne à revista, Cabral passará a ser um “ex-VEJA”, sem que o respeito profissional de que ele é merecedor seja minimamente arranhado. Eu, que o conheço, estou certo de que ele vai fazer um excelente trabalho em sua nova jornada.

Não, Cabral não é o primeiro! Márcio Aith, hoje na secretaria de Comunicação do governo Alckmin, já trabalhou na VEJA. Quando entrou na assessoria da campanha eleitoral de José Serra, em 2010, estava na Folha.

Aí, aquela turma que tem os dois pés no chão e as duas mãos também, para citar Ivan Lessa, relincha: “Ah, estão vendo? A revista só fornece assessores para o PSDB…”. É mesmo? Então vai uma lista de profissionais que são ex-VEJA ao lado dos políticos que eles decidiram assessorar (nem todos, hoje, permanecem na mesma função):

1 – João Santana – Lula, Dilma, Palocci e Delcídio Amaral;

2 – Thomas Traumann – porta-voz de Dilma e, depois, ministro de estado da “presidenta”;

3 – Luiz Rila – José Dirceu e campanha do Lindbergh Farias;

4 – Luciano Suassuna – Alexandre Padilha;

5 – Eduardo Oinegue – Patrus Ananias e Alexandre Padilha;

6 – Ronaldo França – Dilma;

7 – Chico Mendez – campanha do Fernando Pimentel ao governo de Minas;

8 – Lula Costa Pinto – Agnelo Queiroz;

9 – Mario Rosa – várias consultorias ao governo e ao PT (Palocci, Dirceu, Agnelo…)

E devo estar esquecendo alguns nomes. Como se nota, nos nove casos listados acima, jornalistas que passaram por VEJA foram assessorar políticos do… PT!!! No topo, digamos assim, da cadeia alimentar do poder, o marqueteiro do partido e um ministro de estado.

Será que, por isso, VEJA pode ser considerada, afinal, uma redação petista, já que tantos assessores de nomes estrelados do partido passaram por sua redação?

Ora, vão catar coquinho! Se uma, duas ou mais das pessoas listadas acima fizeram coisas impróprias — não sei de nada; falo apenas em tese —, isso não se deve nem ao fato de terem passado por VEJA nem de terem assessorado ou assessorarem ainda hoje os petistas. São profissionais dignos como quaisquer outros, só que fazendo outro trabalho, que não o jornalismo, que tem um código de ética distinto de uma assessoria.

Desejo boa sorte a Cabral em sua nova empreitada e espero que demonstre a competência que conhecemos.

Todos os profissionais que citei aqui fizeram escolhas conhecidas, públicas, às claras. Feio, asqueroso, coisa de bandido — aí, sim — é uma outra prática.

Coisa de bandido é receber dinheiro de governos e de estatais para fazer a defesa de partidos políticos, de governantes e de candidatos — dedicando-se, adicionalmente, a atacar a imprensa independente — e não contar isso aos leitores.

Feio é ser sustentado pela máquina pública, fazer campanha político-eleitoral e se dizer um jornalista independente e progressista. Aí, não. Gente assim não é jornalista, não é independente nem é progressista. É só um pau-mandado, exercendo a mais antiga profissão do mundo: é só pagar, e eles fazem. Não importa o quê. Começam cedendo a honra. Aí o resto vai é fácil.Por Reinaldo Azevedo





21/05/2014 às 19:54

Lei 9.096 disciplina a propaganda política, e o PT a desrespeitou de modo explícito



A decisão da ministra Laurita Vaz, que suspendeu a veiculação da propaganda política terrorista do PT, é só uma questão de apego à lei. Sim, existe um diploma legal que regulamenta a propaganda partidária, que não é e não pode ser propaganda eleitoral. Refiro-me à Lei 9.096, de 1995, que foi escandalosamente agredida pelo PT. Transcrevo alguns trechos em azul:

Art. 45. A propaganda partidária gratuita, gravada ou ao vivo, efetuada mediante transmissão por rádio e televisão será realizada entre as dezenove horas e trinta minutos e as vinte e duas horas para, com exclusividade:
I – difundir os programas partidários;
II – transmitir mensagens aos filiados sobre a execução do programa partidário, dos eventos com este relacionados e das atividades congressuais do partido;
III – divulgar a posição do partido em relação a temas político-comunitários.
(…)
§ 1º Fica vedada, nos programas de que trata este Título:
(…)
II – a divulgação de propaganda de candidatos a cargos eletivos e a defesa de interesses pessoais ou de outros partidos;
(…)
§ 2o O partido que contrariar o disposto neste artigo será punido:
I – quando a infração ocorrer nas transmissões em bloco, com a cassação do direito de transmissão no semestre seguinte; (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)
(…)
§ 6o A propaganda partidária, no rádio e na televisão, fica restrita aos horários gratuitos disciplinados nesta Lei, com proibição de propaganda paga.

Retomo
Logo, propaganda política não pode se confundir com propaganda eleitoral, como fez o PT. Ao afirmar, de forma oblíqua e malandra, que só a continuidade do atual governo garantirá as conquistas da população, é evidente que não se cuida de doutrina ou de defesa de ideias.

A fronteira pode ser tênue, mas existe. Deixo claro aos leitores que sou, desde sempre — podem procurar aí; não é de hoje —, contrário a propaganda política e eleitoral obrigatórias. Trata-se de um resquício de autoritarismo. Quem quiser que se organize para comprar horário e mandar sua mensagem. É assim, por exemplo, nos EUA. Mas falamos disso outra hora.

O que importa agora é que, sim, existe uma diferença entre o horário eleitoral gratuito, reservado aos períodos de campanha, e o horário político. E o PT não respeitou. Além de a propaganda ter de ser retirada do ar, é preciso punir o partido.Por Reinaldo Azevedo





21/05/2014 às 17:49

Petrobras desmente Gabrielli sobre aditivo e contratos de Abreu e Lima



Por André Borges, no Valor:
A Petrobras desmentiu nesta quarta-feira as informações dadas ontem pelo ex-presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, sobre o processo de aprovação de contratos e aditivos realizados na construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

Durante seu depoimento feito à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras Gabrielli foi claro e objetivo ao relatar que a Rnest, como também é conhecida a refinaria Abreu e Lima, tinha um conselho de administração próprio que tomava decisões sobre a assinatura de novos contratos e aditivos sem ter de submetê-los ao conselho e à diretoria da Petrobras.

Depois da audiência Gabrielli voltou a detalhar o assunto a jornalistas. “A refinaria funcionava como uma empresa subsidiária da Petrobras. Ela é que tinha a competência de tomar essas decisões. Da mesma forma que a BR Distribuidora toma decisões sem a diretoria da Petrobras tomar conhecimento”, disse o ex-presidente da estatal. E completou: “A diretoria e o conselho da Petrobras acompanham os resultados finais. É uma refinaria que tinha decisões no âmbito na Rnest (Abreu e Lima), e que não chegava à diretoria da Petrobras.”

Por meio de nota publicada hoje, a Petrobras desmente a declaração dada por seu ex-presidente. “Esclarecemos que todos os contratos e aditivos da Rnest, inclusive os assinados até 16/12/2013 por ocasião de sua incorporação, foram submetidos previamente aos nossos órgãos competentes para autorização interna e recomendação para aprovação da Rnest, observadas as análises técnicas, comerciais, tributárias e jurídicas pertinentes, conforme modelo de governança do Sistema Petrobras. Sendo assim, está equivocada a informação de que não analisamos os contratos e aditivos da Rnest”.

Reportagem publicada hoje pelo Valor detalha a atuação do ex-diretor da área de abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, que entre março de 2008 e dezembro de 2013 foi o presidente do conselho de administração da Petrobras.
(…)Por Reinaldo Azevedo

Tags: Petrobras




21/05/2014 às 17:33

TSE suspende propaganda do PT com discurso do medo



Na VEJA.com. Comento daqui a pouco:
A ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Laurita Vaz determinou a suspensão, em caráter liminar, da propaganda do PT que pregava o “discurso do medo” com a volta de “fantasmas do passado” nas próximas eleições à Presidência. A ministra atendeu a uma interpelação do PSDB, que apontou campanha antecipada da presidente Dilma Rousseff no rádio e na televisão. Para Laurita Vaz, “mesmo que o teor da peça não imponha, como pretende o representante [PSDB], a conclusão de tratar-se de ‘propaganda eleitoral antecipada’, sinaliza, ainda que de forma dissimulada, para a continuidade do atual governo, com associação de imagens e ideias negativas ao passado, a incutir no espectador que isso ocorreria caso se desse ouvidos a falsas promessas”.

De acordo com Laurita, a propaganda fere as normas previstas na Lei dos Partidos Políticos. Continua Laurita: “Constata-se que a peça impugnada, de forma subliminar, velada, associa imagens negativas, relacionadas à miséria, ao desemprego e à penúria, a um passado político antecedente ao que marca o atual governo, confiado ao PT, mediante afirmações de que não se pode deixar que os fantasmas do passado voltem e levem tudo que conseguimos com tanto esforço”. Na campanha de 2002, o PT criticou o PSDB por um comercial em que a atriz Regina Duarte dizia “eu estou com medo”, referência à candidatura do ex-presidente Lula.Por Reinaldo Azevedo





21/05/2014 às 17:30

Delação premiada não pode ser prêmio para a bandidagem



Pois é, pois é… Foi rompido o acordo de delação premiada que havia com o doleiro Alberto Youssef, por conta ainda dos desdobramentos da investigação do escândalo do Banestado, que dizia respeito justamente ao envio de remessas para o exterior. Fizeram bem em romper? Acho que sim. Mas é evidente que a questão está malparada no Brasil.

Confesso que tenho um problema, vamos dizer, de fundo moral com essa história de “delação premiada”. Afinal de contas, se pensarmos bem, não se premia apenas a delação, mas também o criminoso. O traidor, em termos absolutos, é sempre uma figura meio asquerosa, não? E a delação não pode funcionar como a premiação do oportunismo.

Por outro lado, o desmantelamento de organizações criminosas infiltradas, muitas vezes, nas estruturas do estado — como foi o caso de setores da máfia italiana — não se faz sem a ajuda de alguém de dentro.

Parece-me, então, que dá para conciliar a eficiência do sistema com a moralidade. De que modo? O que recebe o benefício da delação premiada não pode voltar a ser um cidadão comum — não ao menos no período correspondente à condenação que receberia por seu crime.

Ele tem de ficar, creio, sob uma forma de tutela do estado; tem de continuar sob vigilância. O que não é possível é acontecer o que aconteceu com Youssef: ele fez o acordo, pagou uma multa e voltou à atividade de sempre.

E também é preciso que se tomem alguns cuidados para garantir a segurança do delator. A depender do crime, ele tem de receber uma nova identidade, um novo trabalho, ser enviado para local ignorado — com os mesmos benefícios, e em caráter permanente, de testemunhas sob proteção do estado.

A delação premiada tem de deixar de ser um prêmio para o bandido temporariamente arrependido. Tem de passar a premiar a sociedade.Por Reinaldo Azevedo





21/05/2014 às 16:49

Justiça decreta nova prisão preventiva de Youssef



Por Daniel Haidar, na VEJA.com. Comento no próximo post:
Caíram por terra, na tarde desta quarta-feira, as esperanças do doleiro Alberto Youssef de deixar a prisão. Apontado como um dos cabeças do esquema de lavagem de mais de 10 bilhões de reais, de acordo com a Operação Lava-Jato da Polícia Federal, Youssef perdeu os benefícios do acordo de delação premiada obtidos em 2007, relativos a crimes cometidos no Paraná. A decisão da Justiça Federal que resultou em mais uma decretação de prisão preventiva contra o doleiro ocorreu na tarde de terça-feira – portanto, pouco depois de o ministro Teori Zavacski ter recuado e mantido as prisões da maior parte dos réus da Lava-Jato.

A decisão contra Youssef foi obtida pelo Ministério Público Federal (MPF), em uma petição assinada por cinco procuradores da República, referentes à ação penal 2007.70.00.016759-6. A Justiça entendeu que, por ter voltado a cometer crimes financeiros, o doleiro descumpriu o acordo, o que acarreta a reabertura de processos antigos contra ele. A ação de 2007 é referente aos crimes de gestão fraudulenta de instituição financeira, evasão de divisas e corrupção ativa. De acordo com a acusação, Youssef teria, entre janeiro de 1998 e agosto de 1999, aberto 43 contas em agências bancárias de Londrina, em nome de laranjas, para movimentar pouco mais de 345 milhões de reais. Ainda segundo a acusação, as contas seriam utilizadas para a realização de operações dólar cabo, ou seja, transferências internacionais fraudulentas.

Para conseguir movimentar livremente as contas e desviar grandes somas de dinheiro, Youssef, de acordo com a denúncia oferecida pelo MPF, pagava propina a um gerente do Banestado em Londrina. Alberto Youssef confessou os crimes. Como não integra o processo da Operação Lava-Jato, o processo reaberto tramitará na Justiça comum, sem vínculo com o andamento dos processos agora remetidos ao Supremo Tribunal Federal (STF). O mandado de prisão já foi cumprido.Por Reinaldo Azevedo





21/05/2014 às 15:34

PT decidiu dialogar com o caos e agora colhe os frutos



Mais um dia de caos na cidade de São Paulo em razão da greve de uma parte dos motoristas e cobradores de ônibus. Sim, leitores, parte da responsabilidade deve ser atribuída a um grupo dissidente do sindicato que representa a categoria. Mas essa é só a causa imediata, superficial. Existe o contexto em que se dá essa manifestação, existe o que a gente chama de caldo de cultura, existe o meio em que vicejam, em que se desenvolvem e em que prosperam os micro-organismos da desordem.

E aí nós vamos ter de chegar ao Palácio do Planalto, onde despacha a excelentíssima senhora presidente da República. Em fevereiro, o MST promoveu uma pancadaria na Praça dos Três Poderes e ameaçou invadir o Supremo. Sabem quem financiava a presença do movimento na capital federal? O BNDES e a Caixa Econômica Federal. No dia seguinte, eles foram recebidos por Dilma, que também resolveu bater um papinho em São Paulo com os depredadores contumazes da ordem do MTST, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto.

No Brasil do PT — sim, do PT! — é assim: quem promove a desordem, quem quebra, quem bate, quem paralisa a cidade, quem, em suma, manda a lei às favas é recebido pelas autoridades e tem patrocínio de estatais. Agora os grupos de pressão se perguntam: “Como fazemos para ser ouvidos?”. E logo concluem: “Ah, vamos fazer uma baderna”. E aí são ouvidos.

Enquanto os paulistanos, ontem, eram massacrados pela incompetência e pela violência, o prefeito Fernando Haddad estava num programa de televisão, ao vivo, fazendo sabem o quê? Exaltando as maravilhas de sua administração e falando mal do PSDB e do governo do Estado. Em entrevista a um jornal, Jilmar Tatto, secretário dos Transportes, preferiu acusar a PM, que, segundo ele, não estaria agindo com a devida dureza. A Secretaria de Segurança Pública o contestou duramente (leiam post a respeito).

Eis o PT, sempre transferindo responsabilidades e buscando atribuir aos outros as culpas que são suas. Há coisa de uma semana, Gilberto Carvalho, o ministro encarregado de fazer o tal diálogo com os movimentos sociais, afirmou que o país não precisava de uma lei para punir atos criminosos como os desses sindicalistas. Ainda agora, segundo ele, é preciso dialogar. Entenderam? O PT quer que a Polícia Militar desça o porrete nesses baderneiros, nesses vândalos, nesses criminosos, para que os petistas possam, depois, afagá-los, recebê-los para um papinho e, de quebra, atacar a… PM! Ou não é assim que eles funcionam?

A verdade é que Dilma nunca falou duro com os baderneiros, com os vândalos, com aqueles que escolhem o caminho da ação criminosa. Nos seus sucessivos pronunciamentos, inclusive fora do Brasil, trata-os como defensores da democracia. E depois a bomba tem de estourar nas costas das Polícias Militares nos vários estados.

De resto, o PT está experimentando um pouco do remédio, ou do veneno, que ele sempre ministrou. Como o partido tem o controle de mais da metade do movimento sindical brasileiro, sempre usou a greve e a baderna para desestabilizar seus adversários. Em 2010, em plena campanha eleitoral, a presidente da Apeoesp liderou uma paralisação em São Paulo, prometeu quebrar a espinha de José Serra e se encontrou, à noite, com Dilma Rousseff, que era, então, candidata à Presidência.

Está já em curso um sindicalismo que consegue ser ainda mais nefasto, porque mais radical. Sim, meus caros, existem leis para enquadrar os desordeiros e lhes dar as devidas penas pelo mal que causam, mas não são aplicadas.

O governo Dilma e os petistas decidiram dialogar com o caos e tentar usá-lo a seu favor. Estão agora colhendo os frutos. A única coisa que eu lamento é que os prejudicados sejam exatamente os mais pobres e os que mais dependem do serviço público. O PT colhe o fruto podre do incentivo à desordem institucional.Por Reinaldo Azevedo





21/05/2014 às 6:37







21/05/2014 às 5:15

Uma esfinge sem segredos chamada Teori Zavascki. Ou: Ninguém entendeu a jabuticaba jurídica do doutor. E os que acham que entenderam estão estupefatos! Está livre o homem que mais assustava o governo


Teori Zavascki, a esfinge: a esta altura, já não há assim tantos segredos…


O ministro Teori Zavascki protagonizou uma das cenas mais patéticas da história do Judiciário brasileiro em muitos anos. Ninguém entendeu nada. Ou todo mundo entendeu tudo. Num caso ou noutro, a reação é de perplexidade. Conversei ontem com alguns operadores do direito: juízes, advogados, promotores, pessoas de tendências diversas.

Está todo mundo de queixo meio caído, muitos achando que o país começa a flertar com uma forma muito particular de insegurança jurídica que, na superfície, parece ser apenas idiossincrática; na essência, talvez seja coisa muito pior. Comecemos a história pelo fim: dadas todas as pessoas que estavam presas pela Operação Lava-Jato — e que o ministro Zavascki mandou soltar, para depois recuar —, só uma ficou mesmo fora da cadeia: Paulo Roberto Costa. Trata-se do ex-diretor da Petrobras que representa o elo entre três frentes de um escândalo: a Petrobras, o doleiro Alberto Youssef e partidos políticos. Se era para soltar alguém, ninguém pior do que ele: foi preso no momento em que destruía provas.

Agora pensemos um pouco nas circunstâncias. O natural seria que o advogado de um dos três parlamentares com foro especial por prerrogativa de função recorresse ao Supremo alegando que seu cliente tinha o direito de ser investigado pelo tribunal superior. E quem são os três? Os deputados André Vargas (ex-PT-PR), Luiz Argôlo (SDD-BA) e Cândido Vaccarezza (PT-SP). Em vez disso, quem tomou a iniciativa de indicar a eventual impropriedade foi o defensor de… Paulo Roberto da Costa. Já há aí, vamos convir, material suficiente para estranhamento.

Zavascki, então, condescende com a argumentação — E NOTEM QUE, ATÉ AQUI, ESTAMOS DENTRO DE UMA ARGUMENTAÇÃO TECNICAMENTE RAZOÁVEL — e decide, então, solicitar o envio de todos os autos ao Supremo. Havendo, de fato, entre os investigados, pessoas com direito ao foro diferenciado, é razoável que a investigação seja conduzida pelo STF. Posso até achar, sim, que havia risco de fuga desse ou daquele — e já vimos isso acontecer, não é? —, mas notem: a decisão, ainda nesse ponto, é tecnicamente defensável, embora Zavascki pudesse, quando menos, ter arbitrado uma fiança. Como os investigados não foram ainda condenados, não podem ficar presos indefinidamente. Tudo indica que não têm mais como prejudicar as investigações. Então, vá lá, que fossem soltos.

Ocorre que a decisão gerou uma compreensível reação de indignação, e a Justiça do Paraná lembrou ao ministro as circunstâncias que envolviam alguns dos investigados. O que faz, então, Zavascki? Volta atrás, determina que todos permaneçam em cana, menos um: Paulo Roberto Costa. Por quê? Está aí um segredo que talvez deva morrer com ele? Justificar essa decisão apenas com o fato de que, afinal, foi seu advogado quem entrou com a reclamação vai um pouco além do ridículo. Antes que continue, quero abrir um parêntese importante.

Desmembramento da investigação
As leis brasileiras já não são um exemplo de clareza e coerência, e decisões tomadas pela Justiça começam a deixar tudo ainda mais confuso. Notem bem: pessoalmente, acho ilógico — além de não encontrar nada na lei que o justifique — o desmembramento de uma simples investigação. O que quero dizer com isso? Digamos que um deputado federal seja acusado de cometer um crime em parceria com um sujeito sem direito a foro especial. Faz sentido que o parlamentar seja investigado pelo Supremo, e o outro, pela Justiça comum? Imaginem: um pode acabar réu, e o outro não! Foros distintos podem tomar decisões distintas sobre o mesmo crime. Quando já se tem o processo, vá lá. Mesmo assim, pode-se chegar a estranhos resultados, não é? Começo a encerrar o parêntese, voltando a Zavascki.

Reitero: há sentido técnico em requisitar os autos e determinar a soltura dos presos, desde que tomadas algumas medidas prudenciais, de cautela — e uma pesada fiança (está na lei) seria uma delas. O QUE NÃO FAZ SENTIDO NENHUM E O QUE NINGUÉM, DEFINITIVAMENTE, CONSEGUE EXPLICAR É POR QUE ELE DETERMINOU, DE NOVO, A PRISÃO DE TODO MUNDO, MENOS DE UM.

E não há como ignorar que Paulo Roberto Costa é justamente a personagem que, potencialmente, mais ameaça o, digamos, statu quo e o governo. Ele está no grupo que tomou decisões sobre Pasadena. Ele está no grupo que tomou decisões sobre a refinaria de Abreu e Lima; ele era um dos elos da estatal com os partidos políticos.
Texto publicado originalmente às 4h06Por Reinaldo Azevedo





21/05/2014 às 5:12

Ibope ainda não terminou pesquisa, mas boato de que resultado é bom para Dilma circula desde o dia 18; período do levantamento favorece PT; Instituto trabalha para a Presidência da República



Há certas coisas que dão uma enorme preguiça porque revelam o padrão de sempre — no fato ou no boato. Comecei a ouvir — atenção! — no dia 18, em pleno domingão, que a próxima pesquisa Ibope trará números positivos para a presidente Dilma Rousseff e nem tão bons assim para os candidatos de oposição. Aquela gente que faz campanha governista e que insiste em se fingir de jornalismo diz que ela pode ter subido um pouquinho, e Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) ou teriam caído um pouquinho ou ficado onde já estavam. Mas seria o suficiente para indicar, então, que a petista parou de cair, e eles, de subir. Pronto! O que se quer é noticiar uma reversão de expectativas.

Então vamos ver. O Ibope, de fato, está em campo. A pesquisa Sensus que indicou que Aécio havia crescido, e Dilma, murchado foi atacada pelo PT porque a) foi registrada pelo próprio instituto; b) o registro se deu depois do início do campo. Muito bem. Vejam os dados do levantamento do Ibope no site do TSE:


Como se nota, tem registro do próprio instituto, feito no dia 17 de maio, dois dias depois do início do levantamento, que vai durar… 8 dias! Até aí, bem. O que me espanta é que circulassem boatos desde o dia 18 sobre um resultado positivo para Dilma, sendo que o campo havia começado no dia 15 e só vai terminar… amanhã!

Pois é… A pesquisa do Ibope coincide, e é apenas um fato, com a propaganda do PT no horário político, as tais peças terroristas em que o medo pretende vencer a esperança. É a segunda coincidência. A pesquisa que o instituto fez para a Confederação Nacional da Indústria teve campo entre 14 e 17 de março. As inserções publicitárias do PT foram ao ar, segundo o TSE, entre os dias 11 e 18.

Ibope e trabalho secreto para o Planalto
No dia 20 de outubro de 2013, noticiou o Estadão:

O Palácio do Planalto firmou dois contratos avaliados em R$ 6,4 milhões para realizar pesquisas de opinião pública que se estenderão até as vésperas da campanha eleitoral de 2014. Celebrados com o Ibope Inteligência e Virtú Análise na sequência das manifestações de junho, os contratos, que preveem sigilo indefinido dos temas, perguntas e resultados das pesquisas, são os primeiros dessa natureza celebrados pela Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) na gestão Dilma Rousseff após a entrada em vigor da Lei de Acesso à Informação (LAI).

Em sua cláusula segunda, inciso 10, os contratos dizem que os institutos de pesquisa deverão manter “irrestrito e total sigilo” sobre os “assuntos de interesse” do governo. O Estado solicitou o conteúdo das pesquisas já realizadas com base na Lei de Acesso. A Secom, no entanto, rejeitou o pedido. O sigilo contraria entendimento do próprio órgão federal responsável pela transparência, a Controladoria-Geral da União (CGU).
(…)
O Ibope Inteligência ficou responsável pelas pesquisas quantitativas e telefônicas, ao valor de R$ 4,6 milhões. O Virtú Análise, contratada por R$ 1,8 milhão, cuida das pesquisas qualitativas. Em ambos os casos, o período das pesquisas se encerra a poucos dias do início da campanha eleitoral de 2014. O contrato da Virtú Análise foi fechado no dia 1 de julho deste ano e se encerra em 1 de julho de 2014. O do Ibope foi firmado em 27 de junho e também terminam um ano depois. A campanha eleitoral começa no dia 6 de julho de 2014.

O presidente da ONG Transparência Brasil, Cláudio Abramo, afirma que o modelo adotado pela Secom pode ser aproveitado para fins eleitorais. “São contratos que parecem ser muito vulneráveis. O formato abre possibilidade de que pesquisas realizadas às vésperas da eleição possam ser utilizadas durante a campanha. Além disso, a data do término do contrato, em junho de 2014, é muito conveniente para que as informações adentrem a campanha com exclusividade para apenas uma candidatura”, diz.
(…)

Por Reinaldo Azevedo





20/05/2014 às 22:23

Jilmar Tatto, secretário de Haddad, resolve jogar o caos da cidade nas costas da PM. Secretaria de Segurança responde. Então vamos lembrar quem é que tem, digamos, laços antigos com o setor de transportes



Jilmar Tatto, o secretário de Transportes da cidade de São Paulo, é um homem historicamente ligado ao setor. Ligado até demais. E já circularam informações de que essa ligação pode não ser exatamente virtuosa. Já chego lá. Nesta terça, diante do caos promovido por motoristas e cobradores em greve, que fecharam 15 terminais na cidade, levando a mobilidade ao colapso, ele resolveu achar um culpado. Sabem quem? A PM!!! Numa de suas declarações infelizes, acusou “passividade” da corporação. O que será que Tatto queria? Que os policiais militares assumissem pessoalmente a condução dos ônibus?

Afirmou o secretário:
“Acionamos a Polícia Militar para que ela cumpra uma decisão judicial de que, todas as vezes que tiver obstrução do ônibus, por se tratar de um serviço essencial, que ela possa agir. O que não pode é um serviço essencial ser paralisado sem avisar o usuário. De manhã, todos foram trabalhar usando o transporte público, e o usuário da cidade de São Paulo é muito dependente do transporte sobre pneus, e, durante o dia, foram surpreendidos sem ônibus para voltar para casa.”

A secretaria de Segurança Pública emitiu uma nota oficial em que responde com a devida dureza às críticas de Tatto. Leiam a íntegra. Volto em seguida.

A liminar a que se refere o secretário de Transportes do Município de São Paulo Jilmar Tatto foi suspensa pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, na última sexta-feira (16/05). Ainda que não tivesse sido, o secretário deveria saber que não interessa à opinião pública jogar sobre os cidadãos ou sobre outras esferas de governo uma responsabilidade que lhe é exclusiva. Suas declarações sobre a ação da polícia estadual em uma greve municipal são um escárnio. Não existe autoridade com maior proximidade com a complexa interação entre os transportes coletivos convencional e alternativo do que o Sr. Secretário Jilmar Tatto. Basta ao secretário, considerando sua experiência no assunto, fazer o seu trabalho, que é o de negociar. A Polícia Militar de São Paulo trabalha em conjunto com o prefeito Fernando Haddad, com quem tem uma excelente relação, sempre que acionada e dentro de suas atribuições.

Se ainda valesse, a liminar mencionada pelo secretário Jilmar Tatto não tinha como objeto obrigar policiais, que nem habilitação compatível para dirigir ônibus possuem, a conduzir os coletivos para desobstruir as vias. Na ocasião, a liminar foi concedida para que as manifestações de rua não obstruíssem a circulação dos ônibus. A solução legal, óbvia e legítima tem que vir da autoridade de trânsito — do qual o secretário Jilmar Tatto é chefe —, por meio de guinchos e motoristas ou servidores que possam remover os ônibus. A Polícia Militar reforçou o policiamento nos terminais e locais de grande concentração de pessoas, inclusive para garantir o trabalho de remoção.

Secretaria da Segurança Pública

Retomo
Resposta muito bem dada, não é? Afinal, terei eu de lembrar que Jilmar Tatto tem dois aliados importantes que são, digamos assim, ligados à área de transporte? Um é o deputado estadual Luiz Moura, um ex-presidiário que não cumpriu os 12 anos a que estava condenado porque se tornou um fugitivo. Hoje, é deputado petista. Outro é Senival Moura, vereador, também do partido, irmão de Luiz.

O agora deputado estadual se fez líder dos perueiros, uma área que a família Tatto conhece muito bem. Sempre me lembro de uma reportagem publicada pela VEJA em junho de 2006. Segue em azul. E paro por aqui. Por enquanto. Suspeito, no entanto, que esse assunto ainda vai render.
*
Sempre se soube que uma das principais fontes de renda do PCC, organização criminosa formada por presos e ex-presos das cadeias paulistas, era o mercado de lotações – ou de peruas, como são genericamente chamados os microônibus e as vans que circulam por São Paulo como uma alternativa ao transporte público coletivo. O PCC não só domina parte das linhas do sistema como também extorque cooperativas que, sem ligação com ele, operam no setor. Há três semanas, a polícia prendeu Luiz Carlos Efigênio Pacheco, presidente da Cooper Pam, uma das principais cooperativas de perueiros da capital paulista, suspeita de ligação com a organização criminosa. Conhecido como “Pandora”, o perueiro é acusado de ter financiado, com dinheiro de lotações, uma tentativa frustrada de resgate de preso de uma cadeia de Santo André (região do ABC paulista), em março passado. Detido, ele negou pertencer ao crime organizado, mas admitiu a infiltração do PCC no setor perueiro e disse que foi por ordem de Jilmar Tatto, ex-secretário de Transportes da prefeita Marta Suplicy, que sua cooperativa incorporou integrantes da organização criminosa. As duas afirmações, graves, constam do depoimento que Pandora deu formalmente à polícia. Uma terceira informação, porém, ainda mais grave, ficou de fora do inquérito. Ela foi dada por Pandora ao delegado Marcelo Fortunato, que o prendeu. Segundo disse o presidente da Cooper Pam, o ex-secretário de Marta recebeu 500.000 reais para favorecer um grupo de perueiros ligados ao PCC no processo de licitação para a exploração da região sul da capital. Tatto, candidato a deputado federal pelo PT, teve a prisão preventiva pedida pelo delegado, mas a Justiça ainda não apreciou o pedido. Pandora foi solto na quinta-feira (15), depois de passar dez dias preso.

Ele e Jilmar Tatto são velhos amigos – conhecem-se desde a infância. O perueiro, que nasceu em uma favela do bairro de Capela do Socorro (região sul da capital), costumava jogar bola com Tatto e seus irmãos, que moravam no mesmo bairro. Adultos, os dois mantiveram a amizade. A nomeação de Tatto como secretário de Transportes da gestão Marta coincidiu com a ascensão de Pandora no mercado perueiro. Ele, que começou trabalhando como motorista em Guarulhos, tornou-se uma liderança no setor. O padrão de vida que ostenta hoje faz supor que ser presidente de cooperativa de perueiros é um negocião. Pandora dirige um Golf blindado, anda acompanhado por cinco seguranças e mora em um condomínio de luxo à beira da Represa de Guarapiranga, equipado com um intricado sistema de segurança, dois campos de futebol, três quadras poliesportivas e lagos para pesca e prática de esportes náuticos. Era lá que, antes de ser preso, ele e Tatto jogavam peladas e faziam churrascos nos fins de semana.

Até a gestão de Celso Pitta, os perueiros rodavam clandestinamente em São Paulo. Foram legalizados na administração de Marta Suplicy. Na ocasião, os motoristas interessados em trabalhar de forma oficial foram orientados a se organizar em consórcios. A prefeitura dividiu a cidade em oito regiões e coube a Tatto, então secretário de Transportes, coordenar o processo de licitação que distribuiu os lotes. Foi pouco antes disso que o PCC se infiltrou no setor. Presos recém-saídos da cadeia viram no mercado de lotações uma alternativa de trabalho promissora. A notícia de que surgia, nas periferias da cidade, um comércio com alto giro de dinheiro vivo logo chegou aos presídios. De lá, integrantes do PCC passaram a associar-se a líderes das cooperativas. Hoje, a organização criminosa está presente em linhas que cobrem, principalmente, as regiões sul e leste da capital.

Na semana passada, por meio de nota distribuída à imprensa, Jilmar Tatto negou que tenha envolvimento com o PCC ou com cooperativas ligadas ao crime organizado. Para ele, seu pedido de prisão tem “cunho político”. Homem de confiança de Marta Suplicy, Tatto foi também secretário de Abastecimento, de Implementação de Subprefeituras e de Governo da ex-prefeita. Seria o seu coordenador de campanha caso Marta tivesse obtido o apoio do partido para disputar o governo de São Paulo. Jilmar Tatto é o penúltimo filho de uma família de dez irmãos – cinco dos quais têm ou tiveram cargos importantes no PT. Arselino Tatto, um dos mais velhos, também foi peça-chave para a administração de Marta em São Paulo. Ele presidiu a Câmara dos Vereadores em 2003 e 2004 e foi, juntamente com Jilmar, responsável pelos acordos feitos com vereadores para a votação de projetos prioritários para a gestão da petista (aquela que, suspeita o Ministério Público, inaugurou a moda do mensalão – distribuição de propina em troca de apoio político). Juntos, Arselino e Jilmar Tatto também respondem por quinze acusações de fraudes e irregularidades administrativas, todas igualmente sob investigação no Ministério Público.

Ao ser solto, no último dia 15, Pandora, cabisbaixo, disse aos policiais ter certeza de que será morto pelo PCC. Seria queima de arquivo. Ele é peça fundamental na investigação que se inicia agora e que representa o primeiro passo para abrir a milionária caixa-preta que é o mercado de lotações de São Paulo, cujo faturamento anual chega a 900 milhões de reais. Saber até que ponto ele já se tornou uma espécie de braço legal do PCC – e, sobretudo, quais são as forças que acobertam essa ligação – será o principal desafio da polícia.

Encerro
Se Tatto perdeu o contato com a área de transportes, talvez possa pedir ajuda aos irmãos Moura. Quem sabe eles conheçam uma turma de bambas que possa contribuir para pôr fim à crise. Por Reinaldo Azevedo








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-O coletivismo é a negação da liberdade, porquanto a sede da liberdade é o indivíduo. Tanto é que a pena mais severa na história da humanidade é a privação da liberdade. A essência da liberdade é una e indivisível e daí a designação do sujeito como "indivíduo".

Aluízio Amorim

Filósofa russa Ayn Rand :



“Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada.”



Ayn Rand nasceu em São Petersburgo em 1905