lucianohenrique publicou: " Nesta semana, Aécio disse que falaria muito sobre ética em sua campanha, conforme matéria do UOL: "Se tiver alguém do PSDB que cometeu irregularidade, que recebeu propina, se isso ficar provado, tem que ir para a cadeia também", disse. Indagou-se a A"
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Nesta semana, Aécio disse que falaria muito sobre ética em sua campanha, conforme matéria do UOL:
"Se tiver alguém do PSDB que cometeu irregularidade, que recebeu propina, se isso ficar provado, tem que ir para a cadeia também", disse. Indagou-se a Aécio se não receia que o caso interfira na campanha tucana. E ele: "Só se for para quem está envolvido. Para mim? Zero."
Aécio realçou que o caso do cartel paulista frequenta o noticiário diariamente. A despeito disso, o governador tucano Geraldo Alckmin, candidato à reeleição, "está liderando as pesquisas". Por quê? "Não é algo que contamine o Geraldo. Ele não é desonesto. Vou duas vezes por semana a São Paulo. Não pega. Ninguém toca nesse assunto."
E quanto ao chamado mensalão de Minas Gerais, que aguarda na fila de julgamentos do STF? "Vamos esperar até que seja julgado. Creio que muita gente pode se surpreender. Mas se alguém do PSDB cometeu irregularidade, tem que ser punido."
Aécio espetou o petismo: "Não vamos cometer o equívoco do PT de acobertar, de transformar [julgamento] em coisa política. Isso não tira um milímetro da minha autoridade para falar de ética. Vou falar. Tenho 30 anos de vida pública. Se alguém do PSDB cometeu ato ilícito, vai responder."
Levado às manchetes pelo delator Roberto Jefferson em 2005, o mensalão não impediu a reeleição de Lula em 2006. Tampouco tirou de Dilma Rousseff a eleição de 2010. Acha que as prisões do generalato do PT podem levar o eleitor a ter um comportamento diferente em 2014?, perguntou-se a Aécio.
E ele: "Não haverá uma resposta eleitoral. Não é porque petistas foram presos que o eleitor do PT deixará de votar no partido. Mas [o caso] tira o discurso do PT." Ante a observação de que Dilma também poderia afirmar que não compactua com o malfeito, Aécio atalhou: "Será que ela vai falar isso?"
Como se fosse uma dádiva dos deuses (em prol de minha tese), o PT, nesta semana, fez um desagravo aos mensaleiros. Veja parte da matéria do G1:
O PT promoveu nesta sexta (13), durante o congresso nacional do partido, em Brasília, um ato de desagravo aos petistas condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão. A homenagem foi dirigida ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, ao ex-presidente da legenda José Genoino e ao ex-tesoureiro Delúbio Soares. Dirceu e Delúbio estão presos na Penitenciária da Papuda, em Brasília. Genoino cumpre provisoriamente prisão domiciliar.
Durante o ato, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) citou o suposto esquema de corrupção envolvendo fiscais da Prefeitura de São Paulo. O parlamentar falou a uma plateia de militantes, ao lado da filha de José Dirceu e do líder do PT na Câmara, José Guimarães, irmão de José Genoino.
"Corrupção não tem termômetro. Se rouba R$ 1 ou R$ 1 bilhão é a mesma coisa. Mesmo nessa seara, cinco presidentes de partidos, cinco líderes de partidos, o presidente da Câmara, o ministro da Casa Civil, se juntam num conluio, numa quadrilha e desviam R$ 140 milhões supostamente", disse Cunha em referência ao mensalão.
"Cinco fiscais da Prefeitura de São Paulo desviam R$ 500 milhões. O contrato da Alstom desvia mais de meio bilhão. E é o maior escândalo da historia. É um escândalo político, é um escândalo de corrupção", concluiu, ao fazer referência ao suposto esquema paulistano.
O esquema do mensalão levou à condenação de 25 pessoas, incluindo os líderes do PT José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares. O esquema paulistano está sendo investigado pelo Ministério Público. O MP identificou que auditores da prefeitura cobravam propina de empreiteiras na capital paulista em troca da concessão de descontos no Imposto sobre Serviços (ISS) durante a gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD).
"Dizem que o mensalão foi o maior escândalo. Maior escândalo de quê? Eu já li que foi o maior escândalo político. Foi maior que a ditadura militar? Foi maior que o estado novo? Foi maior que a escravidão?", questionou Cunha.
Até a esquerdista Miriam Leitão rejeitou o apoio de Dilma aos petistas que endossaram os mensaleiros. Um pouco mais, segundo o Brasil247:
Quando a presidente da República participa de um evento em que se acusa a cúpula do Judiciário de manipulação, e de ter realizado um julgamento de exceção, está enfraquecendo a democracia brasileira. Foi o que a presidente Dilma fez. O que ela não disse explicitamente, o ex-presidente Lula o fez. O que ela demonstrou no 5º Congresso do PT, por ação ou omissão, é grave.
Dilma sabia o que seria a abertura do 5º Congresso do seu partido. Sabia que lá defenderiam os condenados do mensalão. Ao mesmo tempo, como chefe do Poder Executivo, ela não pode participar de um ato em que a Justiça brasileira está sob ataque. O Supremo tribunal Federal cumpriu todo o devido processo legal. Dilma consentiu - pelo silêncio e pela presença - com as acusações ao Tribunal. Ela é militante do PT e é a candidata. A situação era delicada, mas ela só poderia participar de um evento sóbrio em que não ocorresse o que ocorreu.
O presidente Lula, como é de seu feitio, fez o que disse que não faria e acusou o julgamento de ter sido resultado da maior campanha de difamação . Dilma pensa que se protegeu atrás de afirmações indiretas como a de que os petistas têm couro duro ou o partido está em momentos difíceis . Pensava que ficara em cima do muro, mas estava tomando partido.
A chefe do executivo de um governo democrático só pode ir para uma reunião de correligionários em que o Poder Judiciário é atacado se for para defendê-lo. Seu silêncio a coloca do lado dos que acusaram o processo de ser de exceção. Ela sabe bem a diferença.
Seus amigos e companheiros José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares, João Paulo Cunha e aliados de outros partidos foram investigados pelo Ministério Público e denunciados. O STF aceitou a denúncia e em sete anos de tramitação do processo deu amplo direito de defesa aos réus e analisa os recursos. Os juízes foram em sua maioria escolhidos por ela ou por seu antecessor. Houve troca de juízes mas não de juízo da maior corte do país. Eles foram considerados culpados.
O julgamento foi feito com base nas leis e na Constituição. Os militantes podem gritar qualquer coisa, mas o grave é a presidente estar ali, consentir pelo silêncio ou por menções indiretas para serem interpretadas pelos militantes como concordância. Enquanto exercer o mandato ela não é apenas a Dilma, ela representa o Poder Executivo.
Dilma pode sentir solidariedade pelos companheiros. É natural. Mas não pode aquiescer, por silêncio ou meias palavras, com os que acusam a Justiça do governo democrático. Ela estar nesse desagravo é um ato com significado institucional.
A democracia passou por várias rupturas ao longo da história republicana. É conquista recente e que pertence ao povo brasileiro. Não pode ser ameaçada por atitudes que solapem a confiança nas instituições, e por interpretações diante das quais a presidente se cala e, portanto, consente.
Dilma tentou manter uma posição ambígua até agora. Mas aquele era um local em que a militância gritaria as palavras de ordem oficiais do partido. Rui Falcão, presidente do PT, disse que os mensaleiros foram condenados sem provas num processo nitidamente político .
O nada a dizer diante disso, por parte da presidente, diz muito. O Supremo tribunal Federal se debruçou com abundância de tempo sobre as provas, julgou e condenou. Dilma pode não ter gostado do resultado, pode discordar das penas pessoalmente, mas enquanto exercer o cargo não existe o pessoalmente em assuntos institucionais. Militantes podem atacar o Supremo. Mas a presidente da República, não. Sua presença naquele ato é lamentável e enfraquece a democracia.
Enfim, agora é hora de falarmos do que prometi: a polarização.
Aécio e o PSDB (assim como líderes de qualquer partido que não pertença à extrema-esquerda, e ao mesmo tempo sejam adversários) podem, e devem, implementar a arte da polarização nesta campanha em várias questões, especialmente no caso do endosso à corrupção.
Eis a questão: "é moral dar suporte a atos criminosos que venham daqueles ao seu lado?". Nesta questão, o PT diz que sim. Qualquer pessoa que tem uma moral no mínimo aceitável deve dizer o exato oposto: não, não é moral dar suporte a atos criminosos que venham daqueles do nosso lado.
Assim, um genocídio é um genocídio, tanto quanto um crime de corrupção é um crime de corrupção. Universalmente, devemos ser capazes de discutir isso moralmente, ao invés da postura abjeta de dizer que "se eu e meus amigos fizemos, está correto". Quem diz isso é um monstro moral e devemos apontar o dedo para essa pessoa, denunciando esse comportamento vil e asqueroso para os demais.
Note que nessa questão há uma polarização. Imagine que vejamos um sujeito tentando estuprar uma mulher em via pública: ou isso é errado ou não é. Ou ele deve ser impedido ou não deve. Ou ela deve ser protegida ou não deve.
Não sou religioso, mas reconheço que até na Bíblia há argumentos sobre a polarização. Jesus disse: "Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha" (Lucas 11:23).
Em outras palavras, quando nos encontrarmos em pólos opostos em algumas questões, devemos expor isso ao público, mostrando nossas oposições nessas questões.
Enquanto o PT é um partido sem ética e sem moral (ao menos no quesito de uma moral universal, discutida racionalmente entre as partes), quem se opõe a esta postura, deve expor essa oposição de forma explícita e assertiva ao público.
Quando Aécio diz que "se pessoas do PSDB forem condenadas por corrupção, devem ser punidas", coloca-se em oposição absoluta ao PT nesta questão.
Uma pena que o PSDB é um partido de esquerda moderada, e, portanto, pode polarizar poucas questões. Mas esta (do apoio à corrupção, pelo PT, se esta corrupção for praticada por eles) é com certeza uma questão facilmente polarizável.
Que Aécio aproveite a oportunidade!
lucianohenrique | 14 de dezembro de 2013 às 7:24 pm | Tags: aécio neves, esquerda, extrema-esquerda, guerra política, marxismo cultural, polarização, política | Categorias: Outros | URL: http://wp.me/pUgsw-7xs
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