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quinta-feira, 21 de novembro de 2013

‘Indignai-vos!’, de Mara Gabrilli








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VEJA
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21/11/2013 às 16:40 \ Opinião



MARA GABRILLI


Quando abri o jornal e vi o José Dirceu se apresentando na Policia Federal de São Paulo para ser encaminhado ao Presídio da Papuda, chorei de emoção.

Chorei por ter visto esperança na ética e na justiça desse país. Chorei pelo meu pai, que já faleceu e foi vitima do esquema de corrupção de Santo André conhecido como o laboratório do mensalão. Lá em Santo André, sempre todos disseram, inclusive o irmão do prefeito assassinado Celso Daniel, que o dinheiro extorquido dos empresários era conduzido pelo Homem do Carro Preto para as mãos do “chefão”. Chorei por perceber que estamos começando a ver extirpar essa peste que é a corrupção com a punição de quem rouba o dinheiro público e com isso rouba a saúde do pobre brasileiro.



Mas logo na sequência eu gargalhei de rir ao vê-lo dizer estar indignado. Indignado com o quê? Com a água fria com que terá de tomar banho no presídio da Papuda? Indignado porque os “chefões” no Brasil nunca foram pro xilindró? Ou porque tantos outros cometem delitos? Esta última, jamais pode ser uma justificativa.

Chegando na polícia federal, ele ainda disse que irá provar sua inocência. Eu tenho certeza de que ele, mesmo que esteja descompensado por efeito do mandado de prisão, não acredita na própria inocência. Além do que, a maioria dos homens da lei (promotores e juízes) que o condenaram a prisão foram escolhidos pelo partido dele.

E o que quis dizer aquela mão fechada para o alto? Tentando mais uma vez enganar o povo dizendo que são presos políticos. Eles não foram julgados só pelo o que pensam, mas sim pelo o que fizeram a frente do partido que hoje comanda o país na Presidência da República e com a maioria no Congresso. Foi preso por formação de quadrilha e corrupção ativa, assim como o outro ex-presidente do PT, José Genoíno.

O principal argumento da defesa era dizer que não passava de um “simples” caixa dois. Mas caixa dois é crime de corrupção! Isso me lembrou de novo o Celso Daniel que dizia que “os fins justificam os meios” e achava normal fazer caixa dois para a campanha do partido. Depois, quando descobriu que muitos estavam enriquecendo com aquele dinheiro, ficou indignado e foi assassinado. E eu que vi meu pai adoecer por ter que dar dinheiro ameaçado por arma, sei o real sentido de uma indignação.

Quando eu nem sonhava em ser política, esbravejei com a corrupção que assisti em Santo André, mas sempre acreditei que se faria justiça. E agora acredito mais ainda. Os executores no assassinato do prefeito Celso Daniel já foram julgados, mas ainda falta o acusado de mandante, que é o Sérgio Sombra. Está nas mãos do Supremo.

Não importa qual seja o partido, o cargo ou o quanto surrupiou, só não podemos nunca deixar de nos indignar com quem rouba dinheiro público.




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"Estou tranquilo, mas indignado".José Dirceu, minutos antes de se entregar à Polícia Federal, mostrando que um guerrilheiro de festim bem treinado consegue ficar, ao mesmo tempo, alegre e deprimido ou feliz e desesperado.


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“Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada.”



Ayn Rand nasceu em São Petersburgo em 1905