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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Ministro da Justiça manteve encontros com empresário que PF chama de “lobista”; petista omitiu relação pregressa com investigado. Pede pra sair, Cardozo!
















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30/11/2013 às 7:05



É claro que num país normal, que honra a tradição democrática e a transparência, José Eduardo Cardozo já não seria mais ministro a partir de amanhã. Agora está claro por que ele anda tão nervoso.

Há sinais de que pode ter havido irregularidades na relação entre a Siemens — e, quem sabe?, outras empresas — e o Metrô e a CPTM. À diferença da prática corriqueira no petismo, ninguém, no PSDB, classifica a apuração em si de uma conspiração contra patriotas. O que não é aceitável é que a investigação obedeça a critérios que são de natureza político-partidária. E isso, lamento, está mais do que evidenciado pela sequência dos fatos e pelas decisões e falas de autoridades envolvidas na investigação. O manda-chuva do Cade é o petista Vinicius Carvalho; o chefe de Carvalho é José Eduardo Cardozo. Pois é…

Um dos principais investigados no caso é o empresário Arthur Teixeira, que a Polícia Federal chama de “lobista”. Eduardo Carnelós, seu advogado, rechaça a classificação e apresenta evidências de que ele é um consultor da área e que faz um trabalho legal. Pois é… Em defesa de seu cliente, Carnelós poderia evocar nada menos, parece-me, do que o testemunho justamente do ministro. Por quê? Porque Cardozo conhece Arthur. Mais do que isso: Cardozo esteve ao menos duas vezes com Arthur. Mais do que isso: Cardozo quis discutir com Arthur temas relativos justamente à área de transportes. O ministro sabe que os encontros aconteceram. Cardozo, um homem preocupado, queria debater o fortalecimento da indústria nacional no setor.

E olhem que Arthur foi procurado por emissários do petista. Os encontros aconteceram há coisa de dez anos, talvez um pouco mais. Isso nos remete a 2002, ano em que Lula foi eleito presidente pela primeira vez, e Cardozo, deputado federal. O emissário do companheiro entrou em contato, na verdade, com Sérgio Meira Teixeira, que morreu em 2011, então sócio de Arthur.

Indagado a respeito, Carnelós admite que os encontros, de fato, aconteceram. E afirma que Sérgio e Arthur não tiveram qualquer conversa com o petista que implicasse práticas ilegais. E emenda o advogado: “Nem com o agora ministro nem com as demais autoridades e políticos com os quais meu ciente se encontrou em razão de suas atividades profissionais regulares e legais”.

Cardozo, pede pra sair!
Não dá! A Polícia Federal que o senhor Cardozo chefia chama Arthur de lobista. Ele próprio e seu advogado exibem elementos demonstrando que é um consultor da área. O agora ministro tem de dizer se seus encontros foram mantidos com um lobista ou com um consultor. Arthur não mudou de ramo. O petista deve saber por que considerava os dois empresários referências na área.

Teixeira, justa ou injustamente, está no centro da, como chamarei?, “operação Cade-Polícia Federal”. Cardozo é o chefe dos dois órgãos. Sua relação pregressa com um investigado dessa importância — e é impossível o ministro não se lembrar das conversas — não poderia ter sido omitida. Suponho que nem a presidente Dilma soubesse.

“Ah, o encontro aconteceu há dez anos…” Certas coisas não morrem nem envelhecem, não é mesmo? A memória, por exemplo. E Cardozo é um homem de boa memória. “Encontrar-se com alguém é crime?” Claro que não! Quando, no entanto, esse encontro aconteceu entre o agora ministro da Justiça, a quem estão subordinados Cade e Polícia Federal, e um empresário que é considerado por esses órgãos um elemento essencial da investigação, aí as coisas se complicam muito. E se complicam ainda mais quando se examina o papel de Cardozo em todo esse episódio.

Já havia elementos de sobra para o ministro pegar o boné. Apareceu mais um.
Texto publicado originalmente às 22h47

Por Reinaldo Azevedo






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Filósofa russa Ayn Rand :



“Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada.”



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