lucianohenrique publicou: " Feministas não conseguem se antenar com a realidade. O lançamento do software Lulu fez com que elas passassem a defender a licitude de um comportamento (rankear parceiros do sexo oposto por critérios estéticos) que consideram ilícito nos oponentes. Is"
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Feministas não conseguem se antenar com a realidade. O lançamento do software Lulu fez com que elas passassem a defender a licitude de um comportamento (rankear parceiros do sexo oposto por critérios estéticos) que consideram ilícito nos oponentes. Isto é, se um homem avaliar uma mulher em público, está sendo machista. Mas, se uma mulher fizer o mesmo com um homem, não está sendo "machista ao inverso".
Já dá para imaginar que para fugir desta contradição, a extrema-esquerda terá que fraudar o discurso até dizer chega. O texto "Lulu: machismo invertido?", de Marília Moschklovich, publicado na Carta Capital, chega a ser cômico de tão grotesco.
Veja este trecho:
Em primeiro lugar, é preciso lembrar, de novo, que o machismo e a opressão de gênero são estruturais em nossa sociedade. Isso significa que não dependem de ações individuais isoladas para existir. Somos todos socializados com uma maneira de pensar e ver o mundo que reproduz um esquema de dominação. Nenhum homem é isoladamente responsável pelo machismo estrutural, nem nenhuma mulher. Por isso é tão complicado combatê-lo.
O texto já começa com uma mentira flagrante: a da teoria de gênero. Segundo Marília, as diferenças comportamentais entre homem e mulher são estabelecidas culturalmente, sem influências biológicas. Harald Eia já acabou com essa palhaçada faz algum tempo. Marília está desatualizada...
Em segundo lugar, devemos ter em mente sempre, quando se trata de qualquer tipo de opressão, o conceito de "falsa simetria". A falsa simetria é quando, querendo tratar tudo com "igualdade", nós fingimos que a desigualdade de poder não existe. Por exemplo, a ideia de que precisaríamos ter um "Dia Internacional do Homem" porque existe o 8 de Março, é uma falsa simetria (assim como a falácia de que deveríamos ter "dia da consciência branca" e outras barbaridades e bobagens que escutamos e lemos por aí). Especialmente quando se trata de opressões estruturais, as desigualdades não podem ser ignoradas. Uma pergunta clássica e boba para ilustrar esse conceito, de falsa simetria: você avaliaria, numa prova de português, da mesma maneira uma criança japonesa que acaba de chegar ao Brasil e uma criança que já nasceu falando e ouvindo português como língua materna? Então! Avaliá-las da mesma maneira seria estabelecer uma falsa simetria. Quem sabe um dia eu escrevo um textão só sobre isso. Mas não agora.
Há um problema mental em esquerdistas, que não entendem as subjetividades humanas. Ora, se homens acham que é preciso de um Dia Internacional do Homem, qual o problema? Não são as mulheres que definem essa necessidade, mas os homens. Assim como foram as mulheres que definiram se deveria haver um Dia Internacional da Mulher. Hoje em dia, com o "knockout game" (onde jovens negros nocauteiam pessoas brancas nos Estados Unidos), pode muito bem surgir uma demanda por um Dia da Consciência Branca.
O que essas "consciências" diriam? Simples. Que se uma mulher não pode ser desrespeitada, um homem também não pode. Que se um negro não pode ser vítima de injustiças, um branco também não pode.
O conceito de "falsa simetria" imposto pela articulista é mais falso que orgasmo de prostituta. E, de acordo com o exemplo dela, é claro que avaliaremos da mesma maneira, numa prova de português, uma criança japonesa que acabou de chegar ao Brasil e uma criança que já nasceu falando e ouvindo português como língua materna. A língua é a mesma para ambos. E se a criança que acabou de chegar ao Brasil não tem condições de encarar a língua portuguesa, que entre em uma escola que lhe dê estas condições.
Nos torneios de futebol, não temos regras diferentes para times com históricos diferentes. Nenhum juiz de futebol vai deixar de apitar faltas de um time que não tem tantos investimentos. Imagine se a lógica de Marília fosse aplicada. Muito provavelmente o Cruzeiro não poderia ser campeão brasileiro, por ter seguido as mesmas regras válidas para times que investiram muito menos.
Em suma, assim como as regras de futebol valem tanto para Cruzeiro como o Bangu, as regras morais valem pra homens como mulheres.
Pois então, dado o machismo estrutural, é uma falsa simetria equiparar um aplicativo como o Lulu com as avaliações e rankeamentos constantes feitos sobre mulheres dentro e fora de redes sociais e gadgets. Nós, mulheres, somos avaliadas pela maneira como nos comportamos (sobretudo sexualmente) o tempo todo. Inclusive em questões como nossas carreiras. Somos avaliadas pela nossa aparência, inclusive como forma de medirem nossa competência. Esses são dois dos muitos critérios pelos quais somos constantemente julgadas - e não só em relacionamentos, ficadas e afins.
Como já mostrei antes, falsa simetria é uma distinção de emergência ilógica e irracional, que não sobrevive ao menor questionamento. As questões que Marília deveria responder são: o rankeamento de parceiros é moral ou não? Se for moral, é uma prática educada ou não? Só isso. Se ela achar que ser "constantemente julgada" por esses critérios é incômodo, terá que dar o direito dos homens acharem isso incômodo da mesma forma. Não há uma forma lógica pela qual ela consiga fugir deste raciocínio. Se é que ela entende o que é um raciocínio silogisticamente válido...
Ao que tudo indica, o tal Lulu é um espaço em que mulheres podem, se assim desejarem, compartilhar umas com as outras suas impressões sobre ficadas e rolos com certos caras. Podem também comentar sobre amigos. O algoritmo do aplicativo atribui, ele mesmo, as notas com base em perguntas (veja aqui como funciona). Isso não é, nem de longe, mais machista ou tão problemático quanto o julgamento ferrenho, constante e ostensivo que se faz sobre as mulheres todas, todos os dias (e que inclusive faz com que muitas tirem a própria vida, sofram violências diversas, etc).
Notem como Marília tergivesa e não consegue sequer concluir um raciocínio válido. Em um momento ela fala da ações praticadas via software Lulu. Em outro fala do problema estrutural desta prática. Ela tem que se decidir e entender que as discussões são diferentes. Se ela quer dizer que uma sociedade "piora" por causa de rankeamento de parceiros pelo sexo oposto, então ela não poderá achar o aplicativo "legal" ou "não problemático", pois isso é a propagação de um valor que ela condena.
Vamos arrumar o pensamento desta mulher:
Rankeamento de parceiros pelo sexo oposto: é um problema ou não é?
Se é um problema, devemos combater este problema ou não?
Se for apenas um incômodo social, devemos combater este incômodo ou não?
Neste último caso, devemos tolerar o comportamento com ressalvas ou ir além disso? Defina o "além disso"..
São perguntas básicas, mas que só podem ser feitas em relação ao comportamento. Marília só vai conseguir pensar de verdade se tiver essas respostas na ponta da língua, mas seu texto mostra que ela nem sequer se preparou para responder tais obviedades.
Ademais, quando ela julga uma "sociedade machista", só pode fazer isso considerando um agrupamento de "atitudes machistas". Logo, ou a sociedade machista é desejável ou não é. E, caso não seja, então devemos julgar as "atitudes machistas" que levem a esta sociedade. Aí a questão é mais simples ainda: ou essas atitudes são desejáveis ou não.
Note que isso tudo é lógica básica, que uma criança de 14-15 anos já deveria entender. Me surpreende que Marília não consiga sequer se posicionar com este tipo de lógica básica.
Por exemplo, ela diz que "Isso não é, nem de longe, mais machista ou tão problemático quanto o julgamento ferrenho, constante e ostensivo que se faz sobre as mulheres todas." Quem faz o julgamento? A sociedade? Ou pessoas? Isto é correto ou não? É desejável ou não? O detalhe: se ela achar que o julgamento sobre parceiros do sexo oposto é indesejável, por lógica ela terá que considerar indesejável o que se faz no aplicativo Lulu.
De qualquer maneira, há clubes e clubes de luluzinhas, com ou sem a existência do aplicativo, que compartilhavam, compartilham e compartilharão impressões sobre rolos, trepadas, ficadas e flertes, de maneira mais ou menos sexualmente explícita. A diferença é que esses clubes simplesmente não têm o poder de impedir que os homens cheguem a posições de poder político, ganhem os melhores salários, concentrem poder econômico, sejam assediados nas ruas, troquem de roupa ao saírem de casa com receio do que possam dizer (ou do que possa acontecer, assumindo que a culpa de qualquer coisa seja mesmo sua). Avaliar e rankear os homens com quem ficamos não faz com que 15 deles sejam assassinados por dia, nem com que 5 homens sejam estuprados a cada hora. Então, não. Não é a mesma coisa!
Não burrinha! Sim, é a mesma coisa, mas com consequências alegadamente diferentes. Se Marília não percebe isso é por que se viciou tanto na falácia do apelo à consequência que se torna uma caricatura de argumentadora.
Para piorar, ela não mostrou evidências de que "15 mulheres são assassinadas por dia e 5 mulheres são estupradas por hora" por causa de rankeamentos por sexo oposto em sites de relacionamento. É, eu avisei, para defender seu relativismo moral (típico da extrema-esquerda), ela precisaria apelar à uma coleção de fraudes intelectuais. O esforço passa a ser apenas identificar as fraudes.
Eis que Saul Alinsky pode nos ajudar a resolver a questão, com a técnica na qual fazemos o adversário sucumbir pelo seu livro de regras. Se está no livro de regras feminista que pessoas do sexo oposto não podem ser rankeadas (e que é moralmente errado fazê-lo), então esta regra foi alterada pelo aplicativo Lulu. Mais ainda: para dar endosso à alteração deste código do livro de regras feminista, elas ainda apóiam o Lulu. Ou seja, a partir de agora é lícito rankear pessoas do sexo oposto.
Agora, a pergunta que não quer calar: o que eu acho do aplicativo Lulu? Simplesmente, não dou a mínima para ele. A meu ver, vejo-o de uma maneira positiva. O Lulu simplesmente tirou a moral das feministas que reclamavam de serem tratadas como "objeto". A heurística é simples até demais: se elas tornam o ato de rankeamento de parceiros do sexo oposto algo moral, sempre que elas reclamarem de serem rankeadas podemos citar o aplicativo Lulu.
Assim, longa vida ao aplicativo Lulu! De acordo com o que Saul Alinsky nos ensinou, se devemos fazer o adversário (no caso, as feministas) sucumbir pelo seu livro de regras, tanto a existência do aplicativo como a postura das feministas em relação a ele tiram toda e qualquer moral que elas tenham de reclamarem ao serem "objetificadas".
Eis que a imagem deste post é de uma "Lulu" de altíssimo nível: Luciana Vendramini, quando posou para a Playboy em 1987. Essa sim, era nota 10! E nenhuma usuária do aplicativo Lulu (nem as feministas que o endossam) pode reclamar. São as novas regras do jogo. Obrigado, Lulu! ;)
lucianohenrique | 1 de dezembro de 2013 às 9:38 pm | Tags: contradição, esquerdismo, extrema-esquerda, feminismo, guerra política, lógica, luciana vendramini, lulu, marxismo cultural | Categorias: Outros | URL: http://wp.me/pUgsw-7ux
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