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terça-feira, 3 de dezembro de 2013

[Novo post] Por que precisamos superar o direitismo purista?




lucianohenrique publicou: " Após publicar o post Feliciano e a defesa das cotas raciais: uma contradição?, vi manifestações díspares. Alguns gostaram bastante da idéia da crítica ao direitismo purista. Outros acharam um absurdo, praticamente como se fosse um apaziguamento vergon" 



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Nova publicação em Ceticismo Político 






Por que precisamos superar o direitismo purista?






Após publicar o post Feliciano e a defesa das cotas raciais: uma contradição?, vi manifestações díspares. Alguns gostaram bastante da idéia da crítica ao direitismo purista. Outros acharam um absurdo, praticamente como se fosse um apaziguamento vergonhoso na linha Neville Chamberlain, só que em relação ao esquerdismo.

Creio que fui mal interpretado por estes últimos, pois uma coisa que este blog não faz é apaziguamento. Aliás, se existe um blog que ataca mais fortemente o esquerdismo, eu desconheço, até por que a abordagem focada em dinâmica social é implacável com os discípulos de Rousseau e Marx. Aliás, com uma ênfase forte em dinâmica social e ceticismo político, o esquerdismo só resiste na base da histeria ou da desonestidade, mas jamais em termos de argumentação racional.

Antes de apresentar meu caso, vamos à definição do que chamo de direitismo purista: deixar seus valores filosóficos de direita influenciarem suas propostas políticas a tal ponto que essas propostas se confundirão com os valores. A partir desse momento, não existe mais ação política, mas sim a verbalização de valores pessoais ou de um grupo. Isso qualquer um faz.

A ação política deveria ser pragmática, mas o mesmo não se espera dos valores individuais de alguém. Cientes disso, devemos tomar cuidado com o purismo na hora de avaliarmos nossas propostas políticas, assim como o nosso posicionamento político.

Um exemplo é o petismo recente, que apoiou as privatizações de Dilma, mesmo que os valores da extrema-esquerda preguem a estatização. Em uma visão purista, os petistas deveriam considerar errada a privatização de Dilma. Todavia, eles já se acostumaram não só a pensar pragmaticamente, como a defender um partido que age de forma pragmática. Eles querem resultados.

David Horowitz, em "A Arte da Guerra Política", já nos dizia que política não é a arte de enfiarmos os nossos valores goela abaixo dos outros, mas sim implementar programas que, em conjunto, tragam maior benefício àqueles que se alinhem com os nossos valores.

Senão, vejamos. A meu ver, qualquer forma de esquerdismo é uma doença social. Acho particularmente danoso o esquerdismo moderado, pois ele encobre formas mais extremistas do esquerdismo. Assim, em minha análise, o PSDB ajuda a acobertar o PT. Mas observe: esses são meus valores. Eles devem ser divulgados (e são), e defendo que um ataque assertivo ao esquerdismo seja uma prioridade da direita.

Por outro lado, se eu sou anti-esquerdista, logo é melhor ver um partido como o PSDB vencer o PT, ainda que isso seja difícil. Isso por que, em curto prazo, é mais viável torcer para que um partido mais moderado de esquerda vença um mais extremista do que esperar por um partido de direita aparecer com um candidato de ponta.

A eleição de um partido mais moderado de esquerda é uma proposta política que eu defendo. Já a denunciação do esquerdismo moderado como algo que não pode ficar isento de críticas (tanto quanto a extrema-esquerda) é um valor. Meu valor, no entanto, não me impede de propor algo que politicamente seja benéfico à direita, mesmo que destoe de meus valores mais puristas. (Note que, ainda assim, a proposta alternativa destoa muito mais de meus valores, portanto, sem problemas aqui)

Vamos rever o caso de Feliciano: no conjunto de suas propostas (mesmo que recentemente ele tenha apoiado uma política de cotas raciais), ele tem ajudado mais à direita ou à esquerda? No caso de Joaquim Barbosa, quando vemos ele condenar políticos de extrema-esquerda do PT à prisão (com muita justiça, diga-se de passagem), ele tem beneficiado mais ao pensamento anti-corrupção da direita ou o pensamento trotskista da extrema-esquerda? É por isso que digo que atacar estes dois (Feliciano e Barbosa) pode ser um tiro no próprio pé, pois, no conjunto das "obras", parece que temos outras prioridades em termos de ataques a serem feitos.

Sei que isso pode causar tremores em alguns, pois pensar em afrouxamento de valores pessoais pode dar a ideia de relativismo moral, que é considerado um verdadeiro câncer pela direita. Mas minha concepção de substituição do direitismo purista pelo direitismo pragmático não tem nada de relativismo moral.

Basicamente, é uma questão de escolha: na época da Segunda Guerra Mundial, a aliança com os russos para derrotar Hitler era moral ou não? Se foi moral, por que Rússia e Estados Unidos entraram em guerra fria posteriormente? Simples: isso é o pragmatismo político. Ou, como diria Horowitz: "É a política, estúpido!".

Como seriam alguns exemplos de pragmatismo político? Por exemplo, deixar de lado (temporariamente) as críticas aos adversários do PT, e lançar artilharia propagandística pesada contra os petistas. Ao criticarmos o PSDB, devemos embutir ao mesmo tempo uma crítica mais forte ao PT. Também podemos elaborar propostas que usem parte dos valores da esquerda (ou mesmo valores que são nossos, mas foram usurpados pela esquerda) e ao mesmo tempo causem constrangimento aos esquerdistas, como por exemplo a substituição da Lei Rouanet para investimento do dinheiro em assistencialismo (que tem sido uma bandeira da esquerda). Saber agir assim é praticamente uma arte na guerra política.

Fazer política não é fácil. Entrar na guerra política de forma estratégica é uma arte ainda mais difícil. Apenas transcrever seus valores pessoais em propostas políticas é fácil demais. O problema é que isso nunca dará resultados. Esta regra vale tanto para esquerdistas como direitistas.

A maioria das propostas políticas da esquerda abarcam valores que atendem tanto a esquerdistas como direitistas, mesmo que no fim elas sempre privilegiem o primeiro lado. A esquerda, quando elabora suas propostas, pensa em um público amplo. A direita também pode aprender essa arte, mas para isso é preciso abandonar o purismo.

Eis um racional que pode nos ajudar: uma proposta política deve ser elaborada visando a mais larga parcela do eleitorado quanto possível, mas que ainda seja coerente com nossos valores, mesmo que não seja uma replicação ipsis literis desses valores. Criar essas propostas é uma arte. Banalizar esta arte achando que basta divulgarmos nossos valores é "fazer política nas coxas".

Vejamos uma proposta que elaborei em meu ensaio Escravos de Cuba (prestes a ser publicado na Amazon no próximo domingo, 8 de dezembro - já com atraso, pois a data original era 25 de novembro): propor o ensino universitário privado, mas com financiamento estatal para algumas áreas chave, como saúde. Todos os alunos teriam que pagar pelo ensino, mas alguns poderiam optar por fazer o curso de graça. Nesse caso, pagariam pelo ensino com o atendimento a regiões carentes por um período de três anos. Isso desoneraria o estado do custo pelo seu estudo. Também poderíamos propor investimentos privados para essas bolsas, com anúncios de produtos nos hospitais. A redução de gastos estatais significa redução de aparelhamento estatal, o que com certeza esquerda não quer.

Note que são apenas ideias que, ao mesmo tempo em que abrangem uma larga parcela do eleitorado, neste momento atendem mais aos interesses da direita do que da esquerda.

Também podemos usar o pragmatismo político na elaboração de frames, como a crítica aos esquerdistas do PT pelas desigualdades de tratamento aos presos mensaleiros em comparação aos demais presos. Alguns diriam que a bandeira da "igualdade social" é da esquerda, mas podemos usar este exemplo para dizer que o PT defende a desigualdade social, e, por causa do estatismo que atravanca a mobilidade social, podemos definir a direita como muito mais defensora da igualdade social do que a esquerda.

Eu não quero trazer estas ideias como as únicas, mas como possibilidades dialéticas da direita diante de um cenário onde podemos fazer aquilo que Gramsci propôs à esquerda há várias e várias décadas: abandonar o purismo em prol de ações pragmáticas que, pouco a pouco, fizessem a balança perder para o lado da esquerda. Basicamente, com a ideia do pragmatismo político ser usado pela direita, é isso que proponho.

Podemos notar, aliás, que mesmo com seu pragmatismo político, a esquerda não deixa de tratar a direita como o mal encarnado. Logo, pensar de forma pragmática (em oposição ao direitismo purista) não nos deve fazer abandonar as duras críticas à esquerda. Ao contrário, ao menos neste blog, as pauladas no esquerdismo serão cada vez mais contundentes, mesmo que eu tenha abandonado o direitismo purista há anos.

Mas se ainda lhe falta motivação, basta pensar naquilo que mais irritaria seu adversário (ou seja, o sinal de que você conquistou vitórias políticas): fazer a balança pender a favor do seu lado, com a implementação de propostas políticas. É isso que o esquerdista teme mais do que o diabo da cruz. E é exatamente isso que a direita raramente consegue fazer por causa de um purismo exacerbado.

Por outro lado, o que proponho é fazer propostas políticas que confundam os esquerdistas (e atendam aos esquerdistas moderados, centristas, bi-conceituais e direitistas, obviamente), enquanto se derrubam algumas propostas que eles consideram prioritárias. Ao mesmo tempo, podemos fazer ataques duros ao esquerdismo como um todo.

Isto é a mistura entre a propagação de nossos valores (valores da direita, contra os valores da esquerda, de forma assertiva) com a implementação de políticas que nos beneficiem. Isto geraria resultados, irritaria a esquerda e beneficiaria a direita.

É, eu sei. Política não é uma moleza. É uma arte, assim como são as artes marciais. E em qualquer arte marcial fazer o trivial não gera nenhum resultado. O maior motivo para o abandono do direitismo purista é que ele é trivial: basta ter valores, e reescrevê-los em forma de proposta política. É óbvio que não vai dar resultados mesmo.

Eis a mensagem: a melhor forma de ajudarmos o pensamento da direita começa por pensarmos a política de forma estratégica. E isso pode ser feito através de propostas políticas que podem até confundir a esquerda, mas que no fundo (e no conjunto da obra) são arquitetadas para beneficiar todos aqueles que achem que o pensamento de direita é melhor que o pensamento de esquerda.

Ver também o texto "Política e Princípios", extraído de A Arte da Guerra Política, de David Horowitz.















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Aluízio Amorim

Filósofa russa Ayn Rand :



“Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada.”



Ayn Rand nasceu em São Petersburgo em 1905