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terça-feira, 15 de outubro de 2013

[Novo post] Um texto fundamental de Pondé para facilitar a compreensão da essência deste blog: “Do mito ao fetiche”




lucianohenrique publicou: " Fonte: Folha de S. Paulo Em mil anos, lembrarão de nossa época como um mundo preso ao mito da política como redenção. Os medievais esperavam a redenção do mundo pelas mãos de Deus, nós esperamos a redenção pelas mãos da política, do povo, dos black" 



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Nova publicação em Luciano Ayan 












Em mil anos, lembrarão de nossa época como um mundo preso ao mito da política como redenção. Os medievais esperavam a redenção do mundo pelas mãos de Deus, nós esperamos a redenção pelas mãos da política, do povo, dos black blocs.

Quase nada há de científico no tratamento da política no mundo contemporâneo, mesmo no conceito de "consciência política", que é tão científico quanto o conceito de mediunidade. Teremos que esperar mil anos para nos livrarmos dessa crendice.

A rigor, quase não existe ciência política entre nós (pensando ciência como um método de observação que induz a teorias sobre os eventos observados), apenas crenças em processos mágicos carregados pelas mãos sagradas do "povo".

O pensamento mágico em política se caracteriza, entre outras coisas, pela crença numa teoria a priori da história como processo, teoria esta por sua vez carregada de significado moral autoevidente (uma espécie de pureza moral). Já ouviu falar em algo parecido? Por exemplo, crer que quebrar coisas na rua seja um ato carregado de "justiça social" é como crer na providência divina do coquetel molotov.

Dias atrás, o editorial desta Folha falava do "fetiche da democracia" para discutir a eleição direta para reitor da USP. Eu mesmo, nesta coluna, outro dia, falava dos inúmeros fetiches que marcam o debate filosófico-político entre nós, além do fetiche da democracia, o do povo, o da revolução, o das redes sociais, entre outros.

Como antídoto a essa moléstia do pensamento, proponho a leitura do livro "Mito do Estado", uma pequena pérola do filósofo alemão Ernst Cassirer.

Obra tardia na vida de Cassirer (1946), esse livro é uma espécie de testamento pessimista deste grande neokantiano. Cassirer ficou conhecido como autor de duas grandes obras em vários volumes: "Filosofia das Formas Simbólicas" e "O Problema do Conhecimento" -não sei se existem traduções delas no Brasil.

Cassirer "saiu da moda" porque pecaria por ter pensado (devido ao componente hegeliano do neokantismo) a história nos moldes de uma evolução (um tanto hegeliana) na qual passamos do modo mítico ao modo lógico-científico de pensar.

Fugindo da perseguição nazista (ele era judeu), Cassirer morre desesperado com o que ele pensou ter visto: um regresso ao modo primitivo de pensar a política, a saber, a fé num Estado (o fascista) todo-poderoso do qual emanaria a redenção da vida. Cassirer acertou em cheio.

Ainda que o fascismo naqueles moldes tenha passado (quem sabe?), permaneceu em nós a relação mágica com a ideia da política como dimensão justificada em sua violência porque redentora da vida.

Se vivesse mais, ele veria que o mito do Estado evoluiria para o mito do "povo democrático" como soberano "sábio" e "justo", pelo simples fato de nele repousar a graça da justiça social e histórica (maldito Rousseau!). Resumo este mito como "o mito da política como redenção". Puro pensamento mágico.

Quando vemos black blocs quebrando bancos, carros e lojas, sob o efeito do mito da política, procuramos nesse simples ato de violência alguma teoria política que justifique a violência. Mas não existe.

Pensar que há é semelhante aos inquisidores que pensavam existir no ato de queimar pessoas vivas um passo necessário à salvação daquelas almas perdidas.

A "inquisição das ruas" hoje pensa que nossa sociedade está perdida e precisa ser salva por tais sacerdotes da pureza política. Mas o pior é que a classe intelectual é quase toda o alto clero dessa falácia. Rirão de nós em mil anos por crermos nessa mitologia da revolução.

Daqui a mil anos verão que a Revolução Francesa (mito fundante desta seita que dá em black blocs) foi um fato desnecessário para o fim do mundo medieval. Pessoas quebrando coisas na rua não implica em melhoria política. A Argentina "vive na rua" e sua política é risível. Os EUA nunca "vão pra rua" e são a melhor democracia do mundo.

Nosso mundo contemporâneo é superficial demais para sustentar mitos, por isso prefere o fetiche do porrete como pau duro na sua marcha redentora por "um mundo melhor"

Luiz Felipe Pondé

Meus comentários

De minha biblioteca, a obra "Cachorros de Palha", de John Gray, se inclui no Top 10. O texto de Pondé é bastante inspirado nesse livro de Gray, tanto como também parece ser influenciado por autores como Eric Voegelin, Isaiah Berlin e Michael Oakeshott.

O que talvez a maioria dos leitores não saibam é que o livro de Gray foi, para mim, uma mudança significativa em meu sistema de pensamento e em minha postura argumentativa. Quem se lembra da fase antiga deste blog, irá lembrar que boa parte do conteúdo era focada em defender os teístas dos ataques desonestos dos neo-ateus. Depois de Gray, a perspectiva mudou consideravelmente: passei a atacar o humanismo (junto ao esquerdismo, que eu já metralhava anteriormente) em primeiro lugar. Eu era um deísta na defesa, e passei a ser um ateu no ataque.

A essência deste texto de Pondé permite que aqueles que não leram Gray tenham um entendimento daquilo que estou falando. A religião política é tão baseada em um conjunto de crenças como a religião revelada. Se as crenças da religião revelada podem ser questionadas por falta de evidências, as crenças da religião política podem ser mais questionadas ainda por evidências em contrário.

Assim como alguém pode ser questionado por crer em Deus, também pode sê-lo, e com muito mais dureza, por crer em um estado inchado. Ou mesmo em um governo global.

"Cachorros de Palha" está para o humanismo (e o esquerdismo) assim como "A Morte da Fé", de Sam Harris, está para a religião tradicional. Nenhum ídolo é deixado em paz. Nenhum dogma é respeitado. Tudo é desconstruído com uma iconoclastia de dar gosto.

Muitos conservadores de direita gastam um tempo defendendo seus ideais e explicando seus princípios. Eu não sou um conservador (me encaixo entre um misto de liberal e libertário), mas não gasto muito tempo defendendo meus princípios. Ao contrário, dedico meu esforço a demolir humanismo e esquerdismo.

Podemos dizer claramente, hoje, especialmente após Gray: "Ei, esquerdista, sua crença matou 150 milhões de pessoas no século XX. Ei, esquerdista, sua crença nos faz pagar impostos tirânicos. Ei, esquerdista, sua crença permite que adolescentes criminosos possam matar impunemente." Sendo assim, por que eles não devem ser questionados?

Se Sam Harris permitiu-se atacar de forma contundente a religião tradicional por achá-la injustificada e perigosa, e nos forneceu esse framework como um paradigma essencial para a guerra política, então temos uma obrigação moral de atacar com muito mais contundência a religião política, pois ela é o lar natural do psicopata.

Temos que dizer aos esquerdistas que a crença deles é parte do problema, e seria uma aberração moral se os deixássemos em paz com seus delírios insanos.

Cada um pode acreditar na fábula que quiser, seja "um mundo que superará o capital" ou "a civilização global que trará ultra-prosperidade para todos", desde que isso não afete a vida daqueles que não acreditem nessa ilusão mongolóide.

Como os religiosos políticos não parecem dispostos a reservar suas crenças para a prática privada, então precisam ser denunciados tanto pela insanidade de seu discurso como pela consequência nefasta que sempre geraram para o mundo, e sempre gerarão.

Isto resume, em uma casca de noz, a essência deste blog, como está no sub-título deste site: "Ceticismo e dinâmica social na investigação da religião política".















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"A Revolução Francesa começou com a declaração dos direitos do homem, e só terminará com a declaração dos direitos de Deus." (de Bonald).

Obedeça a Deus e você será odiado pelo mundo.








-O coletivismo é a negação da liberdade, porquanto a sede da liberdade é o indivíduo. Tanto é que a pena mais severa na história da humanidade é a privação da liberdade. A essência da liberdade é una e indivisível e daí a designação do sujeito como "indivíduo".

Aluízio Amorim

Filósofa russa Ayn Rand :



“Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada.”



Ayn Rand nasceu em São Petersburgo em 1905