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sábado, 2 de novembro de 2013

LEIAM ABAIXO









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Se em meu ofício, ou arte severa,/ Vou labutando, na quietude/ Da noite, enquanto, à luz cantante/ De encapelada lua jazem/ Tantos amantes que entre os braços/ As próprias dores vão estreitando —/ Não é por pão, nem por ambição,/ Nem para em palcos de marfim/ Pavonear-me, trocando encantos,/ Mas pelo simples salário pago/ Pelo secreto coração deles. (Dylan Thomas — Tradução de Mário Faustino)


02/11/2013 às 8:07

LEIAM ABAIXO




Por Reinaldo Azevedo






02/11/2013 às 7:51


Se o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, tiver um problema relativamente sério de saúde, aonde ele vai? Muito provavelmente, ao Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, que está entre os melhores do Brasil e do mundo. Foi lá que Lula e Dilma trataram do câncer que os acometeu. É para lá que correm os poderosos de Brasília. E notem: nem estou aqui a dizer que deveriam ter recorrido ao SUS. Essa é uma das coisas que me atribuem e que nunca escrevi. O que afirmei, sim, é que a cobrança que muitos fizeram para que apelassem ao sistema público de saúde não tinha nada de “antidemocrático” ou “demagógico”, como afirmaram alguns colunistas alinhados com o poder

  • Ou Lula não é aquele que chegou a declarar que o SUS estava “próximo da perfeição”? Ao inaugurar uma unidade pública de saúde, afirmou certa feita que até sentia vontade de ficar doente só para ser tratado lá… O pudor não é o forte dos nossos valentes. Pois bem… Nesta sexta, Padilha, fiel à sua estirpe política, disse que não teria nenhum problema em recorrer aos serviços de um médico estrangeiro reprovado no exame “Revalida”. Sabem onde ele estava quando disse isso? No… Sírio-Libanês!


Explica-se. Reportagem da Folha apurou que 48 de um total de 681 médicos selecionados para o programa “Mais Médicos” tinham sido reprovados no Revalida. Nesse grupo, apenas um profissional havia passado na primeira fase da prova. Atenção! Sem o Revalida, médicos que obtiveram o diploma em outros países SÓ PODEM TRABALHAR no programa do governo.

Padilha ainda tentou explicar: o Revalida é para profissionais que vão se dedicar a trabalhos mais complexos, não para os vão fazer o atendimento básico. Ah, bom!!! Agora entendi. Quer dizer que há médicos de primeiro nível — os capazes de procedimentos complexos — e os de segundo nível. Certo! São, para empregar a linguagem da presidente Dilma, os “apalpadores” — no caso, apalpadores de pobres.

A fala de Padilha é expressão do populismo mais rasteiro. Todo mundo sabe que ele jamais será refém de médicos de segunda linha, incapazes de praticar determinados procedimentos. Ao contrário: se ficar doente, será tratado por profissionais de ponta e com os equipamentos mais avançados que a medicina pode oferecer.

A fala escarnece dos pobres!

Mais cubanos
Informa a Folha (em vermelho):
O governo aumentou de 1.600 para 3.000 o número de médicos cubanos na segunda etapa do Mais Médicos. Eles chegam ao país na segunda e ficarão hospedados inicialmente em cinco cidades: São Paulo, Brasília, Fortaleza, Vitória e Belo Horizonte. Já estavam no Brasil 2.400 cubanos. Inicialmente, a meta era trazer de Cuba 4.000 profissionais. O número sobe agora para 5.400 para preencher as vagas que ficaram abertas por causa do desinteresse de médicos brasileiros e de outros países. O aumento no número de cubanos não altera a meta geral do programa federal, de 13.000, prevista para ser atingida em abril.

A eleição está chegando. Não se espantem se Padilha for “surpreendido” pelos marqueteiros do PT na fila do SUS… Encerro o post com um vídeo que traz o pronunciamento de Lula no IX Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, em novembro de 2009. Quatro anos depois, o PT entregará a saúde dos pobres a médicos reprovados num exame de proficiência.



Por Reinaldo Azevedo





02/11/2013 às 7:49


Pois é… Volto ao assunto do vídeo em que estrelas da Globo convocam um protesto — aquele que NÃO ACONTECEU NO DIA 31. Keila Jimenez informa naFolha que a emissora não sabia da iniciativa. Lá estão a contribuir com a causa Camila Pitanga, Mariana Ximenes, Leandra Leal, Guta Stresser, Marcos Palmeira, Wagner Moura etc. Convocaram, mas não compareceram. O tal vídeo faz também críticas à “mídia”. “Mídia” vem a ser justamente o ramo de atividade do Grupo Globo, o maior do país. Sugeri que, em vez de eles estimularem mais confusão no Rio, que fizessem uma passeata dentro do Projac.

O bacanas não compareceram ao protesto que eles mesmos convocaram. É gente que gosta de ver o povo na rua, mas de longe. Segundo Keila, a Globo informou que os artistas não foram repreendidos porque se manifestavam como cidadãos. É isso mesmo? É uma informação oficial da emissora? Então vamos ver.

O vídeo em questão traz a fala de uma atriz chamada Bianca Comparato. Não deve ser do elenco da emissora, mas está lá. Ela justifica a depredação promovida pelos black blocs. Reproduzo de novo a sua fala:
“[órgãos de imprensa] só reportam o que é que foi quebrado, o que foi destruído. E eu também acho que tem de parar para pensar o que é que está sendo destruído. São casas de pessoas, como (sic) a polícia joga uma bomba de gás dentro de um apartamento? Não! São lugares simbólicos”.

Suponho que aquela plêiade de pensadores tenha visto o resultado final antes de o vídeo ser tornado público. Logo, concordaram com o que vai acima. Logo, também devem achar que os black blocs não fazem mal nenhum, uma vez que estão sendo destruídos “apenas lugares simbólicos”, certo? E a Globo não tem nada com isso? Vênia máxima, acho que tem! A propósito: um dos “lugares simbólicos” que os black blocs tentam atacar é justamente a… Globo! 

A emissora não pode se responsabilizar pelas bobagens que dizem seus contratados. Mas, quando eles põem a sua popularidade — conquistada em razão do trabalho que fazem na TV — a serviço do que, sem muito esforço, pode ser considerado incitamento ao crime, as coisas se complicam. Que eu saiba, a emissora não permite que suas estrelas participem de campanhas político-eleitorais. Ou essa informação está errada?

A ser assim, a moral está torta; está pelo avesso. Uma campanha eleitoral, bem ou mal, se dá quase sempre nos marcos do estado democrático e de direito, não? Já o quebra-quebra dos black blocs representa a fratura desse contrato democrático. Ou será que estou errado? Se não repreendeu, deveria ter repreendido. Quebrar a cidade é um crime.

“Ah, os artistas conhecidos não endossaram os atos dos black blocs…”Não com as próprias palavras. Mas participam de uma peça de propaganda que faz isso. Não é uma invenção minha. É apenas um fato.

“Olhem o Reinaldo, defensor da liberdade de expressão, cobrando censura…” Errado! É que, na democracia, ninguém é livre para incitar o crime. E é o que faz aquele vídeo. Depredar a cidade não é liberdade de expressão. É banditismo. Se os atores não sabem a diferença, das duas uma: ou atuam e calam a boca sobe política ou vão se instruir.

Na Globo, diga-se, não falta quem possa lhes dar uma boa aula sobre a diferenças que há entre ditadura e democracia.Por Reinaldo Azevedo





02/11/2013 às 7:45


Li com atraso um artigo de Sandro Vaia, publicado no Blog do Noblat. Mas nunca é tarde. Eu o reproduzo abaixo.
*
A observação foi feita em tom irônico pelo professor norte-americano Douglas Harper em seu dicionário etimológico e convenientemente lembrada esta semana pelo crítico literário Sérgio Rodrigues em seu blog. Esse passou a ser o xingamento campeão nas redes sociais.

Usa-se a torto e direito, mais ainda do que reacionário e direitista, e por ironia das ironias na maioria das vezes é usado por quem não sabe que seu significado lhe serviria como uma luva. Mal comparando, seria como se o Tiririca chamasse alguém de palhaço.

Na semana passada, dois acontecimentos muito didáticos jogaram luzes sobre esse jogo de sombras onde se esconde esse crescente autoritarismo castrador que se espalha como unha-de-gato em muro chapiscado.

A Folha contratou dois novos colunistas semanais para, segundo ela, ampliar o pluralismo de opiniões em seu caderno “Poder”: Reinaldo Azevedo, que tem um blog campeão de audiência hospedado na Veja, e Demétrio Magnoli, sociólogo e geógrafo conhecido por combater a imposição de cotas raciais nas universidades brasileiras.

A internet se encheu de gritos de maldição contra os articulistas e o jornal que os contratou, leitores anunciaram que cancelariam as suas assinaturas e, fato inusitado, a coluna de estreia de Azevedo, sobre a ação de libertação dos beagles de um instituto de pesquisas científicas, levou a ombudsman do jornal a classificar delicadamente o colunista como um “rotweiller” — o que ela explicou depois, claro, era só uma força de expressão.

Um caso claro de intolerância ideológica, que pode ser facilmente curado por duas providências simples: ou deixar de ler o jornal ou continuar lendo o jornal, mas não ler os colunistas desagradáveis. Rebater argumentos e tentar provar com fatos que os deles estão errados e que os seus estão certos nem pensar. Isso dá muito trabalho. Negar em bloco e chamar de “fascista” facilita a vida. Desqualificar sempre, debater nunca.

Mais grave do que isso foi o que aconteceu numa feira literária em Cachoeira, no interior da Bahia, quando ativistas armados apenas pelas suas bordunas de intolerância intelectual impediram, aos gritos, que se realizassem os debates entre o sociólogo Demétrio Magnoli e a cientista social Maria Hilda Baqueiro Paraíso e o filósofo Luiz Felipe Pondé e o sociólogo francês Jean Claude Kaufmann.

Magnoli e Pondé foram impedidos de falar — como Yoani Sánchez já havia sido impedida meses atrás – por pessoas que os xingavam de “fascistas”. Exemplo perfeito daquilo que os franceses chamam de “glissement semantique” – ou deslizamento de sentido das palavras.

País estranho e paradoxal onde opiniões fortes são comparadas com mordidas de rotweiller e onde fascistas em ação proíbem debates e quem é impedido de falar é que é o fascista.Por Reinaldo Azevedo





02/11/2013 às 7:39


Segue o primeiro parágrafo da coluna de Demétrio Magnoli na Folha de hoje.
*
Você sabe o que é MAV? Inventada no 4º Congresso do PT, em 2011, a sigla significa Militância em Ambientes Virtuais. São núcleos de militantes treinados para operar na internet, em publicações e redes sociais, segundo orientações partidárias. A ordem é fabricar correntes volumosas de opinião articuladas em torno dos assuntos do momento. Um centro político define pautas, escolhe alvos e escreve uma coleção de frases básicas. Os militantes as difundem, com variações pequenas, multiplicando suas vozes pela produção em massa de pseudônimos. No fim do arco-íris, um Pensador Coletivo fala a mesma coisa em todos os lugares, fazendo-se passar por multidões de indivíduos anônimos. Você pode não saber o que é MAV, mas ele conversa com você todos os dias.

O Pensador Coletivo se preocupa imensamente com a crítica ao governo. Os sistemas políticos pluralistas estão sustentados pelo elogio da dissonância: a crítica é benéfica para o governo porque descortina problemas que não seriam enxergados num regime monolítico. O Pensador Coletivo não concorda com esse princípio democrático: seu imperativo é rebater a crítica imediatamente, evitando que o vírus da dúvida se espalhe pelo tecido social. Uma tática preferencial é acusar o crítico de estar a serviço de interesses de malévolos terceiros: um partido adversário, “a mídia”, “a burguesia”, os EUA ou tudo isso junto. É que, por sua própria natureza, o Pensador Coletivo não crê na hipótese de existência da opinião individual.
(…)Por Reinaldo Azevedo





02/11/2013 às 7:35


Leiam trecho da entrevista concedida a Fernando Rodrigues, da Folha/UOL, pelo tucano José Serra, ex-governador de São Paulo

Folha/UOL – Há no Senado um projeto propondo autonomia completa para o Banco Central. Qual é a sua posição?
José Serra - Sou contra. O Banco Central já tem, na prática, autonomia operacional. Se você torna o presidente do BC imune, passa a ser um outro poder. Se ele tiver um mau desempenho, o processo de retirar é muito complexo. Vai desestabilizar a economia. Fernando Henrique não pensa diferente. Tenho a impressão que o Aécio [Neves] também não pensa diferente.
(…)
O sr. disputará a indicação para ser candidato a presidente?
O PSDB, por acordo, ficou de decidir isso mais adiante. Em março, a partir de março do ano que vem. Tenho seguido um pouco essa decisão. Aí vamos ver qual é a situação.
(…)
Há um acordo no PSDB sobre como definir o candidato. Quais serão os critérios?
As circunstâncias. As outras candidaturas. Hoje, nenhum partido definiu de fato. O que aconteceu com Marina Silva e Eduardo Campos era inteiramente imprevisível.

Em março, o desempenho em pesquisas será relevante?
Sempre é. Embora tenha que se fazer ponderações. É normal que tanto o nome da Marina quanto o meu tenha um nível mais alto que os outros porque disputamos eleição presidencial. Em princípio isso não é um fator decisivo. Os outros candidatos podem crescer.
(…)
É possível uma chapa presidencial do PSDB composta com Aécio Neves e José Serra?
Não temos candidato ainda. Imagine escolher vice a esta altura. Decidir que vice é do PSDB sem ter o quadro dos aliados já definido.

Se Aécio for o candidato a presidente, o PSDB e o sr. estarão unidos em torno dele?
É a minha grande aspiração, que o PSDB esteja unido. Com quem for o candidato. E eu trabalharei para isso, não tenha dúvida.

Fará campanha, de maneira incessante, a favor de Aécio?
Farei, farei. Trabalharei para que a haja unidade, primeiro. E segundo, havendo unidade, para que a unidade se projete na campanha.

Acha que Aécio fez campanha para o sr. com a intensidade que deveria ter feito em 2010?
Ele fez campanha me apoiando, segundo a estratégia que adotaram em Minas, inclusive no segundo turno.
(…)
Lula ainda pode vir a ser candidato a presidente, em 2014?
Parece-me que sim. Quando você pega avaliações de governo, em geral não dá uma diferença grande entre a taxa de aprovação e desaprovação [do governo]. E acima de tudo, qualquer pesquisa mostra desejo de mudança. O indicador de que a disputa vai ser acirrada é o fato de que o pessoal quer mudança.

Por que Lula poderia substituir Dilma?
O PT não quer perder o poder de jeito nenhum. Sabe por quê? Porque se misturaram com o poder. O PT se apossou do governo e deixou uma parte para os aliados. Toda a máquina está confundida com o governo. É questão de sobrevivência. Vão fazer tudo para ganhar. Se os dados apontarem que Dilma não será capaz de ganhar no primeiro turno, o PT não vai correr o risco. Um segundo turno para ela é arriscadíssimo.
(…)Por Reinaldo Azevedo





02/11/2013 às 7:33


Por César Rosati e Rogério Pagnan, na Folha:
A nomeação do auditor Ronilson Bezerra Rodrigues à diretoria financeira da SPTrans (empresa municipal de transporte), em fevereiro deste ano, atendeu a uma ordem da Secretaria do Governo, órgão do gabinete do prefeito Fernando Haddad (PT). A informação foi dada pelo secretário municipal dos Transporte, Jilmar Tatto, ao esquivar-se de ligação com o auditor preso sob suspeita de liderar de um esquema de fraude na prefeitura. ”O diretor que eu nomeei foi o que está hoje, que é o Salvador Khuriyeh. E aí veio a solicitação de nomear o Ronilson [Rodrigues], do gabinete de governo”, disse ele. Rodrigues foi chefe da arrecadação municipal durante a gestão de Gilberto Kassab (PSD), período em que foram praticadas as fraudes, segundo a investigação. No ano passado, já na gestão Haddad, porém, ele foi nomeado diretor da SPTrans.

A administração petista alega que à época o fiscal era alvo apenas de denúncia anônima. E que, posteriormente, quando já havia apurado o seu enriquecimento ilícito, não o demitiu para não alertá-lo da investigação em curso. Tatto disse que depois de receber ordem para contratar Rodrigues, recebeu pedido para não demiti-lo. “Fiquei sabendo que ele estava sendo investigado e foi pedido para que ele continuasse para não atrapalhar a investigação. Foi o que foi feito.” A entrevista causou mal-estar na prefeitura. A Secretaria de Governo, comandada por Antônio Donato, braço-direito de Haddad, tem a atribuição de assessorar diretamente o prefeito. Equivale à Casa Civil da Presidência da República.
(…)Por Reinaldo Azevedo





02/11/2013 às 7:29


Por Flávio Ferreira, na Folha:
Após uma demora de dois anos e oito meses, o Ministério Público Federal anunciou ontem que realizará as investigações que a Suíça pediu em 2011 sobre consultores acusados de distribuir propina paga pela multinacional francesa Alstom a políticos e funcionários públicos de São Paulo. A decisão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foi anunciada uma semana após a Folha informar que as autoridades suíças haviam desistido de esperar pela ajuda dos colegas brasileiros e tinham arquivado as investigações em relação a três suspeitos do caso Alstom.

O requerimento da Suíça havia sido recebido pelo procurador da República em São Paulo Rodrigo de Grandis em fevereiro de 2011. Na semana passada, Grandis afirmou que a solicitação não foi atendida porque foi guardada por engano em uma pasta de arquivo e ficou esquecida desde então. Como a Folha informou ontem, Grandis recebeu pelo menos três cobranças do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), do Ministério da Justiça, para que respondesse ao pedido.

Segundo a Procuradoria-Geral da República, nesta semana o Ministério Público da Suíça renovou o pedido de cooperação, após negociação com a Secretaria de Cooperação Jurídica Internacional do Ministério Público Federal. As medidas solicitadas serão realizadas após a indicação de um novo procurador parar tratar da cooperação.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

Tags: Alstom




01/11/2013 às 20:25


Ah, fazer o quê? Às vezes, até Dilma Rousseff pode estar quase inteiramente certa — e já direi qual é a minha restrição. Quando está, é o caso de vir aqui e dizer: “Está”. Assim como, por contraste, descasquei o seu secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, que resolveu dar piscadelas para arruaceiros. Leiam o que informa Folha. Volto em seguida:

*
A presidente Dilma Rousseff qualificou de “fascista” a série de ações violentas que tem ocorrido em manifestações por todo o país. Dilma defendeu nesta sexta-feira (1º) uma ação unificada entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário para combater ações de vandalismo em protestos, como as que têm sido protagonizadas por grupos como os “black blocs”. “Somos a favor de manifestações pacíficas. Mas devemos repudiar integralmente o uso da violência nessas manifestações. Não podemos aceitar pessoas tampando o rosto, destruindo o patrimônio público e machucando os outros. Essas pessoas não são democráticas”, afirmou a presidente.

As declarações foram dadas em entrevista às rádios Metrópole FM e Tudo FM, de Salvador. A presidente desembarcou na manhã desta sexta-feira na capital baiana para participar da inauguração da Via Expressa Baía de Todos os Santos, que vai ligar o porto de Salvador à BR-324, principal saída da cidade. Na entrevista, Dilma afirmou ainda que “nós temos de nos responsabilizar para não deixar que a democracia no Brasil se confunda com esse tipo de ação violenta e bárbara”. “Fascista”, disse em seguida o jornalista que a entrevistava. “Fascista”, repetiu a presidente.
(…)

Comento
Tanto a presidente como os jornalistas precisam parar de chamar de “fascista” tudo aquilo de que não gostam. Por conta da hegemonia que as esquerdas exercem na imprensa e nos meios culturais, “fascismo” virou sinônimo de tudo o que não presta — e o fascismo, é bom deixar claro, é uma das coisas que não prestam. Mas não pode ser evocado assim, indiscriminadamente.
— Quer pizza de aliche?
— Ah, não, aliche é fascista demais para o meu estômago!

Ou:
— Nossa! Estou com um sapato fascista!
— Como assim?
— Está fazendo bolha no meu pé.

Ou ainda:
— Arrume o seu quarto. Está uma bagunça!
— Ah, pai, que coisa fascista!

Notem: fascismo e socialismo têm a mesmíssima origem, com diferenças de acento. Nem entro agora nessas minudências. Ocorre que Dilma não deve achar isso. Prefere o pensamento convencional, que é mais ideologia do que história: “fascismo = direita”; “socialismo = esquerda”. Assim, dados os parâmetros da presidente, cumpre observar que boa parte da pancadaria está sendo promovida por grupos de esquerda, não de direita. Liberais, por exemplo, são, direitistas — quando a palavra não é tomada como ofensa. Alguém já os viu por aí a interditar avenidas, pontes, viadutos? Acho que não!

Sim, a prática dos arruaceiros lembra gangues fascistas que se manifestaram ao longo da história, mas também remetem às gangues comunistas. Então ficamos assim: é coisa de gente que não reconhece a democracia como um valor inegociável, seja com que viés for. Uma coisa é certa: TODOS OS QUE BOTAM PRA QUEBRAR HOJE SE DIZEM DE ESQUERDA E QUEREM NÃO SÓ FIM DO LIBERALISMO, COMO OS FASCISTAS, MAS O FIM DO CAPITALISMO. Sei que é tarefa grande demais pra eles, mas cada louco com a sua convicção, não? Se Dilma quiser fazer um acordo, fecho com ela assim: TRATA-SE DE FASCISMO DE ESQUERDA!Por Reinaldo Azevedo





01/11/2013 às 19:09


Na VEJA.com:
A balança comercial brasileira acumula um déficit de 1,832 bilhão de dólares no ano, entre os meses de janeiro e outubro, ante um superávit de 17,350 bilhões de dólares em igual período de 2012. O déficit no acumulado do ano é o pior do Brasil em dez meses desde 1998, ano em que foi registrado déficit no período de 5,080 bilhões de dólares. No acumulado do ano, as exportações somam 200,472 bilhões de dólares e as importações, 202,304 bilhões de dólares. Os números foram divulgados nesta sexta-feira pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

No dado mensal, a balança comercial também registrou déficit, de 224 milhões de dólares, o pior resultado para outubro desde 2000, quando foi verificado saldo negativo de 546 milhões de dólares. Segundo o governo, o saldo negativo foi resultado da diferença entre os 22,822 bilhões de dólares em exportações e as importações, no montante de 23,046 bilhões de dólares.

O resultado veio abaixo do esperado pelos especialistas consultados pela Reuters, com projeção de saldo positivo de 1,5 bilhão de dólares. O resultado negativo ocorre depois de dois meses de superávit. Em setembro, a balança comercial havia registrado saldo positivo de 2,147 bilhões de dólares.

Itens
Dados do MDIC mostram que as exportações de todas as categorias de produtos registraram queda nos dez primeiros meses do ano quando comparado ao resultado de igual período de 2012. Os produtos semimanufaturados apresentaram a maior retração, de 8%. O resultado se deve, segundo o governo, principalmente às quedas nas vendas de óleo de soja em bruto, semimanufaturados de ferro/aço e ferro fundido. No sentido oposto, cresceram as vendas de catodos de cobre, couros e peles e celulose.

A exportação de produtos básicos caiu 0,7%, puxada principalmente por algodão em bruto, petróleo em bruto, café em grão e carne suína. Cresceram as vendas de milho em grão, soja em grão, carne bovina e minério de ferro. A queda dos manufaturados foi de 0,1%, principalmente devido à retração nas vendas de aviões, óleos combustíveis e laminados planos. Nessa categoria, cresceram as vendas de plataforma para exportação de petróleo, automóveis de passageiros e hidrocarbonetos e derivados.

Mercados
A exportação para os Estados Unidos ficou 9,2% menor no período devido a motores e geradores elétricos, petróleo em bruto e máquinas para terraplenagem. Para a África, as vendas caíram 8,3% devido à venda menor de trigo em grão, arroz em grão e veículos de carga. Para o Oriente Médio, a queda foi de 7,5%, puxada pelos óxidos e hidróxidos de alumínio e óleo de soja em bruto. Para a Europa Ocidental, a retração foi de 6,2%.

Para América Latina e Caribe, exceto Mercosul, a queda foi de 6,2% e para a União Europeia, diminuição de 2,5%. Cresceram 4,8% as exportações para o Mercosul. Só para a Argentina, houve crescimento de 10,3%. Para a Ásia, o crescimento foi de 4,5%. Só para a China, o crescimento foi de 11,8%.
(com Estadão Conteúdo e Reuters)Por Reinaldo Azevedo





01/11/2013 às 18:39


Recebo aqui um arrazoado, um tantinho mais furioso do que seria o desejável, de um leitor tucano que pede, sei lá por quê, para que não seja publicado. Também não quer ver nome divulgado. Ok e ok. Não sei se tem algum cargo em alguma seção do PSDB. Se tiver, mal nenhum. Eu recuso ofensas e supostos leitores que integram correntes de patrulhamento na Internet. Não é proibido ter opinião. Adiante. Está bravo comigo. Diz que critico, na Folha e aqui, a ausência de propostas do PSDB, mas observa que ignorei projeto de lei do senador Aécio Neves (MG), pré-candidato do partido à Presidência, que incorpora o Bolsa Família à LOAS (Lei Orgânica do Assistência Social). Ele me dá uma bronca: “Você vive cobrando a institucionalização de procedimentos; quando um tucano faz isso, você não reconhece? E se fosse o Serra?”.

Bem, começo ignorando a última pergunta. Enquanto tucanos insistirem nesse tipo de não argumento, não antevejo um bom futuro. Passo para a questão que realmente existe. A VEJA.com, site em que está hospedado meu blog, tratou do assunto. Eu, propriamente, não. Se o tivesse feito, é certo que alguns tucanos não teriam gostado, como não gostarão agora, do que vou escrever.

Se a proposta tem o mérito de acabar com a conversa mole de que este ou aquele, se eleitos, vão extinguir o programa (os petistas vivem fazendo terrorismo eleitoral) — e tem —, a ideia, como norte de política pública, não me agrada. O assistencialismo deixa de ser uma ação suplementar e passa a ser incorporado como um valor. Não gosto disso e dou graças a Deus por não disputar eleições — porque sei que não é uma tese muito popular.

Ocorre que os que escrevem sobre política — e não fazem política — não precisam defender ideias que contem com o assentimento de muitos. Tenho, ademais, algumas dúvidas se a medida é eficaz no que concerne ao embate político-eleitoral propriamente. Embora o Bolsa Família seja, como sabem os que sabem, não mais do que a reunião de programas que vigiam no governo FHC, o fato é que o PT é o criador da marca (não do programa), e não será difícil a Lula investir na contrapropaganda: “Agora estão tentando pegar o que é nosso…”.

Veja bem, meu caro tucano que não quer ter seu nome revelado, essa me parece ser uma agenda reativa, não ativa. É, reconheço, uma forma de fazer política que evita o confronto. É um jeito de ver as coisas. Como gostaria que o PT perdesse as eleições — algum segredo nisso? —, espero que os desdobramentos sejam positivos. Torço, em suma, para estar errado.

Menos médicos
Tenho cá pra mim, nas minhas “vertigens visionárias” (do tempo em que Caetano ficava “nu com a sua música”, em vez de vestir uma máscara de black bloc), que as opções políticas se conformam num balanço de afirmação e negação. E as duas coisas são necessárias. A pura negação é ressentimento e vira expressão de ódios. A pura afirmação vai tornando os atores políticos indistintos. Todos acabam falando uma espécie de linguagem do consenso, que, no fim das contas, não quer dizer muita coisa.

A Folha traz hoje uma uma reportagem de Flavia Foreque e Felipe Coutinho com uma informação que me parece muito grave. Reproduzo trecho (em vermelho):
Um grupo de 48 profissionais que já atua no Mais Médicos foi reprovado no Revalida, exame federal para reconhecer o diploma de medicina obtido no exterior. Eles estão entre os 681 selecionados para a primeira rodada do programa, criado pelo governo federal para enviar médicos para atuar na atenção básica prioritariamente no interior do país. No total, 1.440 candidatos formados no exterior não passaram para a segunda fase do Revalida. Desses, apenas os 48 que fazem parte do Mais Médicos poderão exercer a medicina, já que o programa não exige o reconhecimento do diploma de fora do Brasil. Essa é a principal polêmica envolvendo o programa. Os reprovados podem também exercer a profissão caso consigam validar o diploma em universidade com processo próprio de revalidação.
(…)

Voltei
É muito sério! O que se informa acima é que 7% dos 681 selecionados foram reprovados na tal prova. O número já é escandaloso, mas a coisa é certamente pior do que parece: segundo entendi, esse universo de 681 inclui diplomados no Brasil e no exterior. Que percentual representariam esses 48 se considerados apenas os diplomas oriundos de fora? O que a reportagem constatou é que, no grupo, APENAS UM foi aprovado na primeira fase da prova.

Há mais: entre os 1.140 candidatos que não passaram para a segunda fase do Revalida, só poderão exercer a medicina os que participarem do Mais Médicos. Ou por outra: a competência que não conseguiram demonstrar num exame específico lhes foi conferida cartorialmente pelo governo — DESDE QUE PARA ATENDER OS DESERDADOS DE BANÂNIA. Em último caso, há um certo dar de ombros: “Ah, para pobre, está bom assim…”. Ou ainda: “Para quem não tem nada, qualquer coisa serve…”.

Procurei nesta sexta uma reação do PSDB ou da dupla Eduardo Campos-Marina. Se existiu, não consegui encontrar em lugar nenhum. “VOCÊ É LOUCO, REINALDO? O MAIS MÉDICOS JÁ É UM PROGRAMA POPULAR. OUTRO DIA, NUM PROGRAMA JORNALÍSTICO DA GLOBO, OS MÉDICOS FORAM APLAUDIDOS!” Meninos, eu vi!

Não posso, no entanto, ignorar que já se inventou muita novidade em política, mas nenhuma que anulasse a necessidade de a situação exaltar os acertos e a oposição apontar os erros. Sem isso, fica difícil criar uma marca; fica quase impossível dar uma feição a uma candidatura.

Nessa minha perspectiva, incorporar o Bolsa Família à LOAS é, à diferença do que pensa aquele meu leitor meio furioso, bem menos eficaz, até para a educação política, do que chamar a atenção para o fato de que o governo Dilma está disposto a dar mais médicos para os brasileiros a qualquer custo, ainda que eles sejam, às vezes, “menos médicos” do que deveriam.

Mas fique tranquilo, amigo, torço mesmo para dar certo, se isso o conforta. Falo sério. Ocorre que o compromisso com os leitores do blog e da Folha é dizer o que penso. Ainda que os tempos andem um tanto hostis a essa prática.

PS – O missivista disse que me acha arrogante e reclamou até do fato de que, segundo ele, contraio os olhos quando falo, num sinal, assevera, de “desprezo pelo interlocutor”. Caramba!!! Quando me vejo em vídeo, até acho que arregalo os olhos demais… Fazer o quê? Em todo caso, informo: se contraio os olhos, meu caro, é por causa da miopia, não por causa das minhas certezas. 

Por Reinaldo Azevedo





01/11/2013 às 16:14


Por Maro Cesar Carvalho, na Folha Online:
Um diretor de construções da Brookfield, incorporadora citada nas investigações sobre pagamento de propina para liberar imóveis novos, confirmou hoje de manhã que pagou propina ao grupo de servidores da Prefeitura de São Paulo presos na última quarta-feira. O valor pago aos fiscais foi de R$ 4.124.658,22 para liberar 20 empreendimentos do pagamento do valor total do ISS (Imposto sobre Serviços). Os servidores cobravam comissões para que os empreendedores pagassem menos ISS. A quitação desse imposto é essencial para a obtenção do habite-se, a autorização oficial para o imóvel ser ocupado. O dinheiro da Brookfield foi transferido para a empresa de um dos fiscais envolvidos, Luis Alexandre Cardoso Magalhães.

A Brookfield confessou o pagamento diante das provas apresentadas pelo promotor Roberto Bodini. Ele já conseguira na Justiça a quebra de sigilo da empresa do fiscal na qual constavam transferências de empresas controladas pela Brookfield. Em um dos casos houve pagamento em dinheiro vivo, segundo o depoimento do diretor da Brookfield.
(…)

Por Reinaldo Azevedo





01/11/2013 às 16:09


Por Felipe Frazão e Silvio Navarro, na VEJA.com:
Os auditores fiscais da prefeitura de São Paulo presos sob acusação de participar de um esquema de desvio de recursos do Imposto Sobre Serviços (ISS) montaram suas próprias empresas – a maioria de fachada – para negociar imóveis adquiridos por eles com dinheiro de propina e multiplicar o patrimônio. De acordo com as investigações do Ministério Público Estadual e da Controladoria-Geral do Município, quatro servidores são suspeitos de desviar até 500 milhões de reais dos cofres do município – o grupo é ainda maior, mas os demais integrantes ainda estão sob investigação.

Segundo as investigações, a maioria dos imóveis – muitos deles ainda na planta – comprados pelo grupo era registrada em nome de empresas para revenda, tanto na capital como em Santos (SP), uma das cidades preferidas do grupo. O mesmo ocorria com lanchas, carros e motos de luxo, registrados em nome das empresas. As contas bancárias das empresas também eram usadas para receber propina.

Outra linha de investigação é que essas empresas foram usadas no ramo imobiliário para formação das chamadas Sociedades de Propósitos Específicos (SPE), criadas para a construção de empreendimentos. A constituição de SPEs é legal e comum no ramo imobiliário. Porém, de acordo com as investigações, há suspeitas de que as empresas dos fiscais entraram nos negócios apenas para receber dinheiro de propina de construtoras – ou, em alguns casos, a propina era parte dos imóveis ainda na planta.

Uma das principais empresas é a ALP Administradora de Bens, registrada na Junta Comercial do Estado de São Paulo em nome do fiscal Luis Alexandre Cardoso de Magalhães. A sigla ALP é uma referência às iniciais do nome da mulher do fiscal, sócia da empresa. Com capital avaliado em 1 milhão de reais, a empresa declara sede em um apartamento no bairro de Moema, na Zona Sul da cidade. Foi criada em março de 2009 com objeto social bem claro: gerenciar compra, venda e aluguel de imóveis.

Com o cargo mais baixo no organograma do esquema, Magalhães também é proprietário, desde 2004, da Cardoso & Almeida Construtora e Incorporadora. Apesar de informar que sua finalidade é a construção de imóveis, a empresa tem sede registrada numa rua residencial do Parque Imperial, também na Zona Sul. Antes, ela funcionara no mesmo endereço da ALP, em Moema. O capital social é de 80 000 reais.

Em dezembro de 2009, o auditor Carlos Augusto Di Lallo Leite do Amaral, que foi diretor da divisão de cadastro de imóveis da prefeitura até fevereiro deste ano, abriu a CCBV Administradora de Bens, no bairro da Bela Vista. Com capital de social de 293 500 reais, a CCBV também declara como atividade o gerenciamento de imóveis. Carros importados apreendidos pela Polícia Civil durante a operação com o MPE, como uma Mitsubishi Pajero, também foram registrados em nome da CCBV – iniciais dos nomes dele, da mulher e dos filhos.

Magalhães e Amaral também são sócios formais em duas casas lotéricas que, segundo os promotores, podem ter sido usadas para lavar o dinheiro da propina. Ambos entraram no negócio em abril 2011, quando o esquema operava a todo vapor. Naquele ano, o capital social declarado da Sorte-Shop, que funciona no Shopping West Plaza, na Zona Oeste da cidade, era de 30 000 reais. Atualmente, conforme registro na Junta Comercial do Estado, esse valor saltou para 400 000 reais. A outra lotérica é a Fintib, no Shopping Paulista, com capital de 40 000 reais.

Já o auditor Ronilson Bezerra Rodrigues, ex-subsecretário da Receita Municipal, abriu a Pedra Branca Assessoria e Consultoria com a mulher, Cassiana Manhães Alves, em 2010, num aparamento da Vila Mariana, Zona Sul, bairro onde o casal mora. Em julho do ano passado, Rodrigues levou a sede da empresa para o Largo da Misericórdia, a cerca de 300 metros da prefeitura. E, segundo a investigação, transformou o local no “ninho” da organização criminosa.

O rastreamento da atividade do grupo aponta que eles tinham preferência por restaurantes famosos na capital, vinhos caros e hotéis e flats sofisticados, onde se reuniam semanalmente. Também se revezavam ao volante de um Porsche Cayman amarelo (o modelo novo é avaliado em cerca de 400 000 reais) e duas BMW brancas (com preços em torno de 180 000 reais e 100 000 reais), além de duas motos de 800 cilindradas, que custam 37 000 reais cada – uma Ducati Monster 796 e uma BMW F800R.Por Reinaldo Azevedo





01/11/2013 às 15:58


Na minha coluna desta sexta, na Folha, aponto a tibieza e as irresoluções dos potenciais adversários de Dilma em 2014 e escrevo: “Por que os não-petistas que escolheram Dilma em 2010 deveriam escolher um tucano em 2014? Essa pergunta precisa de resposta”. Muito bem! Abro o Estadão desta sexta e dou de cara com a seguinte manchete de página: “Serra ajuda a aproximar PPS de Campos”.

Não vou aqui duvidar da apuração de ninguém. Quem escreveu certamente ouviu pessoas da política. Passaram-lhe informações ou opiniões que lhe permitiram fazer tal afirmação. Eu falo pouco com políticos, como eles sabem. Escrevo sobre o assunto neste blog, hospedado na VEJA.com, e na Folha, mas, como costumo dizer sempre, a minha fonte é mais a lógica do que os operadores da área. Políticos falam com jornalistas na esperança de ver a sua versão triunfar. Quem acaba sendo mais convincente ou verossímil ganha. Verossimilhança, como é sabido, é critério eficiente para a arte dramática, para a ficção. As ciências sociais só fazem sentido porque entre o verossímil e o verdadeiro existe a realidade.

Alguém realmente acha que o deputado Roberto Freire (SP), presidente do PPS, e o governador Eduardo Campos, que preside o PSB, precisam de José Serra como intermediário para conversar? Alguém realmente acha que esses dois políticos pernambucanos precisam do auxílio de um tucano de São Paulo para tratar da eleição de 2014? Ah, tenham paciência! Não fosse, então, Serra, eles não se falariam?

Um dia antes de anunciar a aliança com o PSB, Marina Silva tinha praticamente agendado um encontro com o comando do PPS, que queria lhe oferecer a sigla — que já havia apostado que o próprio Serra poderia ser o nome da legenda caso deixasse o PSDB. Já faz algum tempo que os tucanos não são tratados como a primeira opção do PPS. Podem vir a ser, mas, creio, isso tem de ser conversado.

Assim…

Assim, de onde nasce essa história de que Roberto Freire precisa que Serra seja o intermediário de um eventual entendimento seu com Eduardo Campos? A hipótese, com todo o respeito, chega a ser ridícula. Digo de onde nasce: DA INCAPACIDADE DE ALGUNS TUCANOS DE PARAR DE FAZER FUTRICA. Creio que nunca se viu nada parecido na política. A determinação com que alguns deles se entregam à fofoca é espantosa e chega a ser quase comovente na sua tosca ingenuidade.

Vamos fazer um teste? Leiam o noticiário que diz respeito aos tucanos — inclusive as colunas de notas que tratam dos bastidores da política —, excluam os textos que façam referência ao embate (ou não embate) entre José Serra e Aécio Neves e vejam o que sobra. Quase nada! Faço aqui um convite aos tucanos: QUE TAL GERAR NOTÍCIAS QUE ESTEJAM RELACIONADAS AO PAÍS E QUE, COMO É O ÓBVIO E O NATURAL NA POLÍTICA, CONTESTEM OS ADVERSÁRIOS? Não lhes parece bacana?

Essa conversa mole só prospera porque plantada num deserto de ideias, o que é lamentável para o país, uma vez que se trata do maior partido de oposição.

De resto, há dados de uma objetividade escandalosa. Aécio não tem o controle de praticamente 100% do partido? Tem. Não será o candidato se quiser? Será. Não é, inclusive, o senhor do tempo, podendo antecipar decisões? Sim! “Ah, é que ele gostaria de contar com o apoio do Serra…” Bem, se gostaria, parece que algo não anda muito bem nas conversas. Com absoluta certeza, a plantação de que este tenta empurrar o PPS para o colo de Campos não ajuda muito — e o hortelão dessa notícia não foi, quero crer, um “serrista”.

Os tucanos deveriam acordar de manhã e se impor algumas missões:
a: prometo não plantar nenhuma notícia contra outro tucano;
b: prometo dizer por que nós somos melhores do que o PT;
c: prometo tentar convencer os brasileiros não petistas a votar na gente;
d: prometo deixar claro o que não funciona no governo Dilma;
e: prometo tentar arrumar novos aliados em vez de perder os que já temos;
f: prometo tentar ser notícia no embate com petistas, não com tucanos.

Evidentemente, essas minhas sugestões procedimentais têm como alvo a conquista da Presidência da República. Se o objetivo, no entanto, for outro e se limitar à tomada do aparelho partidário, com a eliminação de qualquer contestação, bem, nesse caso, os tucanos estão no caminho certo.

Tendo a achar que o eleitorado de oposição merece um pouco mais de consideração.Por Reinaldo Azevedo





01/11/2013 às 14:51


Por Ana Clara Costa, na VEJA.com:
O aumento do imposto predial e territorial urbano (IPTU) de São Paulo, aprovado pela Câmara dos Vereadores em segunda votação na quarta-feira, penaliza de forma injustificada o bolso do contribuinte paulistano e evidencia o expediente irresponsável que alguns municípios usam para tentar equilibrar suas contas. O prefeito Fernando Haddad (PT-SP), autor da ‘facada’, chegou a dizer que sente “alegria” em pagar o tributo — e que ele trará benefícios para a população. A decisão de reajustar o IPTU ocorreu, coincidentemente, depois que a prefeitura cancelou o aumento das tarifas de transporte público — os famosos 20 centavos que foram estopim para as manifestações de junho. Os paulistanos que se sentiram aliviados à época, agora terão de arcar com uma mordida mais dolorida: o aumento será de 20% para imóveis residenciais e 35% para os comerciais.

Aumentar o IPTU é rotina para as administrações municipais porque muitas cidades dependem dessa arrecadação para sobreviver. A questão é que um aumento tão expressivo afeta de maneira súbita o poder de compra do contribuinte não só porque as parcelas do imposto ficam mais caras, mas também porque o comércio — que já vivenciou dias melhores — tende a repassar o seu próprio aumento para os preços dos produtos. Diante da expectativa ruim, as principais associações comerciais do município se uniram à Ordem dos Advogados de São Paulo (SP) na assinatura de um ofício contrário ao aumento do imposto — e que foi, em vão, enviado ao prefeito no início da semana.

Distorções
No jargão tributário, o IPTU é classificado como um imposto ‘real’. Isso significa que ele incide sobre coisas, não pessoas. Assim, o seu reajuste progressivo cria distorções, já que não é baseado na evolução da renda de quem paga (como é o caso do imposto de renda), mas no valor venal do bem a ser tributado. Isso significa que indivíduos que recebem imóveis como herança e não têm, necessariamente, uma renda compatível com o valor do bem, acabam sendo prejudicados na hora da cobrança.

Há casos de disparidade mais extremos e que podem se tornar corriqueiros caso o prefeito aprofunde os reajustes até o final de sua gestão. Ocorrem quando a valorização do imóvel é tanta que o imposto se torna um fardo insustentável para o contribuinte a tal ponto que a única alternativa é desfazer-se do bem. Nestes casos, tais reajustes podem ser considerados inconstitucionais segundo o artigo nº 150 da Constituição Federal, que prevê que os governos não devem utilizar tributos “com fins de confisco”.

Orçamento
O reajuste de Haddad se torna ainda mais irresponsável pelo fato de onerar em até 20% o bolso do contribuinte, enquanto aumentará em apenas 2% a arrecadação do município. A conta é do vereador tucano Andrea Matarazzo, que votou contra o aumento. “Será um impacto mínimo no orçamento com um imenso sacrifício da sociedade”, afirmou. Na proposta orçamentária enviada ao Legislativo em setembro, Haddad estimava uma alta de 1,3 bilhão de reais na arrecadação com IPTU, contando com um aumento de 30% no imposto para residências e 45% para o comércio. A proposta foi revista para baixo, mas a expectativa é que o aumento residual de 10% que não será praticado em 2014, fique para 2015 e 2016. Com isso, a arrecadação prevista para o ano que vem com o novo imposto teve redução de 150 milhões de reais em relação à proposta de setembro, segundo a prefeitura.

Um estudo do economista do Fundo Monetário Internacional (FMI) John Norregaard, publicado em maio deste ano, aponta os benefícios que um aumento progressivo do IPTU podem trazer para os municípios em termos de segurança e melhorias de serviços públicos. O relatório afirma que, em geral, países desenvolvidos cobram impostos mais altos sobre as propriedades e tal receita garante uma maior descentralização política. Ou seja, os municípios se tornam financeiramente mais independentes e ficam menos suscetíveis às amarras políticas que se formam na dinâmica dos pedidos de recursos a governos estaduais e federal.

Contudo, os reajustes no valor venal dos terrenos, aponta o FMI, devem ser justificados pela melhoria dos serviços públicos no entorno da residência. Isso significa que as melhorias devem ocorrer antes de haver o aumento. Mas, tanto a descentralização política quanto a qualidade dos serviços públicos são argumentos que não se sustentam no caso de São Paulo.

Ações coletivas
Diante do aumento abusivo do imposto na capital, o presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), João Eloi Olenike, recomenda que os contribuintes que se sentirem lesados procurem as associações de bairro para que uma ação pública coletiva seja movida contra a prefeitura de São Paulo. “É um método mais eficiente que as ações individuais. O aumento proposto por Haddad se justifica por lei, mas a população pode alegar que houve prática abusiva”, alerta.

Em Recife, uma ação movida em 2012 contra um aumento de 64,7% no IPTU teve decisão favorável da Justiça. O juiz Sérgio Paulo Ribeiro da Silva reconheceu o direito de um contribuinte cujo IPTU havia subido de 5.646,43 reais para 9.287,09 reais em menos de um ano. À época, outras ações individuais tiveram decisões favoráveis em caráter liminar, que reduziam o aumento abusivo tomando por base a inflação de 6,9% verificada no período. “O brasileiro é muito pacífico e é justamente por isso que os governos se aproveitam. Agora, todos estão pensando nas férias de fim de ano. Só vão se preocupar com o IPTU em janeiro do ano que vem”, diz Olenike.Por Reinaldo Azevedo





01/11/2013 às 7:03







01/11/2013 às 6:19


Resolvi manter por mais tempo este texto no alto da página.

José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, discutiu nesta quinta um plano de ação contra os black blocs com os secretários de Segurança de São Paulo e Rio. Deixo Cardozo para depois. Quero começar com Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, segundo homem mais importante do PT, espião de Lula no governo Dilma e, como é mesmo?, “interlocutor dos movimentos sociais”. Isso quer dizer o seguinte, na prática: boa parte dos grupos que saem por aí praticando violência — sem-terra, índios, sem-teto e assemelhados — são “chapas”, como se dizia no meu tempo, de Carvalho. São seus interlocutores. Talvez os black blocs ainda não. Mas serão em breve se tudo sair como ele deu a entender.

Carvalho se disse preocupado com a violência, mas afirmou que não basta “criminalizar a juventude”, como se existisse esse sujeito por trás da bandidagem praticada por mascarados; como se a “juventude” fosse uma categoria que pode se exprimir assim ou assado — inclusive quebrando tudo. Decidiu levantar uma hipótese: “Precisamos entender até que ponto a cultura de violência já vivida na periferia já emigrou para esse tipo de ação”.

Lá vou eu ser chamado de “rottweiler” por dar às coisas o nome que elas têm. A hipótese de Carvalho é pura expressão de delinquência intelectual — e os descontentes que busquem no dicionário o sentido das palavras. A esmagadora maioria das pessoas detidas em atos violentos contra o patrimônio público ou privado não é composta de pobres. O Movimento Passe Livre tentou armar uma bagunça no Capão Redondo, bairro da periferia de São Paulo. Não apareceu ninguém. Os que lá estavam eram, vamos dizer assim, turistas. Pobre tem de trabalhar e não gosta que depredem patrimônio público porque sabe que ele próprio será o prejudicado. Os atos de violência são praticados por endinheirados acostumados à impunidade.

Ocorre que Gilberto Carvalho estava tentando tirar uma casquinha de um evento trágico acontecido em São Paulo. Um jovem de 17 anos foi morto durante uma ação policial. Tudo aponta para um disparo acidental. Mas convém esperar a apuração. O fato é que o policial foi imediatamente preso, sem nenhuma condescendência. Leiam este trecho de reportagem de O Globo (em vermelho):
“Segundo Gilberto, a morte do adolescente Douglas Martins Rodrigues, com um tiro de um policial militar de São Paulo, que provocou violentos protestos, mostra o preconceito contra os jovens de periferia. O ministro disse que, nos treinamentos de policiais, o branco sempre é tratado como vítima e o negro como traficante.”

Volto
Lá vou eu de rottweiler: é uma fala asquerosa, que repete tuítes igualmente asquerosos postados pela assessoria de marketing da presidente Dilma: Douglas era branco, não negro. Na rede social, o perfil da presidente escreveu coisas como:
“Foi com tristeza que soube da morte do jovem Douglas Rodrigues, de apenas 17 anos, na zona Norte de SP”
“Nessa hora de dor, presto minha solidariedade a sua família e amigos”
“Assim como Douglas, milhares de outros jovens negros da periferia são vitimas cotidianas”.
“A violência contra a periferia é a manifestação mais forte da desigualdade no Brasil”.

Vergonha!
É claro que o episódio é lamentável, é trágico. Ocorre que 50 mil pessoas são assassinadas por ano no Brasil — uma média de 137 por dia. É uma carnificina! Qual é a política pública implementada por esta senhora para coibir ou minimizar a violência? Que se saiba, até agora, nenhuma! Onde está, por exemplo, o seu programa de combate ao crack? Em São Paulo, o seu partido fechou leitos de internação para viciados. O seu governo patrocinou em Brasília um evento em favor da descriminação de todas as drogas. A sua marca estava lá.

Poderia, sim, ter se solidarizado com a família de Douglas, mas estava, como Gilberto Carvalho, apenas fazendo uma vil exploração de cadáver, segundo o manual do marketing político petista, que investe permanentemente na divisão da sociedade brasileira em classes, em raças (na verdade, cor da pele), em partidos, em gênero… Ao afirmar que se trata de uma violência do “poder” contra a “periferia” e ao afirmar que o jovem morto era “negro”, as duas autoridades exacerbam conflitos em vez de procurar resolvê-los.

Observem como a fala de Carvalho mistura realidades absolutamente diversas. Ainda que a morte de Douglas fosse — há de se apurar — expressão de uma suposta violência sistemática da PM contra a periferia, o que isso tem a ver com os black blocs? O rapaz que teve a prisão preventiva decretada pela agressão covarde a um coronel da PM é estudante de Relações Internacionais. Tirem as máscaras desses bandidos para ver… Do povo, eles não têm nem a mochila nem os tênis importados.

É de hoje?
Mas esse é Gilberto Carvalho. Não é de hoje que este senhor se comporta como uma espécie de urubu político do que ocorre em São Paulo, estado governado por um partido de oposição. Ora, lembremo-nos do confronto do Pinheirinho. Se você clicar clicar aqui , lerá um post em que demonstro como Paulo Maldos, braço-direito de Carvalho, se envolveu naquele episódio — o mesmo Maldos que está metido até o pescoço na radicalização das invasões de terra promovidas por índios.

Há coincidências que coincidências não são, mas emblemas de uma era, evidências do espírito do tempo. No dia 6 de junho passado (A DATA É IMPORTANTE), publiquei aqui um post com este título:

Não tinha nada a ver com black blocs. É que a Justiça havia mandado suspender a reintegração de posse da fazenda Buritis, em Mato Grosso do Sul. A PF fora lá para cumprir o mandado e foi recebida a bala. Carvalho, em conversa então com lideranças indígenas, afirmou que a presidente tinha determinado que a ordem não fosse cumprida. Isto mesmo: o ministro afirmou que a presidente mandou descumprir uma decisão judicial. FOI NO DIA 6 DE JUNHO QUE O MOVIMENTO PASSE LIVRE ARMOU A PRIMEIRA BAGUNÇA VIOLENTA EM SÃO PAULO.

Quando o governo de São Paulo e a Prefeitura da capital tentaram retomar a área da Cracolância, contaram, claro!, com a oposição de Gilberto Carvalho. Durante os duros enfrentamentos com os baderneiros, nas jornadas de junho, lá estava Carvalho para, a exemplo do que faz agora, passar a mão na cabeça de vândalos e demonizar a polícia. Mas ninguém teve a notícia de que Dilma ou seu secretário-geral tenham se solidarizado com o coronel Reynaldo Rossi, que só não foi morto por um bando de trogloditas porque estes foram contidos por um policial de arma em punho.

E com esses patriotas que Carvalho quer conversar. De algum modo, de sua fala, depreende-se que a culpa original é da Polícia de São Paulo.

Embora Dilma tenha pertencido à VAR-Palmares, Carvalho é hoje o ponto mais próximo deste governo com a luta armada. Não, meus caros! Não é mais aquele confronto nos moldes imaginados, ambicionados e realizados pelos socialistas d’antanho. Trata-se apenas do confronto de todos contra todos que é sempre útil à causa petista.

De resto, notem: durante algum tempo, com efeito, as manifestações chegaram a ter um caráter quase popular e mobilizaram pessoas que, de fato, estavam descontentes com o governo e com os serviços vergonhosos oferecidos pelo estado, a despeito de este país ter uma das cargas tributárias mais elevadas do mundo. Isso, sim, chegou a preocupar o PT.

Quando Carvalho naturaliza os black blocs e faz deles, na prática, interlocutores, tem uma garantia razoável de que o homem comum e os pobres em geral ficarão longe das ruas. A Carvalho e a seu partido interessa que essa canalha troglodita (peço desculpas àquela senhora pelo rosnado…) monopolize os protestos. Enquanto a rua pertencer aos vândalos, a população fica em casa, trancada.

PS – Já me alonguei demais. Cardozo fica para o próximo post.
Texto publicado originalmente às 19h12 desta quintaPor Reinaldo Azevedo





01/11/2013 às 6:17


Seguem o primeiro e o último parágrafo da minha coluna na Folha desta sexta.
*
A um ano da eleição, a situação de Dilma Rousseff é muito menos confortável do que alardeia o PT. Mais Médicos, leilão do pré-sal, crédito para beneficiários do Minha Casa, Minha Vida, onipresença nas TVs, reação à suposta espionagem dos EUA, o que excita o ressentimento nacionalista de exaltação… Está na casa dos 40% das intenções de voto. A tibieza dos adversários, mais do que a força da petista, é que projeta um futuro. Quem é entusiasta de Dilma? Muita gente quer mudar. Mas com que roupa?, perguntaria o sambista. Eis o busílis.
(…)
“Liberdade é, apenas e exclusivamente, a liberdade dos que pensam de modo diferente.” A frase já foi um clichê na boca de esquerdistas que se opunham ou à ditadura ou a supostos consensos que, na democracia, não eram do seu agrado. Poderia ter sido dita pela liberal-libertária Ayn Rand, mas a autora é a comunista Rosa Luxemburgo. Confrontava Lênin, que mandou às favas a Assembleia Constituinte. No seu equívoco, Rosa tinha a honestidade dos ingênuos, mas revoluções são conduzidas pelo cálculo dos cínicos. A liberdade perdeu. A múmia de Lênin fede. Seu cadáver ainda procria.

Íntegra aquiPor Reinaldo Azevedo





01/11/2013 às 6:15


Ele não foi.


Ele não foi.


Ela também não foi.

Parece piada, mas é verdade. Vocês se lembram do vídeo gravado por algumas celebridades globais convocando um protesto para esta quinta-feira, certo? Falavam, cheios de moral e indignação, Wagner Moura, Leandra Leal, Marcos Palmeira e Mariana Ximenes, entre outros. Também o juiz “para a democracia” João Damasceno participou da convocação.

Apareceram umas 500 pessoas, muitas delas com a cara mascarada. O ato era em favor do direito de protestar, como se isso fosse proibido. Os bacanas pediam ainda:
- fim das prisões políticas (não há presos políticos no Brasil);
- desmilitarização da PM (eles não têm a menor ideia do que isso significa);
- fim da pacificação armada (querem que arma seja monopólio de bandido?);
- democratização dos meios de comunicação (isso sempre quer dizer censura e controle, como na Argentina).

Em todo caso, esse último item da pauta poderia ter sido enviado na forma de um abaixo-assinado para a direção da Globo, não? O grupo é grande. Se for “democratizado” — e isto é uma ironia —, já será um pedação de democracia, não? Eis uma passeata que eles poderiam ter liderado dentro do Projac…

O mais impressionante é que os próprios bacanas não compareceram. Leio na Folha que, dos que estrelam o vídeo, apenas os atores Luiz Henrique Nogueira e Tereza Seiblitz e o poeta Chacal acompanharam a marcha. O Globo informa que Leandra também foi. Entendo: Moura, Ximenes e Palmeira são pensadores. Podem dispensar a ação propriamente. Vai que os black blocs comecem a pedir autógrafos… Imaginem o constrangimento que é isso num momento de eclosão revolucionária.

Mortes
Há o Rio que não tem progressismo com vista para o mar. Há o Rio que está fora do reino da fantasia do Projac. Há, em suma, o Rio da vida real. Enquanto os bacanas botavam pra fora o seu “je ne sais quoi”, uma criança de oito anos, Kayo da Silva Costa, e um policial militar morriam numa ação orquestrada por bandidos para invadir o fórum do Tribunal de Justiça em Bangu. Eles tentavam resgatar Alexandre Bandeira de Melo, chefe do tráfico no Morro do 18, que prestaria depoimento como testemunha em um processo sobre tráfico. Vejam aí a fato de Jadson Marques, da Agência Globo, que exibe um corpo estendido no chão.


O menino tinha oito anos e estava indo treinar futebol de salão do Bangu Atlético Clube. Foi atingido por uma bala e morreu.

Na segunda-feira, os pais de Kayo (foto) não vão quebrar nada. Isso é privilégio que não podem se conceder.

Por Reinaldo Azevedo

Tags: Rio, violência




31/10/2013 às 22:38

Protesto contra elevação do IPTU em frente ao MASP: sem máscaras e sem violência(Dario Oliveira – Futurapress/Folhapress)

Manifestantes fizeram na noite de hoje um protesto contra o aumento do IPTU em frente à casa do prefeito Fernando Haddad (PT), na Vila Mariana, zona sul de São Paulo. Algumas pessoas cobriram os rostos. O protesto começou na região do Masp com 250 pessoas, por volta das 18h40, segundo a PM. Em marcha, os manifestantes chegaram a interditar a avenida Paulista no sentido Paraíso. O grupo diminuiu para cerca de 60 pessoas, de acordo com a Polícia Militar, que acompanhou o protesto. Por volta das 21h30, o ato deixou a rua do prefeito. A avenida Paulista foi bloqueada novamente no sentido Paraíso. Segundo a polícia, uma pessoa foi detida porque levava uma barra de ferro.

O prefeito Fernando Haddad (PT) disse que não voltará atrás na decisão de reajustar o IPTU em São Paulo, mesmo diante da pressão de entidades de comércio e indústria e associações de moradores. Juntas elas prometeram ir à Justiça contra o aumento do IPTU em São Paulo, aprovado na Câmara. “Não vamos voltar atrás mesmo se a Justiça for acionada”, disse hoje Haddad. Pelo projeto aprovado, por 29 votos (houve 26 contrários), o reajuste em 2014 será de até 20% para residências e até 35% para os demais imóveis. A partir de 2015, os limites serão de 10% e 15%.
(…)

Por Reinaldo Azevedo







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-O coletivismo é a negação da liberdade, porquanto a sede da liberdade é o indivíduo. Tanto é que a pena mais severa na história da humanidade é a privação da liberdade. A essência da liberdade é una e indivisível e daí a designação do sujeito como "indivíduo".

Aluízio Amorim

Filósofa russa Ayn Rand :



“Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada.”



Ayn Rand nasceu em São Petersburgo em 1905