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Se em meu ofício, ou arte severa,/ Vou labutando, na quietude/ Da noite, enquanto, à luz cantante/ De encapelada lua jazem/ Tantos amantes que entre os braços/ As próprias dores vão estreitando —/ Não é por pão, nem por ambição,/ Nem para em palcos de marfim/ Pavonear-me, trocando encantos,/ Mas pelo simples salário pago/ Pelo secreto coração deles. (Dylan Thomas — Tradução de Mário Faustino)
01/11/2013 às 7:03
LEIAM ABAIXO
Por Reinaldo Azevedo
01/11/2013 às 6:19
Resolvi manter por mais tempo este texto no alto da página.
José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, discutiu nesta quinta um plano de ação contra os black blocs com os secretários de Segurança de São Paulo e Rio. Deixo Cardozo para depois. Quero começar com Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, segundo homem mais importante do PT, espião de Lula no governo Dilma e, como é mesmo?, “interlocutor dos movimentos sociais”. Isso quer dizer o seguinte, na prática: boa parte dos grupos que saem por aí praticando violência — sem-terra, índios, sem-teto e assemelhados — são “chapas”, como se dizia no meu tempo, de Carvalho. São seus interlocutores. Talvez os black blocs ainda não. Mas serão em breve se tudo sair como ele deu a entender.
Carvalho se disse preocupado com a violência, mas afirmou que não basta “criminalizar a juventude”, como se existisse esse sujeito por trás da bandidagem praticada por mascarados; como se a “juventude” fosse uma categoria que pode se exprimir assim ou assado — inclusive quebrando tudo. Decidiu levantar uma hipótese: “Precisamos entender até que ponto a cultura de violência já vivida na periferia já emigrou para esse tipo de ação”.
Lá vou eu ser chamado de “rottweiler” por dar às coisas o nome que elas têm. A hipótese de Carvalho é pura expressão de delinquência intelectual — e os descontentes que busquem no dicionário o sentido das palavras. A esmagadora maioria das pessoas detidas em atos violentos contra o patrimônio público ou privado não é composta de pobres. O Movimento Passe Livre tentou armar uma bagunça no Capão Redondo, bairro da periferia de São Paulo. Não apareceu ninguém. Os que lá estavam eram, vamos dizer assim, turistas. Pobre tem de trabalhar e não gosta que depredem patrimônio público porque sabe que ele próprio será o prejudicado. Os atos de violência são praticados por endinheirados acostumados à impunidade.
Ocorre que Gilberto Carvalho estava tentando tirar uma casquinha de um evento trágico acontecido em São Paulo. Um jovem de 17 anos foi morto durante uma ação policial. Tudo aponta para um disparo acidental. Mas convém esperar a apuração. O fato é que o policial foi imediatamente preso, sem nenhuma condescendência. Leiam este trecho de reportagem de O Globo (em vermelho):
“Segundo Gilberto, a morte do adolescente Douglas Martins Rodrigues, com um tiro de um policial militar de São Paulo, que provocou violentos protestos, mostra o preconceito contra os jovens de periferia. O ministro disse que, nos treinamentos de policiais, o branco sempre é tratado como vítima e o negro como traficante.”
Volto
Lá vou eu de rottweiler: é uma fala asquerosa, que repete tuítes igualmente asquerosos postados pela assessoria de marketing da presidente Dilma: Douglas era branco, não negro. Na rede social, o perfil da presidente escreveu coisas como:
“Foi com tristeza que soube da morte do jovem Douglas Rodrigues, de apenas 17 anos, na zona Norte de SP”
“Nessa hora de dor, presto minha solidariedade a sua família e amigos”
“Assim como Douglas, milhares de outros jovens negros da periferia são vitimas cotidianas”.
“A violência contra a periferia é a manifestação mais forte da desigualdade no Brasil”.
Vergonha!
É claro que o episódio é lamentável, é trágico. Ocorre que 50 mil pessoas são assassinadas por ano no Brasil — uma média de 137 por dia. É uma carnificina! Qual é a política pública implementada por esta senhora para coibir ou minimizar a violência? Que se saiba, até agora, nenhuma! Onde está, por exemplo, o seu programa de combate ao crack? Em São Paulo, o seu partido fechou leitos de internação para viciados. O seu governo patrocinou em Brasília um evento em favor da descriminação de todas as drogas. A sua marca estava lá.
Poderia, sim, ter se solidarizado com a família de Douglas, mas estava, como Gilberto Carvalho, apenas fazendo uma vil exploração de cadáver, segundo o manual do marketing político petista, que investe permanentemente na divisão da sociedade brasileira em classes, em raças (na verdade, cor da pele), em partidos, em gênero… Ao afirmar que se trata de uma violência do “poder” contra a “periferia” e ao afirmar que o jovem morto era “negro”, as duas autoridades exacerbam conflitos em vez de procurar resolvê-los.
Observem como a fala de Carvalho mistura realidades absolutamente diversas. Ainda que a morte de Douglas fosse — há de se apurar — expressão de uma suposta violência sistemática da PM contra a periferia, o que isso tem a ver com os black blocs? O rapaz que teve a prisão preventiva decretada pela agressão covarde a um coronel da PM é estudante de Relações Internacionais. Tirem as máscaras desses bandidos para ver… Do povo, eles não têm nem a mochila nem os tênis importados.
É de hoje?
Mas esse é Gilberto Carvalho. Não é de hoje que este senhor se comporta como uma espécie de urubu político do que ocorre em São Paulo, estado governado por um partido de oposição. Ora, lembremo-nos do confronto do Pinheirinho. Se você clicar clicar aqui , lerá um post em que demonstro como Paulo Maldos, braço-direito de Carvalho, se envolveu naquele episódio — o mesmo Maldos que está metido até o pescoço na radicalização das invasões de terra promovidas por índios.
Há coincidências que coincidências não são, mas emblemas de uma era, evidências do espírito do tempo. No dia 6 de junho passado (A DATA É IMPORTANTE), publiquei aqui um post com este título:
Não tinha nada a ver com black blocs. É que a Justiça havia mandado suspender a reintegração de posse da fazenda Buritis, em Mato Grosso do Sul. A PF fora lá para cumprir o mandado e foi recebida a bala. Carvalho, em conversa então com lideranças indígenas, afirmou que a presidente tinha determinado que a ordem não fosse cumprida. Isto mesmo: o ministro afirmou que a presidente mandou descumprir uma decisão judicial. FOI NO DIA 6 DE JUNHO QUE O MOVIMENTO PASSE LIVRE ARMOU A PRIMEIRA BAGUNÇA VIOLENTA EM SÃO PAULO.
Quando o governo de São Paulo e a Prefeitura da capital tentaram retomar a área da Cracolância, contaram, claro!, com a oposição de Gilberto Carvalho. Durante os duros enfrentamentos com os baderneiros, nas jornadas de junho, lá estava Carvalho para, a exemplo do que faz agora, passar a mão na cabeça de vândalos e demonizar a polícia. Mas ninguém teve a notícia de que Dilma ou seu secretário-geral tenham se solidarizado com o coronel Reynaldo Rossi, que só não foi morto por um bando de trogloditas porque estes foram contidos por um policial de arma em punho.
E com esses patriotas que Carvalho quer conversar. De algum modo, de sua fala, depreende-se que a culpa original é da Polícia de São Paulo.
Embora Dilma tenha pertencido à VAR-Palmares, Carvalho é hoje o ponto mais próximo deste governo com a luta armada. Não, meus caros! Não é mais aquele confronto nos moldes imaginados, ambicionados e realizados pelos socialistas d’antanho. Trata-se apenas do confronto de todos contra todos que é sempre útil à causa petista.
De resto, notem: durante algum tempo, com efeito, as manifestações chegaram a ter um caráter quase popular e mobilizaram pessoas que, de fato, estavam descontentes com o governo e com os serviços vergonhosos oferecidos pelo estado, a despeito de este país ter uma das cargas tributárias mais elevadas do mundo. Isso, sim, chegou a preocupar o PT.
Quando Carvalho naturaliza os black blocs e faz deles, na prática, interlocutores, tem uma garantia razoável de que o homem comum e os pobres em geral ficarão longe das ruas. A Carvalho e a seu partido interessa que essa canalha troglodita (peço desculpas àquela senhora pelo rosnado…) monopolize os protestos. Enquanto a rua pertencer aos vândalos, a população fica em casa, trancada.
PS – Já me alonguei demais. Cardozo fica para o próximo post.
Texto publicado originalmente às 19h12 desta quintaPor Reinaldo Azevedo
01/11/2013 às 6:17
Seguem o primeiro e o último parágrafo da minha coluna na Folha desta sexta.
*
A um ano da eleição, a situação de Dilma Rousseff é muito menos confortável do que alardeia o PT. Mais Médicos, leilão do pré-sal, crédito para beneficiários do Minha Casa, Minha Vida, onipresença nas TVs, reação à suposta espionagem dos EUA, o que excita o ressentimento nacionalista de exaltação… Está na casa dos 40% das intenções de voto. A tibieza dos adversários, mais do que a força da petista, é que projeta um futuro. Quem é entusiasta de Dilma? Muita gente quer mudar. Mas com que roupa?, perguntaria o sambista. Eis o busílis.
(…)
“Liberdade é, apenas e exclusivamente, a liberdade dos que pensam de modo diferente.” A frase já foi um clichê na boca de esquerdistas que se opunham ou à ditadura ou a supostos consensos que, na democracia, não eram do seu agrado. Poderia ter sido dita pela liberal-libertária Ayn Rand, mas a autora é a comunista Rosa Luxemburgo. Confrontava Lênin, que mandou às favas a Assembleia Constituinte. No seu equívoco, Rosa tinha a honestidade dos ingênuos, mas revoluções são conduzidas pelo cálculo dos cínicos. A liberdade perdeu. A múmia de Lênin fede. Seu cadáver ainda procria.
Íntegra aquiPor Reinaldo Azevedo
Tags: Eleições 2014, intolerância
01/11/2013 às 6:15
Ele não foi.
Ele não foi.
Ela também não foi.
Parece piada, mas é verdade. Vocês se lembram do vídeo gravado por algumas celebridades globais convocando um protesto para esta quinta-feira, certo? Falavam, cheios de moral e indignação, Wagner Moura, Leandra Leal, Marcos Palmeira e Mariana Ximenes, entre outros. Também o juiz “para a democracia” João Damasceno participou da convocação.
Apareceram umas 500 pessoas, muitas delas com a cara mascarada. O ato era em favor do direito de protestar, como se isso fosse proibido. Os bacanas pediam ainda:
- fim das prisões políticas (não há presos políticos no Brasil);
- desmilitarização da PM (eles não têm a menor ideia do que isso significa);
- fim da pacificação armada (querem que arma seja monopólio de bandido?);
- democratização dos meios de comunicação (isso sempre quer dizer censura e controle, como na Argentina).
Em todo caso, esse último item da pauta poderia ter sido enviado na forma de um abaixo-assinado para a direção da Globo, não? O grupo é grande. Se for “democratizado” — e isto é uma ironia —, já será um pedação de democracia, não? Eis uma passeata que eles poderiam ter liderado dentro do Projac…
O mais impressionante é que os próprios bacanas não compareceram. Leio na Folha que, dos que estrelam o vídeo, apenas os atores Luiz Henrique Nogueira e Tereza Seiblitz e o poeta Chacal acompanharam a marcha. O Globo informa que Leandra também foi. Entendo: Moura, Ximenes e Palmeira são pensadores. Podem dispensar a ação propriamente. Vai que os black blocs comecem a pedir autógrafos… Imaginem o constrangimento que é isso num momento de eclosão revolucionária.
Mortes
Há o Rio que não tem progressismo com vista para o mar. Há o Rio que está fora do reino da fantasia do Projac. Há, em suma, o Rio da vida real. Enquanto os bacanas botavam pra fora o seu “je ne sais quoi”, uma criança de oito anos, Kayo da Silva Costa, e um policial militar morriam numa ação orquestrada por bandidos para invadir o fórum do Tribunal de Justiça em Bangu. Eles tentavam resgatar Alexandre Bandeira de Melo, chefe do tráfico no Morro do 18, que prestaria depoimento como testemunha em um processo sobre tráfico. Vejam aí a fato de Jadson Marques, da Agência Globo, que exibe um corpo estendido no chão.
O menino tinha oito anos e estava indo treinar futebol de salão do Bangu Atlético Clube. Foi atingido por uma bala e morreu.
Na segunda-feira, os pais de Kayo (foto) não vão quebrar nada. Isso é privilégio que não podem se conceder.
31/10/2013 às 22:38
- Protesto contra elevação do IPTU em frente ao MASP: sem máscaras e sem violência(Dario Oliveira – Futurapress/Folhapress)
Na Folha Online:
Manifestantes fizeram na noite de hoje um protesto contra o aumento do IPTU em frente à casa do prefeito Fernando Haddad (PT), na Vila Mariana, zona sul de São Paulo. Algumas pessoas cobriram os rostos. O protesto começou na região do Masp com 250 pessoas, por volta das 18h40, segundo a PM. Em marcha, os manifestantes chegaram a interditar a avenida Paulista no sentido Paraíso. O grupo diminuiu para cerca de 60 pessoas, de acordo com a Polícia Militar, que acompanhou o protesto. Por volta das 21h30, o ato deixou a rua do prefeito. A avenida Paulista foi bloqueada novamente no sentido Paraíso. Segundo a polícia, uma pessoa foi detida porque levava uma barra de ferro.
O prefeito Fernando Haddad (PT) disse que não voltará atrás na decisão de reajustar o IPTU em São Paulo, mesmo diante da pressão de entidades de comércio e indústria e associações de moradores. Juntas elas prometeram ir à Justiça contra o aumento do IPTU em São Paulo, aprovado na Câmara. “Não vamos voltar atrás mesmo se a Justiça for acionada”, disse hoje Haddad. Pelo projeto aprovado, por 29 votos (houve 26 contrários), o reajuste em 2014 será de até 20% para residências e até 35% para os demais imóveis. A partir de 2015, os limites serão de 10% e 15%.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Fernando Haddad, IPTU
31/10/2013 às 22:04
Se os black blocs formassem um grupo organizado, coeso, com um centro decisório, seus membros poderiam estar rindo de orelha a orelha — escondidas debaixo de um capuz, é claro! José Eduardo Cardozo, o Garboso, encontrou-se com os secretários de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella, e do Rio, José Mariano Beltrame, para discutir medidas para conter a violência.
E sabem o que eles combinaram? Nada! Acho que a reunião pode ter servido para marcar outra reunião. Entre as ações, estaria a adoção de um protocolo comum de ação entre as duas polícias, seja lá o que isso signifique.
Afirmar ser possível uma estratégia comum supõe que, do outro lado, exista também um discurso organizado. Mas não há nada. Tudo se resolve com certa simplicidade: cumprimento da lei. Eis uma boa ideia. Desde, é claro, que não se tope com algum “juiz para a democracia” que considere que coibir mascarados é coisa de estado autoritário…
Nem mesmo uma declaração política forte contra a violência existe. Foi uma reunião em torno do nada para decidir coisa nenhuma. Leiam o que informa Gabriel Castro, na VEJA.com.
*
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, se reuniu nesta quinta-feira com o secretários de Segurança de São Paulo, Fernando Grella Vieira, e do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, para traçar um plano de ação no combate aos grupos de vândalos que têm atuado em protestos. Após o encontro, o trio anunciou intenções de realizar um trabalho integrado, especialmente na área de inteligência. Mas, de concreto, quase nada foi decidido
Foram duas horas de reunião. No encontro, os secretários de Segurança defenderam mudanças na legislação. Cardozo se comprometeu a agendar um encontro com os presidentes do Conselho Nacional de Justiça, Joaquim Barbosa, e do Conselho Nacional do Ministério público, Rodrigo Janot, para sugerir novas regras que permitam um combate mais duro aos grupos criminosos que atuam em manifestações.
Entre as propostas, estão a elevação da pena para o crime de dano (cuja pena máxima atualmente é de seis meses) e a aplicação de um agravante em caso de agressão a policiais. “O policial precisa ter uma garantia de que, quando ele apresenta alguém em uma delegacia, aquilo termine em uma ação penal”, afirmou Beltrame.
Cardozo disse que as autoridades de segurança vão acompanhar de perto as atividades dos grupos violentos para prevenir ataques, e negou que isso signifique um monitoramento de movimentos sociais pacíficos. Os órgãos de inteligência, afirmou o ministro, vão “prevenir práticas ilícitas por meio de sanções legalmente estabelecidas”.
O ministro afirmou também que pode acionar a Polícia Federal para coibir a atuação de grupos violentos. “Não podemos concordar com as situações de abuso e de ilegalidade que vêm ocorrendo em algumas manifestações”, disse.
Por outro lado, o grupo concordou em criar um protocolo unificado para padronizar a atuação das polícias do Rio e de São Paulo durante os protestos. O objetivo é impedir abusos e facilitar a negociação com os manifestantes.Por Reinaldo Azevedo
31/10/2013 às 21:20
José Eduardo Cardozo agora acha necessário organizar uma ação contra os black blocs? Pois é… Que coisa, não? A primeira manifestação promovida pelo Movimento Passe Livre, em São Paulo, ocorreu no dia 6 de junho. Não houve a chamada “violência policial”. Só os manifestantes botaram para, literalmente, quebrar e queimar. No dia 7, informava a Folha:
““Em protesto contra a elevação da tarifa de ônibus, metrô e trens em São Paulo, manifestantes entraram em confronto com a Polícia Militar, interditaram vias e provocaram cenas de vandalismo ontem à noite na região central. O ato levou à interdição de vias como 23 de Maio, Nove de Julho e Paulista na hora de pico. Estações de metrô foram depredadas e fecharam. No centro e na Paulista, quebraram placas, picharam muros e ônibus, atearam fogo, provocaram danos a um shopping e ao Masp. Os manifestantes são ligados ao Movimento Passe Livre, liderado por estudantes e alas radicais de partidos.”
O Passe Livre não deu trégua. No dia 7, promoveu outro quebra-quebra, também notavelmente violento. Mais uma vez, a Polícia Militar evitou o confronto. Novas depredações, incêndios, quebra-quebras, aí com o fechamento das marginais, causando um colapso na cidade. Os mascarados já estavam lá, atuando junto com o Passe Livre. Os jornais do dia 8 de junho traziam o devido registro.
Estava na cara que havia algo estranho no ar. Muito bem! No dia 9 de junho, o Estadão de domingo chega às bancas com uma estranha entrevista de José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, tornada manchete. O alvo principal: o governador Geraldo Alckmin, em particular a política de segurança pública. Era um domingo.
Na terça-feira, dia 11 de junho, o Passe Livre e os black blocs voltaram às ruas. A violência chegava ao paroxismo. Coquetéis Molotov foram lançados contra a polícia. Um policial foi linchado. Assim evidenciavam os jornais no dia 12.
Estão acompanhando?
Até aqui, três de seis dias dedicados à depredação e à violência, com a Polícia Militar fazendo um trabalho praticamente de contenção. Entre esses dias, uma entrevista do ministro da Justiça atacando o governador. Observem que estou documentando tudo.
Aí veio a tragédia do dia 13. O Passe Livre voltou às ruas ainda mais disposto ao confronto e à pauleira. Aqui e ali já se colhiam na imprensa sinais de simpatia pelos vândalos. Mas como endossar as práticas terroristas? Era preciso que um valor mais alto se alevantasse. Jornalistas, no geral, têm mais ódio da polícia do que de bandidos com uma “boa causa”. Sei que frases como essa não me rendem uma boa fama. Escrevo o que quero. Não devo satisfações a aiatolás do pensamento. Pois bem: nesse dia, a tropa de choque combinou com “os meninos” (como diria um repórter de TV…) que eles não romperiam o cordão de policiais rumo à Avenida Paulista. Não adiantou. Eles romperam. E o pau comeu. A Polícia Militar reagiu com bombas de gás e de efeito moral e balas de borracha. Jornalistas foram alvejados. Aí a coisa toda mudou de figura, como se via no dia 14.
Uma imprensa que já estava doida para aderir encontrou ali o pretexto de que precisava. E que se note: não estou endossando a ação da PM naquele dia. Foi exagerada, atabalhoada, desorganizada. Mas não muda a moral da história.
A PM passava a ser a vilã. E os protagonistas da truculência dos dias 6, 7 e 11 eram tratados como heróis que estivessem lutando contra um estado autoritário. As TVs, em especial, passaram a dar aos trogloditas a grandeza de resistência civil. A GloboNews, por exemplo, entrou em rimo de AL Jazeera cobrindo a Primavera Árabe. A diferença nada ligeira é que o Brasil é um estado democrático.
CARDOZO DE NOVO!
Naquele mesmo dia 13, com a cidade tomada pelo caos — eu voltava de uma palestra no Rio e fiquei quase cinco horas preso no Aeroporto de Congonhas porque meu bairro estava sitiado por vândalos —, Cardozo concedeu uma entrevista aos portais oferecendo “ajuda” ao governador Geraldo Alckmin. Não telefonou, não conversou, não procurou nem foi procurado. Falava pela imprensa. Tirava uma casquinha. Fazia de conta que o problema era de São Paulo.
No dia 17, marca-se outra manifestação em São Paulo. A Polícia aceita as condições dos trogloditas que haviam vandalizado a cidade no dias 6, 7, 11 e 13: nada de tropa de choque, nada de bala de borracha, nada de bombas e nada de restrição a áreas de protesto. Qualquer lugar é lugar. Tudo pode e tudo vale. Os petistas aderiram ao protesto. Já não era mais pelos 20 centavos, dizia-se, mas por cidadania, sei lá o quê. Algo começava a sair do planejado: em São Paulo, a convocação reuniu 65 mil pessoas. A do Rio, que seria apenas em solidariedade, juntou mais de 100 mil… Epa!!!
No dia 18 de junho, aí era a Folha que trazia outra entrevista de José Eduardo Cardozo, também contra o governo de São Paulo, com ataques diretos à Polícia.
Concedida no dia 17, antes do término das manifestações, este gênio usou como exemplo bem-sucedidos as polícias do Rio e do Distrito Federal:
“O que vi em SP, e as câmeras mostraram, é de uma evidência solar que houve abuso. Vi o que aconteceu no Distrito Federal e no Rio. Padrões de comportamento bem diferentes”.
Patético! Naquele dia 17, não houve violência em São Paulo. Alguns bananas tentaram invadir os jardins do Palácio dos Bandeirantes, mas nada muito grave. No Rio, no entanto, um dos bons exemplos de Cardozo, assistiu-se aos caos, como isto aqui:
Brasília
O ministro da Justiça que “ofereceu” ajuda a Alckmin no dia 13, que já o havia atacado no dia 9 e que censurou a polícia de São Paulo no dia 17, tinha tudo para organizar, então, com o seu aliado Agnelo Queiroz (PT), governador do Distrito Federal, uma ação preventiva exemplar quando o protesto chegou ao Distrito Federal, certo?
Pois bem! No dia 20, o caos se instalou em Brasília. Meteram fogo no Itamaraty. E ninguém ouviu a voz de Cardozo, o chefe da Polícia Federal e o homem que pode acionar a Força Nacional de Segurança. Vejam.
Setores importantes da imprensa, as esquerdas de modo geral e o governo federal promoveram a demonização da Polícia Militar de São Paulo, que logo virou a demonização de qualquer polícia. Também se inventou a mentira estúpida de que manifestantes eram uma coisa, e baderneiros, outra. Chegou a ser por um brevíssimo período. Logo, os chefes dos protestos deixaram claro que os mascarados eram a sua tropa de choque e que eles estavam juntos.
A violência que José Eduardo Cardozo agora diz querer combater é a mesma que ele e seu governo, por atos e omissões, estimularam. Em São Paulo, muitos patriotas estavam certos de que a confusão lhes seria eleitoralmente útil. Deu no que deu.
Este não é um texto de opinião. É um texto com fatos e fotos.Por Reinaldo Azevedo
31/10/2013 às 17:53
José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, está reunido com Fernando Grella e José Mariano Beltrame, secretários de Segurança Pública, respectivamente, de São Paulo e Rio, para discutir um plano de ação contra o vandalismo praticado pelos chamados black blocs. Pois é… Estou devendo o post que vem em seguida. Vou lembrar como agia o ministro em junho, quando tudo começou. E terei de comentar também as declarações de Gilberto Carvalho, aquele que quer bater um papinho com os mascarados e que, mais uma vez, resolveu tirar uma casquinha de uma tragédia havida em São Paulo. Gente que não respeita os vivos não tem por que respeitar os mortos.Por Reinaldo Azevedo
31/10/2013 às 17:35
Na VEJA.com:
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sinalizou nesta quinta-feira a possibilidade de prorrogar novamente o prazo de vencimento de um empréstimo para a OSX. No último dia 15, a empresa de construção naval do grupo EBX fechou acordo para prorrogar por um mês o prazo de pagamento de um empréstimo de 518 milhões de reais. Agora, a intenção do banco é prorrogar por mais tempo. “A OSX é uma empresa que tem muitos ativos valiosos”, disse o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, na manhã desta quinta-feira, ao deixar uma reunião da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), no Rio. “É uma empresa que pode ser solucionada e dar tempo para que se tenham as soluções é uma estratégia sensata”, afirmou.
O receio dos investidores com a saúde financeira das companhias do grupo EBX disparou recentemente, em meio à derrocada da petroleira OGX, uma das principais clientes da OSX e que pediu recuperação judicial na quarta-feira. Há rumores de que o mesmo caminho esteja sendo desenhado para a empresa de construção naval. Mas os executivos negaram a concordata, em nota enviada à Reuters.
BNDES
Segundo Coutinho, não há “exposição de crédito não garantido do banco” às empresas do Grupo EBX. Todos os empréstimos, como o empréstimo-ponte do estaleiro OSX e o financiamento às obras de revitalização do Hotel Glória, um dos mais tradicionais do Rio, têm garantia bancária.
No caso das obras do hotel, que pertence à REX, empresa de empreendimentos imobiliários de Eike (de capital fechado), a exposição é inferior a 50 milhões de reais. O empréstimo total contratado é de 190 milhões de reais. “Foi desembolsada uma fração muito pequena (para o hotel) e tem fiança bancária. Esperamos equacionar isso. Também não representa risco de perda para o banco”, afirmou Coutinho, ao deixar reunião com empresários do setor têxtil, no Rio.
O BNDES tem empréstimos bilionários contratados junto às empresas do Grupo EBX, mas, à medida que cada companhia foi tendo o controle passado para outros grupos (caso da elétrica MPX, da mineradora MMX e da LLX, responsável pelo projeto do Superporto do Açu), os novos donos assumem o risco do financiamento.
Capitalização
Segundo Coutinho, o BNDES está negociando com o Tesouro Nacional para obter uma nova capitalização e uma solução será dada “em breve”. Neste ano, o Tesouro já capitalizou o banco com 17 bilhões de reais. Segundo Coutinho, em setembro o banco manteve o patamar mensal de empréstimos de 15 bilhões de reais.
(Com Estadão Conteúdo e Reuters)Por Reinaldo Azevedo
Tags: BNDES, Eike Batista
31/10/2013 às 17:03
Tudo indica que uma quadrilha da pesada agia dentro da Prefeitura de São Paulo. Os sinais de riqueza da turma são muito eloquentes. Parece haver poucas dúvidas a respeito. Não há sinais, ATÉ AGORA AO MENOS, de que a cúpula da gestão Gilberto Kassab, incluindo ele próprio, estivesse envolvida. Tanto é assim que Ronilson Bezerra Rodrigues, um dos presos, tinha sido indicado por Fernando Haddad para cuidar da parte financeira da SPTrans. É bom, no entanto, em casos assim, aguardar o andamento das investigações. O ponto neste texto é outro.
Gilberto Kassab, presidente do PSD, tornou-se um dos mais fiéis aliados do PT na esfera federal. O que Dilma pedir, ele faz. O que Dilma decidir está decidido. Lula também é seu interlocutor. Embora, em São Paulo, não exista a mesma harmonia, a proximidade é grande. O PT passou boa parte do tempo demonizando a gestão Kassab na cidade. A campanha eleitoral de 2012 foi organizada na base da desconstrução da sua adminsitração. Nada disso afastou o ex-prefeito de seus novos companheiros. Ao contrário até: o que se tem como certo é que Kassab é considerado peça estratégica para tentar desalojar o PSDB do governo de São Paulo.
Haddad, reitero, ganhou a eleição demonizando a gestão anterior, e os vereadores do PSD na cidade se bandearam para a base de apoio ao prefeito. Nada parece abalar o governismo de Kassab. Se há alguém que descobriu uma instância além do orgulho pessoal, esse alguém é o presidente do PSD.
A operação
Muito bem! Há roubalheira? Cana na tigrada! Lugar de bandido que rouba dinheiro público é a cadeia. Não parece que sobre muito espaço para especulações. O ponto é outro. Parece escancaradamente evidente que a operação coincide com o desgaste gerado pelo aumento do IPTU. O marketing petista atuou firmemente para caracterizá-la como uma espécie de razia na gestão Kassab. O próprio Haddad está a dizer por aí, como se fosse polícia, que há mais envolvidos.
De novo: havendo safadeza, a providência tem de ser tomada. Mas se pode fazer isso com ou sem viés político Haddad escolheu o primeiro caminho. Com as manifestações de junho, sua popularidade despencou, junto com a de outros políticos. Havia uma discreta recuperação. O aumento do IPTU se encarregou de inverter a curva. Nada melhor do que posar de moralizador e de caçador de bandidos, especialmente quando eles, de fato, existem.
Eu jamais pagaria o mico de dar lições de política a Kassab ou a quaisquer outros. Apenas constato que, por mais fiel que seja à turma, Kassab jamais será visto como “um deles”. É e sempre será só um aliado de ocasião. Se for preciso jogá-lo ao mar, eles jogam. Sem hesitação. Ainda mais no caso do IPTU. Sete dos oito vereadores do PSD votaram contra o aumento.
Deixem-me ver… A esta altura, Lula, Dilma, Rui Falcão e até o próprio Haddad já devem ter telefonado para Kassab… “Ó, a gente não tem nada com isso; todos sabemos que você não tinha vínculo com os presos…” E, no entanto, é evidente que a operação o atinge em cheio e tira o foco do prefeito no momento em que o IPTU tem um aumento escorchante.
A investigação, até onde se sabe, não atinge Kassab pessoalmente; a operação de marketing, no entanto, deflagrada pelo PT já o transformou no principal réu. Coisa dos seus novos “companheiros”… Por Reinaldo Azevedo
Tags: Gilberto Kassab, Prefeitura de SP
31/10/2013 às 15:44
Não tenho e, como é sabido, nunca tive nenhuma simpatia por Barack Obama. Ao contrário: eu o considero autoritário — ainda que seja autoritarismo de um novo tipo, o possível nos EUA (já escrevi muito a respeito) — e trapalhão. Tão trapalhão, diga-se, que o país conseguiu ficar em palpos de aranha por causa de Edward Snowden, que classifico aqui, desde o primeiro dia, de “tipinho ordinário”. Quem, na sua função, faz o que ele fez e alega questões de princípio precisa evidenciar o conjunto de seus valores éticos. Snowden se exilou na Rússia. O país deveria ser seu abrigo temporário. Tudo indica que será permanente. Logo vai ganhar a cidadania e receber uma condecoração. O ‘herói” será agora um fiel servidor da democracia à moda Vladimir Putin. Tenham paciência!
Putin, diga-se, hesitou um tantinho, né? Mas Snowden virou herói da imprensa ocidental. Afinal, teria desvendado o plano terrível dos EUA para dominar o mundo — como se o país estivesse sozinho nesse tipo de monitoramento. É bonito? Não é. Nem por isso Snowden vira meu herói. Leiam o que informa a VEJA.com.
*
O ex-analista de inteligência da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês)Edward Snowden foi contratado por um site russo, disse nesta quinta-feira seu advogado. “Edward começa a trabalhar em novembro”, afirmou o defensor Anatoly Kucherena, de acordo com a agência de notícias estatal russa RIA.
Snowden recebeu asilo na Rússia depois de divulgar documentos secretos mostrando que a NSA monitorou as comunicações telefônicas e digitais de milhões de pessoas no mundo todo. O advogado Kucherena disse que seu cliente “irá oferecer apoio a um grande site russo”, cujo nome não foi divulgado “por razões de segurança”. Em agosto, a rede social Vk, equivalente ao Facebook na Rússia, ofereceu trabalho ao ex-técnico da NSA. A oferta da Vk não foi a única apresentada ao americano. “Snowden é um especialista de altíssimo nível e está recebendo cartas de companhias e cidadãos que querem ansiosamente contratá-lo. Ele não terá nenhum problema”, disse Kucherena na ocasião. “Ele precisa trabalhar. Não é um homem rico e o dinheiro que tinha ele gastou com comida”.
A concessão de asilo a Snowden, de 30 anos, causou um atrito diplomático entre os EUA e a Rússia, já que Washington desejava que ele fosse repatriado para ser julgado por traição. O asilo, concedido no começo de agosto, poderá ser renovado anualmente. Kucherena disse ainda que o americano leva uma vida “relativamente normal”, diante das circunstâncias.
A localização de Snowden dentro da Rússia não foi revelada, e desde julho ele apareceu apenas em algumas fotos e em registros em vídeo de uma reunião que teve neste mês com ex-funcionários de segurança nacional dos EUA que apoiam sua causa. O presidente russo, Vladimir Putin – ex-diretor da KGB, agência de espionagem russa – disse repetidamente, antes da concessão do asilo, que a Rússia só acolheria Snowden se ele parasse de fazer revelações nocivas aos EUA. O presidente russo também nega que os seus serviços de inteligência tenham tentado arrancar informações de Snowden.
Na quinta-feira, o site de um tabloide russo publicou uma foto que disse ser de Snowden durante um passeio de barco em Moscou. Antes, o mesmo site havia publicado uma foto de um homem que parecia ser Snowden, empurrando um carrinho de supermercado em um estacionamento.
(Com agência Reuters)Por Reinaldo Azevedo
31/10/2013 às 15:14
Não deixa de ser engraçado quando o óbvio se encarrega de gritar: “Olhem como sou óbvio!”. No dia 25, escrevi aqui um post sobre o aumento do IPTU em São Paulo cujo título era este:
Como de hábito, a patrulha petralha partiu pra porrada. Sabem como é… Essa gente mansa não suporta quando um rottweiler furioso como eu ataca com graves agressões, como a que se lê acima… E até leitores sensatos achavam que eu estava exagerando.
Pois bem. Vejam o mapa de São Paulo com a distribuição dos votos na eleição de 2012. Nas áreas azuis, venceu o tucano José Serra. Nas vermelhas, o petista Fernando Haddad.
Agora vejam o mapa com o aumento do IPTU. Observem quem venceu nas áreas que vão pagar um aumento maior. E notem quem foi o vitorioso naquelas em que pode haver até redução de imposto.
É o mapa da vingança
Trata-se do “Mapa da Vingança”. Os petistas chegaram agora à fase de punir:
– quem não vota como deve;
– quem não escreve o que deve;
– quem não fala na televisão o que deve…
“Ah, mas a Prefeitura obedeceu a um critério, que foi o da valorização de mercado…” É mesmo? Quer dizer que, nas áreas em que vai haver redução de IPTU, houve uma queda no preço dos imóveis? Ora…
Não adianta! O norte conceitual da “esquerda caviar” petista, como diz Rodrigo Constantino, é mesmo o arranca-rabo de classes. Longe de integrar a cidade, como promete, o que o PT quer é, cada vez mais, se consolidar na tal “periferia vermelha” e aumentar o valo, ciente de que não vencerá tão cedo a eleição nas áreas consideradas hoje hostis.
Tem gente que ainda não entendeu a coisa. É claro que o IPTU é mais alto nos bairros que concentram os imóveis mais caros. Ninguém questiona isso. O que interessa é o percentual aplicado.
A medida, é evidente, joga os pobres ainda mais para a periferia. Morar na região central e adjacências se tornou mais caro. Como é sabido, o reajuste impacta também os aluguéis. Os locatários é que costumam pagar o IPTU.Por Reinaldo Azevedo
31/10/2013 às 14:10
Na VEJA.com:
Influenciado pelo elevado rombo nas contas da Previdência Social, o governo central, formado pelo governo federal, Banco Central e Previdência Social, registrou déficit primário de 10,473 bilhões de reais no mês passado, o pior resultado para setembro em 17 anos, indicando risco ainda maior de descumprimento da meta para o ano. Nos nove primeiros meses de 2013, a economia feita para o pagamento de juros acumula superávit de 27,943 bilhões de reais, informou o Tesouro Nacional nesta quinta-feira. O número é 49% menor do que o montante economizado em igual período do ano anterior.
Com o péssimo resultado, o governo chega aos últimos meses de 2013 com risco iminente de descumprimento da meta ajustada de superávit primário, de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB). O principal dado ruim no mês veio da Previdência Social, que apresentou déficit de 11,763 bilhões de reais. O rombo foi provocado, entre outros fatores, pelo pagamento da segunda parcela do 13º salário aos aposentados e pensionistas do INSS. O Tesouro informou ainda que os gastos com investimentos públicos em setembro somaram de 4,4 bilhões de reais, acima dos 3,3 bilhões de reais no mês anterior, acumulando no ano 46,5 bilhões de reais, com alta de 2,9% sobre o mesmo período do ano passado. Os gastos com custeio da máquina pública ficaram em 15,5 bilhões de reais em setembro, 12,3% a mais do que em agosto. Nos nove primeiros meses do ano, os gastos chegam a 134,4 bilhões de reais, 21,1% a mais do que igual período de 2012.Por Reinaldo Azevedo
Tags: contas públicas
31/10/2013 às 6:29
— ATAQUE À LIBERDADE DE IMPRENSA – Suprema Corte da Argentina declara que Lei de Mídia é constitucionalPor Reinaldo Azevedo
31/10/2013 às 5:12
Vejam um vídeo com um comentário da jornalista Rachel Sheherazade, do SBT. Volto em seguida.
Na terça-feira, o ex-presidente Lula almoçou com a bancada do PTB. Com aquele seu estilo muito característico, disse que vai reeleger Dilma em 2014. O homem toma o lugar do eleitorado sem nenhuma cerimônia. E avisou que está se preparando para 2018 se for preciso. Em novo almoço nesta quarta, no Senado, embora em certo tom de pilhéria, repetiu que se apresentará, sim, daqui a cinco anos caso encham o seu saco. Que se entenda: para “encher o saco” do Apedeuta, basta existir alguém que lhe faça oposição. Mas voltemos àquele encontro com o PTB. A parte mais significativa foi outra.
Segundo informou Lauro Jardim no “Radar”, Lula fez outras considerações. Transcrevo em vermelho:
Na conversa, dedicou-se também a um dos seus esportes favoritos, descer a borduna na imprensa, a qual chamou de despreparada e parcial em relação aos políticos. Contou que recentemente assistia TV e, ao zapear, parou no SBT. Sem dar nomes, diz que viu uma jornalista de “vinte e poucos anos” criticar pesadamente o governo e os políticos. Em sua avaliação, as críticas não tinham embasamento algum.
Retomo
Todo mundo entendeu. Lula só poderia estar se referindo a Rachel Sheherazade, âncora do SBT Brasil. Este senhor sabe que suas opiniões, diatribes e acusações acabam vazando. Não satisfeitos em manter com dinheiro público uma rede de difamação na Internet, parece que os petistas agora decidiram que é chegada a hora de apontar o dedo contra os profissionais. Sei bem do que estou falando, hehe…
Sheherazade não se ajoelha no altar do politicamente correto nem recita a cartilha do “partido” em seus comentários. É dona de suas opiniões. Não é uma legião que fala em seu lugar. E isso, definitivamente, a muitos parece insuportável. O homem mais poderoso do Brasil — sim, é Lula — resolve se insurgir contra a âncora de um programa jornalístico. Trata-se de um absoluto despropósito. Mais um vídeo:
“Opiniões polêmicas”
Aqui e ali, sites e blogs que reproduziram a nota de Lauro Jardim aproveitaram para classificar as opiniões de Sheherazade de “polêmicas”. Soubessem a origem da palavra, poderiam estar dizendo a verdade. Ocorre que se empresta à dita-cuja o sentido de “coisa exótica”, que está fora dos parâmetros, dos cânones ou do decoro.
E, nesse caso, não há nada de polêmico no que diz a jornalista. Ela só não segue a manada. Celerados invadem um laboratório de pesquisas para resgatar animais? Em vez de fazer média, ela diz na TV que isso é inaceitável. Baderneiros saem quebrando tudo por aí, ela afirma que assim não pode ser. O assunto é Bolsa Família? Ela pensa que um país cresce mesmo é com trabalho.
Afinal de contas, o que há de tão “polêmico” nisso? Parece que o seu pecado é se negar a endossar falsos consensos.
Absurdo!
As TVs, no Brasil, não é segredo pra ninguém, são, no geral, governistas — pouco importando o regime ou o governo. Há razões para ser assim, mas não entro nelas agora. As opiniões de Sheherazade, com a clareza com que as emite (e ninguém precisa gostar delas), são um das poucas exceções dentro da regra. E notem: não é que ela seja antigovernista. O que andei vendo na Internet revela apenas alguém que não pede licença a milicianos do politicamente correto.
Mas Lula já resolveu se comportar como uma espécie de dedo-duro. Espero que Sheherazade não se intimide e continue a dizer o que pensa. E torço para que o SBT não se deixe patrulhar por Lula. Encerro com mais um vídeo.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Bobagens de Lula, imprensa
31/10/2013 às 3:05
Por Felipe Frazão, na VEJA.com:
O auditor tributário Ronilson Bezerra Rodrigues, preso nesta quarta-feira sob acusação de integrar um esquema de desvio de até 500 milhões de reais na prefeitura de São Paulo, foi nomeado em fevereiro deste ano para comandar a diretoria administrativa e financeira da São Paulo Transporte (SPTrans), empresa que gerencia o sistema de ônibus na capital paulista.
Rodrigues foi subsecretário de Receita Municipal na gestão Gilberto Kassab (PSD) e foi investigado pela então Corregedoria-Geral do Município, que recebeu uma denúncia anônima de que ele operava um esquema de fraudes na cobrança do Imposto Sobre Serviços (ISS). Na atual gestão, também foi alvo das investigações da nova Controladoria-Geral do Município, que suspeitou de sua evolução patrimonial.
Procurada, a Prefeitura de São Paulo, em nota oficial, confirma que Rodrigues foi ouvido pelo ex-corregedor Edilson Bonfim sobre as acusação e afirma que “o servidor foi nomeado para cargo na SPTrans no início de 2013, antes da realização da análise patrimonial e da suspeita de enriquecimento ilícito. A partir de março, com o início da operação conjunta MP-CGM, o funcionário passou a ser monitorado e ficou decidido que sua exoneração, naquele momento, poderia ‘alertar’ o suspeito a respeito da investigação ou modificar a conduta dele ou da quadrilha. Sua saída do cargo em 2 de junho foi articulada de forma a evitar vazamento interno ou externo da investigação.”
Exonerado do cargo ao término da administração Kassab, Rodrigues ficou na SPTrans durante a gestão Haddad de fevereiro a junho deste ano. Ele é servidor de carreira da prefeitura, lotado na pasta de Finanças, e só pode ser demitido após processo disciplinar.
Ex-secretário de Finanças de Kassab, Mauro Ricardo Costa afirmou que Ronilson Rodrigues foi exonerado do cargo de subsecretário por “insubordinação”. “Ele passou a faltar nas reuniões, deixou de cumprir ordens nossas”, disse Costa. “Eu o chamei para conversar e ele me disse que não confiava mais na nossa gestão porque estávamos desconfiando dele, porque ele estava sendo investigado. Disse que estava revoltado.”
A gestão Haddad afirma que a investigação sobre a evolução patrimonial de Rodrigues e outros três servidores começou há cerca de sete meses. O controlador-geral da cidade, Mário Spinelli, porém, admitiu nesta tarde que tinha conhecimento do interrogatório do auditor no ano passado. O Ministério Público disse ter sido acionado apenas neste ano.
Fraudes
O esquema de desvio de verbas operado por quatro servidores da Secretaria Municipal de Finanças de São Paulo na gestão Kassab concedia descontos de até 50% no pagamento do Imposto Sobre Serviços (ISS) a empreiteiras. De acordo com a investigação do Ministério Público, os servidores presos montaram também empresas de fachada para receber propina.
A fraude consistia em cobrar das companhias do ramo imobiliário um valor “ínfimo” na guia do ISS e emitir para as imobiliárias o certificado de pagamento da taxa, documento necessário para obtenção do “Habite-se”. Assim, além de conseguir o alvará para ocupação dos imóveis construídos, as construtoras pagavam somente a metade do que deveria. O restante era depositado na conta das empresas fantasmas, de titularidade dos auditores fiscais de carreira na prefeitura.Por Reinaldo Azevedo
31/10/2013 às 2:05
Na VEJA.com:
A endividada petroleira OGX, do empresário Eike Batista, entrou nesta quarta-feira com o maior pedido de recuperação judicial da história corporativa da América Latina, num passo que já era esperado para tentar evitar a falência. O pedido de recuperação – feito na 4ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro – tornou-se a única alternativa para a companhia depois que fracassaram as negociações com detentores de 3,6 bilhões de dólares em bônus no exterior para uma reestruturação da dívida. A companhia declarou dívida consolidada de 11,2 bilhões de reais no pedido de recuperação judicial e disse que não tem qualquer endividamento bancário nem créditos com garantias reais, segundo documento obtido pela agência Reuters.
Se o tribunal de falências aprovar o pedido, a OGX terá 60 dias para apresentar um plano de reestruturação da companhia. “Acreditamos que (o pedido) seja deferido pelo juiz e que seja proveitoso para credores, acionistas e para o país. A OGX possui ativos para viabilizar sua recuperação”, afirmou o advogado Marcio Costa, do escritório de advocacia Sergio Bermudes, que participa do processo.
Para os advogados da empresa, a recuperação judicial evita um “cenário indesejável de falência”, que implicaria em caducidade de concessões de exploração de áreas de petróleo e perda integral de valores investidos, segundo a petição na Justiça. Os credores da OGX – que incluem a Pacific Investment Management Co (Pimco), que administra o maior fundo de títulos do mundo, com sede na Califórnia, e o fundo de investimento norte-americano BlackRock Inc, entre outros – terão então 30 dias para aprovar ou rejeitar o plano.
O pedido de recuperação da OGX marca mais um capítulo no desmantelamento do que já foi um império industrial, com ativos de energia, mineração e infraestrutura, entre outros, do grupo “X”. O fracasso da campanha exploratória da OGX, antes considerada o ativo mais precioso do Grupo EBX, contaminou as outras empresas de Eike.
Quase no vermelho
A OGX estima precisar de 250 milhões de dólares no curto prazo e ficará sem recursos na última semana de dezembro se não conseguir levantar dinheiro novo, conforme informações do plano de reestruturação aos detentores de bônus que fracassou. A empresa tinha 82 milhões de dólares no fim de setembro e seus assessores financeiros na negociação com os credores externos – Blackstone e Lazard – estimam desembolsos de 89 milhões de dólares até o fim do ano apenas para fornecedores, considerando somente pagamentos críticos a prestadores de serviço no campo de Tubarão Martelo, na Bacia de Campos.
Em Tubarão Martelo, a petroleira quer começar a produzir em meados de novembro, a fim de gerar receita para atenuar sua situação. O valor atribuído à toda OGX, de acordo com o plano apresentado aos credores dias atrás, é de 2,7 bilhões de dólares – composto principalmente pelos campos de Tubarão Martelo (1,4 bilhão de dólares) e Atlanta (1,1 bilhão de dólares), este último situado no BS-4.
No pedido de recuperação judicial, os advogados da OGX apontam para uma receita potencial de 17,2 bilhões de dólares com as explorações dos campos de Tubarão Martelo e BS-4 durante a vida útil das áreas e com base nas reservas prováveis de óleo. A OGX estima ter perdido 3,6 bilhões de reais com o fracasso na exploração das áreas de Tubarão Azul, Tubarão Areia, Tubarão Tigre e Tubarão Gato, de acordo com a petição.
O pedido de recuperação judicial da OGX pode ter implicações sobre o destino da empresa-irmã, a construtora naval OSX, que foi criada para fornecer plataformas de exploração à petroleira. A recuperação envolve quatro sociedades: OGX Petróleo e Gás Participações (listada na Bovespa), OGX Petróleo e Gás S.A., OGX International e OGX Austria GMBH.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Eike Batista, OGX
30/10/2013 às 20:50
Ninguém distorce a história com a determinação e, em certa medida, até mesmo a competência (para mister tão deletério) como Lula. Já em plena campanha eleitoral, ele resolveu atacar Marina Silva. Leio na Folha :
“A Marina precisa só compreender o seguinte: ela entrou no governo junto comigo em 2003 e ela sabe que o Brasil tem hoje mais estabilidade em todos os níveis que a gente tinha quando entramos. Herdamos do FHC um país muito inseguro, não tinha nenhuma estabilidade, não tínhamos dinheiro sequer para pagar suas exportações (…) Tínhamos [US$] 37 bilhões de reservas, dos quais 20 bilhões era do FMI [Fundo Monetário Internacional], e hoje a gente tem [US$] 376 bilhões de reservas, mais [US$] 14 bilhões emprestados ao FMI. Tínhamos uma inflação de 12% quando cheguei e tem uma inflação hoje de 5,8%. Então, eu penso que Marina precisa não aceitar com facilidade algumas lições que estão lhe dando. Ela precisa acompanhar com mais gente o que era o Brasil antes de a gente chegar”.
Não fui checar, leitores, os números. Em se tratando de Lula, isso sempre é prudente. Mas digamos que seja tudo como ele diz. Vocês sabem que tenho apontado aqui as inconsistências da líder da Rede, o discurso que considero meio frouxo etc. Ocorre que a afirmação que Lula está a combater não está relacionada às minudências ou grandezas dos números. Marina relevou o papel de FHC na grande estabilização da economia, aquela que decorreu do Plano Real, contra o qual Lula e seus aliados (à época, Marina também) lutaram bravamente.
É espantoso que este senhor, no 11º ano do governo petista, com boa chance de a legenda ficar ao menos 16 anos no poder, ainda se dedique a distorcer o que já é história vivida e fato comprovado.Por Reinaldo Azevedo
30/10/2013 às 19:54
Já expus a questão aqui algumas vezes. Mas que se volte ao ponto, ué, se isso se mostra necessário. O governo Dilma promoveu nesta quarta uma cerimônia de comemoração dos 10 anos do “Bolsa Família”. Em si, já se trata de uma fraude. As práticas reunidas sob a rubrica “Bolsa Família” estavam em curso no governo FHC. O que o petismo fez foi reuni-las, o que, no caso, foi uma boa medida. Mas não criou nada. O convidado de honra do evento foi Lula. Falou, como de hábito, pelos cotovelos. Disse que são preconceituosos os que afirmam que os pobres recorrem ao Bolsa Família porque não querem trabalhar. Mas esperem aí: quem acha? Quase ninguém, que se saiba!
Afirmou o ex-presidente:
“O que essa crítica denota é uma visão extremamente preconceituosa no nosso país. Significa dizer que a pessoa é pobre por indolência, e não porque nunca teve uma chance real em nossa sociedade. É tentar transmitir para o pobre a responsabilidade pelo abismo social criado pelos que sempre estiveram no poder em nosso país”.
Que coisa! Já demonstrei aqui dezenas de vezes que o primeiro a dizer que os programas de bolsas deixavam os pobres vagabundos foi Lula. E o fez de maneira explícita, arreganhada. No vídeo abaixo, ele aparece em dois momentos: exaltando o Bolsa Família, já presidente da República, e no ano 2000, quando chamava os programas de assistência direta (como o Bolsa Família) de esmola. Vejam.
Pobre vagabundo
Mas foi bem mais explícito. Nos primeiros meses como presidente, Lula era contra os programas de bolsa que herdou de FHC. Ele queria era assistencialismo na veia mesmo, distribuir comida, com o seu programa “Fome Zero”, uma ideia publicitária de Duda Mendonça, que ele transformou em diretriz de governo. Deu errado. O Fome Zero nunca chegou a existir.
Já demonstrei isso aqui. No dia 9 de abril de 2003, com o Fome Zero empacado, Lula fez um discurso no semiárido nordestino, na presença de Ciro Gomes, em que disse com todas as letras que acreditava que os programas que geraram o Bolsa Família levavam os assistidos à vagabundagem. Querem ler? Pois não!
Eu, um dia desses, Ciro [Gomes, ministro da Integração Nacional], estava em Cabedelo, na Paraíba, e tinha um encontro com os trabalhadores rurais, Manoel Serra [presidente da Contag - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura], e um deles falava assim para mim: “Lula, sabe o que está acontecendo aqui, na nossa região? O povo está acostumado a receber muita coisa de favor. Antigamente, quando chovia, o povo logo corria para plantar o seu feijão, o seu milho, a sua macaxeira, porque ele sabia que ia colher, alguns meses depois. E, agora, tem gente que já não quer mais isso porque fica esperando o ‘vale-isso’, o ‘vale-aquilo’, as coisas que o Governo criou para dar para as pessoas.” Acho que isso não contribui com as reformas estruturais que o Brasil precisa ter para que as pessoas possam viver condignamente, às custas do seu trabalho. Eu sempre disse que não há nada mais digno para um homem e para uma mulher do que levantar de manhã, trabalhar e, no final do mês ou no final da colheita, poder comer às custas do seu trabalho, às custas daquilo que produziu, às custas daquilo que plantou. Isso é o que dá dignidade. Isso é o que faz as pessoas andarem de cabeça erguida. Isso é o que faz as pessoas aprenderem a escolher melhor quem é seu candidato a vereador, a prefeito, a deputado, a senador, a governador, a presidente da República. Isso é o que motiva as pessoas a quererem aprender um pouco mais.
Notaram a verdade de suas palavras? A convicção profunda? Então…
No dia 27 de fevereiro de 2003, Lula já tinha mudado o nome do programa Bolsa Renda, que dava R$ 60 ao assistido, para “Cartão Alimentação”. Vocês devem se lembrar da confusão que o assunto gerou: o cartão serviria só para comprar alimentos?; seria permitido ou não comprar cachaça com ele?; o beneficiado teria de retirar tudo em espécie ou poderia pegar o dinheiro e fazer o que bem entendesse?
A questão se arrastou por meses. O tal programa Fome Zero, coitado!, não saía do papel. Capa de uma edição da revista Primeira Leitura da época: “O Fome Zero não existe”. A imprensa petista chiou pra chuchu.
No dia 20 de outubro, aquele mesmo Lula que acreditava que os programas de renda do governo FHC geravam vagabundos, que não queriam mais plantar macaxeira, fez o quê? Editou uma Medida Provisória e criou o Bolsa Família? E o que era o Bolsa Família? A reunião de todos os programas que ele atacara em um só. Assaltava o cofre dos programas alheios, afirmando ter descoberto a pólvora. O texto da MP não deixa a menor dúvida:
(…) programa de que trata o caput tem por finalidade a unificação dos procedimentos de gestão e execução das ações de transferência de renda do Governo Federal, especialmente as do Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Educação – “Bolsa Escola”, instituído pela Lei n.° 10.219, de 11 de abril de 2001, do Programa Nacional de Acesso à Alimentação – PNAA,criado pela Lei n.° 10.689, de 13 de junho de 2003, do Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Saúde – “Bolsa Alimentação”, instituído pela medida provisória n.° 2.206-1, de 6 de setembro de 2001, do Programa Auxílio-Gás, instituído pelo Decreto n.° 4.102, de 24 de janeiro de 2002, e do Cadastramento Único do Governo Federal, instituído pelo Decreto n.° 3.877, de 24 de julho de 2001.
Compreenderam? Bastaram sete meses para que o programa que impedia o trabalhador de fazer a sua rocinha virasse a salvação da lavoura de Lula. E os assistidos passariam a receber dinheiro vivo. Contrapartidas: que as crianças frequentassem a escola, como já exigia o Bolsa Escola, e que fossem vacinadas, como já exigia o Bolsa Alimentação, que cobrava também que as gestantes fizessem o pré-natal! Esse programa era do Ministério da Saúde e foi implementado por Serra.
E qual passou a ser, então, o discurso de Lula?
Ora, ele passou a atacar aqueles que diziam que programas de renda acomodavam os plantadores de macaxeira, tornando-os vagabundos, como se aquele não fosse rigorosamente o seu próprio discurso, conforme se vê no vídeo.
A imprensa
Notem: o que vai acima não é uma invenção minha. Lula efetivamente achava que políticas assistenciais viciavam os pobres e corrompiam suas respectivas consciências. Lula efetivamente achava que os programas que resultaram no Bolsa Família desestimulavam a plantação de macaxeira… Se alguém achava que um assistido pelo benefício se tornava vagabundo, esse alguém era… Lula!
Não obstante, ele é convidado para o aniversário do programa, faz proselitismo da pior espécie e é poupado de seu próprio passado e de suas próprias palavras.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Bolsa Família, Lula
30/10/2013 às 17:22
Em 2016, eleitor paulistano, você será chamado a eleger vereadores, certo? O prefeito Fernando Haddad conseguiu aprovar na Câmara a elevação escorchante do IPTU. Abaixo, vai a lista dos que votaram a favor da derrama e contra. Não precisa ser esse, é certo, seu único critério na hora de decidir o voto. Mas pode ser um deles.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: IPTU, Prefeitura de SP
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