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Se em meu ofício, ou arte severa,/ Vou labutando, na quietude/ Da noite, enquanto, à luz cantante/ De encapelada lua jazem/ Tantos amantes que entre os braços/ As próprias dores vão estreitando —/ Não é por pão, nem por ambição,/ Nem para em palcos de marfim/ Pavonear-me, trocando encantos,/ Mas pelo simples salário pago/ Pelo secreto coração deles. (Dylan Thomas — Tradução de Mário Faustino)
27/10/2013 às 8:25
LEIAM ABAIXO
- — Ombudsman da Folha me chama de cachorro. E defende que se assegure “um bom nível de conversa” no jornal. Entendo…;
- — Na Bahia, extremistas decidem escorraçar mais dois “cachorros” de uma feira de livros.;
- — 95% repudiam black blocs; aprovação a protestos despenca; os mais pobres são os que menos gostam da bagunça;
- — Alstom deu propina para receber da Eletronorte;
- — Empresa nanica vence concorrência milionária do governo federal;
- — Quando os fatos se encarregam de jogar luzes num texto. Ou: Barbárie nas ruas de SP. É a “fúria justiceira dos bons”, incensada por covardes;
- — Campos adia acordo com Alckmin e quer ator “pop” como candidato no Rio…;
- — Metade dos imóveis de SP pagará reajustes seguidos de IPTU até 2017;
- — Lucro da Petrobras cai 45% no 3º trimestre;
- — Hoje, às 19h, no “Café Filosófico”, com transmissão ao vivo pela Internet;
- — O Estado policial não vigia e pune todas as pessoas, mas apenas algumas pessoas
Por Reinaldo Azevedo
27/10/2013 às 8:15
Suzana Singer, ombudsman da Folha, me chama de cachorro, de rottweiler, em sua coluna deste domingo. Escreveu logo no primeiro parágrafo:
“Na semana em que o assunto foram os simpáticos beagles, a Folha anunciou a contratação de um rottweiler. O feroz Reinaldo Azevedo estreou disparando contra os que protestam nas ruas, contra PT/PSDB/PSOL, o Facebook, o ministro Luiz Fux e sobrou ainda para os defensores dos animais.”
Ela se diz preocupada com o “nível da conversa” no jornal e dá um exemplo de sua superioridade argumentativa e retórica. Quem quiser lhe mandar uma mensagem, parabenizando-a pelo requinte, segue o endereço: ombudsman@uol.com.br.
Talvez eu lhe dispense algumas linhas na coluna de sexta, não sei — num único texto por semana, talvez tenha de deixa-la pra lá. No blog, não tenho limite de espaço e posso ser generoso com ela. Responder na mesma moeda? Pra quê? Suzana decidiu, como os nazistas, meter um triângulo amarelo em mim. Se bem que, fiel ao código de cores dos campos de concentração, o triângulo deveria ser, então, vermelho, que era aquele dispensado aos inimigos ideológicos — eventualmente, o púrpura serviria.
Como sabem todas as pessoas com as quais falei sobre a coluna de estreia, antevi o texto da ombudsman, cantei a bola. Suzana é um caso de esfinge sem segredos. Em tempos em que cachorros são tratados com mais cerimônia do que pessoas, ser associado a um cão não deve ser tomado como ofensa. É bem verdade que a ombudsman deixa claro: há uma diferença entre Reinaldo Azevedo e os beagles — uma só. Estes são simpáticos; eu sou “feroz”. É… Eu, na condição de cachorro, não sou fofo.
Duvido que algum colunista, jornalista ou colaborador da Folha tenha sido antes chamado de cachorro por um ombudsman ou por qualquer outro profissional do jornal. Suzana será a heroína da Al Qaeda eletrônica. A tática é antiga: desumanize aquela que considera adversário; trate-o como coisa ou bicho feroz, e aí fica mais fácil atacá-lo ou defender a sua eliminação.
Não sou bobo. Esperava, sim, uma reação agressiva, mas não achei que Suzana chegasse a tanto. O vocabulário espanta, mas a qualidade intelectual da crítica não me surpreende. Voltem lá. Segundo a ombudsman, “o feroz Reinaldo Azevedo estreou disparando contra os que protestam nas ruas, contra PT/PSDB/PSOL, o Facebook, o ministro Luiz Fux e sobrou ainda para os defensores dos animais.”
Meu texto, para quem não leu, está aqui. E quem leu sabe:
a: não disparei contra quem protesta, mas contra quem pratica atos violentos; isso é ser feroz? Aliás, Suzana, tome mais cuidado com as metáforas: cão não dispara. Se você tivesse escrito “latiu contra”, seu texto continuaria com o mesmo grau de elegância, mas haveria coerência na cadeia alegórica. É uma dica de estilo de um rottweiler.
b: minha restrição ao PT foi precisa: critiquei o partido por atacar sistematicamente as instituições, inclusive a imprensa livre; isso é ser feroz?;
c: minha restrição ao PSDB foi precisa: critiquei o partido por não ter construído valores alternativos aos do petismo; isso é ser feroz?;
d: minha restrição ao PSOL foi precisa; critiquei o partido por usar os professores em favor de sua agenda supostamente revolucionária; isso é ser feroz?;
e: minha restrição a Luiz Fux foi precisa: critiquei o ministro por ter transformado o STF em alçada da Justiça Trabalhista e concedido uma absurda liminar; isso é ser feroz?;
f: nem cheguei a criticar o Facebook; apenas neguei que a revolta egípcia tenha sido determinada por ele; isso é ser feroz?;
g: não ataquei os defensores dos animais, mas aqueles que invadiram um laboratório, numa ação obscurantista;
h: também critiquei, ela esqueceu de citar, o Congresso, que tende a acabar com todas as votações secretas (não apenas a de cassação de mantados, o que apoio) e os defensores do financiamento público de campanha.
Digam-me: ainda que ela escrevesse a verdade, seria proibido, para recorrer à metáfora belicosa de Suzana, “disparar” contra o PT, o PSDB, o PSOL, o Fux, o Facebook, os defensores dos animais etc.? Critiquei, sim, Suzana, humanos e atos humanos, mas não precisei desumanizar ninguém para facilitar a minha tarefa.
Suzana adere a correntes da Internet que são politicamente orientadas, que obedecem a um comando, que têm a sua origem em sites e blogs financiados com dinheiro público, para difamar desafetos. Na Folha, no meu blog ou em qualquer lugar, escrevo o que penso. Não é o dinheiro dos pobres, que teria um fim mais nobre se aplicado em saúde e educação, que financia a minha opinião.
Nada de espuma, Suzana! Faço um convite
Suzana escreve:
“No impresso, espera-se mais argumento e menos estridência. Mais substância, menos espuma. Do contrário, a Folha estará apenas fazendo barulho e importando a selvageria que impera no ambiente conflagrado da internet.”
Eu aceito um debate público com Suzana — fica aqui não um desafio, mas um convite — sobre cada um dos temas acima. Até porque parece haver opiniões minhas sobre outros assuntos que a angustiam. Eis o segundo parágrafo de sua coluna (em vermelho):
“Eu sou mesmo um reacionário à moda antiga”, escreveu o jornalista na quarta-feira, emendando que é “humanista e cristão”, contra o aborto e contra a pena de morte. Dá para deduzir o que ele pensa dos governos Lula e Dilma pelo título do seu livro “O País dos Petralhas”, uma corruptela de petistas e irmãos Metralha.
Suzana, Suzana…
Tentarei ser didático. Quando alguém escreve “sou um reacionário à moda antiga”, está fazendo uma ironia porque, dada a origem da palavra e dado o conceito político, o “reacionário” já está voltado, de algum modo, para o passado; sua postura é, necessariamente, restauracionista. Assim, ele já é, por definição, alguém “à moda antiga”. Se um autor se diz “reacionário à moda antiga”, pode estar querendo fazer um espécie de gracejo; pode estar querendo, Suzana, apontar que os valores estão de tal sorte de ponta-cabeça que a defesa da vida humana vira coisa de “reacionários”. Não dá para desenhar. De resto, pare de imaginar o conteúdo dos livros. Havendo tempo, leia-os. Ou não comente. E “petralha” não é uma corruptela — corruptela é outra coisa.
O texto a que Suzana alude está aqui. Reproduzo o trecho de onde ela extraiu umas poucas palavras. Constatem a minha “ferocidade”.
(…)
Pois é, meus caros… Eu sou mesmo um reacionário à moda antiga. Eu ainda considero o ser humano uma espécie superior a todas as outras. Se eu fosse apenas um humanista, e acho que sou também, pensaria assim. Como me considero humanista e cristão, ainda acredito que somos também a morada do espírito de Deus. “Que nojo, Reinaldo! Eu prefiro os beagles.” Tudo bem.
Sou, assim, esse lixo que não aceita a pena de morte, mas também não aceita o aborto. Sou, assim, esse lixo que recusa que embriões humanos sejam tratados como coisa — porque se abre a vereda para a coisificação do próprio homem. Repudio de maneira absoluta certa estupidez que anda por aí, segundo a qual uma hierarquia entre espécies seria mera questão de valor. No fim das contas, dizem, somos todos formados de aglomerados muito semelhantes. Teses assim ecoam os piores totalitarismos.
(…)
Para quem sabe do que se trata, estou falando de outro Singer, o Peter. Suzana não tem tempo para essas coisas. Espero que não tente meter em mim, também, o triângulo púrpura, destinado aos cristãos. Escreve ela (em vermelho):
Sua volta à Folha, onde já havia trabalhado como editor-adjunto de política, suscitou reações fortes. O leitorado mais progressista viu a chegada do colunista como o coroamento de uma “guinada conservadora” do jornal. “Trata-se de uma pessoa que dissemina o ódio e não contribui com opiniões construtivas”, escreveu a socióloga Mariana Souza, 35.
Poucos se manifestaram a favor de Reinaldo, mas isso não significa que não exista uma parcela considerável que esteja comemorando a sua vinda, já que ao ombudsman costumam recorrer os insatisfeitos. Ana Lúcia Konarzewski, 61, funcionária aposentada do IBGE, afirma que vai voltar a assinar o jornal por causa do novo colunista. “Não aguentava mais tanta gente defendendo o governo”, disse.
Honestidade intelectual e profissional, Suzana!
Aguardo no blog um comentário de Mariana Souza para que ela aponte os textos meus que disseminam o ódio. Reproduzir o que a Internet financiada por estatais e pelo governo diz não vale. Segundo Suzana, poucos se manifestaram a meu favor, mas admite que parcela considerável também comemora, “já que ao ombudsman recorrem os insatisfeitos”.
Epa! Não informar que sites e blogs petistas, financiados por estatais, organizaram desde quarta-feira uma verdadeira corrente de linchamento é não cumprir com o mandamento básico da honestidade intelectual e profissional. O que queria Suzana? Que eu reagisse com uma contracorrente? “Escrevam e telefonem para a ombudsman; digam que a Folha acertou e que eu sou bacana.” Ora…
Mantenho o meu convite a Suzana. Proponho o debate. Vamos falar sobre argumentos e espuma. Ela adverte a Folha para que não “importe” o “barulho e a selvageria que impera no ambiente conflagrado da internet” e para que a conversa fique “à altura do que escrevem Janio de Freitas e Elio Gaspari, colunistas do mesmo espaço.”
No que me diz respeito, e estou certo que também aos outros novos, ela pode ficar tranquila. Não chamarei ninguém de cachorro, como não chamo aqui, e vocês sabem disso. Mas continuarei, se ela me der licença, a criticar o PT, o PSDB, o PSOL, o Fux, o Facebook, os arruaceiros… Continuarei, a exemplo do que fiz na minha coluna, que não dirige uma só ofensa a ninguém, a apelar a alguns interlocutores, às vezes encobertos: a Constituição dos EUA, Maquiavel, Locke, Nietzsche, Singer (o Peter, não a Suzana). “Nossa, como esse Reinaldo quer ser sabido!…” Não! Reinaldo procura quem já foi mais longe para tentar ganhar tempo.
Suzana diz que sou um “rottweiler”, que sou “feroz” e que meu texto de estreia revela isso. Ela deve a seus leitores, ela deve aos leitores da Folha — de quem é procuradora — e ela deve a meus leitores a evidência.
A gente sempre duvida se começou ou não com o pé direito (só força de expressão, viu, Suzana?!). Tinha escrito outro texto, sobre tema diverso, e mudei na última hora (do prazo que me impus para enviar o texto, bem entendido). Chamado de cachorro pela ombudsman, já não duvido: acertei em cheio. “Acertou em quê?” No compromisso que mantenho com os leitores.
Suzana só não pode esperar de mim a fofura de um beagle.
Exigência, recomendação e alerta
Encerro com um pedido e uma declaração: leitor deste blog que se preza, eventuais admiradores do colunista e pessoas eventualmente chocadas com o destempero de Suzana não lhe dirigirão uma só palavra desairosa — nem no espaço de comentários (serão vetados) nem em eventuais mensagens à própria ombudsman. Também não aceitarei comentários que tentem vincular as opiniões da jornalista a esta pessoa ou àquela. Ela é capaz de pensar essas coisas sozinha.
Os próceres da rede suja na Internet não hesitarão em dirigir à ombudsman as piores ofensas, disfarçados de “leitores do Reinaldo”. O jogo é pesado. Não caiam no truque de vigaristas.
Suzana não escreveu nem como beagle nem como rottweiler. Esse tipo de mordida é coisa de gente.
Texto publicado originalmente às 6h34
Por Reinaldo Azevedo
27/10/2013 às 8:11
O mesmo exemplar da Folha que traz a coluna em que Suzana Singer me chama de cachorro — um rottweiler — traz a notícia de que dois colunistas do jornal foram impedidos de falar em duas mesas da Flica (Festa Literária Internacional de Cachoeira), na Bahia. Reproduzirei o texto mais abaixo. Vocês verão as boçalidades de que foram acusados Demétrio Magnoli e Luiz Felipe Pondé. Essas coisas não acontecem por acaso.
O linchamento virtual dos últimos quatro dias — desde que a Folha anunciou os “novos colunistas”—, promovido por sites e blogs financiadas por estatais e pelo governo Dilma, tem, sim, consequências. Serve como um convite a extremistas. São os black blocs da… feira de livros!
Leiam o que informa a Folha. Volto depois:
Uma manifestação de cerca de 30 estudantes interrompeu ontem duas mesas na Flica (Festa Literária Internacional de Cachoeira), na Bahia. O protesto pedia o cancelamento de debates com o sociólogo Demétrio Magnoli e o filósofo Luiz Felipe Pondé, colunistas da Folha. A organização da Flica cancelou as mesas para garantir a segurança dos convidados. A mesa “Donos da Terra? – Os Neoíndios, Velhos Bons Selvagens”, da qual participavam Magnoli e a historiadora Maria Hilda Baqueiro Paraíso, foi interrompida 20 minutos após o início do debate, que havia começado às 10h (no horário da Bahia, que não adere ao horário de verão).
Segundo Emanuel Mirdad, um dos organizadores da Flica, os alunos, que estavam sentados assistindo ao debate, gritaram palavras de ordem contra Magnoli, a quem chamaram de racista. O protesto seguiu com alunos se despindo. Outros estudantes jogaram uma cabeça de porco no palco. “Eu sou um antirracista e é por isso que sou contra as cotas. Os grupos, a fim de não discutir argumentos sobre cotas, preferem lançar impropérios. Eles não se limitam a fazer isso. Eles depredam o debate”, afirma Magnoli.
A organização do festival deslocou seguranças para proteger Magnoli, que se recusou a deixar o palco. Para encerrar a manifestação, os alunos exigiram o cancelamento da mesa em que Pondé participaria, às 20h (hora local) e a divulgação de um manifesto. Com a participação de Pondé e do sociólogo francês Jean-Claude Kaufmann, a mesa, de nome “As Imposições do Amor ao Indivíduo”, discutiria o tema do amor. A organização do festival permitiu que os estudantes lessem a nota no palco. O evento decidiu cancelar também a mesa com Pondé, que ocorreria à noite.
“[A acusação de racismo] É uma coisa idiota. Quem me lê sabe que eu nunca escrevi nada desse tipo. Isso revela a estupidez do movimento deles e o caráter totalitário e difamatório”, afirma Pondé. “Eu acho errado cota baseado em raça, seja lá qual raça for. O que devia existir é uma escola pública decente, mas dizer que é racismo é mau-caratismo.” Era o quarto dia do festival, previsto para terminar hoje. A reportagem não conseguiu localizar representantes do grupo de alunos antes da conclusão desta edição.
Voltei
Vejam aí. Bastaram 30 truculentos para impedir duas mesas-redondas, dois debates. Como negar que conseguiram seu intento? Tiveram divulgado o seu “manifesto” e silenciaram, ao menos naquele ambiente, duas vozes de que discordam.
Eis o espírito destes dias: não argumente, quebre; não tolere a divergência, dê porrada.
Quando me chama de cachorro, é a essa gente que Suzana Singer dá uma piscadela de cumplicidade. Ela diz que sou “feroz” e publica um comentário de alguém que afirma que estimulo o ódio. O que se narra acima são cenas inequívocas de amor.Por Reinaldo Azevedo
27/10/2013 às 6:31
Pois é…
Recebi as reações as mais positivas sobre o meu artigo de estreia na Folha (ver post sobre crítica da ombudsman). Mas deixem que lhes diga uma coisa: a única pessoa que ambiciono agradar quando escrevo é a mim mesmo. No texto, escrevo, por exemplo, que as manifestações de junho não tinham pobre — e as que remanescem também não têm. O Datafolha fez uma pesquisa. Leiam trecho do que informa a Folha. Voltarei no blog a esses números.
*
Nada menos do que 95% dos paulistanos desaprovam a atuação dos chamados “black blocs” — manifestantes que praticam o confronto com as forças policiais e a destruição de agências bancárias, lojas e prédios públicos como forma de protesto. É o que mostra pesquisa Datafolha feita na sexta-feira com 690 pessoas. A margem de erro máxima da amostra é de quatro pontos percentuais para mais ou para menos para o total da amostra.
(…)
Apoio em queda
O resultado é que o apoio dos entrevistados às manifestações de rua em São Paulo desabou. No final de junho, 89% eram favoráveis aos protestos. Em setembro, o índice já caíra para 74%. Nesta semana, são 66% os apoiadores. Do outro lado, a taxa dos que são contrários às manifestações quase quadruplicou. Eram 8% em julho, 21% em setembro e, agora, 31%.
Apesar de focalizarem causas “dos oprimidos”, como a melhoria do transporte público, as manifestações têm conseguido taxas mais altas de apoio entre os mais ricos — 80% entre os que possuem renda familiar mensal de mais de cinco a dez salários mínimos e 80% dos paulistanos com renda maior do que 10 salários mínimos.
Contra os protestos disseram-se 18% dos mais ricos. Entre os mais pobres, com renda até dois salários mínimos, a taxa de apoio aos protestos é de 54%, 26 pontos percentuais a menos do que entre os mais ricos. Contra os protestos disseram-se 42% dos mais pobres, 24 pontos percentuais a mais do que o índice observado na parcela rica.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: black blocs, protestos
27/10/2013 às 6:29
Na Folha:
Um ex-diretor da Alstom contou em depoimento à Polícia Federal que a multinacional francesa pagou propina a um ex-assessor do senador Valdir Raupp (PMDB-RO), presidente nacional do PMDB, para receber uma dívida de R$ 42 milhões da Eletronorte, segundo reportagem publicada pela revista “Veja” desta semana. O engenheiro Osvaldo Panzarini, funcionário da Alstom que chegou a ser preso pela PF em 2006, contou que a empresa pagou 3% sobre os R$ 42 milhões para receber o atrasado da Eletronorte. O percentual de 3% corresponde a R$ 1,26 milhão.
O caso de suposto pagamento de propina pela Alstom a funcionários de uma empresa ligada ao governo do então presidente Lula (PT) foi revelado pela Folha, em maio de 2008. A multinacional francesa atua em duas áreas no Brasil: transporte e energia. A divisão de transporte está sob investigação depois que a Siemens acusou a multinacional de integrar um grupo de empresas que combinavam o resultado de licitações do Metrô e da CPTM em São Paulo.
Acertos
O texto da “Veja” cita uma conversa telefônica e um depoimento em que o engenheiro da Alstom menciona a negociação que teve que fazer para baixar o percentual da propina de 5% para 3%. “O pessoal está recebendo uma série de regras aqui, de acertos. E os caras tão fixando em 3% [a comissão], chegando ao limite de 5%, mas esse 5% já é com… se tiver que pagar impostos”, disse Panzarini numa conversa telefônica interceptada pela PF. Segundo o funcionário, a comissão inicial pedida pelos lobistas era de 10%, “a título de auxílio para recebimento de valores”. A Alstom, porém, considerou o percentual alto demais.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Alstom, Eletronorte
27/10/2013 às 6:27
Por Dimmi Amora e Paulo Peixoto, na Folha:
Uma empresa com sede num pequeno escritório em Belo Horizonte (MG) –com duas mesas, cadeira, telefone e um computador– está prestes a ganhar duas concorrências de R$ 750 milhões do governo federal. A RMC Participação, criada em fevereiro de 2012, é a primeira colocada em seis lotes de venda de trilhos para a Valec, a estatal das ferrovias. O governo tenta há dois anos comprar 240 mil toneladas de trilhos para as ferrovias Norte-Sul e Oeste-Leste. Duas concorrências já foram canceladas por suspeitas de fraude e direcionamento.
Em 31 de julho, a Valec lançou um terceiro edital para a compra do equipamento, que tem que vir do exterior. Para aumentar a disputa, dividiu a aquisição em oito lotes. A primeira concorrência, da Norte-Sul, começou em 16 de setembro e apareceram três companhias nacionais: RMC Participação, Trop Comércio Exterior e Capricórnio. A RMC ofereceu o menor preço em dois lotes (2% de desconto sobre o valor máximo). No terceiro, a Capricórnio ganhou, mas foi eliminada por causa da documentação. A Valec analisa recursos para homologar a licitação e assinar os contratos com a RMC.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Governo Dilma, Valec
26/10/2013 às 7:37
- — Quando os fatos se encarregam de jogar luzes num texto. Ou: Barbárie nas ruas de SP. É a “fúria justiceira dos bons”, incensada por covardes;
- — Campos adia acordo com Alckmin e quer ator “pop” como candidato no Rio…;
- — Metade dos imóveis de SP pagará reajustes seguidos de IPTU até 2017;
- — Lucro da Petrobras cai 45% no 3º trimestre;
- — Hoje, às 19h, no “Café Filosófico”, com transmissão ao vivo pela Internet;
- — O Estado policial não vigia e pune todas as pessoas, mas apenas algumas pessoas;
- — Após rompimento, governo Dilma cobra de Campos devolução de dinheiro federal investido em Suape e aponta irregularidades em porto;
- — Cientista, pesquisador e professor, ele é bisneto de Vital Brazil. E alerta: “Meu bisavô, hoje, seria enforcado”;
- — O homem como porco do homem. Ou: Quando a imprensa estimula a delinquência;
- — Câmara impõe relativa derrota a Haddad. Ou: Aposto que IPTU pune áreas em que o PT perdeu a eleição;
- — A Revolução dos Beagles: Reinaldo Azevedo contra ativistas de direitos animais. Ou: Um inimigo do povo;
- — The Economist: leilão do pré-sal foi “barato” e decepcionante;
- — Eleição 2014 – Há diferenças brutais entre os números do Ibope e do Datafolha de há menos de duas semanas, especialmente no 2º turno
Por Reinaldo Azevedo
26/10/2013 às 7:29
Vejam esta foto, de Nelson Antoine ( Fotoarena-Folhapress)
Nesta sexta, abri assim a coluna que publiquei na Folha: “As ruas, ente divinizado por covardes (…)”. Um leitor mandou uma carta para o jornal e escreveu: “Estreia lamentável a de Reinaldo Azevedo na Folha. Ele usou frases com palavras fortes e ofensivas para não dizer nada e propor lhufas. As ruas são para quem é covarde? Será que ele consegue desenvolver essa ideia? (…)”.
Eu não poderia desenvolver uma ideia que não é minha porque escrevi outra coisa. Não há dúvida de que é covardia o que se vê acima, mas não chamei de “covardes” os que promovem o caos — estes são bandidos, baderneiros, prototerroristas, escolham aí… “Covardes” são os que têm receio — especialmente na imprensa, na política e na Justiça — de chamar esses caras por aquilo que são.
Agora Leiam esta frase:
“Segura a tropa, não deixa a tropa perder a cabeça”.
A fala é do homem que está sendo agredido, com uma placa de ferro, por um black bloc depois de ter sido cercado e espancado por um bando. Trata-se do coronel Reynaldo Simões Rossi, comandante da região central. Ele teve a clavícula quebrada e foi internado com cortes no rosto e na cabeça. A agressão ocorreu no terminal de ônibus Dom Pedro. O Movimento Passe Livre convocou um protesto, em parceria com os black blocs, e se repetiu a cena de sempre. Vejam esta sequência de fotos.
- Bandido ataca terminais de banco no terminal D. Pedro (Marlene Bergamo – Folhapress)
- Extintor de incêndio e jogado contra vidro do guichê. Seria ele um “ativista” (Fábio Braga – Folhapress)
- ônibus é incendiado no terminal D. Pedro. Isso é manifestação política (Fábio Braga/Folhapres)
- Acima, a truculência do Passe Livre disfarçada de apelo (baixo) poético (Fábio Braga/Folhapress)
- Depredação no terminal Dom Pedro. Observem um delinquente à esquerda ao celular. Deve estar dando ordem à empregada (Marlene Bergamo/ Folhapress)
- A faixa patética. Black blocs destroem patrimônio público, mas dizem aliados dos trabalhadores (Marlene Bergamo/Folhapress)
Retomo
Em nenhum país do mundo, democrático ou ditatorial, uma força policial, atuando dentro dos limites que lhe confere a lei, recebe esse tratamento sem graves consequências. Enquanto a barbárie se instalava em São Paulo, eu participava do “Café Filosófico”, promovido pela CPFL, em Campinas. Fechei o ciclo de debates que tinha como tema as “jornadas de junho”. Nas semanas anteriores, falaram Demétrio Magnoli, Eugênio Bucci e Roberto Romano. Fiz uma intervenção indignada, sim, porque essa é a minha natureza. Eu não sabia o que se passava por aqui. As pessoas que lá estavam e as que acompanharam o evento, ao vivo, pela Internet (mais de 2 mil acessos simultâneos), puderam constatar que esses trogloditas são argumentadores ainda mais convincentes do que eu em favor das minhas teses a respeito.
Louvem-se a coragem e a honradez do coronel Reynaldo Simões Rossi. Mesmo nas circunstâncias mais adversas, teve a energia e a serenidade de pedir que seus homens se contivessem. Ele sabia que uma reação mais dura da tropa transformaria, nas redes sociais e na imprensa, a Polícia em vilã, e os vândalos em heróis de um novo amanhecer, que é como esses bandidos têm sido tratados aqui e ali.
Movimento Passe Livre
Antes da manifestação do dia 13 de junho — duramente reprimida pela polícia — o Passe Livre já havia promovido três outras: no dias 6, 7 e 11. Todas notavelmente violentas. Nesta última, um policial foi covardemente espancado. A PM só reagiu com dureza no dia 13 — com evidência de que essa reação saiu do controle, o que o coronel Raynaldo, mesmo depois de espancado, procurou evitar com a ordem que deu. Lembrei essa sequência no debate de ontem na CPL.
A imprensa, com raras exceções, comprou não exatamente a causa do “passe livre”, mas o espírito da coisa. E o resto a gente conhece. Durante um tempo, não militantes, pessoas comuns, foram às ruas levar as suas reivindicações. O Passe Livre, um movimento de esquerda que diz ser a sua causa um primeiro passo para o socialismo (!), se distanciou dos protestos quando, por algum tempo ao menos, eles se voltaram contra o governo federal também. A extrema esquerda e os baderneiros mascarados expulsaram das ruas os não militantes. Agora, o Passe Livre volta. Sempre atuou, na prática, em parceria com os mascarados. Seus líderes se negam a repudiar a violência.
E volta para tentar, mais uma vez, promover o caos nas ruas de São Paulo. Se não houver uma firme reação da sociedade, em especial do Judiciário, essa gente não vai parar.
Quando decidi mudar o meu texto na Folha, entregue na madrugada de quinta, eu não sabia que o Passe Livre e os black blocs planejavam novas ações de vandalismo. A maioria de vocês já o leu, sei disso. Peço que o releiam a luz dos eventos de hoje, que se deram enquanto as palavras que seguem em azul estavam no jornal.
*
As ruas, ente divinizado por covardes, pediram o fim do voto secreto para a cassação de mandatos. Boa reivindicação. O Congresso está a um passo de extinguir todas as votações secretas, o que poria o Legislativo de joelhos diante do Executivo. Proposta de iniciativa “popular” cobra o financiamento público de campanha, o que elevaria o volume de dinheiro clandestino nas eleições e privilegiaria partidos ancorados em sindicatos, cujas doações não são feitas só em espécie. Cuidado! O povo está na praça. Nome do filme dessa mímica patética: “Os 178 Beagles”.
Povo não existe. É uma ficção de picaretas. “É a terceira palavra da Constituição dos EUA”, oporia alguém. É fato. Nesse caso, ele se expressa por meio de um documento que consagra a representação, única forma aceitável de governo. Se o modelo representativo segrega e não muda, a alternativa é a revolução, que é mais do que alarido de minorias radicalizadas ou de corporações influentes, tomadas como expressão da verdade ou categoria de pensamento.
A fúria justiceira dos bons pode ser tão desastrosa como a justiça seletiva dos maus. Quem estava nas ruas? A imprensa celebrou os protestos como uma “Primavera Árabe” nativa. Nem aquela rendeu flores nem o Brasil é uma ditadura islâmica. Até houve manifestações contra o governo, mas todas foram a favor do “regime petista”. O PSDB talvez tenha imaginado que aquele “povo” –sem pobres!– faria o que o partido não fez em 11 anos: construir uma alternativa. Sem valores também alternativos aos do Partido do Poder, esqueçam.
Há 11 anos o PT ataca sistematicamente as instituições, quer as públicas, quer as privadas, mas de natureza pública, como a imprensa. Dilma ter sofrido desgaste (está em recuperação) não muda a natureza dos fatos. Da interdição do direito de ir e vir à pancadaria e ao quebra-quebra como forma de expressão, passando pela reivindicação de um Estado-babá, assistiu-se nas ruas a uma explosão de intolerância e de ódio à democracia que o petismo alimentou e alimenta. O Facebook não cria um novo ator político. Pode ser apenas o velho ator com o novo Facebook –como evidenciou a Irmandade Muçulmana no Inverno Egípcio.
Em política, quando o fim justifica os meios, o que se tem é a brutalidade dos meios com um fim sempre desastroso. A opção moralmente aceitável é outra: os meios qualificam o fim. Querem igualdade e mais Justiça? É um bom horizonte. Mas será o terror um instrumento aceitável, ainda que fosse eficaz? Oposição, governo e imprensa, com raras exceções, se calaram e se calam diante da barbárie que deseduca e que traz, volte-se lá ao primeiro parágrafo, o risco do atraso institucional.
O PSOL conduziu uma greve de professores contra o excelente plano de carreira proposto pela Prefeitura do Rio. Era a racionalidade contra a agenda “revolucionária”. Luiz Fux, do STF, posando de juiz do trabalho, chamou os dois para conversar. É degradação institucional com toga de tolerância democrática.
O sequestro dos beagles, tratado com bonomia e outro-ladismo pelo jornalismo, é um emblema da ignorância dos justos e da fúria dos bons. Eles atrasaram em 10 anos o desenvolvimento de um remédio contra o câncer, mas quem há de negar que os apedeutas ilustrados têm um grande coração?
Voltei para encerrar mesmo
Esses são os fatos. Esse é o texto.Por Reinaldo Azevedo
26/10/2013 às 7:19
Na Folha:
De olho em dois dos maiores eleitorados do país, o presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, quer jogar para o ano que vem a definição sobre uma aliança com o PSDB em São Paulo e articula uma candidatura “pop” no Rio. O diretório paulista do partido defende o apoio à reeleição de Geraldo Alckmin de olho em ocupar a vaga de vice na chapa tucana, mas recebeu de Campos a orientação para tirar o pé do acelerador e só retomar em 2014.
No Rio, o governador sondou o ator Marcos Palmeira para disputar o Palácio da Guanabara. Seu objetivo é lançar um nome competitivo, novo e identificado com Marina Silva, popular na capital fluminense. Palmeira ajudou a Rede na coleta de assinaturas e filiou-se ao PSB quando a ex-senadora anunciou a sua adesão ao partido de Campos. A reportagem procurou o ator, mas não teve resposta até a conclusão desta edição.
Segundo a Folha apurou, Eduardo Campos quer ter mais clareza sobre o cenário eleitoral antes de tomar uma decisão em São Paulo. Internamente, o temor é que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) desista de disputar o Palácio do Planalto, dando lugar ao tucano José Serra. Na avaliação do pernambucano, a mudança embolaria o acordo. Para ele, Serra dificilmente aceitaria qualquer acordo heterodoxo que dividisse a máquina partidária para ajudar um concorrente nacional. Lá atrás, quando Marina tentava erguer a Rede, Campos e Aécio chegaram discutir a conveniência de um pacto eleitoral em São Paulo.
(…)Por Reinaldo Azevedo
26/10/2013 às 7:17
Por Giba Bergamin Jr. na Folha:
A gestão Fernando Haddad (PT) informou ontem que metade dos imóveis da cidade de São Paulo, que equivalem a 1,5 milhão de contribuintes do IPTU, vai pagar reajustes seguidos do imposto até 2017. A nova estimativa, de 49,7%, é baseada no projeto aprovado pela Câmara anteontem prevendo um aumento do imposto –inferior ao que queria Haddad. O texto ainda deverá passar por segunda votação na Casa na semana que vem. O imposto subirá até 20% para imóveis residenciais e até 35% para os demais em 2014, conforme a proposta –contra uma inflação de 6%.
Esses serão os tetos de aumento do IPTU no ano que vem. Mas a diferença em relação à valorização dos imóveis desde 2009 será cobrada em parcelas nos anos seguintes. Pelo texto aprovado, a partir de 2015 e até 2017, imóveis com valorização acima dos tetos de reajuste pagarão novos aumentos, mas limitados a 10% por ano para residenciais e 15% para demais. Na prática, uma residência e um comércio com IPTU de R$ 2.000 poderão pagar até R$ 3.194 (alta de 60%) e R$ 4.106 (de 105%), respectivamente, daqui a quatro anos.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
26/10/2013 às 7:15
Na VEJA.com:
A Petrobras anunciou na noite desta sexta um lucro líquido de 3,395 bilhões de reais no terceiro trimestre. O resultado veio abaixo das expectativas de mercado, que oscilavam entre 5 e 6 bilhões de reais para ao período. Trata-se de uma queda de 45% em relação ao lucro do segundo trimestre, que ficou em 6,2 bilhões de reais. No acumulado do ano, os ganhos da estatal somam 17,2 bilhões de reais. A receita líquida da empresa somou 77,7 bilhões de reais de julho a setembro, uma alta de 6% em relação ao segundo trimestre. Já o lucro operacional (antes de impostos) ficou em 5,4 bilhões de reais, queda de 51% em relação ao trimestre anterior.
A empresa atribui o resultado ao baixo nível de produção no terceiro trimestre, impactado pelo atraso no início da operação da plataforma P-63, de 15 de julho para 31 de outubro, ao atraso de fornecimento de equipamentos por parte da empresa norueguesa Subsea 7 e ao aumento da demanda por diesel, o que fez com que a estatal tivesse de aumentar importações num período de dólar apreciado e preço do barril de petróleo em alta.
Defasagem
A empresa reconheceu que absorver as oscilações de preço no mercado internacional prejudicou o resultado. “O consumo recorde de diesel no Brasil, superando 1 milhão de barris por dia (pico de 1,169 milhão em 30 de agosto), levou ao aumento das importações, em período de forte depreciação do real e de aumento do preço do petróleo , ampliando a defasagem dos preços domésticos em relação à paridade internacional”, afirmou.
“Ainda que tenhamos tido quatro reajustes de preço de diesel e dois de gasolina nos últimos 16 meses, totalizando 21,9% e 14,9% de aumento, respectivamente, a forte depreciação do real verificada desde maio de 2013, chegando a 22% de desvalorização, fez com que a defasagem voltasse a crescer nos últimos meses. Essa situação tem impactado nosso fluxo de caixa e alavancagem”, informou a empresa.
O comunicado ainda afirma que a estatal apresentou ao Conselho de Administração presidido pelo ministro Guido Mantega uma metodologia de precificação que permita maior previsibilidade do alinhamento dos preços domésticos do diesel e da gasolina aos preços internacionais.
Libra
O documento ainda enaltece o leilão de Libra, vencido por um consórcio único liderado pela Petrobras. Segundo o comunicado da presidente, Graça Foster, trata-se de um “desafio” para a empresa. “E isso torna vital a aplicação de boas práticas de gestão, dentre elas, a otimização dos custos e dos prazos nas fases de exploração, avaliação e desenvolvimento da produção”, afirma.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Petrobras
25/10/2013 às 18:31
Logo mais, às 19h, participo do “Café Filosófico”, da CPFL. O tema da conversa serão as manifestações de junho. Haverá transmissão ao vivo, pela Internet, neste endereço: http://www.cpflcultura.com.br/aovivo/
Segue texto publicado no site do evento:
O Café Filosófico buscará compreender, neste mês de outubro, os aspectos de um fenômeno recente, já gravado na história de nosso País. As manifestações populares que eclodiram há dois meses e que ainda repercutem no dia a dia dos brasileiros. O módulo Fragmentos da democracia – as “jornadas de junho” é composto por quatro apresentações realizadas às sextas-feiras, às 19h, no Instituto CPFL | Cultura, em Campinas. As apresentações também serão transmitidas ao vivo, pela internet, no site www.cpflcultura.com.br/aovivo.
A curadoria dos encontros é do sociólogo e pesquisador da USP Demétrio Magnoli, que trará nomes como Eugenio Bucci, jornalista e professor da USP, Roberto Romano, filósofo e professor da Unicamp, e o colunista da Veja.com Reinaldo Azevedo. Eles pretendem esclarecer o significado e o futuro do mais recente movimento político registrado no Brasil.
As apresentações
Na abertura do módulo, em 04/10, Demétrio Magnoli apresenta a palestra “Manifestações sem direção?”, que pretende discutir a espontaneidade dos movimentos que sem ligações político-partidárias claras ou declaradas. As apresentações seguem no dia 11/10, com Eugênio Bucci, que abordará o olhar da imprensa no entendimento do fenômeno. No dia 18/10, Roberto Romano discutirá o movimento sob o ponto de vista de quem está no poder e nos no governo. No encerramento do módulo, 25/10, Reinaldo Azevedo discute as características das manifestações comparadas a movimentos populares recentes em outros países, como a “Primavera Árabe” ou a “Primavera Turca”.
Por Reinaldo Azevedo
25/10/2013 às 15:31
No post anterior, vocês leem que o governo Dilma lembrou que algumas coisas não andam bem no Porto de Suape, em Pernambuco, que tem farto financiamento federal. Ah, entendi…
Comecemos do começo: se há suspeitas de irregularidades ou de não cumprimento do devido, que se investigue. Constatadas as culpas, que se punam os responsáveis. É assim que deve ser na democracia. Mas cabe a pergunta: por que só agora, dias depois de o PSB ter deixado a base do governo?
Sim, o partido comandava a área de portos. “Então está tudo explicado, Reinaldo!” Mais ou menos. Digamos que as irregularidades existam e que o governo fechava os olhos pra ela. Isso era bonito? Fazia-o, então, em nome do quê? Da aliança com o PSB? Então é estra regra: “aos amigos, tudo, menos a lei; aos inimigos, nada, nem a lei”? Ora…
O estado policial, prestem atenção!, não é aquele que vigia a todos, mas aquele que vigia apenas a alguns. Vamos ver como isso caminha. Mas que é sintomático que as denúncias venham a público logo depois de o partido de Campos deixar o governo, ah, isso é…
E fica a pergunta: para quantos outros aliados a gestão Dilma fecha os olhos?
Por Reinaldo Azevedo
25/10/2013 às 14:45
Na VEJA.com. Volto em seguida.
O novo ministro da Secretaria Especial de Portos (SEP), Antônio Henrique Silveira, determinou um pente-fino em contratos com o Porto de Suape (PE), administrado pelo governo de Eduardo Campos (PSB), potencial candidato ao Palácio do Planalto em 2014. Ao mesmo tempo, a Presidência da República determinou ao governo de Pernambuco que devolva aos cofres federais 13,8 milhões de reais repassados pela União ao complexo. O motivo alegado foram os problemas constatados há mais de dois anos em obras no porto. As ações ocorreram somente após o governador romper com a presidente Dilma Rousseff e formar aliança com Marina Silva para disputar as eleições de 2014.
O ministro pediu aos técnicos da pasta um levantamento detalhado das operações com Suape, sob a justificativa de se informar a respeito, após ser alertado por sua equipe de que havia problemas nas parcerias. O governo federal tem convênios que somam 737,3 milhões de reais com o porto para diversas obras. A cobrança enviada a Suape refere-se à dragagem dos acessos ao Estaleiro Atlântico Sul, já encerrada. A Presidência quer a restituição de 13,8 milhões de reais que, no seu entendimento, pagou a mais. A SEP emitiu a notificação para o ressarcimento no dia 7 deste mês, cinco dias após a Secretaria de Controle Interno da Presidência (Ciset) emitir uma nota técnica a respeito. Segundo o ofício da SEP, Suape tem até 14 de novembro para tomar medidas.
Contudo, desde 2011 a SEP vem sendo informada pela Ciset de problemas na obra. Os serviços foram feitos pela Somar, empresa do grupo holandês Van Oord, a partir de um termo de cooperação que previa o repasse de 89,5 milhões de reais da União para Suape. O órgão de controle da Presidência concluiu em fevereiro de 2011 que, devido a divergências apuradas em fiscalização da obra, o valor a ser custeado pela União seria menor (52,3 milhões de reais), daí a necessidade de ressarcimento. O órgão de controle também detectou à época indícios de sobrepreço na licitação para a dragagem e em outra obra: construção de um acesso rodoferroviário a duas ilhas em Suape. “A adoção das medidas pertinentes por parte da SEP poderá acarretar uma economia à União de 42 milhões de reais”, concluiu. No processo de rediscussão da dívida, o valor a ser ressarcido caiu para 13,8 milhões de reais.
Desde 2011, o órgão da Presidência cobra providências a respeito das constatações e registra a inércia da SEP, que era comandada pelo então ministro Leônidas Cristino, ex-aliado de Campos. Em 11 de julho de 2011, a pasta enviou a Suape uma guia de recolhimento com vencimento quinze dias depois. Mas, a pedido do porto, não levou a cobrança adiante, argumentando que era necessário, primeiro, que sua equipe analisasse a prestação de contas do projeto.
Em relatório de fevereiro de 2012, a Ciset registrava que, diante da falta de providências da SEP, denunciaria o caso ao Tribunal de Contas da União (TCU). “Entende-se que foram concedidas à SEP todas as oportunidades de manifestação e de contraditório quanto aos problemas, além de ter sido dispensado tempo suficiente para que tais problemas fossem solucionados”, diz o documento. Em junho de 2012, a SEP questionou aspectos técnicos do relatório da Ciset e pleiteou a redução do valor a ser restituído por Suape, de 20,2 milhões de reais para 16,9 milhões de reais, o que foi admitido. Em nota, o porto alega que o valor a ser “preventivamente” ressarcido é de 13,8 milhões de reais.
Em julho deste ano, o TCU enviou à secretaria executiva da SEP ofício cobrando documentação que comprove o ressarcimento por Suape e, em caso de não pagamento, as providências tomadas a respeito. O tribunal requer a comprovação de que foi aberta tomada de contas especial (TCE) para obter a devolução e apurar a responsabilidade por “dano à administração pública federal”, caso todas as medidas administrativas tenham se esgotado. Embora se trate de informação pública, a SEP se negou a detalhar quais foram as medidas tomadas para o ressarcimento, bem como as datas de eventuais cobranças enviadas a Suape. Um parecer da Ciset sobre o caso, concluído em 2 de outubro deste ano, subsidiou a cobrança enviada à administração do porto. O relatório foi solicitado pela reportagem, mas o órgão de controle não o apresentou.
Justiça
O Porto de Suape ameaça processar o governo federal por discordar do pedido de devolução de recursos. Em nota, informou que “está analisando as medidas cabíveis administrativas e, eventualmente, judiciais a serem tomadas, uma vez que entende ter cumprido integral e licitamente o pactuado” para as obras. A administração do porto “assevera que não houve irregularidades na dragagem, nem no repasse de recursos” e que os valores “foram comprovadamente aplicados na obra de dragagem, com envio à SEP de boletins de medição, notas fiscais, comprovantes de pagamentos e plantas batimétricas”. O termo de compromisso com a SEP para a obra foi no valor de 89 milhões de reais. “No entanto, a União só repassou 72,6 milhões de reais e Suape arcou com o restante”, reclamou. Segundo Suape, foi formado um grupo de trabalho para “elucidar” os funcionários da SEP sobre a obra. A administração do porto alega que, mesmo assim, a Secretaria de Controle da Presidência registrou que a SEP “não quantificou qual o serviço e o valor que seria passível de pagamento da dragagem”. Suape alega que fez um estudo independente a respeito.
”Por fim, o laudo do estudo foi validado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias, órgão da própria SEP.” A SEP sustentou que a solicitação de informações do TCU não tratou de pedido de comprovação de ressarcimento de recursos repassados por Suape. O documento obtido pela reportagem requer “documentação que comprove a restituição aos cofres da União de parcela repassada indevidamente ao Porto de Suape para a obra”. Mas a SEP diz que não houve repasse indevido. Segundo o órgão, a questão foi encaminhada à Secretaria de Controle Interno da Presidência, que concluiu pela restituição. O ex-ministro Leônidas Cristino não atendeu as ligações da reportagem.
Conta
A dragagem de outras áreas de Suape, contratada por 275 milhões de reais, é motivo de disputa entre o Planalto e Pernambuco. As duas partes não se entendem sobre quem pagará parte da conta à empresa holandesa Van Oord, encarregada dos serviços, enquanto a obra permanece parada e navios de petróleo ficam impedidos de aportar.
(Com Estadão Conteúdo)Por Reinaldo Azevedo
25/10/2013 às 14:07
Abaixo, há um vídeo. Quem fala é Osvaldo Augusto Brazil Esteves Sant’Anna. Trabalha, como ele próprio informa, há 45 anos em pesquisa. É professor em cursos de pós-graduação desde 1976. É pesquisador do Instituto Butantan e do CNPq. Deixa claro: “O uso de animais em laboratório é imprescindível”. Ah, sim: ele é o bisneto mais velho de Vital Brazil, o criador do Instituto Butantan, um gigante da ciência brasileira. Afirma: “Vital Brazil [hoje] seria enforcado…”. Osvaldo Augusto, no entanto, não vive do parentesco, não. Vejam o vídeo. Volto depois.
Aplaudo a sua coragem, embora devesse ser a regra entre os cientistas, boa parte deles escondida embaixo da cama. Eis o currículo de Osvaldo Augusto, que está na página da Fapesp. Não parece que ele tenha chegado aonde chegou porque seja um torturador de animais.
*
Pesquisador Científico VI do Instituto Butantan. Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo [1971], tem especialização em Imunologia pela Organização Mundial da Saúde/Organização Pan-Americana de Saúde [1971]; Mestrado [1973] e Doutorado [1979] em Microbiologia e Imunologia pela UNIFESP/Escola Paulista de Medicina; Pós-Doutorado pelo Institut Curie, Paris [1980/1981]. Tem experiência na Área de Imunologia, com ênfase em Imunogenética, e estudos com Toxinas, Venenos, Autoimunidades, Adjuvantes, Genética da Resistência a Infecções Virais e Bacterianas. Desde 1976 é Professor/Orientador em Programas de Pós-Graduação da Universidade Estadual de Campinas, Universidade de São Paulo e Universidade Federal de São Paulo. É membro do Conselho Editorial da Revista Científica EINSTEIN e do Comitê de biossegurança do Hospital Albert Einstein. De 2003 a 2007 foi Vice-Diretor e, posteriormente, Diretor Científico do Centro de Toxinologia Aplicada, Programa CEPID/FAPESP. Assessor Científico do CNPq, FAPESP, FINEP, FACEPE, FAPESC, FAPERJ. Coordenador do CA-IMUNOLOGIA do CNPq de dezembro de 2006 a novembro de 2009. Atualmente é Coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Toxinas (INCTTOX). (Fonte: Currículo Lattes)Por Reinaldo Azevedo
Tags: ciência, civilização
25/10/2013 às 4:58
- — O homem como porco do homem. Ou: Quando a imprensa estimula a delinquência;
- — Meu artigo na Folha: “Os 178 Beagles”;
- — Câmara impõe relativa derrota a Haddad. Ou: Aposto que IPTU pune áreas em que o PT perdeu a eleição;
- — A Revolução dos Beagles: Reinaldo Azevedo contra ativistas de direitos animais. Ou: Um inimigo do povo;
- — The Economist: leilão do pré-sal foi “barato” e decepcionante;
- — Eleição 2014 – Há diferenças brutais entre os números do Ibope e do Datafolha de há menos de duas semanas, especialmente no 2º turno;
- — Ibope – Dilma só não venceria no 1º turno se adversários fossem Marina e Serra;
- — Leitor deste blog desmascara discurso do tucano Fernando Capez, o que defendeu a ação terrorista contra o Instituto Royal;
- — Filho e advogado de ex-assessor petista da Casa Civil são presos por subornar testemunhas em caso de abuso sexual;
- — Alô, VEJA; alô, Folha! “Eles” sabem o que é melhor para vocês e se candidatam a dirigir as duas redações;
- — A ALGUNS VEGETARIANOS – Para que tanta paixão sanguinolenta, meu Deus!, pergunta o meu coração…;
- — De olho em 2014, Dilma anuncia R$ 13,5 bilhões para prefeitos;
- — Marina Silva, uma asceta entre ambiciosos, só quer um mundo melhor…;
- — Um Guimarães Rosa censurado por parte de sua família. Vamos submeter a questão a iluministas como Caetano, Chico, Djavan, Luísa Mell e Bruno Gagliasso;
- — A Internet jabuticaba de Dilma – Entidades nacionais e estrangeiras condenam obrigatoriedade de data centers no Brasil;
- — Silvia Ortiz, gerente do Instituto Royal, está de parabéns! Eis uma mulher que tem a coragem de enfrentar o obscurantismo amoroso da militância e a covardia de parte da imprensa
Por Reinaldo Azevedo
25/10/2013 às 4:49
O que é um “ativista”, além de ser o contrário de um “passivista”? Bem, o ativista é um adepto do “ativismo”. O Houaiss traz várias boas acepções para a palavra. Leiam.
Na semana passada, os ditos “ativistas” fizeram aquela barbaridade no Instituto Royal. Nesta quarta, dia 23, li no G1, alguns outros interromperam uma aula prática de medicina na PUC de Campinas para registrar — isto é, filmar, em sinal de protesto — o uso de cinco porcos para treinar a técnica da traqueostomia, que salva vidas mundo afora todos os dias, em especial a dos alérgicos, como eu, que podem ter um choque anafilático, com edema de glote, e morrer sufocados. Os inimigos não delirem de satisfação só com o meu caso. Pensem que poderia ser um filho ou irmão de vocês. Entende-se com mais facilidade. A necessidade de eventualmente ter de recorrer a um procedimento assim talvez seja o que mais assombre os médicos se eles pensarem no assunto. Até porque, na maioria das vezes, a traqueostomia é uma emergência, realizada fora de salas cirúrgicas, sem as condições consideradas mínimas para intervenção tão drástica.
Foi invasão mesmo. Leio na reportagem que Flávio Lamas, presidente do Conselho de Defesa dos Animais de Campinas, apoia a ação. E ele afirma com aquela certeza que confere a irresponsabilidade de quem jamais terá de fazer uma traqueostomia: “O ato foi para mostrar a crueldade com o animal. Existem outros modelos, como simuladores e filmagens, que podem ser utilizados de forma didática. É uma mudança que precisa ser feita”.
Eu sempre fico muito impressionado com a arrogância dos ignorantes. Não há simulação possível que possa substituir determinadas experiências. Fosse assim, um cirurgião se tornaria um especialista sem jamais ter tocado no corpo de bicho ou de gente. Fico aqui a me perguntar: qual é a hipótese de Lamas para que a Faculdade de Medicina da PUC, então, recorra aos porcos? Maldade? Perversidade? Gosto de ver sofrer os animais? Paixão por cortar corpos? Fico aqui a me perguntar por que o sr. Lamas se considera moralmente superior ao professor que ministrava as aulas e aos alunos que estavam ali para aprender.
O mesmo vale para os beagles. Por que diabos o Instituto Royal, sob supervisão de órgãos competentes, fazia o teste de drogas nos cães se supostos modelos de computador poderiam, com eficiência, substituí-los? Com frequência, determinadas drogas, mesmo depois de amplamente testadas, saem de circulação porque, a despeito de todos os cuidados, acabam implicando riscos considerados excessivos.
Um médico que não faça a sua primeira traqueostomia num porco haverá de fazê-la pela primeira vez num humano, numa criança, numa mãe, num pai, em alguém que tem construída uma rede de afetos, que tem uma história, que tem memória ou, então, um longo futuro pela frente. Se não for num porco, então o homem será o porco do homem.
Há algo de profundamente perturbado e perturbador nessa visão moral do mundo. A PUC-Campinas diz seguir todas as determinações do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal. O professor que conduzia o trabalho registrou Boletim de Ocorrência no 11º Distrito Policial.
O erro da imprensa
O vídeo, curto, foi tornado público pelos ditos “ativistas”. O G1 o reproduz, com o seu logotipo. Cabe, entendo, um questionamento ético. Chegou a hora de a imprensa se perguntar se deve estimular — porque é inegável que a publicação provoca tal efeito — esse tipo de comportamento. O que se vê, ainda que rapidamente, não é bonito: um porco esticado, com a barriga para cima, tendo a traqueia perfurada, com o inevitável fio de sangue. Ora, qual é o propósito de tal exibição?
É claro que essa divulgação representa uma vitória para aqueles que, afrontado a lei, afrontado o regulamento da universidade, afrontando a autoridade do professor em sala de aula, afrontando o bom senso, invadiram uma sala de aula. Outros, agora, procurarão seguir o seu exemplo. Não tardará, a ciência brasileira haverá de ficar refém dos militantes da, como é mesmo?, “Frente de Libertação Animal”. Práticas e discursos irresponsáveis, como as dos deputados tucanos Ricardo Trípoli (federal-SP) e Fernando Capez (estadual-SP), estimulam a delinquência.
Volto à palavra
“Ativismo”? Em qualquer das acepções das palavras, mesmo naquela que fala em “revolução”, se os supostos “ativistas” ganhassem, o perdedor seria principalmente o homem — e também os bichos, ao menos os domésticos, já que um veterinário também estaria proibido de “aprender” tendo como modelo o próprio animal.
Não, senhores! Isso não é “ativismo”. Chamem-se essas coisas pelo nome que elas têm: crime. Se os cientistas, desde já, não se manifestarem de maneira firme e clara; se a Polícia, país afora, não for extremamente severa no cumprimento da lei; se a imprensa não sair dessa retórica “nem-nem”, esse tipo de vandalismo vai crescer.
Uma questão ao jornalismo
Digamos que um criminoso decidisse filmar o sequestro de, atenção!, uma personalidade pública, registrando detalhes que, de outro modo, ninguém teria. Pergunto: seria o caso de levar ao ar esse filme? Um espertinho poderia tentar sair do “sim” ou “não” afirmando um “depende”… Como? “Ah, se ajudasse a esclarecer o caso e fosse no interesse da vítima, sim…” Errado! O bandido sabe melhor do que você, espertinho, o que é bom para ele e para a sua causa. Divulgar as imagens seria entrar como mais um elo na cadeia do crime.Por Reinaldo Azevedo
25/10/2013 às 4:41
Segue trecho da minha coluna, que estreia na Folha nesta sexta.
As ruas, ente divinizado por covardes, pediram o fim do voto secreto para a cassação de mandatos. Boa reivindicação. O Congresso está a um passo de extinguir todas as votações secretas, o que poria o Legislativo de joelhos diante do Executivo. Proposta de iniciativa “popular” cobra o financiamento público de campanha, o que elevaria o volume de dinheiro clandestino nas eleições e privilegiaria partidos ancorados em sindicatos, cujas doações não são feitas só em espécie. Cuidado! O povo está na praça. Nome do filme dessa mímica patética: “Os 178 Beagles”.
Povo não existe. É uma ficção de picaretas. “É a terceira palavra da Constituição dos EUA”, oporia alguém. É fato. Nesse caso, ele se expressa por meio de um documento que consagra a representação, única forma aceitável de governo. Se o modelo representativo segrega e não muda, a alternativa é a revolução, que é mais do que alarido de minorias radicalizadas ou de corporações influentes, tomadas como expressão da verdade ou categoria de pensamento.
(…)
Íntegra aquiPor Reinaldo Azevedo
25/10/2013 às 4:35
Fernando Haddad (PT), prefeito de São Paulo, este homem novo e bom, conforme se vendeu na campanha eleitoral, perdeu e ganhou na votação do IPTU. Perdeu porque não conseguiu aprovar os absurdos índices de reajuste que pretendia. Ganhou porque, ainda assim, conseguiu um aumento muito acima da inflação. Leiam o que informam Giba Bergamim Jr. e Rogério Pagnan, na Folha. Volto em seguida.
A Câmara aprovou ontem à noite, em primeira votação, uma proposta de reajuste do IPTU na cidade menor do que queria o prefeito Fernando Haddad (PT) –mas, ainda assim, muito acima da inflação. O imposto subirá até 20% para imóveis residenciais e até 35% para os demais em 2014, conforme proposta que tem de passar por nova votação. Na média, a alta deve ser de 18% no ano que vem –superior à inflação anual próxima de 6%, mas abaixo dos 24% que Haddad pretendia. Regiões com maior valorização imobiliária desde 2009 devem sofrer maior impacto.
No total, 31 vereadores votaram a favor. Outros 13, contra –e 11 vereadores não ficaram até o final da sessão. Pelo texto aprovado, imóveis com valorização acima dos tetos de reajuste pagarão novos aumentos nos anos seguintes, mas limitados a 10% e 15%, respectivamente. A aprovação aconteceu após pressão da oposição e de vereadores da base aliada para que Haddad aceitasse mudar seu plano original –que previa tetos de reajuste de 45% (comerciais) e 30% (residenciais) tanto em 2014 como nos anos seguintes.
(…)
Voltei
Haddad queria, quer, encher as burras de dinheiro porque se fala por lá em instituir o passe livre de ônibus na cidade, o que adequaria a sua agenda à dos radicais e também à de setores da classe média endinheirada que acha “liiindo” ver seus filhotes com camiseta na cara e tênis de R$ 1.500 jogando umas pedras por aí… Os mais pobres, evidentemente, não reclamariam da gratuidade. Não tardaria para o sistema ser sucateado, mas quem se importa?
O aumento abusivo de imposto traz uma soma de falsos argumentos, amarrados pela má consciência política. Os petistas dizem que nada mais fazem do que repetir Gilberto Kassab (de todo modo, hoje um aliado…). Ainda que fosse, não foram eleitos justamente contra Kassab? Para fazer diferente? Acho que sim.
Atrelar a elevação do IPTU à valorização de mercado dos imóveis é argumento razoável só na aparência. Um proprietário não transforma em dinheiro seu imóvel, valorizado ou não, enquanto mora nele. Se e quando vender, pagará o Imposto Sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI). E, pois, dará um quinhão à Prefeitura. Há mais. Se o IPTU será calculado segundo a valorização dos imóveis, caso eles se desvalorizem no ano seguinte, pergunta-se: o imposto vai cair?
Azul e vermelho
Não fiz o mapinha porque demandaria um tempo que eu e minha equipe, composta das minhas duas mãos, não temos. Mas posso apostar que as áreas “mais valorizadas”, que terão o IPTU maior, coincidirão com aquelas que, em 2012, votaram no azul — ou seja, no PSDB. Já as que arcarão com o peso menor votaram no vermelho, o PT. Quem fizer esse cruzamento vai encontrar uma quase coincidência total, aposto.
“Ué! Fazer o quê? E se as áreas que mais votaram no PT tiveram mesmo menos valorização do mercado?” Quem fizesse essa pergunta estaria ignorando que se buscou um critério que coincide com uma espécie de punição dos moradores de áreas que votaram “errado”.
“Mas o natural não seria tentar atrair essas áreas?” O PT sabe que jamais conseguira ser majoritário em determinados bairros da cidade. De resto, precisa de dinheiro. E prefere enfiar a faca naqueles que não são “aliados”.Por Reinaldo Azevedo
24/10/2013 às 23:12
Os camaradas do site “Vanguarda Popular”, sou obrigado a confessar, interpretaram a minha alma profunda. Este site marxista-leninista — o único verdadeiro — resolveu se posicionar sobre a “Revolução dos Beagles”.
Reproduzo o texto e recomendo a visita ao site. O pior — você podem não acreditar — é que alguns celerados enviaram o texto pra cá como quem faz uma denúncia. Diz um deles. “Olhe ai, seu (#*&{+§), não esqueceram o que você falou sobre os passarinhos…”. Vale dizer: há gente que não entendeu que se trata de um site muito sério, mas de humor. Às vezes, até eu sou tentado a sugerir a substituição dos beagles por certos bípedes involuntários. Mas não chego a tanto. Como sou cristão e reacionário, logo perdoo. Segue o texto da “Vanguarda”.
*
Companheiros, hoje demonstrarei: 1) que a invasão do Instituto Royal, episódio que ficou conhecido no mundo progressista como “A Revolução dos Beagles”, foi uma ação revolucionária legítima do proletariado; e 2) que o jornalista Reinaldo Azevedo, expoente máximo do movimento neon liberal, não possui consciência proletária e, muito menos, autoridade moral para criticar nossos companheiros ativistas animais.
Um Partido que não possui a teoria marxista-leninista está fadado ao fracasso. Entre as principais tarefas do proletariado revolucionário podemos destacar: a) a promoção de medidas que ataquem diretamente a propriedade privada; e b) admissão e direção dos atos de vingança popular contra a burguesia exploradora da mais-valia.
Durante o conflito e imediatamente após o combate, os operários, antes de tudo e tanto quanto possível, têm de agir contra a pacificação burguesa e obrigar os democratas a executar as suas atuais frases terroristas. Têm de trabalhar então para que a imediata efervescência revolucionária não seja de novo logo reprimida após a vitória. Pelo contrário, têm de mantê-la viva por tanto tempo quanto possível. Longe de opor-se aos chamados excessos, aos exemplos de vingança popular sobre indivíduos odiados ou edifícios públicos aos quais só se ligam recordações odiosas, não só há que tolerar estes exemplos mas tomar em mão a sua própria direção. (Karl Marx/Friedrich Engels)
Ora, que é o Instituto Royal? Propriedade privada da burguesia. Qual é a principal função capital do Instituto Royal? Extrair mais-valia dos companheiros animais, que são tão humanos quanto nós. Logo, camaradas, a invasão desse instituto burguês e a libertação dos companheiros Beagles foi uma ação legítima do Povo (enquanto Povo, liderado pelo Partido, que é o Povo).
O segundo ponto é o mais fácil de demonstrar. O próprio Reinaldo Azevedo confessa abertamente (sem vergonha!) que é um homem mau, que odeia os bichos, que defende a violência e, portanto, a exploração da mais-valia dos companheiros animais!
CAMARADAS, EIS A PROVA:
Meu delírio de violência é matar passarinhos. Não sou um homem bom. Tentam mandar em mim com sua rotina anunciando auroras: ‘Vai dormir, vai dormir’. Fico destroncando seus pescocinhos em pensamento como quem conta carneiros. … Já adverti, não valho nada, não quero convencer ninguém, não sou bom e torço em pensamento pescoço de passarinhos. (Reinaldo Azevedo)
Ora, camaradas, por que os companheiros passarinhos voam? Por que os passarinhos cantam? Porque o Estado, que é o PARTIDO – isto é, o Povo -, através da ANAC e do Ministério da Cultura (MiniCult), permite! E o que deseja Reinado? A MORTE DE TODOS OS PASSARINHOS QUEM CANTAM E VOAM COM AUTORIZAÇÃO DO ESTADO!
Creio ter demonstrado cabalmente, de acordo com ciência marxista, a legitimidade do ato revolucionário dos companheiros ativistas e a absoluta falta de consciência proletária de Reinaldo Azevedo, representante da elite burguesa exploradora dos companheiros animais.
Todo apoio aos companheiros proletários ativistas! FORA REINALDO!Por Reinaldo Azevedo
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