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Nossa Senhora



Rio de Janeiro


terça-feira, 15 de outubro de 2013

Reinaldo Azevedo


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Se em meu ofício, ou arte severa,/ Vou labutando, na quietude/ Da noite, enquanto, à luz cantante/ De encapelada lua jazem/ Tantos amantes que entre os braços/ As próprias dores vão estreitando —/ Não é por pão, nem por ambição,/ Nem para em palcos de marfim/ Pavonear-me, trocando encantos,/ Mas pelo simples salário pago/ Pelo secreto coração deles. (Dylan Thomas — Tradução de Mário Faustino)


15/10/2013 às 6:02

LEIAM ABAIXO








15/10/2013 às 5:45


Decidi manter este texto no alto da página

Dilma Bolada, o alter ego descolado de Dilma Rousseff, parece que continua no comando. No Rio Grande do Sul, ela concluiu que, atrás de uma criança, há sempre um cachorro. O que pretendeu dizer com aquilo permanece um mistério, e duvido que vá ter tradução algum dia. Nesta segunda, ela esteve em Itajubá, em Minas, estado de origem de Aécio Neves, um dos pré-candidatos do PSDB à Presidência. E voltou a refletir em voz alta — e, tudo indica, sem o planejamento do marketing. Afirmou o seguinte, segundo transcreve o Estadão Online:
“Tudo o que as pessoas que estão pleiteando a Presidência da República querem é ser presidente. Eu sou presidente e não fico tratando… Para mim não é problema a eleição agora (…). Acredito que, para as pessoas que querem concorrer ao cargo, elas têm de se preparar, estudar muito, ver quais são os problemas do Brasil. Eu passo o dia inteiro fazendo o quê? Governando.”

Ai, ai…

A revelação certamente mais surpreendente, se a gente se atém apenas ao sentido das palavras, é mesmo esta: “Tudo o que as pessoas que estão pleiteando a Presidência da República querem é ser presidente”. Em si, trata-se de uma tolice. Mas é preciso ir um pouquinho além. O que vai nessa tautologia ultrapassa o limite da bobagem e expõe uma cultura política autoritária.

Há nisso um eco inequívoco de Lula. Desde que ele chegou ao poder, em 2003, trata a Presidência da República com uma espécie de recompensa natural, à qual o PT teria direito por ser… o PT! Sendo ele quem é no partido, mais de uma vez, tratou o cargo como se fosse mesmo matéria de justiça histórica — como se o Brasil lhe devesse essa recompensa. Lula já fez isso no passado: “Olhem, o Serra está querendo o que nos pertence… Olhe, o Alckmin está querendo o que nos pertence…”. Nesta segunda, foi a vez de Dilma.

O que ela pretende caracterizar com essa fala é que todas as críticas de que possa ser alvo derivam do fato de que “há gente querendo o meu [dela] lugar”. Ora, numa democracia, é assim mesmo que funciona: as oposições se organizam para tentar conquistar o poder, que está com os adversários. Com essa fala aparentemente besta, mas metódica, o que se pretende é demonizar os críticos, que seriam, então, meros oportunistas, tentando tomar o que a ela pertence por direito.

Há também a evidente desqualificação dos adversários, que não teriam estudado o Brasil o bastante e estariam, depreende-se, despreparados para governar. Aécio Neves reagiu com uma nota: “A presidente Dilma é sempre muito bem vinda a Minas, como é natural da hospitalidade mineira, mesmo não tendo, mais uma vez, trazido respostas para importantes demandas do nosso Estado que estão sob responsabilidade do governo federal. (…) Se não tivesse se afastado por tantos anos de Minas, a presidente, e não a candidata, talvez estivesse apresentando respostas a essas demandas”. Marina Silva ironizou: “Acho que ela dá um conselho muito bom porque aprender é sempre uma coisa muito boa. Difícil são aqueles que acham que já não têm mais o que aprender e só conseguem ensinar”.

Pois é… Uma resposta tem um desnecessário sotaque regional — e a disputa, não custa lembrar, é nacional. Marina também não é o melhor exemplo, e deu mostras disso de sábado retrasado para cá, de pessoa disposta a aprender. Dilma, por seu turno, está em franca campanha eleitoral faz tempo — como evidencia de modo escancarado o programa “Mais Médicos”… A sucessão já está aí, florescendo num impressionante deserto de ideias.
Texto publicado originalmente às 21h24 desta segundaPor Reinaldo Azevedo





15/10/2013 às 4:55


Na Folha:
O Ministério Público do Distrito Federal quer chamar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para depor em investigação sobre a suposta prática de caixa dois na campanha que o elegeu em 2002. A investigação foi aberta após denúncia feita no ano passado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, o operador do esquema do mensalão, que será notificado para depor também.

Eles não serão obrigados a comparecer ao Ministério Público, porque foram chamados como testemunhas. “Devemos chamar os dois, mas não é obrigatória a presença”, disse o promotor Mauro Faria, responsável pelo inquérito na Promotoria Eleitoral. A informação foi publicada primeiro pela revista “Veja” naedição desta semana. Por meio de sua assessoria, o ex-presidente Lula afirmou que não iria comentar o caso.

No depoimento do ano passado, prestado quando o julgamento do mensalão ainda estava em andamento, Valério disse que a siderúrgica Usiminas doou R$ 1 milhão à campanha de Lula fora da contabilidade oficial. Procurada, a assessoria de imprensa da empresa não respondeu até a conclusão desta edição. O Ministério Público abriu seis investigações preliminares para apurar as novas denúncias de Valério e anexou trechos do seu depoimento a duas outras em andamento. Valério afirmou também que Lula, o ex-ministro Antonio Palocci e o português Miguel Horta, então presidente da Portugal Telecom, negociaram uma doação eleitoral de US$ 7 milhões para o PT.
(…)Por Reinaldo Azevedo

Tags: Lula, Mensalão




15/10/2013 às 1:01


Na VEJA.com:
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou nesta segunda-feira que a Secretaria da Segurança Pública criou uma equipe especial de corregedores para apurar os indícios de colaboração de policiais corruptos com criminosos do Primeiro Comando da Capital (PCC). As corregedorias das polícias Civil e Militar participarão do grupo de investigação interna. “Se for comprovada a participação de qualquer servidor público, ele será severamente punido”, disse o governador.

Grampos do Ministério Público Estadual (MPE) flagraram a banda podre da polícia em contato com traficantes presos. As escutas mostram um cotidiano de achaques feitos por policiais civis e militares contra bandidos importantes da facção, que são sequestrados e mantidos em cárcere em delegacias. Até parte do material apreendido na megainvestigação era posta à venda aos criminosos. Ao todo, 175 integrantes do PCC foram denunciados à Justiça pelo MPE.

O governo paulista espera receber nesta terça-feira, depois de ter autorização da Justiça, a íntegra do material produzido nas investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). O acesso aos autos foi solicitado nesta segunda-feira. O Palácio dos Bandeirantes disse que tinha conhecimento da investigação do Gaeco, mas argumentou que o conteúdo não foi oficialmente compartilhado.

As corregedorias das policias Civil e Militar começaram a investigar os policiais que aparecem nas escutas. Segundo o governo, “eles serão demitidos e indiciados criminalmente” caso fique comprovado o envolvimento com criminosos. Alckmin reuniu-se nesta segunda com a cúpula da Segurança Pública: o secretário Fernando Grella Vieira, o delegado-geral da Polícia Civil, Maurício Blazeck, o comandante da Polícia Militar, coronel Benedito Meira, e o secretário de Administração Penitenciária, Lourival Gomes.

“O PCC é uma realidade, tem que ser enfrentado e é o que estamos fazendo. Trabalhando fortemente na área de inteligência, colhendo informações em uma atuação integrada para garantir a normalidade”, disse Grella em nota divulgada após a reunião da cúpula.

O governador também disse que o governo já possui uma força-tarefa 24 horas para garantir a segurança da população. Alckmin reafirmou que não fará nenhuma alteração em sua segurança pessoal por causa das ameaças contra ele: “Nós já temos uma segurança mínima, que é o suficiente. Não vai ter nenhuma alteração”, afirmou.

Bloqueio
O governador disse que pretende acelerar a licitação de empresas para instalar bloqueadores de sinal de telefone celular nos presídios. Segundo o Bandeirantes, testes foram realizados na capital paulista nos bairros do Belém, Zona Leste, e Pinheiros, Zona Oeste, além de Guarulhos, na Grande São Paulo. “Já está aberto o pregão para bloqueadores de celular em 23 penitenciárias. Esperamos concluir o processo licitatório agora em novembro e em dezembro começar as instalações”, disse.

Segundo Alckmin, o governo nunca teve ajuda das operadoras de telefonia para conseguir bloquear os sinais e enfrentava problemas tecnológicos para isolar as cadeias. “Nunca se teve tecnologia, ou não conseguíamos bloquear ou bloqueávamos [o sinal de] um bairro inteiro. Mas já fizemos novos testes no primeiro semestre, com o acompanhamento da Anatel, e eles foram positivos.”

Por Reinaldo Azevedo





14/10/2013 às 22:13


Segundo o New York Times, o Senado dos EUA está mais próximo de chegar a uma solução de consenso sobre a elevação do teto da dívida. Republicanos e democratas estão empenhados em costurar uma alternativa que afaste o país do que parecia, e parece ainda, impensável: o calote das dívidas interna e externa. Ninguém consegue prever o efeito que isso provocaria na economia mundial. Coisa boa não seria. Na hipótese do acordo, um dos impostos que compõem o tal programa de assistência médica de Obama seria retardado por algum tempo, e se criariam critérios mais rígidos para os candidatos à assistência pública de saúde. Mas tudo ainda é muito fluido.

Os republicanos, especialmente a turma do Tea Party, passa por um processo de demonização na imprensa americana — e mundial, inclusive a nossa — como nunca se viu. O chefe da campanha, como não poderia deixar der ser, é Obama. Reitero um ponto: se me fosse dado escolher e se isto fosse relevante, não endossaria a ação dos opositores do presidente; não parece ser esse o melhor instrumento nem o mais didático para que os americanos se convençam de que ele não é bom líder. Daí a considerar que os republicanos, especialmente a sua ala mais à direita, fabricaram essa crise sozinhos vai uma diferença brutal.

Mas fazer o quê? Vivemos a era em que as palavras já não fazem, assim, tanto sentido. Vejo Obama a dizer — e também seus entusiastas — que ele não pode ceder à chantagem dos republicanos, que estariam tentando impedi-lo de governar. Digamos, para efeitos de pensamento, que assim fosse: este presidente que está aí, a exemplo de seus antecessores, é herdeiro de uma legislação que confere prerrogativas ao Congresso. E uma delas é elevar o tal teto da dívida. Cada parte pode, por seu turno, recusar o que a outra propõe: se tudo der errado, qual delas será a responsável pela tragédia?

A resposta razoável é uma só: as duas! Mas quem foi eleito para governar o país e jurou, diante da Constituição, proteger os americanos? Barack Obama! Com uma imprensa esmagadoramente a seu favor nesse caso, ele sataniza os adversários a valer e transforma o que é uma prerrogativa democrática — alguém tente me provar que não — numa usurpação. Se não coubesse ao Congresso dar pitaco no caso, tudo já estaria devidamente resolvido, certo?

O acordo que está sendo costurado, e assim tem sido há muito tempo, daria folga ao país para tocar suas obrigações até fevereiro do ano que vem, quando teria de haver nova negociação. Uma questão que me parece obviamente ditada pela razão: se os republicanos realmente não cederem; se o Tea Party não piscar e decidir pagar pra ver, a quem caberá, então, impedir o pior? Ora, se esse grupo a que chamam de minoria irresponsável e radical dá mostras de que pode ir às ultimas consequências, a Obama ainda resta o espaço de escolher o mal menor — a menos que sobreponha a sua vaidade ao próprio risco da catástrofe. Lembram-se quando Salomão propôs dividir a criancinha em duas partes para saber qual mãe dizia “não” primeiro? A verdadeira aceitou perder o bebê para a impostora. E se Obama decidisse, para variar um pouco, ser mais sagaz do que “justo”?

Por Reinaldo Azevedo

Tags: EUA, Obama




14/10/2013 às 19:47


Cometi um erro no post anterior e já corrigi — e a fala de Joaquim Barbosa, então, ministro do Supremo e presidente do tribunal se tornou ainda mais incômoda. Como os magistrados não podem ter filiação partidária, a exemplo de representantes do Ministério Público, eles têm prazos especiais. Barbosa ainda pode ser candidato em 2014 se quiser. A exigência, no seu caso, é que deixe definitivamente a função — o que ele anunciou que pretende fazer antes dos 70 anos ao menos — e escolha um partido político, no máximo, seis meses antes da disputa eleitoral. Assim, ele tem até abril para tomar uma decisão.

Se você clicar aqui, acessa uma página do TSE com os prazos de desincompatibilização válidos para autoridades, servidores etc. NOTA À MARGEM: é claro que o prazo dilatado para juízes é um privilégio sem sentido. Com que então um político, profissional assumido da área, tem de fazer a sua escolha definitiva no mínimo um ano antes, mas um juiz, por exemplo, pode continuar a esconder na toga as suas pretensões eleitorais, embora, em tese, político não seja, por mais tempo? Ora, nesse e em outros casos em que a pessoa ocupa uma função pública, que pertence à burocracia do estado, dever-se-ia exigir ainda mais rigor, certo?


Por Reinaldo Azevedo





14/10/2013 às 18:27


Não fosse um absurdo em essência, seria o caso de recomendar ao ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo e relator da, como é mesmo?, “Ação Penal 470”, que não desse mole a mensaleiros. Como, no entanto, ele errou no mais, o menos vem de troco. Explico-me. Na sua intervenção no congresso promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), na PUC-Rio, ele confirmou que tem, sim, pretensões políticas, mas não para já.

Durante um bom tempo, muita gente especulou — especialmente os que o acusavam de perseguir os pobres réus do mensalão — de atuar movido por intenções políticas. Chegou a ser apontado como pré-candidato, e seu nome foi testado por todos os institutos de pesquisa. Reproduzo trecho (em vermelho) da reportagem da VEJA.com:

Pela primeira vez, o presidente do STF disse que refletirá sobre a possibilidade de entrar para a política após deixar a Corte. Barbosa também afirmou que tem intenção de se afastar do Tribunal antes dos 70 anos, quando se aposentaria compulsoriamente. O ministro tem 59 anos. ‘Refletirei sobre isso (ingressar na política), mas só depois de deixar o Supremo. Acho difícil ficar na Corte até os 70 anos. No momento, não tenho nenhuma intenção de me lançar candidato. No futuro, a médio prazo, terei tempo para pensar’, disse. Quando perguntado sobre onde estará em 2018, o ministro respondeu em tom de brincadeira: ‘Na praia’, dando uma pista da data em pretende deixar o STF.

Retomo
Não dá! Alguém imagina um membro da Suprema Corte dos EUA a especular sobre a própria candidatura? Ou da Alemanha? Ou da França? Ou aqui pertinho, do Chile? Isso é coisa típica, lamento constatar, de republiqueta, em que as autoridades não se dão conta do papel de que estão investidas e não prestam atenção ao peso que têm suas respectivas funções.

Ora, a partir de agora, confessada a pretensão, é justo que os que não gostam (e até os que gostam) da atuação de Barbosa a vejam segundo o horizonte que admitiu para si mesmo. Ainda que alimentasse (alimente) pretensões políticas, é um despropósito que as revele. “Ah, isso é mais honesto!” Não! Isso é apenas imprudente. Vai contribuir para lançar sombras de suspeição sobre suas decisões, seja essa desconfiança justa ou injusta.

Foi mais longe, informa a VEJA.com. Mais uma vez, fora dos autos, como livre pensador, o que ele não é, deu-se a inconveniências. Reproduzo (em vermelho):
Em sua participação no debate da Abraji, Joaquim Barbosa criticou o sistema político brasileiro e até aos candidatos à presidência da República. “O quadro político partidário não me agrada nem um pouco”, disse, respondendo se via algum candidato com simpatia. O ministro também afirmou que política e o judiciário brasileiros. No “pequeno catálogo dos problemas da política”, segundo ele, estão o voto obrigatório, a impossibilidade de candidatura avulsa, o “assombroso” número de partidos políticos, a “mercantilização” das legendas e “o coronelismo e mandonismo” na estrutura interna de certos partidos políticos. “O povo tem sido ignorado e colocado à parte das decisões políticas no país”, avaliou.

Volto
Não é a fala de um juiz. É a fala de um político. Não é a fala de um presidente do Supremo. É a fala de um político. Não é fala do chefe máximo de um Poder que tem também as características de Poder Moderador. É a fala de um político. E, agora, não é um mensaleiro que está a dizê-lo, mas um jornalista que acha que aquela turma tem de ir para a cadeia: é em outro prédio que se fala assim, não no Palácio da Justiça.

Nem me estendo sobre o mérito das decisões de Barbosa no caso do mensalão — eu acho que ele teve uma boa atuação, mas isso, reitero, não está em pauta. Foi ele quem decidiu investir na confusão nesta segunda. Não gosto quando lideranças políticas fazem essas avaliações genérico-apocalípticas, na base do “nada funciona”, “tudo é mesmo uma porcaria”, “olhem que lástima”… Essas coisas tem o inegável sabor da demagogia barata. Como se diz em Dois Córregos, “nem diminói nem contribói”. Esse tipo de intervenção só serve para colocar sob suspeição sua própria atuação.

Não é o primeiro a fazê-lo. Luiz Roberto Barroso também já se entregou a essas especulações. Como esquecer aquele 28 de agosto em que negou provimento a um embargo de declaração impetrado pela defesa de José Genoino com uma crítica demolidora ao sistema político, relevando, no entanto, as qualidades morais e a biografia do condenado?

O Regimento Interno do Supremo deveria ser acrescido de um suplemento sobre decoro e boas maneiras. Quando ministros do Supremo começam a se comportar como políticos, os políticos se assanham e começam a querer se comportar como juízes, e tudo fica fora do lugar.Por Reinaldo Azevedo





14/10/2013 às 17:44


Essa história de proibição da publicação de biografias é de tal sorte absurda, afronta com tal clareza a Constituição e agride de tal sorte os fundamentos de uma sociedade livre que a gente é tentado a se entusiasmar com qualquer opinião que se alinhe, ou pareça se alinhar, com a causa da liberdade, sem atentar para nuances que podem fazer toda a diferença. O diabo adora se esconder nos detalhes. E só é diabo, como se sabe, porque é velho (quer dizer: experiente), não porque seja sábio. E o caso, por exemplo, da afirmação feita nesta segunda pelo presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, ao participar do congresso promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), na PUC-Rio. O que afirmou o ministro? Extraio sua fala do texto publicado na VEJA.com por Cecília Ritto.

Ele se disse contrário à censura prévia, mas ponderou:
“Um grande artista, músico, ainda vivo, se vê diante de uma biografia devastadora de sua vida e intimidade. Sinto um desconforto com essa situação. A pessoa está produtiva, no mercado, e aí vem uma biografia assim. Defendo a indenização pesada ou um tempo de concessão, após 10 anos da morte da pessoa, para escrever o que quiser”.

Opa, opa, opa! Comecemos do mais absurdo. Esperar dez anos? Por quê? Estamos aqui partindo do princípio de que se trata de biografias de pessoas públicas, que remetem a questões que são do interesse também público. Ora, o Código Penal está aí, existindo maneiras de punir a calúnia, a injúria e a difamação. Esse procedimento valeria apenas para os artistas ou alcançaria deputados, senadores, presidentes da República e ministros do Supremo? Essa ideia dos 10 anos é uma forma de tentar misturar água e óleo, liberdade com censura.

Também é preciso tomar cuidado com a história da “pesada multa”. O que isso quer dizer? Se não faz sentido manter ativa uma lei que viola a Constituição, tampouco parece decente que se recorra à extorsão pecuniária para tentar impedir a publicação de livros.Por Reinaldo Azevedo





14/10/2013 às 16:49


Vamos falar mais um pouquinho sobre direita e esquerda. Nesta manhã, escrevi um post sobre a pesquisa Datafolha. A versão online do jornal publicou as perguntas que permitiram fazer a classificação que vai da esquerda à direita. Vejam. Volto em seguida (se preciso, clique na imagem para ampliá-la e facilitar a leitura).


Retomo
Há, já observei, o risco — nesse questionário e em qualquer outro que busque quantificar a população segundo a ideologia — o risco de se confundirem as pessoas generosas com a esquerda, e as mais, digamos assim, severas com a direita. Huuummm… Há uma possibilidade, nesta vereda que abro, de haver um pouco mais de “conservadores” — de direitistas — no Brasil do que aponta a pesquisa. Por quê?
Peguemos as afirmações sobre a posse de armas:
Este seria o primado da esquerda:
Devem ser proibida, pois ameaça a vida de outras pessoas.
Este seria o primado da direita?:
Arma legalizada deve ser um direito do cidadão para se defender

Notem: a arma, qualquer que seja o contexto e o pretexto, efetivamente ameaça a vida de outras pessoas. Esta condição é imanente ao objeto. A rigor, ela existe para isso mesmo. Tendo a achar que essa obviedade deita sua sombra sobre a questão, e a pessoa que responde a questão acaba expressando mais o seu bom sentimento e o seu cuidado do que a suja opinião. Vamos a um exercício? E se a definição da direita fosse esta?
“Arma legalizada deve ser um direito do cidadão; o que é preciso é proibir a arma ilegal”.

Penso que o resultado seria outro. Aliás, o resultado já foi outro. E quem tomou a decisão foi o eleitorado brasileiro. Em 2005, realizou-se o referendo das armas, lembram-se? O que se perguntava? Literalmente:
“O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?”.

A campanha começou, e o “Sim” era acachapante. Nunca antes tantas celebridades e tantos decolados se reuniram e favor de uma causa. Bastou ao “não” lembrar que a proibição, por óbvio, acabaria retirando a arma das mãos dos não-bandidos, já que o bandido, por definição, não se preocupa com a legalidade da arma. Diante dessa evidência e dada a incompetência do Estado para impedir a POSSE ILEGAL DE ARMAS, o “não” virou o placar espetacularmente. Saldo final: 59.109.265 rejeitaram a proposta (63,94%), contra 33.333.045 (36,06%) que a aprovaram.

A questão da proibição de armas, portanto, quando aplicada à realidade, quando vista nas suas consequências práticas, empurrou a maioria — quase dois terços — para o que seria uma posição “de direita”. Se é de direita ou não, é preciso ver. Uma coisa é certa: era apenas matéria de bom senso. Ou desarmar os não-bandidos altera a condição dos bandidos?

Tome-se um outro tema espinhoso, como o da migração. A resposta obviamente simpática, “humanista”, é a de que ela contribui para o desenvolvimento e a cultura. Perguntem, no entanto, aos moradores de Brasiléia, no Acre, que sofre uma verdadeira invasão de haitianos em situação ilegal, para ver qual é a opinião. Aposto que a esmagadora maioria dirá que “pobres que migram acabam criando problemas para as cidades”. Isso nada tem a ver com xenofobia, racismo ou discriminação de qualquer natureza. Trata-se apenas de um fato.

O mundo como fato e o mundo como ideia
Chama-se, muitas vezes, de “pensamento de direita” ou “pensamento conservador” o que é nada além de bom senso. Nesse sentido, ideologia, esta sim, é a engenharia social a que se dedicam as esquerdas, ao tentar impor um ponto de vista ancorado em convicções e crenças que insistem em desafiar a realidade. Uma questão, para mim, é emblemática: a criminalidade
Viés de esquerda:
“A maior causa é a falta de oportunidades iguais para todos (36%)”
Viés de direita
“A maior causa é a maldade das pessoas (61%)”
Não gosto da palavra “maldade”. Ela me parece reducionista em excesso. E se as respectivas formulações fossem estas?
Viés de esquerda
“A pessoa não pratica crime porque quer, mas porque não teve melhores oportunidades”
Viés de direita
“Praticar crime é uma escolha; mesmo com uma vida difícil, o certo é se esforçar para vencer na vida”.

Corto a mão — a direita, que é a melhor — se a alternativa “de direita” não chegar a uns 90%. Notem, no entanto, que a opinião “de direita”, mesmo na formulação dada, é amplamente majoritária. A razão é simples, gente! O salário médio pago no Brasil é inferior a R$ 1.800. O pago a universitários (só 17% da mão-de-obra) é de R$ 4.135,06. O dos não-universitários (82,9%) é de R$ 1.294,70. Este pode ser um país rico, mas composto de uma esmagadora maioria de pobres. Onde mora o sujeito que recebe menos de R$ 1.300 por mês? Os esquerdistas do complexo PUCUSP podem não saber — a maioria só conhece pobre de ouvir falar —, mas esse trabalhador sabe que a delinquência é uma escolha, EM QUALQUER CLASSE SOCIAL, não uma necessidade. E sabe porque ELE PRÓPRIO DECIDIU SER DECENTE, APESAR DAS DIFICULDADES.

Estou sustentando que a afirmação de que a pobreza induz a criminalidade é, ela sim, ideologia — uma construção artificial que busca, num primeiro momento, explicar a realidade, tentando, em seguida, substituí-la. Já a afirmação de que é criminoso quem quer, quem decide ser (não se trata de “maldade”), não é um artifício para explicar o mundo: é um dado da experiência.

“O Reinaldo está afirmando que ser direitista não é ideologia, que isso é uma tendência normal das pessoas, e que que ideologia mesmo é só a esquerda?” Não! Se o Reinaldo quisesse afirmar isso, ele afirmaria isso — ainda que o mundo gritasse o contrário. Estou afirmando, sim, que há uma tendência para demonizar como “coisa de direita” — o que é tomado como sinônimo de anti-humanismo — certas evidências dadas pela experiência.

Encerro com a questão sobre drogas. As esquerdas — no Brasil ao menos — tendem a afirmar que as drogas devem ser liberadas porque, como se lê no questionário, é o usuário que arca com as consequências (George Soros também acha isso…). Ora, basta circular no centro das grandes cidades para saber que a conta é paga por toda a sociedade — e é uma conta crescente, à medida que cresce o discurso da medicalização do problema, com essa mesma sociedade sendo chamada a arcar com os custos das “opções” feitas pelos “usuários” que se tornaram “doentes”.

Se a ideologia ainda é uma espécie de jogo de ocultamento, em que um pensamento, orientado por algum ente de razão — partido, por exemplo —, tenta se sobrepor à evidência dos fatos, então as opiniões da esquerda, com raras exceções, é que merecem essa denominação. Aquelas que são atribuídas “à direita”, na maioria das vezes, são apenas matéria de bom senso. Não fosse assim — e por exemplo, a criminalidade fosse uma consequência das carências sociais —, o Brasil não teria 50 mil homicídios por ano, mas 200 mil. Nos últimos anos, a Região Nordeste cresceu a taxas superiores às do resto do Brasil. Relativamente, ficou menos pobre. E a violência cresceu estupidamente. A afirmação de que a carência induz a violência é ideologia. A constatação de que isso é falso está no mundo dos fatos.

Por Reinaldo Azevedo





14/10/2013 às 5:54


O Brasil é a única democracia do mundo que não tem um partido conservador — se quiserem, “de direita” — viável. Única quer dizer exatamente isto: é uma experiência que não se repete em nenhum outro lugar. Todos os partidos se dizem de esquerda ou centro-esquerda ou, como tem virado moda, coisa nenhuma. Entrou para o anedotário político o PSD de Gilberto Kassab, que não é “nem de direita, nem de esquerda, nem de centro”. A Rede, de Marina, repete essa mesma ladainha, mas aí naquele plano etéreo em que ela flana com suas metáforas sobre sustentabilidade: “nem de situação nem de oposição, mas posição”. O que isso significa? Nada, ora essa! Mas parece ser uma coisa danada de profunda.

Há, sim, no Brasil políticos conservadores — que seriam classificados como “de direita” na Europa, nos EUA e até no Chile, aqui bem perto. Estão em todos os partidos — até no PT. Se a gente fosse botar as coisas na ponta do lápis, Antonio Palocci, como gestor público, certamente tomou mais medidas “de direita” — ou “conservadoras” — do que o tucano José Serra, que continua a ser, no entanto, alvo dos furiosos do PT. A salada partidária no Brasil é grande. E a indefinição ideológica também. Em artigo recente sobre os 25 anos da Constituição, publicado pela Folha, Serra, aquele que os petistas dizem ser “de direita”, mas que sempre esteve mais à esquerda, escreveu algo interessante ao se referir aos confrontos ideológicos na Constituinte:

“Não por acaso, os dois “lados” – esquerda e direita – , com a cumplicidade de sucessivos governos, foram e continuam sendo integrantes ativos do mais consolidado de todos os partidos brasileiros: a Fuce – Frente Única Contra o Erário e a favor das corporações de interesses especiais. Ninguém é mais falsamente de esquerda do que ela. Ninguém é mais falsamente de direita do que ela. Ninguém, a exemplo dela, é tão objetivamente contra os interesses do Brasil e dos brasileiros. Aliás, não é esse o partido mais consolidado e hegemônico do Congresso, 25 anos depois?”

Retomo
Acho a observação boa. O que se convencionou chamar de “direita” no Brasil adora um cartório e uma “Bolsa BNDES”, não é mesmo? O tema é vasto. Faço essas considerações porque a Folha desta segunda traz reportagem sobre pesquisa feita pelo Datafolha identificando a ideologia dos brasileiros. Em seguida, cruzam-se esses dados com a possível opção de voto em 2014. Vejam isto.


Como se vê, o Brasil tem uma maioria relativa de pessoas que se identificam com a centro-direita ou com a direta. Os claramente de direita são quase o triplo dos claramente de esquerda. Não é mesmo impressionante que não exista um partido que vocalize seus valores? Por que não? Ainda se escreverá muito a respeito aqui. Vejam agora como votam essas correntes de opinião.


Como se nota, a variação é pequena. Como se explica? Cuidaremos disso ao longo dos dias. 

Critérios
Quais são os critérios para identificar a ideologia? A reportagem do jornal explica:
Para identificar e fazer os agrupamentos ideológicos dos eleitores, o Datafolha faz um conjunto de perguntas envolvendo valores sociais, políticos e culturais, como a influência da religião na formação do caráter das pessoas e o entendimento sobre as causas da criminalidade. As questões com opiniões mais divididas foram a que tratava da hipótese de pena de morte e a que avaliava a importância dos sindicatos. Metade dos entrevistados (50%) respondeu que não cabe à Justiça matar alguém, mesmo que a pessoa tenha cometido um crime grave, posição mais associada a valores de esquerda.Outros 46% disseram que a pena de morte é a melhor punição para crimes graves, ideia mais ligada à direita. Sobre os sindicatos, 48% responderam que eles servem mais para fazer política do que para defender os trabalhadores (direita). Já para 47%, eles são importantes para defender os interesses dos trabalhadores (esquerda).

Comento
O critério é válido, sim, mas não é perfeito. A esmagadora maioria dos conservadores católicos que conheço se opõe, por exemplo, à pena de morte, que é, como se sabe, aplicada com dedicação e método em países oficialmente comunistas. Nessas horas, há sempre o risco de se identificar o humanismo como um fundamento da esquerda, o que é uma afronta aos fatos.

Em todo caso, creio que a distribuição ideológica no Brasil obedece mais ou menos a esse padrão. É o que se vê e se ouve nas ruas. Vale dizer: há muitos anos, parte considerável do eleitorado brasileiro é órfão de representação. O eleitorado de direita e centro-direita vota na esquerda e na centro-esquerda porque, afinal de contas, não tem em quem votar. De resto, é preciso ser um rematado idiota para considerar que o PSDB é um partido “de direita”. Pode até ser que, sem opção, muitos eleitores de direita acabem escolhendo o mal menor, já que não encontram na política aquela que seria a sua representação natural.Por Reinaldo Azevedo





14/10/2013 às 4:22


(leia primeiro o post anterior)
Marina Silva e Eduardo Campos fizeram uma aliança, como se sabe. E, à diferença do que se noticiou inicialmente, não está definido que será ele o candidato à Presidência. Se ela continuar com o dobro das intenções de voto, permanecendo em segundo lugar na disputa, será a candidata do PSB. Digamos que, por qualquer razão, a candidatura de Dilma Rousseff se esfarele ou que, no curso dos meses, simulações de segundo turno indiquem uma vitória de Marina. Não tenham dúvida: o candidato do PT será Lula, que, como ele mesmo disse, “está no jogo”. E, nesse caso, Campos está definitivamente fora da disputa. Assim, a possibilidade de Marina ser o nome do PSB em 2014 era um dado da equação desde o acordo. Só que há um porém: o combinado é que seria ele, não ela, a grande estrela da aliança. E isso não está acontecendo.

Marina, como de hábito, vai com muita sede ao pote. Sei que não parece, mas vai. Tem ainda o dom de atrair os holofotes. É evidente que Campos ficou a reboque. Chegou-se a saudar, por alguns instantes, a sua habilidade e coisa e tal, mas passou logo. Só se fala em Marina. Já no segundo dia, ela mandou pelos ares um aliado do governador em Goiás, o deputado Ronaldo Caiado (DEM). Há três dias, Walter Feldman, neomarineiro, demonstrava inconformismo com o fato de o PSB, em São Paulo, pretender se alinhar com Geraldo Alckmin — a legenda pertence à base de apoio ao governador.

Os marineiros, em suma, começaram a hostilizar os aliados de Campos.

Na entrevista (post anterior) concedida a Laryssa Borges, da VEJA.com, o ex-ministro Fernando Bezerra, que vai coordenar o programa de governo do PSB, tenta pôr as coisas no eixo, reiterando que o candidato do partido é, sim, Campos. Também garante que Marina não tem poder para vetar alianças. A entrevista se faz necessária em razão do estresse dessa primeira semana. Marina ser vista também como candidata incomoda Campos e aliados muito menos do que a sem-cerimônia com que ela e seus partidários começaram a entrar na economia interna do partido.

Isso não é novo. Marina fez o mesmo no PV. Passada a eleição, decidiu simplesmente apear toda a antiga direção da legenda em nome da “renovação” — e contou com o apoio entusiasmado de setores da imprensa. Daqui a pouco, ela e os seus migram para a “Rede”. Se Campos e os pessebistas não tomarem cuidado, restarão com um partido desconjuntado.

Os dois vão ter de voltar à prancheta para resgatar os termos iniciais da aliança: a) qualquer um pode ser o titular da chapa; b) tudo será feito para tornar viável o nome dele; c) ele, Campos, tem a condução do processo.

Depois, é só combinar com os russos.Por Reinaldo Azevedo





14/10/2013 às 3:47


Por Laryssa Borges. Comento no próximo post.
Ex-ministro da Integração Nacional do governo Dilma Rousseff, Fernando Bezerra Coelho, do PSB, será responsável por dar início ao programa de governo de Eduardo Campos, pré-candidato ao Palácio do Planalto. Entre suas tarefas está tentar conciliar os interesses desenvolvimentistas do governador pernambucano e o viés ambientalista de Marina Silva. Em entrevista ao site de VEJA, ele afirma que já trabalha para minimizar os desgastes na formação de palanques para Campos e avisa: Marina não poderá vetar nenhuma aliança.

É possível conciliar as ideias de Campos com as ideias ambientalistas de Marina?
Claro que dá para unificar as duas visões de mundo. Eduardo traz duas ideias-forças. Uma é a proposta de colocar o desenvolvimento brasileiro em um outro patamar. Outra ideia é o conceito da eficiência da gestão pública, da racionalidade, da meritocracia, da transparência. No caso de Marina, as duas ideias-forças dela são o conceito da sustentabilidade, que é uma coisa muito cara à sociedade brasileira e a ideia de ensejar uma nova participação das pessoas na vida pública, com novos meios de participação popular e diminuição da importância dos partidos políticos.

Campos vinha construindo alianças mesmo com quem não têm afinidade direta com o que pensa Marina. É possível desprezar algum tipo de aliança?
Claro que não dá para desprezar. Quanto mais alianças, melhor. Mas essas duas ideias-forças de Marina e Eduardo vão ser traduzidas nesse acordo programático. Elas não são conflitantes. Nem as ideias nem as alianças. Marina inaugura um novo momento e cria quase a figura de um consórcio partidário. Sem perder a integridade dela, ela vai entrar dentro dessa proposta a ser construída agora entre o PSB e a Rede. O que está se privilegiando é o acordo programático, a proposta. Isso independe dos palanques, porque se tivermos bandeiras bem definidas, bem colocadas, poderemos mobilizar a sociedade por cima dos partidos, dos palanques e das estruturas político-partidárias tradicionais.

As alianças serão amplas?
Até junho de 2014, nas convenções partidárias, se esse acordo programático for mobilizador, como esperamos que seja, é evidente que os partidos políticos que estão estruturados tendem a se aproximar. A partir daí, discutimos onde vai ser possível formar aliança, porque todos precisam de alianças partidárias para viabilizar tempo de televisão e candidaturas proporcionais. Agora existe uma inversão: em vez de estarmos correndo atrás de palanques e de candidaturas, estamos priorizando a elaboração de um acordo programático com bandeiras e ideias que poderão sensibilizar vastos segmentos da sociedade e, por consequência, poderão aproximar os partidos.

Como fazer essa aliança programática procurando partidos das mais diversas ideologias?
Primeiramente temos de definir em torno do que estamos unidos. Isso é a prioridade tanto do PSB quanto da Rede até dezembro. A partir de janeiro, vamos ver a repercussão de nossas ideias e aí vão se intensificar as movimentações. Vão ter reações a favor e contra, e isso é natural. A proposta a ser apresentada poderá aproximar ou afastar determinadas posições políticas. Definidas claramente as ideias [do programa de governo], uns vão se aproximar e outros vão se afastar. Quem quiser apoiar claro que vai poder apoiar, desde que com compromisso.

A Marina terá poder de veto nas alianças?
Não. A Marina está entrando no PSB trazendo uma série de contribuições. Pegue o Paulo Bornhausen, por exemplo, que é originário mais da direita e que apoia a candidatura de Eduardo Campos. Os que quiserem aderir à candidatura de Eduardo Campos vão ter de aderir ao programa e às ideias. E nossa questão não é em relação ao passado. Queremos tratar de construir o futuro. Queremos olhar o Brasil para frente, e não para trás.

Como o PSB vê a Marina, que pode ser vice na chapa, sendo mais forte e tendo maior preferência do eleitorado?
Isso está sendo administrado com muita tranquilidade no partido. A candidatura de Eduardo Campos é uma decisão já tomada. Não há problema de a pessoa no banco de reservas ser forte. A Marina, ao tomar decisão de vir para o PSB, veio porque disse que queria apoiar a candidatura de Eduardo Campos.

É possível que Marina transfira para Campos os 20 milhões de votos que teve nas eleições de 2010?
Nada é automático na vida. Tudo tem que ser conquistado e trabalhado. Nada é aritmético. Agora estamos vivendo o momento mais rico dessa pré-campanha com a decisão dela vir para o PSB. Precisamos saber se essa decisão vai ter desdobramentos do ponto de vista eleitoral. Acreditamos que terá se traduzirmos bem esse acordo programático e essas ideias-forças que animam tanto o PSB quanto a Rede.

Pelo fato de serem ex-ministros do governo Lula, fica mais fácil para Campos e Marina apontarem os erros da gestão petista?
Eles avalizam para um grande segmento do eleitorado brasileiro que é preciso ir além. É daqui para melhor. É preciso levar adiante todas as conquistas sociais para que elas não se percam.

Marina disse que Campos estava no “mesmo balaio” que Aécio Neves e que a presidente Dilma. As críticas e ataques ficaram no passado?
Depois que o Brizola chamou o Lula de sapo barbudo e engoliu o sapo tudo tem como ser administrado. Não existe nenhum tipo de manifestação que não possa ser minimizada ou compreendida agora nesse novo contexto de respeito às pessoas. Não houve nenhuma agressão do ponto de vista pessoal.

Por Reinaldo Azevedo





14/10/2013 às 3:28


Dilma Rousseff decidiu dialogar outro dia com “Dilma Bolada”, a personagem criada por um fã muito entusiasmado. A Bolada não tem certos freios da Rousseff e vai falando tudo o que lhe dá na telha.

No sábado, em Porto Alegre, ao participar de uma solenidade, a presidente decidiu improvisar, refletir, ser profunda, mas doce. Entendo. Marina Silva resolveu lançar a moda do tal “militante autoral”. A Bolada pensou: “Vou nessa!”.

Ocorre, meus caros, que, para não dizer coisa com coisa e parecer profundo, é preciso ter experiência. Não é da noite para o dia. Em Porto Alegre, a Dilma de 2013 lembrou aquela de 2009 e 2010 que tentava simular uma espontaneidade que não tinha. No programa de Datena, vocês devem se lembrar, indagada sobre a sua santa de devoção, a então candidata mandou brasa: “Nossa Senhora”. O apresentador quis saber qual: “Nossa Senhora de forma geral”. Achando pouco, chamou a santa de “deusa” — sim, Dilma inventou o catolicismo politeísta.

Neste sábado, ela decidiu refletir sobre o Dia das Crianças. E saiu isto aqui. Volto em seguida.



Voltei
Cheguei a achar que era uma montagem. Não era, não! A fala está lá, no site do Planalto. Transcrevo o trecho inteiro:

“Eu, primeiro, queria dirigir um cumprimento aqui aos nossos prefeitos e às nossas prefeitas, e dizer que muito me honra a presença deles aqui hoje. E, em especial, uma vez que eu estou aqui nesta cidade tão querida que é Porto Alegre, cumprimentar o nosso prefeito Fortunati e a querida, a primeira-dama Regina Becker. Principalmente porque, se hoje é o Dia das Crianças, ontem eu disse que criança… o dia da criança é dia da mãe, do pai e das professoras, mas também é o dia dos animais. Sempre que você olha uma criança, há sempre uma figura oculta, que é um cachorro atrás, o que é algo muito importante.”

Não sei se me encanto mais com o dom do pensamento ou com o da sintaxe. Marina tem de lembrar a Dilma que arte de falar coisas sem nexo e parecer profunda requer anos de treinamento. Não se aprende assim, do dia para a noite.Por Reinaldo Azevedo

Tags: Dilma




14/10/2013 às 2:31


Por Rodrigo Rangel e Hugo Marques, na VEJA:
Em setembro do ano passado, o empresário Marcos Valério, o operador do mensalão, apresentou-se voluntariamente à Procuradoria-Geral da República em Brasília e prestou um longo depoimento em que formalizava algumas revelações acachapantes sobre o maior escândalo de corrupção da história do país. O julgamento do processo contra os mensaleiros, entre eles o próprio Valério, estava em pleno curso no Supremo Tribunal Federal (STF). O empresário queria proteção e um acordo de delação premiada. Entre as novidades, Valério contou que o ex-presidente Lula não só tinha conhecimento do mensalão como avalizou as operações financeiras clandestinas. Disse ainda que o dinheiro usado para subornar parlamentares também pagou despesas pessoais de Lula, inclusive quando ele já ocupava a cadeira de presidente da República. O depoimento deu origem a várias investigações. Uma delas, envolvendo uma suposta doação ilegal de dinheiro ao PT, agora vai ganhar reforço internacional.

A Polícia Federal pediu ajuda para rastrear a movimentação de contas bancárias no exterior que, segundo o publicitário Marcos Valério, foram utilizadas pelo PT para receber doações ilegais que bancaram despesas da campanha presidencial de 2002. Em seu depoimento, o operador do mensalão forneceu aos procuradores os números de três contas usadas para receber 7 milhões de dólares da Portugal Telecom, gigante do setor de telefonia que tinha negócios no Brasil e interesse em se aproximar do governo recém-empossado. Valério disse que a doação foi acertada por Lula, José Dirceu e o ex-ministro Antonio Palocci, e que ele cuidou pessoalmente da operação em Lisboa. Para despistar eventuais curiosos, os depósitos teriam sido feitos por fornecedores da Portugal Telecom em Macau, um pedaço minúsculo de terra no sul da China colonizado pelos portugueses onde a influência de Lisboa se faz presente até hoje.

Para ler a continuação dessa reportagem compre a edição desta semana de VEJA no IBA, no tablet ou nas bancas.Por Reinaldo Azevedo

Tags: Mensalão




14/10/2013 às 2:15


Por Gabriel Castro, na VEJA.com:
Há mais de uma década, o eleitor do Distrito Federal acostumou-se a uma lamentável realidade: os políticos eleitos para representá-los acabaram envolvidos em escândalos de corrupção. A lista começa com Joaquim Roriz, passa pelo ex-senador Luiz Estevão, continua com José Roberto Arruda e atinge até o atual governador e candidato à reeleição, Agnelo Queiroz. Em 2014, a história não será diferente. Na semana passada, Roriz filiou-se ao nanico PRTB, seguindo os passos de Estevão. Arruda agora faz parte do PR.

Graças à Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, que derrubou Arruda, e à Lei da Ficha Limpa, que tirou Roriz da disputa, o petista Agnelo venceu a eleição de 2010 com facilidade. Agora, ele luta contra a popularidade baixa e a perspectiva de uma disputa dura. A primeira conquista importante ele obteve: conseguiu do PMDB o compromisso de manutenção da aliança que o levou ao governo há três anos, embora uma ala do partido ainda ameace saltar do barco. Parte da dificuldade decorre da péssima gestão de Agnelo, somada ao histórico de escândalos mal – ou não – explicados. Por isso, nunca tantos nomes se animaram a disputar um lugar no Palácio do Buriti. Grupos políticos em decadência e antigos aliados do PT se entusiasmaram em entrara na briga.

José Roberto Arruda, que ainda não escolheu qual cargo disputará, precisará convencer o eleitor, pela segunda vez, que merece perdão. Em 2001 ele participou da violação do painel eletrônico do Senado e renunciou ao mandato para fugir da cassação. Voltou ao poder em 2002, como deputado federal. Em 2006, elegeu-se governador do Distrito Federal. Três anos depois, quando o esquema de corrupção montado por ele veio à tona, Arruda sucumbiu novamente diante de algumas das mais deploráveis imagens de roubalheira explícita da política brasileira – Arruda, por exemplo, aparece recebendo dinheiro de corrupção em um pacote. Ele chegou a ser preso pela Polícia Federal por cooptação de testemunha e perdeu o mandato.

Naquela época, o então governador deu sinais de que pensava em se manter na política: antes de ser expulso do DEM, deixou o partido por conta própria. Acabou enquadrado na lei de fidelidade partidária, que tirou-lhe o mandato. Ele tinha direito de recorrer à decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), mas optou por não fazê-lo. Há uma razão: com essa punição, Arruda apenas ficava sem o cargo de governador, mas estava apto a disputar as próximas eleições. Caso permanecesse no posto, ele fatalmente seria cassado pela Câmara Legislativa do DF, o que lhe renderia um período de cinco anos de inelegibilidade.

Agora, o ex-governador chega ao PR com as bênçãos de Valdemar Costa Neto, mensaleiro e maior articulador do partido. Ele não hesitou em desalojar o comando do partido no Distrito Federal para emplacar um aliado de Arruda no posto.

Roriz
Já o ex-governador Joaquim Roriz, dono de um expressivo capital eleitoral, está firmemente disposto a se candidatar ao governo. Mas tem uma situação mais delicada: aos 77 anos, ele tem grandes chances de ser barrado pela Lei da Ficha Limpa. O governador renunciou ao mandato de senador, em 2007, para fugir da cassação, depois de ser flagrado negociando a partilha de 2,2 milhões de reais de origem escusa.

No fim de setembro, Roriz – que havia deixado o PSC após as eleições de 2010 – chegou a acertar seu ingresso no DEM. Mas a Executiva Nacional do partido decidiu rejeitar o registro. O ex-governador e sua filha, a deputada distrital Liliane Roriz, migraram para o PRTB. O partido, em Brasília, é comandado por ninguém menos do que o ex-senador Luiz Estevão. Jaqueline Roriz, outra filha do político e deputada distrital flagrada embolsando dinheiro desviado, é filiada ao PMN.

Estevão enfrenta o ostracismo há mais tempo que os colegas: cassado em 2000 por envolvimento em desvio de recursos públicos na obra do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo, ele só poderá voltar a disputar eleições em 2022, devido à Lei da Ficha Limpa. Por isso, dedica-se à articulação política. Neste ano, o ex-senador se filiou ao PRTB e passou a comandar o partido na capital federal. “Eu vou me dedicar mais às chapas para deputados federais e distritais”, diz ele.

Se for barrado pela Justiça Eleitoral, Roriz deve abandonar os planos eleitorais. Quem diz é Luiz Estevão: “Ele não cogita disputar outro cargo que não seja o de governador”. Nesse caso, o plano já está traçado: quem irá para a disputa majoritária é Liliane Roriz. “A disposição dele em disputar o governo é real. Mas eu sou o plano B do meu pai”, diz Liliane, que recentemente trocou o PSD pelo PRTB.

Em 2010, Roriz fez uma manobra desastrada e escolheu sua mulher, Weslian, para sucedê-lo e evitar o risco de impugnação da chapa por causa da Lei da Ficha Limpa. Inexperiente e despreparada, ela passou vexame nos debates e acabou derrotada por Agnelo.

Nova ala
Depois de apoiar Agnelo em 2010, o deputado federal José Antônio Reguffe (PDT) aceitou participar da disputa pelo governo no ano que vem. Ele foi apontado pelo diretório regional de seu partido na semana passada e aceitou a indicação. Deputado federal com maior votação proporcional em 2010 (20% dos votos do Distrito Federal), Reguffe aposta suas fichas no discurso moralizador em um momento de descrédito generalizado.

Mas a falta de apoio de outras legendas pode prejudicá-lo. A decisão do PDT – partido que Reguffe quase deixou para se filiar à Rede Sustentabilidade – surpreendeu porque foi repentina e criou um problema: Rodrigo Rollemberg, do PSB de Marina Silva e Eduardo Campos, deve disputar o governo. O PDT não pretende recuar. “Imagine que o PDT decida apoiar Eduardo Campos no Brasil inteiro. Ele vai ter que fazer alguns gestos em alguns estados. E pode apoiar o Reguffe em Brasília”, diz o senador Cristovam Buarque, comandante do PDT do DF.

Cristovam diz que Rollemberg e Reguffe podem disputar simultaneamente, mas vê problemas na possibilidade de divisão: “Se nenhum dos dois conseguir atrair o PSOL, aí fica mais difícil. Eles vão ter que se juntar”, avalia o senador, que governou o DF de 1994 a 1998. O senador Rodrigo Rollemberg (PSB) não é propriamente uma novidade: em 2002, ele foi candidato a governador e não chegou ao segundo turno. Agora, entretanto, com a crise de Agnelo e o projeto presidencial do PSB, o nome do senador parlamentar pode ganhar força.

A lista de potenciais candidatos vai além: a deputada distrital Eliana Pedrosa também deve reforçar o time de oposição. A parlamentar, que já foi do DEM e do PSD, assumiu o comando do PPS na capital federal. O PSDB, por sua vez, pode lançar como candidatos dois ex-aliados de Agnelo: os deputados federais Izalci Lucas e Luiz Pitiman. É possível que, até abril, quando as chapas serão montadas, o cenário sofra alterações. Mas alguns personagens que envergonharam a política do Distrito Federal dificilmente ficarão de fora.

Por Reinaldo Azevedo





12/10/2013 às 15:56


Não consegui acessar, por qualquer razão, nesta madrugada, a edição digital da Folha e, por isso, não publiquei todos os números da pesquisa, que agora seguem abaixo. Os dados completos não mudam nada do que escrevi, mas acrescentam outros elementos para reflexão. Vamos ao conjunto das constatações, incluindo as feitas nesta manhã, ainda que eu não goste delas. Primeiro os dados:





1 – Dilma volta a vencer a eleição no primeiro turno pela primeira vez desde junho (cenário A).

2 – O Cenário A é justamente aquele considerado hoje o mais provável (embora eu não acredite nisso).

3 – Serra aparece à frente de Aécio quando o nome do PSB é Marina Silva (20% a 17%) ou Eduardo Campos (25% a 20%).

4 – Quando o candidato tucano é Aécio, Marina tem 14 pontos (29% – Cenário B) a mais do que Eduardo Campos (15% – Cenário A). Quando o candidato do PSDB é Serra (Cenários D e E), a diferença a favor dela é de 13 pontos (28% a 15%).

5 – O caricaturista foi um tanto severo com Serra e generoso com os demais. Campos e Aécio não têm por que estar com a cara mais alegre do que o ex-governador de São Paulo; dados os números, poderiam estar até menos. As únicas que têm motivos para sorrir são Dilma e Marina Silva.

6 – O único candidato que tem uma distribuição de votos equilibrada entre todas as faixas de renda é Serra. Nos outros três casos, há variações brutais — e estas contam a favor de Dilma.

7 – A petista obtém o seu melhor resultado entre os mais pobres (até 2 salários mínimos): de 44% a 50%. O cenário em que ela obtém o menos índice (D) nessa faixa é justamente o pior para ela.

8 – O pior desempenho de Dilma se dá entre os mais ricos: de 23% a 28%.

9 – Marina Silva é quem lidera entre os mais abastados (acima de 10) mínimos, obtendo 38% e 39%, a depender do cenário.

10 – Aécio e Campos conseguem entre os mais ricos índices expressivamente maiores do que entre os mais pobres.

11 – Isso tudo é muito bom para Dilma porque a maioria do eleitorado se concentra entre os menos abastados.

12 – O cenário D é o pior para Dilma porque Marina encosta nela na faixa dos que ganham de 2 a 5 mínimos. Na faixa de 5 a 10 mínimos, a candidata da Rede (ora no PSB) também supera a petista.

13 – Os dados não estão no infográfico, mas a Folha informa que Marina lidera também entre os jovens e os que têm nível superior. A líder da Rede, portanto, caiu nas graças dos mais ricos, dos mais instruídos e da juventude. É uma pena pra ela que a maioria do eleitorado não se concentre nessas faixas.Por Reinaldo Azevedo





12/10/2013 às 5:15








12/10/2013 às 4:27


Publiquei anteontem aqui uma notinha simples, sem ilação ou sugestão de qualquer natureza, mas bastou para deixar assanhados alguns paranoicos. Esta:


Como se vê, lembrava o óbvio: na disputa presidencial de 2014, por enquanto, os segundos são considerados os primeiros. E não é a assim? A Folha traz na edição deste sábado uma pesquisa eleitoral realizada nesta sexta, depois do estrepitoso anúncio da aliança entre Marina Silva e Eduardo Campos. Se a eleição fosse hoje e caso se confirmem os candidatos dados como favoritos em seus respectivos partidos, Dilma vence a eleição no primeiro turno, com 42% dos votos, contra 21% de Aécio e 15% de Eduardo Campos.

Nos outros três cenários, ela teria de disputar a segunda etapa. O pior para a presidente é aquele que conjuga José Serra como candidato do PSDB (20%) e Marina Silva como o nome do PSB (28%). Nesse caso, Dilma teria 37%. O melhor cenário para Marina é aquele em que o candidato tucano é Aécio. Ela chega a 29%, quase o dobro do melhor desempenho de Eduardo Campos (15%).

Dilma vence todos os seus adversários no segundo turno. O melhor para ela é Campos (54% a 28%). O segundo melhor é Aécio (54% a 31%). Contra Serra, o resultado seria 51% a 33%. A mais competitiva é Marina (47% a 41%). 

O jogo está apenas começando
A eleição ainda está muito longe. Os números darão início agora a um jogo de xadrez. Vamos ver. Marina tem quase o dobro (29%) das intenções de voto de Eduardo Campos no cenário em que o tucano Aécio Neves é o candidato — o que boa parte dos tucanos considera, hoje, o mais provável. Digamos que essa distância e as proporções se mantenham, de modo que o cenário aponte para uma vitória da petista no primeiro turno. Afirmem os peessebistas o que quiserem, tendo a duvidar que seja Campos o candidato. Nesse caso, parece que o nome de Marina se torna irresistível. Já está mais do que claro que a cabeça da chapa não está definida.

Se tudo convergir para Marina, há o risco de Aécio ficar em terceiro lugar e, pela primeira vez desde 1994, o PSDB não ter um nome disputando o segundo turno. Não seria uma boa estreia como candidato à Presidência, especialmente porque não se poderá reclamar que o PSDB tomou uma decisão tardia. A lógica do jogo indica que a (re)entrada de Marina no jogo recoloca no tabuleiro o nome de Serra.

É claro que as circunstâncias são bastante especiais. Marina está sendo tratada por boa parte da imprensa como uma espécie de reinvenção da cidadania e da política. Em muitos aspectos, reeditam-se procedimentos antes dispensados apenas a Lula, no tempo em que ele era um líder da oposição, tido como puro e autêntico, ainda não corrompido pelo jogo do poder. Até parecia que ele disputava coisa diferente dos demais — como parece agora, no caso da ex-senadora.

Mas que se note: em agosto, quando não estava associada a Campos, Marina já tinha 26% das intenções de voto — ele aparecia com 8% (Dilma tinha 35%, e Aécio ficava com 13%). Fosse a candidata agora, teria 28% (quando Serra é o nome tucano) ou 29%, quando Aécio. Não é um ganho significativo. O governador e o próprio Aécio se beneficiam bastante com a sua saída quando aparecem como os indicados de seus respectivos partidos. O mineiro fica com 21%, e o pernambucano com 15%. Mas Dilma também cresceu: de 35% para 42%. Isso sugere que os votos de Marina, caso ela fique fora do pleito, se distribuem mais ou menos igualmente entre os demais.

PT pode comemorar moderadamente
O PT pode comemorar. Mas moderadamente. Pode porque, desde a aluvião de junho, não havia mais cenário em que Dilma vencesse no primeiro turno. Com a Rede fora da disputa, essa possibilidade existe de novo — hoje. A comemoração há de ser moderada porque, se Marina seguir com o dobro das intenções de voto de Campos, a candidata será ela, não ele. E, nesse caso, não dou como fechado o cenário do PSDB — aliás, nem o próprio Aécio.Por Reinaldo Azevedo





12/10/2013 às 4:25


Por Júnia Gama, no Globo Online:
As fraudes nas assinaturas de apoio à criação do partido Solidariedade, do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (PDT-SP), atingiram até mesmo uma autoridade do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão administrativo e fiscalizatório do Poder Judiciário. A vítima, desta vez, foi Bruno Dantas, conselheiro do CNJ até agosto deste ano. Como a ficha foi apresentada ao cartório em julho, Bruno ainda exercia a função no Conselho.


Bruno é servidor do Senado e, assim como diversos outros funcionários que tiveram seus nomes coletados indevidamente das fichas do Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo (Sindlegis), acabou tendo sua assinatura falsificada pela equipe recrutada pelo Solidariedade para alcançar as 492 mil firmas de apoio necessárias à criação do partido presidido por Paulinho da Força.

A falsificação é grosseira. Mostra uma caligrafia infantilizada, com letras arredondadas. Ao observar a ficha de apoio à criação do partido Solidariedade, Bruno Dantas não teve dúvidas e confirmou a fraude de que foi vítima: “A assinatura não é minha”, reforçou o ex-conselheiro.Por Reinaldo Azevedo





12/10/2013 às 4:21


Marina Silva estava havia um dia no PSB e já saiu atirando contra o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), até então aliado de Eduardo Campos. E deixou clara a sua hostilidade ao agronegócio, setor que serviu de âncora da estabilidade da economia brasileira e, mesmo na instabilidade, impede que o país vá para o buraco. O bicho pegou. Nesta sexta, Campos tentou minimizar o prejuízo dessa sua aliança que, por enquanto, parece bastante empenhada em… dispensar aliados. Leiam o que informa Natuza Nery e Márcio Falcão, na Folha. O título acima, claro!, é meu.
*
Com objetivo de aparar a primeira aresta criada após a aliança com Marina Silva, o governador Eduardo Campos (PSB-PE) procurou representantes do agronegócio para explicar o “efeito Caiado” e sua união política com a ex-ministra do Meio Ambiente. Segundo a Folha apurou, Campos buscou mostrar que sua aproximação com os “sonháticos” não o transforma em adversário do agronegócio, um dos vetores do crescimento da economia este ano.

Para desfazer o mal-estar, ele disparou telefonemas a ruralistas influentes para reafirmar compromissos com o setor. Conversou com presidentes de associações, parlamentares e ex-ministros da Agricultura, entre eles Roberto Rodrigues e Francisco Turra. O esforço indica que o desgaste com o episódio foi assimilado pela cúpula socialista após Marina exigir que o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), “inimigo histórico” de seu grupo, deixasse o time de apoiadores do PSB.

Um dos mais ativos integrantes da bancada ruralista no Congresso, ele foi um dos primeiros a declarar apoio à candidatura Eduardo Campos, mas acabou “demitido” da condição de aliado e cabo eleitoral após o ingresso da ex-senadora no PSB. Preterido, disse que sua exclusão significava veto ao agronegócio. Ontem, cinco entidades nacionais divulgaram notas em defesa do congressista. A Sociedade Rural Brasileira afirmou “não entender a intolerância e hostilidade da ex-ministra com os produtores rurais e seus representantes políticos”. A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu chamou a ex-senadora de “injusta” com as causas defendidas pelo setor.

Já a Associação Brasileira dos Produtores de Soja sustentou que a declaração de Marina Silva denota visão míope e atrasada da realidade do campo, e a Federação dos Plantadores de Cana do Brasil declarou que “entristecem declarações sem motivos contra o agronegócio”.
(…)Por Reinaldo Azevedo








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-O coletivismo é a negação da liberdade, porquanto a sede da liberdade é o indivíduo. Tanto é que a pena mais severa na história da humanidade é a privação da liberdade. A essência da liberdade é una e indivisível e daí a designação do sujeito como "indivíduo".

Aluízio Amorim

Filósofa russa Ayn Rand :



“Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada.”



Ayn Rand nasceu em São Petersburgo em 1905