Frei Clemente Rojão
Ortodoxia Católica sem Frescuras!
A misericórdia é grande, mas a penitência é braba!
quinta-feira, 13 de março de 2014
Depois da Guerra Fria
"O jeito mais rápido de acabar com uma guerra é perdê-la." - George Orwell

O primeiro caso foi defendido por Francis Fukuyama, que desenvolveu sua teoria no otimista O Último Homem e o Fim da História, um livro que mereceu boa atenção no mundo todo. De forma resumida, o autor acreditava que o Ocidente vencera, e que seu modelo seria adotado pelas antigas nações comunistas. A democracia, a sociedade aberta, o capitalismo, enfim, todo exemplo de sucesso seria replicado pelos perdedores da guerra. Do lado desta visão está a seleção natural, a capacidade humana de aprendizado. Podemos de fato supor que no longo prazo o melhor irá prevalecer. Mas contrário a Fukuyama encontra-se a briga pelo poder, o fato de que os poderosos não costumam capitular tão facilmente. Sua visão acaba parecendo um tanto ingênua.

Antecipando o fracasso do modelo socialista no estilo repressivo de Stalin, a nomenklatura teria que se adaptar, conforme o ensinado por Lênin. Este chegou a adotar sua NEP (Nova Política Econômica) em 1921, que era uma enorme concessão ao capitalismo no âmbito econômico, mas que visava na prática fortalecer o comunismo. Os líderes comunistas estariam então forçando certas mudanças, enganando o Ocidente para alcançarem o objetivo final, a vitória comunista. Isso seria possível através de uma convergência aparente de modelos, possibilitada pela ingenuidade e ignorância do Ocidente frente à estratégia comunista, no "melhor" estilo Sun Tzu. Os avanços capitalistas em uma Rússia e China, então, não seriam vitórias genuínas do capitalismo, mas adaptações controladas para fortalecer uma ideologia ainda existente, de luta de classes, que pretende na essência a destruição do capitalismo.

Por fim, temos a teoria de Samuel Huntington, expressa no seu livro Choque de Civilizações. O comunismo seria o elo comum entre diversos grupos heterogêneos, unidos somente por esta causa ideológica maior. Uma vez que a cortina de ferro cai e torna aparente os pilares de areia do modelo, perde-se o denominador comum entre esses grupos. Assim, as antigas diferenças, ocultadas pela luta comum anterior, surgem novamente com força intensa. Numa analogia futebolística, do jeito que Lula gosta, seria como torcedores dos rivais Flamengo e Vasco que se uniram para defender o Brasil, mas que quando retornam à realidade local, partem uns para cima dos outros. Com tal tese, Huntington antecipou os problemas no Kosovo, imaginando corretamente que os fatores civilizacionais iriam balançar a região, uma vez que sérvios e croatas não estariam mais sob o mesmo manto comunista.
Qual dessas visões está correta, ou mais perto da verdade? Difícil dizer. Talvez não precise ser apenas uma das três a verdadeira. A geopolítica mundial é absurdamente complexa, tal como a natureza humana. A luta pragmática por poder, a lavagem cerebral ideológica, a força dos mercados, talvez tudo isso exerça influência, sem uma forte predominância. Provavelmente existe uma parcela de verdade na visão de Fukuyama, principalmente se considerarmos o longo prazo, imaginando que as forças naturais do melhor modelo irão prevalecer, moldar o mundo.

Independentemente de qual desses autores chegou mais próximo da verdade, a conclusão que me parece mais óbiva é que os defensores da liberdade, do capitalismo, da sociedade aberta, nunca poderão descansar. As forças e os interesses contrários a esta liberdade são vastos. Grupos sempre irão se organizar para tentar conquistar o poder, escravizar a humanidade, controlar as vidas e riquezas alheias. Comunistas, fascistas, islâmicos fundamentalistas, social-democratas (apenas uma cor vermelha um pouco desbotada), todos esses que visam a destruição do único modelo que possibilita a liberdade individual, precisam ser combatidos. E essa guerra será eterna. Afinal, o único jeito de acabar com ela rapidamente, é perdendo. Isso significaria a morte da liberdade.
Postado por Frei Clemente Rojão
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