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terça-feira, 24 de setembro de 2013

LEIAM ABAIXO







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Se em meu ofício, ou arte severa,/ Vou labutando, na quietude/ Da noite, enquanto, à luz cantante/ De encapelada lua jazem/ Tantos amantes que entre os braços/ As próprias dores vão estreitando —/ Não é por pão, nem por ambição,/ Nem para em palcos de marfim/ Pavonear-me, trocando encantos,/ Mas pelo simples salário pago/ Pelo secreto coração deles. (Dylan Thomas — Tradução de Mário Faustino)


24/09/2013 às 6:44







24/09/2013 às 6:38


Victor Frankl descrevia o fanático por dois traços essenciais: a absorção da individualidade na ideologia coletiva e o desprezo pela individualidade alheia. “Individualidade” é a combinação singular de fatores que faz de cada ser humano um exemplar único e insubstituível. Há individualidades mais e menos diferenciadas. Quanto mais diferenciadas, menos podem ser reduzidas a tipicidades gerais e mais requerem a intuição compreensiva da sua fórmula pessoal. Isto se observa, mais nitidamente, na obra dos grandes artistas e filósofos, para não falar dos santos e profetas. É só de maneira parcial e deficiente que a personalidade criadora se enquadra em categorias gerais como “estilo de época”, “ideologia de classe” etc., que os cientistas sociais inventaram para falar de médias humanas indistintas, mas que o estudioso medíocre insiste em aplicar como camisas de força a tudo o que vá além da média. Nessa insistência já se manifesta, em forma disfarçada e socialmente prestigiosa, o fanatismo definido por Frankl. Boa parte da “ciência social” de hoje não é senão o recorte das individualidades segundo a medida da mediocridade-padrão.

Antonio Gramsci, que limitava o papel dos seres humanos ao de agentes ou pacientes da luta de classes — excluindo os incatalogáveis como aberrações ou como resíduos arqueológicos de etapas anteriores da mesma luta —, foi, nesse sentido, um gênio da mediocridade e um codificador-mor do fanatismo. A palavra “fanático”, aplicada ao fundador do PCI, parecerá insultuosa e inaceitável aos que, como bons medíocres, só entendem “fanatismo” na acepção vulgar e quantitativa da exaltação frenética. O verdadeiro fanatismo, ao contrário, é inteiramente compatível com a serenidade do tom e enverga, não raro, convincentes sinais de “moderação”. O fanático não precisa ser irritadiço, nervoso ou hidrófobo. Apenas, está tão afinado com a ideologia coletiva que ela basta como canal para a expressão de seus sentimentos, vivências e aspirações, sem nada sobrar daquele hiato, daquele abismo que o homem diferenciado vê abrir-se, com frequência, entre seu mundo interior e o universo em torno.

Ele pensa e sente com o partido, ama e odeia com o partido, quer com o partido e age com o partido. Tudo o que no seu ser escape dessa bitola é desimportante ou doente. Nossa época e nosso país acrescentaram a isso um trejeito grotesco que assinala a última rendição da alma: o militante enxerta a sigla da agremiação no seu nome de batismo, tornando-se “Joãozinho do PT”, “Mariazinha do PT”. Nem o velho Partidão chegou a tanto. A filiação partidária já não é a simples aprovação crítica e condicional que a personalidade autônoma dá a certas ideias políticas: tornou-se o fator estruturante e a essência vivificadora da personalidade mesma, que sem ela tombaria como um saco vazio. A função nomeante e definidora, antes reservada às famílias, às profissões e às regiões, cabe agora ao partido. Ao mesmo tempo, a filiação dá ao fanático uma localização e um ponto de apoio no espaço externo: pela ideologia coletiva ele se integra tão bem no mundo que nunca se sente isolado e estranho senão pelo curto intervalo de tempo necessário a reconquistar o sentido da sua missão partidária e de seu lugar na história, jogando fora com desprezo o momento de “morbidez”.

Jamais deslocado neste mundo, ele não aspira a nenhum transmundo senão sob a forma de um futuro cronológico a ser realizado neste mesmo plano de existência. Nada o arraiga mais profundamente na temporalidade, no histórico, do que sua rejeição do presente, contra o qual brada: “Um outro mundo é possível”, querendo dizer, precisamente, que se trata deste mesmo mundo, tão logo subjugado pelo seu partido. Kant, com ironia involuntária, denominava o espírito da revolução “sabedoria mundana”. A compressão do infinito no finito não poderia ser mais explícita do que no verso do poeta comunista Paul Éluard: “Há outros mundos, mas estão neste.” Não poderia? Poderia. Gramsci já apregoava “a total mundanização do pensamento”. O fanático, nesse sentido, é desprovido daquela solidão, daquela profundidade, daquela tridimensionalidade próprias dos que “estão no mundo, mas não são do mundo”. Ele, ao contrário, pode “não estar” no mundo, mas, com toda a intensidade do seu ser, “é” do mundo.

Segundo traço
O segundo traço da personalidade fanática, assinalado por Victor Frankl, é o desprezo pela individualidade alheia. A estrutura da individualidade manifesta-se antes de tudo como hierarquia de metas vitais, diversa em cada ser humano. O que é essencial para um é secundário para outro. Mas todas as metas refletem, de algum modo, algum valor universal, que pode ser reconhecido e apreciado por quem não as compartilhe. Não quero necessariamente para mim o que você quer para você, mas reconheço que querê-lo é bom para você.

O homem que deseja a riqueza aprecia o que busca o conhecimento, este respeita o que busca a perfeição artística, a felicidade no casamento, o sucesso político etc. Um mesmo homem pode, de modo simultâneo ou sucessivo, perseguir objetivos diversos, cada um deles traduzindo, na situação do momento, os mesmos valores de base. Para o fanático, só há um objetivo autêntico: as metas do seu partido ou seita. As outras nada valem em si mesmas, tornando-se boas ou más conforme se ajustem ou se afastem daquelas. Digamos, por exemplo, a caridade. Para quem a cultue, é, por si, a meta, o valor e o critério supremo das ações. Para o esquerdista fanático, é um símbolo inócuo, que adquire valor positivo ou negativo conforme seu uso político. Num momento pode ser condenada como ilusão individualista burguesa, noutro enaltecida como virtude máxima do cidadão, conforme apareça como alternativa autônoma ou como prática social integrada na estratégia de esquerda, como aconteceu com a “campanha do Betinho”.

Se, no entanto, você insiste em reafirmar seus próprios critérios, independentemente do serviço ou desserviço que prestem às metas políticas que ele tem em vista, o fanático tem de ignorar você como irrelevante ou enquadrá-lo como inimigo. Reconhecer seus objetivos vitais como independentes, ah!, isto não. Nunca. Esse reconhecimento equivaleria a fazer do sacrossanto ideal político que cultua um simples valor vital entre outros, e isto é precisamente o que não pode admitir de jeito nenhum. Daí que ele seja incapaz de compreender os outros nos próprios termos deles. Ele tem de traduzi-los na linguagem do seu próprio ideal, isto é, reduzi-los a amigos ou inimigos do partido, e julgá-los em função disso, por menos que caibam nesse molde pré-fabricado.

Eric Voegelin, quando jovem, não era a favor nem contra o racismo. Era a favor da ciência histórica. Estudou a história da ideologia racista e, tendo concluído que não tinha nada a ver com a realidade biológica das raças, publicou essa conclusão num livro. Mas, para os nazistas, a ciência histórica não era um critério autônomo admissível. A história tinha de ser a favor do partido ou contra ele. No dia seguinte, a Gestapo estava no encalço de Eric Voegelin. Boris Pasternak não era a favor nem contra o socialismo. Era a favor da boa poesia lírica, da expressão genuína dos sentimentos humanos. Mas, para o fanático socialista, isso não vale como critério autônomo. A poesia lírica, se não serve ao socialismo, serve aos inimigos do socialismo. Pasternak foi condenado à prisão como inimigo do Estado soviético.

O que o fanático nega aos demais seres humanos é o direito de definir-se nos seus próprios termos, de explicar-se segundo suas próprias categorias. Só valem os termos dele, as categorias do pensamento partidário. Para ele, em suma, você não existe como indivíduo real e independente. Só existe como tipo: “amigo” ou “inimigo”. Uma vez definido como “inimigo”, você se torna, para todos os fins, idêntico e indiscernível de todos os demais “inimigos”, por mais estranhos e repelentes que você próprio os julgue. Eu, por exemplo, já fui catalogado pelos esquerdistas como parceiro ideológico do sr. Lyndon LaRouche, que por sua vez me considera um porta-voz de tudo o que ele abomina. Haverá como explicar a ele ou a eles que não tenho nada a ver com isso?

As intenções pessoais da vítima, aí, desaparecem por completo. Se, por exemplo, você é contra o socialismo por motivos morais e filosóficos que nada têm a ver com o interesse das “classes dominantes” que o socialista diz combater, pouco importa: para ele, você é um ideólogo das classes dominantes. E, se você responde que o que está em jogo para você é algo de completamente diverso, nem lhe dá ouvidos: você já está catalogado, e catalogá-lo é o máximo de gentileza que ele pode conceder a alguém que, aos olhos dele, só serve precisamente para isso.
*
ATENÇÃO!
O texto acima não é meu. Seu autor é Olavo de Carvalho. Foi escrito em duas partes: “Psicologia do fanatismo” e “Ainda o fanatismo” (o título do post é deste escriba). Estão publicados no livro “O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota”, publicado pela Editora Record. É o livro que a imprensa tentou esconder e que os leitores insistem em comprar.Por Reinaldo Azevedo





24/09/2013 às 6:09


Mas quê… O país não se conforma em ser uma República. E fim de papo. Leio noEstadão Online uma reportagem de Ricardo Brito e Andreza Matais que é mesmo do balacobaco. Reproduzo trechos. Volto depois.

Um dia após tomar posse, o novo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, garantiu a seus colegas de carreira o direito de viajar ao exterior em classe executiva, espaço com mais conforto aos passageiros nas aeronaves. A medida foi publicada no Diário Oficial da União na semana passada e diferencia os procuradores dos demais servidores do órgão. Na maioria dos casos, os funcionários comuns terão direito a viajar de classe econômica, enquanto que os procuradores, de executiva.

Mesmo declarando que nunca viajou para o exterior, o subprocurador-geral da República Brasilino Santos defendeu a possibilidade dos integrantes da categoria de voarem em classe executiva. Ele comparou a situação de um procurador com a de um ministro de Estado. “Ou é procurador da República ou é descamisado. Tem que separar as coisas”, afirmou Santos, ao destacar que a medida visa a proteger a “dignidade” da função. Ele lembrou que procuradores têm direito a passaporte diplomático.

A portaria, que entra em vigor a partir de 1º de outubro, contempla procuradores de todos os ramos da União, como o da Justiça do Trabalho e da Justiça Militar. Atualmente, os 11 ministros do Supremo Tribunal Federal têm direito a voar de primeira classe. O ato de Janot abre a possibilidade para que pelo menos mil procuradores da República voem em classe executiva.

Diárias
A norma estabelece, ainda, regras para liberação de diárias para viagens ao exterior. O procurador-geral da República vai receber US$ 485 de indenização em diárias de viagens ao exterior, igual ao valor pago aos ministros do Supremo. Ao câmbio desta segunda-feira, daria R$ 1.067 para cobrir despesas diárias com hospedagem, alimentação e locomoção. O valor, entretanto, é superior ao pago a ministros do governo federal, cujo teto é de US$ 480 — o valor varia conforme o destino. Os subprocuradores, os procuradores regionais e os procuradores da República que atuam na primeira instância, por exemplo, vão receber diárias que variam de US$ 416 a US$ 461. Dados da página eletrônica do Ministério Público Federal apontam que foram gastos de janeiro a agosto deste ano R$ 11,3 milhões com diárias, o que inclui passagem aérea e hospedagem com todas as procuradorias. Em 2012, os gastos somaram no ano todo R$ 12,8 milhões.

(…)

Voltei
Dizer o quê? Dilma tem ministros demais, como é sabido (49, acho), para governo de menos. Mas não são mil, não é? O Ministério Público buscar a equiparação de benefício remete à velha prática de sangrar os cofres púbicos sempre pelo topo. O corporativismo está na raiz de boa parte dos desatinos que se cometem no Brasil.

É o fim da picada que algo assim se dê justamente no Ministério Público. Entre as suas funções, está, na prática, o zelo pelo dinheiro púbico. Vejam lá o que diz o subprocurador Brasilino Santos. Para ele, ou alguém viaja na classe executiva ou é, então, “descamisado”. Se um dia alguém sugerir aumentar o número de membros do Ministério Público, a gente já sabe: crescerá brutalmente o gasto com viagens. Então é melhor deixar como está.

Doutor Janot não está sabendo devolver à sociedade o apreço que esta devotou ao Ministério Público quando se opôs à PEC 37, aquela que impedia o órgão de conduzir investigações. Essa medida das passagens, de apelo obviamente corporativo, caminha na contramão de boa parte das reivindicações dos brasileiros. Acho, se querem saber, a coisa ruim, mas nem tão estranha.

Em abril deste ano, publiquei aqui um post sobre o Ministério Público. Muita gente reclamou. Fazer o quê? Eu protestava ali justamente contra práticas que já me pareciam pouco, como direi?, republicanas. Reproduzo trechos. Volto em seguida.
*
Então, queridos leitores, lá vou encher o saco de um monte de gente, deixando uma legião de descontentes. Na outra encarnação, volto inteligente e faço como alguns coleguinhas amados e bem-sucedidos: aplaudo gregos e baianos e fico de bem com todo mundo. Nesta, bem pra lá da metade da vida, não há mais tempo para espertezas.
(…)
Dilma deve nomear de hoje a estes dias o próximo procurador-geral da República. Rodrigo Janot, subprocurador-geral, venceu a eleição e encabeça a lista tríplice enviada à presidente. O Brasil deve ser o único país do mundo em que um mandatário fica moralmente obrigado a indicar o primeiro de uma lista de três — ou é acusado de antidemocrático. Sendo assim, para que indicar, então, três?

Vejam que curioso. O MP — ou MPs — tem dois regimes de escolha de seu chefe. Estão definidos no Artigo 128 da Constituição. O parágrafo 3º define a forma de eleição nos estados e no DF. Assim:
§ 3º – Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre integrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois anos, permitida uma recondução.

O parágrafo primeiro cuida do Ministério Público da União. Assim:
§ 1º – O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presidente da República dentre integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida a recondução.

Pergunta inicial, que respondo mais adiante: alguém leu, nesse parágrafo 1º, algo sobre “eleição”, “lista tríplice” ou congênere? Não. Então sigamos. O Ministério Público da União (MPU), colegas, não é sinônimo de Ministério Público Federal (MPF). Conforme define o caput do Artigo 128, o MPU abrange:
a) o Ministério Público Federal;
b) o Ministério Público do Trabalho;
c) o Ministério Público Militar;
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;

Aí os leitores deste blog, mulheres e homens apegados às leis e à democracia representativa, leram que a Constituição diz que cabe ao presidente da República indicar o procurador-geral, que tem de ser aprovado pelo Senado. E viram também que procurador-geral é chefe do Ministério Público da UNIÃO, que abrange os vários MPs, certo? Pois é…

Ocorre que esse procurador-geral passou a ser escolhido pelo colégio eleitoral de uma entidade de caráter sindical: a ANPR (Associação Nacional do Procuradores da República). “Ah, Reinaldo, que mal tem? Melhor assim! Melhor alguém indicado pelo pares.” Assim seria se assim fosse. Ocorre que a ANPR reúne apenas os integrantes do Ministério Público Federal. Os membros dos demais não votam, embora o procurador-geral seja chefe de todos eles. Vigora nesse meio, no 124º ano da República, uma espécie ainda de voto censitário.

Como deixar de constatar que os candidatos acabam se submetendo a uma “eleição” claramente inconstitucional, definida por um colégio eleitoral que nem mesmo representa o conjunto, então, do Ministério Público da União, para definir o nome de quem, afinal, pode oferecer denúncia contra qualquer autoridade eleita da República — eleita, não custa lembrar, pelo povo?

Notem bem: eu não acho que o Ministério Público tenha de ser fragilizado, não. Ao contrário: tem de ser fortalecido. Mas é chegada a hora de institucionalizar práticas e procedimentos. Não dá só para sair gritando por aí e promovendo tuitaço, como se o MP fosse um celeiro de vestais, imune a qualquer questionamento. Na República, nenhum Poder é soberano. E o MP, não custa lembrar, não é um Poder.
(…)

Volto a setembro de 2013
Estou demonstrando que estamos a lidar com uma estrutura corporativista, cujo comandante é definido, na prática, numa eleição de caráter sindical, como se a função do Ministério Público fosse… administrar o Ministério Público. É o que sempre se verifica nas estruturas corporativistas: o que deveria servir apenas de meio, de instrumento, vira um fim em si mesmo. A decisão sobre as passagens aéreas é típica desse ambiente. O MP transforma, assim, a sua autonomia numa espécie de soberania.

Parcela considerável dos brasileiros vê no MP uma espécie guardião do dinheiro público. A questão é saber, então, como proteger o MP das ações infelizes do… MP!Por Reinaldo Azevedo





24/09/2013 às 6:09


Publiquei nesta segunda um post sobre as considerações que o advogado Ives Gandra Martins andou fazendo sobre o mensalão e as críticas, infundadas e confusas, que dirigiu à chamada “Teoria do Domínio do Fato”. O post está aqui.

Pois é. Em outubro de 2012, o mesmo Ives Gandra concedeu uma entrevista a Maria Lydia Flandoli, no Jornal da Gazeta. Se, hoje, Gandra acha que José Dirceu foi acusado sem provas, há menos de um ano ele explicava, na prática, a razão da condenação. O vídeo é curto. Assistam. Volto para encerrar.



O que mudou? Não tenho a menor ideia. Só ele, creio, pode responder.Por Reinaldo Azevedo





24/09/2013 às 6:05


Deixem que lhes diga uma coisa: vocês certamente repararam que os comentários que fazem referência aos blogueiros de aluguel são cortados, certo? Se alguém vem aqui atacar o Blogueiro Pançudo, corto. Se é contra o Blogueiro Pintor de Rodapé, corto. Se é para dar um pau no Blogueiro da Mão Peluda, corto. Se é para desqualificar a quadrilha do 171, corto. Sobre outros ainda menos frequentados, que disputam um lugar no monturo, que transitam na periferia da escória, corto também. Não só não me interessam suas verdades oficiais — o PT e o governo contratam a peso de ouro a assessoria de empresas especializadas — como me interessam ainda menos suas mentiras, suas vilanias, suas baixarias, sua grossura, sua estupidez, sua ignorância.

Que tipo de vida prospera no esgoto? Assim, meus caros, não percam tempo tentando desancar este ou aquele na área de comentários deste blog. Sim, se tiverem notícia de alguma barbaridade, como o texto a meu ver criminoso publicado contra Joaquim Barbosa, acho que vale o alerta. Como viram, escrevi respeito. Por minha própria conta, não teria descoberto.

Vocês sabem que é assim há muito tempo. Eles que existam lá para a turma deles. Aqui, não existem. “Ah, mas eles vivem falando de você e abrem suas respectivas páginas de comentários para que o ataquem…” Eu sei. Eles são regiamente remunerados para isso — não sou o único alvo. Mas o que se faz aqui é outra coisa. Eu lhes recomendo que invistam na própria sanidade. Nem se trata de afirmar que são a versão degenerada do jornalismo. Nada disso! Também não são a face pervertida da assessoria de imprensa, que é uma função digna, exercida, muitas vezes, por profissionais de alto gabarito. O que fazem é exercitar a pistolagem por outros meios.Por Reinaldo Azevedo





23/09/2013 às 20:28


Logo mais, a partir das 22h, comporei a bancada de entrevistadores do programa Roda Viva, da TV Cultura. O entrevistado desta segunda é o jurista Francisco Rezek. Além deste escriba, estarão presentes Felipe Patury (colunista da revista Época), Iuri Pitta (chefe de reportagem da editoria de política do Estadão), Flávio Ferreira (repórter especializado em Justiça da Folha) e Ricardo Ferraz (repórter da TV Cultura).


Por Reinaldo Azevedo





23/09/2013 às 18:48


Dei uma espiada nos comentários, e já há lá alguns indignados. Entre as delicadezas, há coisas assim: “Quem é você para criticar Caetano Veloso, seu …”. E aí se pode escolher o xingamento, de A a Z. Quase sempre vêm acompanhados de uma desafio: “Quero ver se você publica…”. Por que eu deveria? Precisam da minha ajuda até para me odiar. Façam isso sem mim, ora!

Quem sou eu? O “Azevedo”, como me chama Caetano, que quer dizer “Hollywood” (ver uma de suas músicas). Na semana que passou, eu não gostei de uma entrevista do papa — e eu, que sou um papa-hóstia, disse por quê.

Um amigo me enviou um e-mail propondo outra leitura. Não citei o nome dele porque não havia pedido autorização. Meus amigos sabem que nunca os meto nas minhas pinimas. Certas vertigens visionárias não carecem de seguidores, não é mesmo, Caetano Veloso? Quem me enviou aquele texto foi o jornalista Márcio Antônio Campos, que trabalha no jornal “Gazeta do Povo”, do Paraná, onde mantém também um blog chamado Tubo de Ensaio, que trata de ciência e fé.

Eu sei que discordar de uma opinião do papa — quiçá das decisões de Jesus Cristo — a muitos parecerá menos grave do que apontar falhas no raciocínio de Caetano. Fazer o quê? Certa feita, consegui fazer com que o Vaticano mudasse uma tradução oficial (“ih, lá vem você com isso de novo…” — sim, mas aconteceu). Lá de onde venho, a gente não tem medo de dizer “sim” quando acha que tem de dizer “sim” e “não” quando “não”.

É assim que funciona.Por Reinaldo Azevedo





23/09/2013 às 17:56


Pois… Depois da “Rede”, de Marina Silva, agora é o “Solidariedade”, o partido de Paulo Pereira da Silva, que sobe no telhado, segundo informam Ranier Bragon e Márcio Falcão na Folha Online. Leiam trecho. Volto em seguida.

Alterando pareceres anteriores que opinavam favoravelmente à criação do Solidariedade, o Ministério Público Eleitoral pediu nesta segunda-feira (23) que a Polícia Federal abra inquérito para apurar as suspeitas de fraudes nos recolhimentos de assinaturas de apoio à criação do partido do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical.

O novo vice-procurador-geral Eleitoral, Eugênio Aragão, enviou à Justiça Eleitoral argumento de que as suspeitas “podem demonstrar a ocorrência de fraudes em massa no Estado de São Paulo, circunstância que poderia comprometer, irremediavelmente, o registro do partido”. À Folha, Aragão afirmou que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) não pode julgar o pedido de registro do Solidariedade até que as investigações sejam feitas. O partido precisar ter o seu pedido aprovado até a semana que vem para que possa participar das eleições de 2014.
(…)
Entre as suspeitas que pesam contra o partido de Paulo Pereira estão a de que o Sindilegis (Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal) tenha fornecido a aliados do deputado, ilegalmente, a base de dados de seus cerca de 11 mil filiados para que seus nomes fossem inseridos como apoiadores do Solidariedade, caso já investigado pelo Ministério Público e pela Polícia Federal. Além disso, há suspeita de fraude no recolhimento de assinaturas em cartórios de Suzano, Várzea Paulista e Osasco, em São Paulo.
(…)

Retomo
Aragão também apontou irregularidades insanáveis — se verdadeiras — no caso da Rede. Vamos ver. Marina criou um partido para ser candidata e anda a dizer que, se não conseguir viabilizá-lo, não sai por outra legenda. A ver. A decisão seria compatível com a sua mística. A questão é que alguns de seus parceiros de trajetória podem ficar sem legenda. É bem verdade, no entanto, que a Rede não comporta divindades de segunda grandeza. É monoteísta. Só permite a adoração de uma deusa. Se ela decidir que é “não”, então é “não”. A Rede tem esse aspecto, assim, meio etéreo, mas ninguém questiona a autoridade por lá.

O Solidariedade tem o indiscreto incentivo de Aécio Neves. Caso não consiga se viabilizar, isso é ruim para a sua candidatura. Notem bem: não estou aqui a sugerir, nem de modo oblíquo, que exista uma conspiração do Ministério Público Eleitoral, mas é evidente que, no melhor dos mundos para o PT, nem Marina nem o partido de Paulinho se viabilizam. O Solidariedade necessariamente atrairia deputados que estão hoje no campo governista. Tudo o que o petismo quer é tentar realizar um segundo turno já no primeiro — os esforços para tirar Eduardo Campos da disputa ainda não cessaram.

Há, claro, o aspecto legal, que não pode ser relegado. Realmente não acho que a Justiça Eleitoral tenha de abrir exceções se as irregularidades existem. Pressinto que os dois partidos precisam se defender com mais clareza. Ou os problemas não existem, e estamos diante de uma tramoia que tem de ser denunciada; ou eles estão cobrando da Justiça Eleitoral um comportamento inaceitável, um juízo de exceção.Por Reinaldo Azevedo





23/09/2013 às 17:25


Na VEJA.com:
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) apresentou, nesta segunda-feira, um projeto de lei para proibir os embargos infringentes em ações penais no Supremo Tribunal Federal (STF). Ao justificar a proposta, Dias tomou o voto do ministro Celso de Mello que, na última quarta-feira, desempatou a votação no STF e confirmou a chance de um novo julgamento para onze condenados no caso do mensalão. “A Suprema corte se dividiu e o desempate do ministro dá origem a essa dúvida de interpretação. Estamos com esse projeto acabando com as dúvidas”, explicou.

Dias disse saber das dificuldades de encampar o projeto no Congresso. A chance de um novo julgamento pode adiar sentenças da corte, algumas delas envolvendo parlamentares. O senador afirmou que vai tentar acelerar a tramitação da matéria. ”É hora de promover a celeridade processual, sem prejuízo da ampla defesa que já é assegurada aos acusados, ao serem julgados pelos onze ministros que compõem o STF”, concluiu Dias.Por Reinaldo Azevedo





23/09/2013 às 17:22


Na VEJA.com:
A decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de manter o ritmo de compras de títulos para estimular a economia norte-americana, que surpreendeu o mercado na semana passada, não muda a política monetária e o programa de câmbio brasileiros, afirmou nesta segunda-feira o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Depois de uma escalada do dólar ante o real desde maio, o BC brasileiro anunciou em 22 de agosto um programa regular de oferta de dólares até o fim do ano, num montante de 100 bilhões de dólares, para reduzir a volatilidade do câmbio e oferecer proteção a empresas.

Na semana passada, depois que o Fed manteve o ritmo do estímulo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o BC brasileiro poderia diminuir a intervenção no câmbio, o que foi negado por Tombini nesta segunda. “Da nossa perspectiva, o programa (de câmbio) é adequado e está funcionando bem. Então não há notícias do nosso lado sobre esse assunto”, disse Tombini, em teleconferência com a imprensa estrangeira, quando questionado sobre a possibilidade de diminuir a oferta diária de dólares pelo BC brasileiro.

Juros
Ele também afirmou que a recente decisão do Fed de continuar a injetar 85 bilhões de dólares mensalmente na economia dos EUA não muda a política monetária brasileira. O BC iniciou em abril deste ano um ciclo de alta do juro básico para controlar a inflação, elevando a taxa Selic da mínima histórica de 7,25%, para 9% ao ano. O mercado espera nova elevação do juro em 0,50 ponto na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, em outubro. Há dúvidas, no entanto, sobre o ritmo de aperto monetário depois disso.

Sobre as ações do Fed, Tombini disse ser construtivo o processo de redução gradual dos estímulos nos EUA, afirmando que quanto mais gradual a mudança, melhor para os emergentes. Para ele, o mundo já está em “transição de políticas muito acomodatícias e não-convencionais para um mundo de condições monetárias e financeiras normais”. “O ‘timing’ para isso é incerto neste momento, mas eu diria que já estamos no processo de transição”, afirmou.

Otimismo
Para Tombini, o cenário internacional está ficando melhor, o que beneficiará países emergentes, como o Brasil. “Vemos estabilização na Europa, vemos a China conduzindo seu modelo de crescimento num caminho positivo e construtivo, vemos a recuperação dos EUA ganhando mais força”, disse. Sobre a economia brasileira, o presidente do BC disse estar “cautelosamente” otimista. “Há grande potencial de aumentar o potencial de crescimento do Brasil, estamos numa situação muito perto do pleno emprego e temos que colocar muita ênfase agora em investimentos e aumento da produtividade”, declarou.Por Reinaldo Azevedo





23/09/2013 às 17:15


Disse que voltaria a Caetano Veloso e volto. Com um pouquinho de preguiça porque há assuntos mais urgentes e importantes. Afirmei que trataria da questão ontem à noite, mas o ataque racista praticado por hostes petistas contra Joaquim Barbosa e a conversão de doutor Ives Gandra entraram na frente. Lá vamos nós. O cantor volta a citar o meu nome — três vezes num parágrafo — em suacoluna no Globo de domingo. Um terço do texto se destina a responder a umpost que escrevi aqui e que remete a Paulo Francis. Qual o busílis? Caetano entrevistou Mick Jagger em 1983. Francis escreveu um artigo sobre a entrevista. Basicamente, leia a íntegra quem não conhece, aponta o servilismo de Caetano ao astro pop. E até faz uma ressalva: o entrevistador, como artista, era melhor do que o entrevistado. Caetano não gostou e chamou o jornalista de “bicha amarga” e “boneca travada”. Neste domingo, tenta se explicar assim:

(…)
Cito Francis, não apesar de ele ter escrito contra mim. Ele estava mentindo e por isso reagi duro, mas a parte negativa da caracterização não era “bicha”: era “travada”, e com isso expliquei que eu é que fora insultado e respondia com crítica cultural. A parte quente do texto dele era sobre eu propagar ideias de amor sem limite. Mas isso era só um aceno aos esquerdistas que ele estava por abandonar.

Retomo
Se é de mentira que se trata, infelizmente, quem mente é Caetano. Acima, vai o link para texto que Francis escreveu. É um despudor afirmar que a “parte quente” estava relacionada a questões comportamentais que Caetano eventualmente evocasse. De resto, no caso daquele artigo, nem se trata de lidar com critérios que remetam a “verdade” ou “mentira”. Era um artigo de opinião. É justo não gostar de uma crítica e rebatê-la. A questão está no modo. O que Caetano encontrou mais à mão foi pespegar no outro a pecha de “bicha amarga” e “boneca travada”.

Agora ele se explica: a “parte negativa da caracterização” estava no “travada”, não no “bicha”. Ah, bom! É isso mesmo, Caetano? Estivéssemos num tribunal, eu lhe daria tempo para rever a besteira. Como não estamos, sou obrigado a desconstruí-la.

1: na hipótese de que Francis fosse bicha, o que é falso, estaria obrigado a ser “destravada”?;

2: isso deve nos levar a concluir que um hétero é livre para expressar como quiser a sua sexualidade, mas uma “bicha” só pode fazê-lo de modo “destravado”?;

3: assim, deve-se concluir que uma “bicha” está obrigada a um decoro específico, ou, então, Caetano a denuncia?;

4: digamos que Francis fosse “bicha” e “travada”, por que seria essa a motivação de sua crítica, não outra qualquer?;

5: quando alguém é “bicha amarga” e “boneca travada”, não se deve mais prestar atenção a qualquer juízo que emita, porque essa condição, então, se sobrepõe às demais?;

6: deve-se supor que Caetano até tolere as “bichas”, desde que elas sejam “destravadas”?;

7: em que a evidente manifestação de preconceito, ora reafirmada, se distingue da tal homofobia?;

8: ora vejam: eu sou contra o PLC 122, que agride a liberdade de expressão e a liberdade religiosa. Caetano, estou certo, é a favor. Eu jamais apelaria à condição sexual de quem quer que fosse, falsa ou verdadeira, para combater um argumento. Caetano, no entanto, fez isso e agora reafirma a validade do seu critério. Ele nada tem contra as “bichas”, claro! — a não ser que sejam “travadas”;

9: crítica cultural foi a que Francis fez. O texto pode ser lido. Caetano só procurou uma maneira de ofender o outro. Trinta anos depois, não tem o bom senso e a humildade de se desculpar.

Embora ele tente fazer de conta que me lê, assim, de vez em quando, quando alguém lhe manda um link, o fato é que um terço do seu artigo busca responder ao post que escrevi. Sem qualquer arrogância, juro!, eu o julgava melhor. Embora o seu estilo de argumentação — o cogitus interruptus — me incomode um pouco, tenho-o na conta de um homem inteligente. O que vai acima está a me convidar a rever essa minha consideração.

Embora obcecado pela novidade, descubro, de forma um tanto surpreendente, um senhor de 71 anos preso numa bolha de ilusões do passado. Escreve ele (em vermelho):

Fui seu fã [de Francis] na adolescência. Mas descobri por mim mesmo, antes dele, a força dos argumentos liberais contra o terror que o comunismo urdia. Nem li Aron contra Sartre (só li Sartre): bastaram-me três ou quatro palavras ditas como comentário cético por Artur Guimarães aos discursos de Mautner em Londres 71. A combinação de tais discursos, que uniam Jovem Guarda e Guarda Vermelha, com o riso de Artur (“Não acredito em sociedade de um livro só”) me fez pensar três vezes. O nietzschianismo de esquerda de Mautner era acompanhado pela frase curta de Artur: “Sou cristão”. Eles foram colegas de escola. Cicero tinha chegado e ainda era um tanto althusseriano: todo mundo buscava ter coragem de olhar o mundo de frente.

Retomo
Caetano tem certa tendência a contar a história da humanidade a partir do seu umbigo, a confundir sua comédia pessoal com a história universal, como escreveu certo senhor. É um risco que todos corremos, eu sei. Nele, o sestro é bastante pronunciado. Comecei a ler “Verdade Tropical” e parei não por causa do estilo “tudo ao mesmo tempo agora”, mas dessa “ego trip” meio despropositada. A se dar crédito ao que vai acima, todos os confrontos ideológicos do fim dos 60 e início dos 70 estavam emblematicamente representados num quartinho de Londres. De resto, nunca houve um “Aron contra Sartre”. Ou é já uma leitura ideológica ou é falha de formação cultural — não seria se ele não escrevesse a respeito; como escreve… Raymond Aron tinha — teve — uma apreensão autônoma daqueles dias, que não era mera expressão reativa. Sugiro a Caetano que leia as suas memórias. Quando as escreveu, Aron era um pouco mais velho do que o arrogante Sartre de “As Palavras”. E escandalosamente mais humilde.

O segundo dos três parágrafos do texto de Caetano é o samba-pseudoacadêmico-do-baiano-doido. Há ali um esforço para demonstrar uma profunda cultura filosófica que vai misturando alhos com bugalhos, numa apreensão de tal sorte pessoal do mundo do pensamento que se trata, sei lá como chamar, de um “ideoleto filosófico”. Escreve (em vermelho):

Olavo [de Carvalho] fala como se toda a academia fosse negação iluminista da Idade Média e mitificação da Renascença. Mangabeira não tem nada disso. Desembaraça-se de modo original e rigoroso, diferençando sua própria interpretação da Era Axial da que serviu a Jaspers para reafirmar as Luzes.

Sabem o que isso quer dizer? Nada! Afirmar que Olavo de Carvalho se opõe à “toda a academia” como esta fosse negação iluminista da Idade Média é, com todo respeito, uma boçalidade. Até porque “toda a academia” não é uma categoria de pensamento, não é um grupo nem é um prédio que abrigue pensadores. Vi no site de Caetano que ele está com show novo. No tempo em que parei de ouvi-lo, uns 15 anos já, cantava muito bem. Espero que continue.

O terceiro parágrafo de Caetano cita meu nome três vezes. Reproduzo trecho:
Se chego até a pôr o nome de Azevedo neste espaço (…), é porque respeito o credo liberal (Mangabeira ama Mills). Também tenho olhado mais esses da direita (mas é pouco: dois posts do Azevedo que me mandaram por e-mail: não busco nada, já notaram?, tudo me cai nas mãos, como a maravilhosa camisa preta dos BBs). (…)

Retomo
Chega “até” a citar por quê? Acha que é alguma concessão que me faz? Imagina que possam me dar visibilidade ou me admitir no mundo dos vivos quando se refere a mim? Mais Caetano entra em pauta quando a ele me refiro do que o contrário. Isso até pode ser a evidência de que o mundo está mesmo de ponta-cabeça, mas assim são as coisas.

“Esses da direita” uma ova! Eu não tenho medo das palavras, nunca tive — e acho que a satanização da palavra “direita” está na raiz de boa parte dos desatinos por que passa o Brasil, um país em que todos os bananas se dizem de centro-esquerda: tanto os bananas da situação como os bananas da oposição. Na justificação do mensalão e na defesa que se faz dos mensaleiros, está a farsa moral de que se tratava, no fim das contas, de uma luta contra “a direita”.

Se Caetano quer me colocar entre “esses da direita”, tem de dizer o que torna “de direita” o meu pensamento; se distingue “direita” de “liberais”, tem de demonstrar o que diferencia uma coisa de outra.

O que me leva para “a direita”? Combater, por exemplo, com igual energia tanto a pena de morte como o aborto, porque elevo a preservação da vida humana à condição de princípio? Ou, sei lá, defender a privatização da Petrobras? Sou de direita porque afirmo que as esquerdas privatizaram o estado ou porque entendo que descriminação de drogas não é questão de gosto individual, mas de política pública que envolve saúde e segurança? Sou de direita porque quero reduzir o tamanho do estado ou porque não condescendo com a glamorização da miséria e da violência sob o pretexto de abrigar a chamada “cultura popular”? Sou “de direita” porque combato a política de cotas raciais ou porque acuso as esquerdas de terem privatizado até o direito ao preconceito, já que elas podem ser racistas (vide caso Joaquim Barbosa) e eventualmente homofóbicas (desde, claro!, que seja por uma boa causa)?

Caetano não venha tentar exercitar comigo essa manemolência da intolerância — “Ah, falei por falar; só porque me enviaram o link”. Como escrevia Paulo Francis, repetindo canção antiga, “comigo não, violão”.Por Reinaldo Azevedo





23/09/2013 às 15:01


A milícia Al-Shabab, ligada à Al Qaeda, invade um shopping no Quênia e faz pelo menos 68 mortos. Os terroristas dizem protestar contra a presença de tropas quenianas na Somália e coisa e tal. Saíram atirando e matando um tanto a esmo, mas os cristãos eram alvos preferenciais, especialmente para fazer reféns. Isso foi no sábado. No domingo, dois homens-bomba explodiram numa igreja em Pashawar, no Paquistão. Morreram 78 pessoas, e há centenas de feridos, muitos em estado grave. Voou carne humana para todo lado. Num único fim de semana, devem ter morrido uns cem cristãos, vítimas de atentados, em apenas dois países.

No dia 16 do mês passado, escrevi aqui um post cujo primeiro parágrafo era este:
“No ano passado, pelo menos 105 mil pessoas foram assassinadas no mundo por um único motivo: eram cristãs. O número foi anunciado pelo sociólogo Maximo Introvigne, coordenador do Observatório de Liberdade Religiosa, da Itália. E, como é sabido, isso não gerou indignação, protestos, nada. Segundo a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), 75% dos ataques motivados por intolerância religiosa têm como alvos os… cristãos. Mundo afora, no entanto, o tema quente, o tema da hora — e não é diferente da imprensa brasileira —, é a chamada “islamofobia”.

O aspecto religioso desses ataques desaparece depressa, é logo ignorado. A Igreja Católica e as demais denominações cristãs parecem incapazes de denunciar com a devida gravidade o que está em curso. Ao contrário até: na imprensa ocidental, a esmagadora maioria das notícias acaba tendo um viés anticristão por conta, vamos dizer, da “agenda progressista de costumes”. No mundo, nenhuma escolha pessoal é, hoje em dia, tão mortal como o cristianismo. Nos 45 dias que se seguiram à deposição de Mohamed Morsi, no Egito, pelo menos 200 cristãos da minoria copta foram assassinados. E a matança continua.

Mas este não é um assunto “quente”. Se algum extremista cretino atacar um muçulmano no Ocidente, aí o debate pega fogo — e não que a indignação seja imerecida. Mas cumpre perguntar: por que a carne cristã é tão barata no imaginário da imprensa ocidental?

O Estadão de hoje noticia o atentado contra a igreja no Paquistão e faz um quadrinho com o título “Para lembrar”. Nas últimas linhas do texto, lê-se o seguinte: “Na época [da guerra no Afeganistão], o presidente americano, George Bush, falou de uma ‘cruzada contra o terror’. A evocação das Cruzadas foi considerada uma provocação por líderes islâmicos”.

Então vamos ver. Como se nota, de algum modo, George Bush continua a ser o satã de plantão. Fica a sugestão de que, não tivesse ele falado em “cruzada”, os líderes islâmicos não teriam achado “uma provocação”, e talvez a realidade fosse outra. Ai, ai… Bush é protestante (foi da Igreja Episcopal; é metodista hoje) e não muito versado em história. As “Cruzadas” certamente não são, para ele, uma referência histórica evocável. O emprego da palavra “cruzada”, obviamente, não remetia aos eventos da Idade Média. Quem passou a chamar os americanos de “os cruzados” com esse sentido de confronto entre cristãos e muçulmanos foi Osama Bin Laden.

Corolário: também no Brasil, a visão que prosperou sobre a luta contra o terror foi a do chefão da Al Qaeda. Não devemos, pois, ficar espantados que a carne dos cristãos, espalhada aos pedaços, seja tão barata.Por Reinaldo Azevedo





23/09/2013 às 6:30







23/09/2013 às 6:17


Leitores enviaram o link. Custei a acreditar. Mesmo tendo acessado a página, pensei em alguma forma de molecagem, feita à revelia dos organizadores do blog. Mas quê! Era tudo verdade. Um troço chamado “Blog da Dilma”, que se intitula “O maior portal da Dilma Rousseff na Internet”, tinha feito mesmo o que se vê abaixo: uma montagem em que a imagem do presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, aparece associada à de um macaco. Vejam imagem da página, com a respectiva URL. Volto em seguida.


O texto reproduz, com todas as crases, um post do site petista “247”, que traz uma opinião — positiva, é claro! — de Luiz Eduardo Greenhalgh sobre o voto de Celso de Mello. O “Blog da Dilma”, no entanto, não se contentou com a simples reprodução porque, sei lá, talvez tenha achado que ainda era pouco, que faltava picardia à coisa. E teve, então, uma ideia: por que não compor a imagem de Joaquim Barbosa com a de um chimpanzé?

Os limpinhos e os sujos
É impressionante o que se verificou neste fim de semana. A Folha traz uma entrevista do dito “direitista” Ives Gandra (ainda volto a ele) assegurando que não há provas contra José Dirceu. No Estadão, o mensaleiro condenado João Paulo Cunha afirma que Barbosa fala “bobagem” e que quer sentar em sua cadeira; na TV Folha, o advogado de Dirceu diz o que pensa do julgamento (adivinhem o quê…); na Folha Online, outro professor da USP faz considerações que tentam minimizar a importância do julgamento, critica a transmissão ao vivo das sessões do Supremo e aproveita a oportunidade para atacar, claro!, Gilmar Mendes.

Não obstante, os petistas propagam aos quatro ventos que a “mídia” persegue o partido e seus líderes. Sabem que a acusação surte efeito. Parte considerável da imprensa tenta, então, provar aos críticos que eles estão errados; torna-se sua refém. Alguém da legenda grita: “Do mensalão mineiro, ninguém fala nada!!!”. Pronto! O assunto já entra na pauta. Até as autoridades se sentem compelidas a provar ao STPT — o Supremo Tribunal do Partido dos Trabalhadores — que são isentas. Rodrigo Janot, como vimos, em entrevista ao Estadão, afirmou que “pau que dá em Chico dá no Francisco”, antecipando, parece, o conteúdo do seu trabalho. Escrevi a respeito dessa declaração infeliz de Janot.

A esgotosfera
Observem que a onipresença dos defensores de mensaleiros na imprensa, neste fim de semana, é apenas a face mais “limpinha” do jogo pesado. A sujeira fica por conta de páginas como o tal “Blog da Dilma”, que foi criado durante a campanha eleitoral. O Planalto sempre pode alegar que não tem nada com isso, que o nome da presidente está sendo usado sem sua autorização etc. É mesmo? E por que, então, a soberana não manda que parem de fazer isso?

Eles não têm mesmo limites. O linchamento a que foram submetidas cinco atrizes — Carol Castro, Rosamaria Murtinho, Nathalia Timberg, Suzana Vieira e Bárbara Paz — porque ousaram posar de negro, como sinal de luto pelos seis votos do STF em favor dos infringentes, evidenciou quão organizada é a máquina. E olhem que a campanha eleitoral nem começou ainda.

Os sujos acusam a “mídia” — que eles dizem ser antipetista (este fim de semana demonstra que essa é outra mentira escandalosa; ao contrário, no geral, ela é favorável ao PT) — de destruir reputações ao apenas noticiar o que está em curso. O caso das atrizes e, agora, de Barbosa evidencia quem recorre a esse expediente. A verdade é que os criminosos decidiram disputar a opinião pública com os defensores da lei.

Racismo escancarado
Todos sabem que uma das expressões mais estúpidas do preconceito contra os negros é associá-los a macacos. Não há leitura alternativa para isso. Obviamente, não se trata de uma peça de humor. O cantor Alexandre Pires teveproblemas com o Ministério Púbico por causa de um videoclipe em que alguns dançarinos caracterizados de gorilas eram exibidos como símbolo de vigor sexual. Não entro no mérito estético da coisa, mas é evidente que não se procurava associar a cor da pele aos animais.

Mas e o que se vê acima? O que se pretende com aquela montagem? Ainda que seu autor fosse um petista negro, o caráter racista não se dissiparia porque é evidente que a montagem estaria a açular o racismo que anda por aí. Até agora, os movimentos negros, PARA NÃO VARIAR QUANDO SE TRATA DE MANIFESTAÇÃO PRECONCEITUOSA ORIUNDA DA ESQUERDA, não disseram uma palavra. O Planalto e Dilma também estão de bico fechado. A governanta, aliás, permite que seu nome seja usado nessa página para as piores barbaridades.

O pelotão de fuzilamento do petismo não perdoa a reputação de ninguém: tenta matar mesmo. E conta com uma rede gigantesca para isso, parte dela financiada por estatais e por gestões petistas municipais e estaduais. A Prefeitura de São Paulo, na gestão de Fernando Haddad, diga-se, tornou-se uma notória financiadora de blogs sujos a serviço de mensaleiros. Dá para entender por que tanta gente, de súbito, passou a questionar o crime de formação de quadrilha.Por Reinaldo Azevedo





23/09/2013 às 6:11


Quarenta e cinco anos depois da “Batalha da Maria Antônia”, que opôs extremistas da USP aos do Mackenzie, Ives Gandra da Silva Martins, professor emérito deste último, resolve atravessar a rua para se render. Fosse por bons motivos, vá lá; mas é por maus. Resolveu sair em defesa de José Dirceu, que estava entre os amotinados do outro lado, embora não fosse um uspiano. É bem verdade, também, que a Faculdade de Direito da USP funcionava no prédio do Largo São Francisco. Nesse caso, não basta atravessar a rua. Mas estou sendo, digamos assim, simbólico.

Gandra concedeu uma entrevista a Mônica Bergamo, da Folha, em que assegura não haver provas contra José Dirceu. E afirma — lamento a palavra que vou usar agora para definir a entrevista de tão venerando professor — uma penca de bobagens, típicas, suponho, de quem não acompanhou o julgamento e desconhece o caso. Ousaria mesmo dizer que ele desconhece até a chamada “Teoria do Domínio do Fato”, confundindo-a com “responsabilização objetiva”. Reproduzo uma trecho:

Folha – O senhor já falou que o julgamento teve um lado bom e um lado ruim. Vamos começar pelo primeiro.
Ives Gandra Martins - O povo tem um desconforto enorme. Acha que todos os políticos são corruptos e que a impunidade reina em todas as esferas de governo. O mensalão como que abriu uma janela em um ambiente fechado para entrar o ar novo, em um novo país em que haveria a punição dos que praticam crimes. Esse é o lado indiscutivelmente positivo. Do ponto de vista jurídico, eu não aceito a teoria do domínio do fato.
Por quê?
Com ela, eu passo a trabalhar com indícios e presunções. Eu não busco a verdade material. Você tem pessoas que trabalham com você. Uma delas comete um crime e o atribui a você. E você não sabe de nada. Não há nenhuma prova senão o depoimento dela — e basta um só depoimento. Como você é a chefe dela, pela teoria do domínio do fato, está condenada, você deveria saber. Todos os executivos brasileiros correm agora esse risco. É uma insegurança jurídica monumental. Como um velho advogado, com 56 anos de advocacia, isso me preocupa. A teoria que sempre prevaleceu no Supremo foi a do “in dubio pro reo” [a dúvida favorece o réu].

Comento
Assim seria se assim tivesse sido, mas isso, atenção!, não aconteceu. O que os autos evidenciam é que José Dirceu era o chefe do esquema. Isso está provado não por depoimentos dos que queriam incriminá-lo, mas dos que estavam empenhados em negar que os crimes tivessem acontecido. Dirceu não foi condenado em razão do depoimento de Roberto Jefferson, por exemplo. O petista nem era, formalmente, o chefe do partido. Comandava a máquina que produziu aqueles horrores, em parceria com Lula, porque tinha, ATENÇÃO!, mais do que o poder objetivo de fazê-lo: ELE TINHA O PODER POLÍTICO. Por isso a banqueira Kátia Rabello mantinha encontros com o então chefe da Casa Civil. Porque, afinal de contas, era ele a tomar as decisões.

No tempo em que os petistas ainda apostavam que o processo do mensalão não daria em nada porque tudo estaria dominado, o próprio Dirceu fazia praça de seu poder. Atenção! Mesmo cassado pela Câmara por corrupção, mesmo formalmente fora do poder, mesmo atuando como lobista de empresas privadas, ele concedeu uma entrevista à revista Playboy em que se orgulhava da influência que mantinha no Palácio do Planalto.

De resto, quem disse que prova testemunhal não vale — desde que ancorada, como é o caso, em fatos? Ives Gandra Martins dedicou boa parte de sua vida ao direito tributário. Parece que anda um tanto enferrujado em direito penal. Vou lembrar aqui o artigo 239 do Código de Processo Penal, que trata das provas indiciárias. Transcrevo:
“Considera-se indício a circunstância conhecida e provada que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias”.

Não se trata de nenhuma “novidade da Alemanha”, como sugere Gandra. A lei existe no Brasil desde 1941. O Brasil se transformou no reino da impunidade, entre outras razões, porque, por aqui, uma versão vesga do garantismo cobra que bandidos assinem recibo. Eles não costumam fazer isso. Também não têm o hábito de expedir ofício mandando praticar safadezas.

Reproduzo trecho do voto do ministro Ayres Britto, justamente quando tratava do caso Dirceu:
“(…) os fatos referidos pelo Procurador-Geral da República (…) se encontram provados em suas linhas gerais. Eles aconteceram por modo entrelaçado com a maior parte dos réus, conforme atestam depoimentos, inquirições, cheques, laudos, vistorias, inspeções, e-mails, mandados de busca e apreensão, entre outros meios de prova. Prova direta, válida e robustamente produzida em Juízo, sob as garantias do contraditório e da ampla defesa. Prova indireta ou indiciária ou circunstancial, colhida em inquéritos policiais e processos administrativos, porém conectadas com as primeiras em sua materialidade e lógica elementar(…)”.

Os políticos que fizeram os acordos com Delúbio é que garantiram que tudo sempre ficava na dependência da aprovação final José Dirceu. Ora, se ele tem, ainda hoje, depois de tudo, fora da Casa Civil, o controle de boa parcela do PT e influência evidente no governo, é de imaginar como se davam as coisas quando era o segundo homem mais poderoso do Brasil — só Lula estava à sua frente. Mas isso é o que aponta a lógica dos fatos. Contra Dirceu, há uma penca de depoimentos evidenciando que ele comandava o esquema criminoso.

A fala absurda
Afirma ainda Gandra:
“O domínio do fato é novidade absoluta no Supremo. Nunca houve essa teoria. Foi inventada, tiraram de um autor alemão, mas também na Alemanha ela não é aplicada. E foi com base nela que condenaram José Dirceu como chefe de quadrilha [do mensalão]. Aliás, pela teoria do domínio do fato, o maior beneficiário era o presidente Lula, o que vale dizer que se trouxe a teoria pela metade.“

Demonstro acima que não é assim. Muito pelo contrário. As provas indiciárias, como disse, estão no Código Penal desde 1941. Mas quero chamar a atenção de vocês para outra coisa. Notem que Ives Gandra nem toca no caso da corrupção ativa — Dirceu foi condenado por oito a dois. Sabe que é malhar em ferro frio. Também ele se concentra na quadrilha. Rosa Weber e Cármen Lúcia, duas dos quatro que o inocentaram desse crime (vocês sabem quem são os outros dois), nem chegaram a fazer considerações dessa ordem. É que entendem de modo diferente o crime de quadrilha.Seguissem o entendimento de Ives Gandra, elas o teriam inocentado do crime de corrupção ativa também.

A retórica da impunidade
Fico aqui a pensar como a retórica da impunidade, no Brasil, fala a linguagem do legalismo. Se gente como Dirceu, Delúbio e o próprio Genoino não tivessem sido pegos pela malha das provas indiciárias — “Considera-se indício a circunstância conhecida e provada que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias” —, não teriam sido punidos. Afinal, ninguém por ali assinava recibo. A conversa de Ives Gandra conduziria a uma de duas situações: a) ou todo mundo seria inocentado, e, pois, os crimes evidentes crimes não seriam; b)ou teríamos um processo com banqueiros, publicitários e secretárias condenados. E seriam eles, então, os culpados pelo mensalão. Vai ver Marcos Valério, um dia, chutou a porta de José Dirceu e lhe impôs o mensalão. O garantismo de doutor Ives, contra as provas indiciárias, seria a garantia da impunidade.

“Ah, a Polícia e o Ministério Público que arranjassem as provas…” Não! O direito penal não pode ser um campeonato para saber se os órgãos de investigação conseguem produzir a prova material. A ser assim, o bandido sempre estará na frente porque a tecnologia de investigação sempre estará, por definição, ao menos um passo atrás da tecnologia criminosa. Teremos uma República comandada por criminosos — aí oficialmente. A propósito: se jurado fosse, doutor Ives votaria pela absolvição do goleiro Bruno, certo? O corpo de Eliza Samudio não apareceu, e o que há contra ele são apenas testemunhos. Ora…

Quando a direita é boa
Que gente pitoresca! Na introdução da entrevista de Gandra, leio o seguinte:
“Quem diz isso não é um petista fiel ao principal réu do mensalão. E sim o jurista Ives Gandra Martins, 78, que se situa no polo oposto do espectro político e divergiu “sempre e muito” de Dirceu.”

Esclareço. Dirceu é de esquerda, e Gandra, no “polo oposto do espectro político”, é de direita. Sua opinião se revestiria de especial qualidade por isso. Entendi. Se ele estivesse a dizer que Dirceu é culpado, sim; que o conjunto da obra, pela via das provas indiciárias, justifica plenamente a condenação, ou ninguém daria bola, ou, então, os petralhas se encarregariam de lembrar que ele não passa de “um cara ligado ao Opus Dei” — coisa que, diga-se, as esquerdas vivem me atribuindo. Posso assegurar que a gente nunca se encontrou por lá…

A rede petralha se encarregou de espalhar a entrevista de Gandra como se fosse o “magister dixit” do direito, a palavra final, a prova que faltava. A gente já sabe que, para a turma, direita boa, ou vá lá, ilustrada ao menos, é a direita morta — José Guilherme Merquior, por exemplo (que nem direitista era…). O que eles não suportam é que possa haver conservadores ainda vivos. A sua concepção de democracia (e a de boa parte da imprensa brasileira) não pode conviver com isso. Mas a gente sabe que eles também respeitam a direita que adere — ainda que a apenas parte da agenda. Vejam o caso de Delfim Netto. Do grande satã do regime militar, foi convertido em amigo e conselheiro de Lula. Os revisores da história e revanchistas podem ser implacáveis com um chefe de quarteirão que julgam ter servido ao regime, mas não ousam criticar o ministro que assinou o AI-5 e ainda achou pouco porque não lhe facultou instrumentos, digamos, tão convincentes na área econômica.

O caso Gandra evidencia que, se é para proteger alguém da turma, até um direitista pode passar a ser visto como um homem de bem, que merece ser citado.Por Reinaldo Azevedo





23/09/2013 às 6:09


O antropólogo e marqueteiro político do PSDB, Renato Pereira, concede umaentrevista a Fernando Rodrigues, da Folha/UOL. E diz duas coisas com as quais concordo: a) o mensalão não tem grande impacto eleitoral — eu nunca achei que os criminosos têm de ser punidos para Dilma perder a eleição e b) se Serra sair candidato a presidente por outro partido, isso é bom para as oposições. Leiam trechos:
(…)

Qual será a síntese do discurso de Aécio Neves em 2014?
É “quem muda o Brasil é você”. Por quê? Por duas razões. A grande mudança nos últimos anos –redução da desigualdade e a emergência de milhões de brasileiros– se deve em grande parte ao esforço de cada uma dessas pessoas. Os brasileiros conquistaram melhor lugar ao sol graças ao mérito próprio. O segundo ponto tem a ver com a agenda mais liberal que o PSDB carrega em relação à economia. É uma visão de que o agente da mudança não é essencialmente o Estado. O agente da mudança está na sociedade. São os indivíduos, são as empresas, é a sociedade civil organizada.

Adversários de Aécio questionam seu estilo de vida pessoal. Isso o prejudicará?
Isso tem um efeito bastante limitado porque não é plenamente verdadeiro. Ele é uma liderança política brasileira com uma gestão admirável em Minas Gerais. Tem um legado efetivo como gestor. Do ponto de vista pessoal, você tem um candidato leve, com espírito jovem, capaz de se comunicar muito bem. Capaz de chegar ao nível de proximidade e conversar com intimidade, naturalidade.

E o mensalão, que impacto terá no ano que vem, na eleição?
Não creio que tenha muito impacto, assim como já não teve no passado. A gente acabou de sair de uma eleição, em 2012, em que se teve todo o drama público do julgamento, acontecendo diante da televisão. Não vi nenhuma candidatura do PT sendo prejudicada por causa disso. Acho que tem uma sobrevalorização enorme em relação a isso. Na minha opinião, não é um tema particularmente relevante para o eleitor.
(…)

José Serra seria competitivo?
Mais difícil de responder a essa pergunta. Se você considerar aspectos das últimas pesquisas, talvez fosse.

Se Serra se engajar na campanha de Aécio, ajuda?
Nunca testei essa hipótese em pesquisa, mas creio que sim. Porque você tem um partido mais unido, com as suas forças trabalhando lado a lado. Imagino que sim.

Se Serra for candidato a presidente por outro partido, é bom ou ruim para a oposição?
Acho que para a oposição, quanto mais nomes você tiver capazes de atrair o eleitor, melhor. Isso é uma coisa matemática: quanto mais candidaturas de oposição, mais chance de segundo turno.

E para o PSDB?
Para o PSDB, aparecer como um partido que está unido é mais positivo do que ter líderes que são importantes trabalhando em partidos separados. Para o PSDB, é melhor que esteja todo mundo junto no mesmo barco.Por Reinaldo Azevedo





22/09/2013 às 17:42


Por Laryssa Borges, na VEJA.com:
Ao acolher a validade dos chamados embargos infringentes, que darão aos mensaleiros um novo julgamento, o Supremo Tribunal Federal (STF) se aferrou ao garantismo, superdimensionou o direito individual e deu as costas aos anseios legítimos da sociedade por justiça. A avaliação é do ex-procurador-geral da República Claudio Fonteles.

Fonteles ocupou por indicação de Luiz Inácio Lula da Silva o posto máximo do Ministério Público Federal, de 2003 a 2005, e integrou a Comissão Nacional da Verdade no governo Dilma Rousseff. Em entrevista ao site de VEJA, ele diz que a ala dos ministros que aceitou reexaminar as condenações dos réus encastelou-se ‘em uma torre de marfim’.

O STF deve ser uma corte garantista?
O garantismo ganhou força na Itália, no pós-guerra, em defesa da pessoa contra o sistema avassalador do Estado, contra um sistema penal extremamente repressivo. Isso funciona muito bem quando saímos de regimes ditatoriais, em que o abuso é muito caracterizado, com a violação dos mais comezinhos direitos individuais. O Brasil não vive um regime ditatorial há muito tempo. É uma democracia que está buscando se consolidar. E o que se sente hoje, como outrora se sentiu a violação dos direitos individuais, é a violação dos valores sociais. Nos dias que correm, não é tanto a pessoa que está tendo seus direitos desrespeitados, como nas ditaduras. Hoje quem está fragilizado somos nós, a sociedade. E a sociedade está fragilizada porque lideranças se mostraram corruptas.

É possível flexibilizar o garantismo?
Sim, o garantismo tem limite. Ele foi válido em um momento histórico. E não vamos aboli-lo. O indivíduo precisa ser defendido? Sempre. Mas, neste momento histórico, quem está mais fragilizada é a comunidade. Está provado que líderes políticos, empresariais e do sistema financeiro comandaram o esquema do mensalão. Essas pessoas precisam ser punidas pelo que praticaram. E para não incentivar outros a fazer o mesmo.

O julgamento do mensalão, em 2012, marcou uma mudança no STF?
O julgamento do mensalão marcou para o STF um novo momento. Especialmente cinco ministros – Gilmar Mendes, Marco Aurélio, Celso de Mello e os aposentados Cezar Peluso e Carlos Ayres Britto – foram eloquentes ao se alinhar a uma visão de direito penal aplicado.

E no caso do acolhimento dos embargos infringentes?
Alguns ministros se fixaram em uma visão que superdimensionou o direito individual. Respeito a decisão do STF, mas, neste momento histórico, superdimensionar a visão pessoal é como encastelar-se em uma torre de marfim.

Rejeitar os embargos teria significado violar direitos fundamentais, como alegam os advogados que atuam no mensalão?
Não. Alguns ministros, como Cármen Lúcia, lembraram que, no caso dos infringentes, há uma lei posterior que regulamentou totalmente a matéria e, portanto, a norma regimental cede diante dela. E esse raciocínio casa com a necessidade de defendermos a sociedade. É possível casar uma visão jurídica coerente e embasada com a necessidade da sociedade de se proteger dos maus gestores, dos maus servidores que conspurcaram o pacto social. Isso não significa abrir mão de direitos fundamentais.

O STF devia ter dado mais atenção aos anseios da sociedade neste caso?
Eles poderiam ter olhado mais a sociedade e enfatizar juridicamente o raciocínio da preponderância da lei sobre a norma regimental – ou seja, o raciocínio de que não cabem embargos infringentes. Existem bons fundamentos dos dois lados do debate sobre os infringentes, e aí vem a sensibilidade. Nesse momento histórico o STF vai privilegiar a defesa do corpo social ou vai continuar privilegiando a pessoa individualmente considerada?

O juiz deve pensar na sociedade ao aplicar o direito penal?
Um juiz tem que ser sensível a tudo aquilo que acontece no corpo social porque ele é um servidor da sociedade. Não é se deixar levar por ela – mas ele também não pode se colocar em uma torre de marfim e usar uma expressão que é antiga, mas que é perigosa: ‘julgar segundo sua ciência e sua consciência’. O juiz julga segundo sua ciência e sua consciência, mas tendo ciência e consciência de que ele faz parte da sociedade e deve dialogar com a ela também.Por Reinaldo Azevedo





22/09/2013 às 17:37


Na VEJA.com:
A chanceler alemã Angela Merkel obteve uma grande vitória pessoal na eleição deste domingo, aproximando-se da primeira maioria absoluta no Parlamento em meio século, um sinal de apoio à sua firme liderança na crise do euro. Os resultados parciais colocam seu bloco conservador, formado pela União Democrata Cristã (CDU) e a União Social Cristã Bávara (CSU), com 42,5% dos votos, o que, se confirmado, seria o seu resultado mais forte desde 1990, ano da unificação alemã.

O resultado poderia dar a Merkel uma vantagem de alguns assentos sobre a oposição conjunta na Câmara Baixa do Parlamento pela primeira vez desde que o conservador primeiro-ministro, Conrad Adenauer, conseguiu essa façanha em 1957. Mas ela ainda pode precisar de um parceiro de coalizão para seu terceiro mandato quando a apuração terminar. “Este é um super resultado”, disse Merkel a partidários. “Faremos tudo o que pudermos nos próximos quatro anos juntos para torná-los anos de sucesso para a Alemanha”, afirmou.

Houve uma amarga decepção para seu aliado Partido Democrático Liberal (FDP), que parecia ter de deixar o Bundestag, sua primeira ausência da Câmara no pós-guerra. O segundo maior partido alemão, o centro-esquerdista Social-Democrata (SPD), sofreu o seu segundo pior resultado desde a Segunda Guerra Mundial, atingindo apenas 26,4%, depois de uma campanha cheia de gafes liderada pelo ex-ministro das Finanças Peer Steinbrueck.

Um novo partido, o Alternativa para a Alemanha (AfD), ainda pode roubar a maioria parlamentar de Merkel se ultrapassar o limite de 5% necessários para entrar no Congresso. O AfD beirava 4,9 por cento, segundo projeções divulgadas no início da noite. O radical Partido da Esquerda deve se confirmar como a terceira maior força, com cerca de 8,4 por cento, à frente dos Verdes, com 8%.

Estabilidade
Apesar da vitória retumbante, o terceiro mandato de Merkel não será fácil se ela acabar governando sozinha. Alguns analistas temem que ela poderia ter problemas para aprovar leis em ambas as casas do Parlamento. A Câmara Alta é dominada por partidos de esquerda, como o SPD e os Verdes. “Se Merkel não acabar com a maioria absoluta, será uma maioria muito estreita, então isso não tornará as coisas fáceis para ela politicamente”, disse um analista político da Universidade Livre de Berlim, Carsten Koschmieder. “Ela vai ter que prestar muito mais atenção às pessoas em seu próprio partido, por exemplo aqueles que votaram contra os resgates gregos”, explicou.

A incerteza sobre o resultado final significa que Merkel ainda pode acabar sendo forçada a formar outra “grande coalizão” com o SPD, com quem governou entre 2005 e 2009.

Repercussão
O presidente francês, François Hollande, um socialista que esperava uma forte presença do SPD na eleição, foi rápido em cumprimentar Merkel pela vitória. Por telefone, ele convidou a primeira-ministra a visitar Paris após a formação do novo governo, de acordo com a Presidência francesa. O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, que preside as cúpulas da União Europeia, disse em mensagem de felicitações a Merkel: “Estou confiante de que a Alemanha e seu novo governo vão continuar o seu compromisso e contribuição para a construção de uma Europa pacífica e próspera a serviço de todos os seus cidadãos.”Por Reinaldo Azevedo





22/09/2013 às 17:11


Nos jornais deste domingo, há uma verdadeira guerra santa da esquadra do mensalão contra o Supremo Tribunal Federal. Na Folha de S. Paulo, o advogado Ives Gandra Martins, considerado uma referência “da direita”, diz que José Dirceu foi condenado sem provas. Volto a ele depois. Será que o Mackenzie, finalmente, se deixou colonizar pelos guerrilheiros da Maria Antônia? A quantidade de ligeirezas que diz o “doutor Gandra” sobre o julgamento está bem abaixo do que ele pode produzir. O nome de Gandra não aparece por acaso: trata-se de uma tentativa de demonstrar que a inocência de Dirceu está acima de divergências ideológicas, partidárias. Mas também isso fica para mais tarde.

Gandra, como é de seu estilo, argumenta de modo delicado, embora profundamente errado — e eu que não sou formado em zorra nenhuma na área jurídica, vou demonstrar por quê. No Estadão, a coisa é mais séria. João Paulo Cunha, um condenado por três crimes, que só não está na cadeia porque o Brasil também e o mau Brasil, solta os cachorros contra Joaquim Barbosa, demonizando-o com uma violência que ainda não se viu desde que o julgamento começou. Eis um desdobramento óbvio do voto de Celso de Mello. Ainda volto ao tema, sim. Fiquem com trechos do descalabro.
*
A HISTÓRIA PUNIRÁ O SUPREMO
“Você pode escrever: a história vai buscar o acerto de contas com o Supremo Tribunal Federal”.

QUER O FIM DAS TRANSMISSÕES DA TV JUSTIÇA
“O Supremo é uma casa que exige recato. Por que nos Estados Unidos, uma democracia de 200 anos, não há TV Justiça? Se o ministro Joaquim Barbosa quer disputar a opinião pública, que vá para Minas ou entre num partido aqui em Brasília e dispute eleição.”

JOAQUIM BARBOSA FALA BOBAGEM
“Para mim não importa se ele [Joaquim Barbosa] vai ser ou não vai ser [candidato]. Mas ele não pode ficar, da cadeira de presidente do Supremo, falando bobagem, sem dar direito ao réu de ir se defender lá.”

ELE QUER A CADEIRA DE BARBOSA
“Eu estou pronto para qualquer dia ir lá no Supremo e pedir para ele [Barbosa] deixar eu falar lá da tribuna dele, para responder ao que ele fala no microfone, não nos autos. Justiça tem dois pratos. A balança do ministro Joaquim Barbosa tem um prato só, o da condenação. Então, ele não é juiz. Ele é promotor.

VAI EXERCER O MANDATOI ATÉ O ÚLTIMO DIA
“Não vou renunciar. Eu pretendo levar o meu mandato até o último dia. E vou levá-lo.”

ELE QUER É VOTO FECHADO. PARA TUDO
“Nas grandes democracias, o voto é sempre fechado. Onde você tem o voto aberto? Nas ditaduras. Sou favorável ao voto secreto, mas chega um momento em que o Congresso fica tão acuado que não há alternativa.”

O PT SÓ SE FORTALECE
“O que vai fazer a presidenta ganhar não é o mensalão voltar ou não ao centro da conjuntura. Já tivemos quatro eleições – 2006, 2008, 2010, 2012 – em que o mensalão foi usado e não deu certo (no ano passado, João Paulo teve de renunciar à candidatura a prefeito de Osasco, após ser condenado). Não dará certo novamente em 2014. Pela primeira vez o PT terá candidatos fortes em São Paulo, no Rio e em Minas, com chances de ganhar. Ao contrário do que nossos adversários pensam, o gás do PT não está acabando.”

ATÉ JESUS CRISTO
“É um absurdo. Fomos os que mais lutamos para acabar com a impunidade. Agora, por exemplo, há 2 mil acórdãos para serem publicados no Supremo. O ministro Joaquim Barbosa se finge de morto. Esse processo é um erro do Judiciário. Outros exemplos de injustiça, além do caso dos irmãos Naves, foram Sacco e Vanzetti, nos EUA, e Dreyfus, na França. Os tribunais de Roma também não respeitaram o devido processo legal para condenar Jesus Cristo, há 2 mil anos. Ouviram a opinião pública, que mandou crucificar Jesus.

UM PRESENTE PARA JOAQUIM BARBOSA
“Estou terminando de ler O Último Dia de um Condenado, do Victor Hugo. É muito bom. Pretendo enviá-lo ao ministro Joaquim Barbosa, com o filme sobre o caso dos irmãos Naves. “

Encerro
Eis aí. João Paulo já demonstrou inconformismo com o fato de Joaquim Barbosa, um negro, ter sido nomeado por Lula e ter se comportado como se comportou no caso do mensalão. Por Reinaldo Azevedo





22/09/2013 às 16:33


Veloso volta à carga em seu artigo no Globo, reproduzido na página pessoal. Se quiserem, leiam lá a íntegra. Mais tarde, respondo. Há também links para a lojinha. Se sentirem vontade comprar alguma coisa… Escreverei um post mais tarde. No momento, tenho coisas mais urgentes. Caetano vai me obrigar a demonstrar — é chato porque cheguei a gostar dele na adolescência — que seu amor pelos fatos não é maior do que a sua destreza com a filosofia. Em seu texto, diz que chega “até a citar Azevedo”, como se me fizesse uma concessão. Chega, sim! Só no texto deste domingo, meu nome aparece três vezes no último parágrafo. E um terço do artigo (todo o primeiro) é tentativa de resposta a um post que publiquei aqui sobre seu embate com Paulo Francis. Mas faz questão de sugerir que não me lê. O “velho baiano”, como se define, tem 71 anos. Espero que consiga sair logo dos 17… Enquanto eu estiver me divertindo, continuarei a responder. Mas sei que chegará a hora do “lá vem esse Caetano de novo…”. Não sei se entendem a parte que remete a meu desconforto. Já gostei desse cara. Sim, eu sabia muito menos. E, percebo, esperava que ele tivesse buscado, ao longo da vida, saber mais. Cecília Meireles tem um poema belo e triste (o que não é raro em sua obra) sobre a brevidade do encanto: “Retrato de uma criança com uma flor na mão”. Lamenta que uma tenha sobrevivido à outra, que a criança tenha sobrevivido à flor: “Não se repete na vida/ a hora clara existida/ livre de tempo e dor”. Saudade do meu amigo Bruno Tolentino. Também sabia Cecília de cor — como quase tudo. Por Reinaldo Azevedo


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"A Revolução Francesa começou com a declaração dos direitos do homem, e só terminará com a declaração dos direitos de Deus." (de Bonald).

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-O coletivismo é a negação da liberdade, porquanto a sede da liberdade é o indivíduo. Tanto é que a pena mais severa na história da humanidade é a privação da liberdade. A essência da liberdade é una e indivisível e daí a designação do sujeito como "indivíduo".

Aluízio Amorim

Filósofa russa Ayn Rand :



“Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada.”



Ayn Rand nasceu em São Petersburgo em 1905