-
-
/ Blogs e Colunistas
Se em meu ofício, ou arte severa,/ Vou labutando, na quietude/ Da noite, enquanto, à luz cantante/ De encapelada lua jazem/ Tantos amantes que entre os braços/ As próprias dores vão estreitando —/ Não é por pão, nem por ambição,/ Nem para em palcos de marfim/ Pavonear-me, trocando encantos,/ Mas pelo simples salário pago/ Pelo secreto coração deles. (Dylan Thomas — Tradução de Mário Faustino)
26/01/2014 às 6:57
Carro particular é incendiado por vândalos durante protesto (Foto: Tiago-Chiaravalloti-FuturaPress-Folhapress)
Sim, vou comentar a baderna que alguns bandidos disfarçados de manifestantes promoveram em São Paulo neste sábado, num protesto contra a realização da Copa do Mundo no Brasil, que reuniu, segundo a PM, 1.500 pessoas. Como sempre, depredação de lojas e ônibus, um veículo incendiado confronto com a polícia. E, para não variar, lá estavam os mascarados. O texto vai ficar longo. Mas tempo não lhes falta neste domingão, certo? Vamos lá. No Rio também houve alguma confusão. Em outras capitais, a convocação não reuniu mais do que algumas dezenas. Para que trate do evento de ontem, no entanto, preciso recuperar algumas coisas. Terei de falar um pouco dos rolezinhos e da reação do governo federal e dos petistas ao fenômeno. Vamos lá.
Manifestante com um lança-chamas. Ninguém vai chamá-la de “pacífica” (Foto: Ivan Pacheco)
Escrevi neste blog meu primeiro texto sobre os rolezinhos no dia 13 de janeiro. É curto, meus caros, e vale a pena reproduzi-lo na íntegra. Mui modestamente, a minha bola de cristal antecipou o que viria com impressionante precisão. Releiam (em azul).
*
Esquerdistas bocós (existem os não bocós?) já estão de olho no “rolezinho”. Aqui e ali, noto a vocação ensaística de alguns dos meus coleguinhas na imprensa. Já há gente, assim, treinando o olhar para teorizar sobre mais essa erupção — e irrupção — da luta de classes. É fácil ser bobo. Fosse mais difícil, não haveria tantos bobalhões. Daqui a pouco o Gilberto Carvalho chama os teóricos dos “rolezinhos” para um bate-papo no Palácio do Planalto.
O “rolezinho”, que até pode ter começado como uma brincadeirinha irresponsável nas redes sociais, está começando a virar, vejam vocês!, uma questão política — ao menos de política pública. A coisa pode se tornar mais séria do que se supõe. Infelizmente, noto que muita gente, inclusive na imprensa, está tentando ver essas manifestações como se fossem uma espécie de justa revolta de jovens pobres contra templos de consumo da classe média.
Isso é uma tolice, um cretinismo. Os shoppings têm se caracterizado como os mais democráticos espaços do Brasil. São áreas privadas de uso público, muito mais seguras do que qualquer outra parte das cidades brasileiras. Os pais preferem que seus filhos fiquem passeando por lá a que façam qualquer outro programa, geralmente expostos a riscos maiores. É uma irresponsabilidade incentivar manifestações de centenas ou até de milhares de pessoas num espaço fechado. Ainda que parte da moçada queira apenas fazer uma brincadeira, é evidente que marginais acabam se aproveitando da situação para cometer crimes, intimidar lojistas e afastar os frequentadores.
Esse negócio de que se trata de uma espécie de revolta dos pobres contra os endinheirados é uma grossa bobagem. Boa parte dos shoppings de São Paulo, hoje em dia, serve também aos pobres, que ali encontram um espaço seguro de lazer. A Polícia precisa agir com inteligência para que se evite tanto quanto possível o uso da força. É necessário mobilizar os especialistas em Internet da área de Segurança Pública para tentar identificar a origem dessas convocações.
É preciso, em suma, chegar à raiz do problema. As redes sociais facilitam essas manifestações, como todos sabemos, mas é evidente que elas não são espontâneas. Há pessoas convocando esse tipo de ação, que pode, sim, como se viu no Shopping Metrô Itaquera, degenerar em violência.
No dia em que os shoppings não forem mais áreas seguras, haverá fuga de frequentadores, queda de vendas e desemprego. E é certo que estamos tratando também de um sério problema de segurança pública. Num espaço fechado, em que transitam milhares de pessoas, inclusive crianças, os que organizam rolezinhos estão pondo a segurança de terceiros em risco.
E que ninguém venha com a conversa de que se trata apenas do direito de manifestação num espaço público. Pra começo de conversa, trata-se, reitero, de um espaço privado aberto ao público, que é coisa muito distinta. De resto, justamente porque os shoppings têm essa dimensão pública, não podem ser privatizados por baderneiros que decidiram ameaçar a segurança alheia.
Encerro notando que o Brasil precisa ainda avançar muito na definição do que é público. Infelizmente, entre nós, muita gente considera que público é sinônimo de sem-dono. É justamente o contrário: o público só não tem um dono porque tem todos.
Retomo
Como se pode ver:
1: nego que os rolezinhos tenham um caráter político:
2: nego que os rolezinhos sejam fruto da exclusão social;
3: nem especulo sobre a possibilidade de ser uma criação do PT; é claro que não é!;
4: aponto o óbvio: shoppings são espaços que também servem aos moradores da periferia;
5: afirmo que têm de ser coibidos por uma questão de segurança.
6: O QUE CONDENO NO MEU TEXTO É A TENTATIVA DAS ESQUERDAS DE POLITIZAR O ROLEZINHO. É PRECISO SER MUITO BURRO PARA AFIRMAR QUE EU ATRIBUO ESSES EVENTOS ÀS ESQUERDAS. O diabo é que há gente burra aos montes — e outras tantas de má-fé.
E muitos outros textos se seguiram a esse. E não adotei tal ponto de vista apenas aqui, é claro! Afirmei a mesma coisa na Rádio Jovem Pan. Na Folha, na coluna no dia 17, escrevi:
“Setores da imprensa e alguns subintelectuais, com ignorância alastrante, tentaram ver o “rolezinho” como manifestação da luta de classes.” Ou ainda: “Jovens que aderem a eventos por intermédio do Facebook não são excluídos sociais, mas incluídos da cultura digital, que já é pós-shopping, pós-mercadoria física e pós-racial.”
Mais:
“Não se percebia, originalmente, nenhuma motivação de classe ou de “raça” nessas manifestações. Agora, sim, grupos de esquerda, os tais “movimentos sociais” e os petistas estão tentando tomar as rédeas do que pretendem transformar em protesto de caráter político.”
Adiante.
Ônibus é depredado em SP: Carvalho não vai chamar o rapaz para um papinho (Foto: Ivan Pacheco)
Por quê?
Mas por que evoco os rolezinhos? Porque o tratamento que a imprensa, alguns acadêmicos mixurucas e os “progressitas” lhes conferiram revela o espírito do tempo. Deixados os eventos por si mesmos, com a devida contenção quando se fizesse necessária, iriam esmorecer. Os shoppings da periferia são um espaço de lazer das famílias, parentes, amigos, vizinhos — a “comunidade”, enfim — dos rolezeiros. Mas como resistir ao, digamos, “cheiro conceitual dos pobres”? Assim, foram buscar LUTA DE CLASSES onde havia, e há, desejo de ascensão de classe, que é coisa muito distinta.
As justas e corretas mobilizações dos lojistas, das respectivas direções dos shoppings, dos consumidores e da própria polícia para coibir os eventos foram tachadas de discriminação racial e de classe. Se me pedissem para listar os três traços de caráter que mais abomino, um deles é a demagogia — sim, eu a considero um desvio de caráter. E, infelizmente, está contribuindo para rebaixar o caráter do país.
Carvalho
No primeiro parágrafo do meu primeiro texto sobre o rolezinho, leiam lá, antevejo que Gilberto Carvalho vai meter os pés pelos pés e fará besteira. Batata! Na semana passada, ele afirmou: “Da mesma forma que os aeroportos lotados incomodam a classe média. Da mesma forma que, para eles, é estranho certos ambientes serem frequentados agora por essa ‘gentalha’ (…). O que não dá para entender muito é a carga do preconceito que veio forte. (…) As pessoas veem aquele bando de meninos negros e morenos e ficam meio assustadas. É o nosso preconceito“.
Reproduzo agora os dois últimos parágrafos da minha coluna na Folha desta sexta (em azul):
Enquanto a fala indecorosa do ministro circulava, uma turba fechou algumas ruas na Penha, em São Paulo, para um baile funk. A polícia, chamada pela vizinhança, acabou com a festa. Um grupo de funkeiros decidiu, então, assaltar um posto de gasolina, espancar os funcionários, depredar um hipermercado contíguo e roubar mercadorias. Na saída, um deles derramou combustível no chão e tentou riscar um fósforo. Tivesse conseguido… O “Jornal Nacional” relacionou o episódio à falta de lazer na periferia. Pobre, quando não se diverte, explode posto de gasolina, mas é essencialmente bom; a falta de um clube para o funk é que o torna um facínora. Sei. É a luta entre o Rousseau do Batidão e o Hobbes da Tropa de Choque.
Os maiores adversários do PT em 2014 não são as oposições, mas a natureza do partido e os valores que tornou influentes com seu marxismo de meia-pataca e seu coitadismo criminoso. A receita pode, sim, desandar.
Sabem qual era o primeiro parágrafo dessa coluna? Este (em azul):
“O pânico voltou a bater às portas do Palácio do Planalto, que dá como inevitáveis novos protestos durante a Copa. O PT já convocou o seu braço junto às massas, uma tal Central de Movimentos Populares (CMP), para monitorar o povaréu.”
Pronto! Com o parágrafo acima, chego aos confrontos deste sábado, em São Paulo, depois de ter caracterizado o AMBIENTE INTELECTUAL em que acontecem.
Olhem o black bloc aí, o dono da rua, certo de que não vai acontecer nada com ele(Foto: Ivan Pacheco)
Direitos e limites
É evidente que as pessoas têm o direito de não querer a Copa do Mundo no Brasil e de expressar esse ponto de vista. Mas não o de sair quebrando tudo por aí. Se vocês observarem, até agora, o governo federal não disse uma palavra firme a respeito. Ao contrário até: em seus discursos, dentro e fora do Brasil, Dilma passou a citar as manifestações como exemplos de democracia. Não são!
Dia sim, dia também, movimentos de sem-teto, por exemplo, paralisam áreas da cidade. E o que eles querem? Que parte das casas construídas pelo poder público seja destinada a seus militantes — e, atenção!, será. É evidente que isso é um despropósito e caracteriza uma espécie de desvio de recursos públicos para entidades que são, não dá para fingir que não, de caráter privado. Ao ceder a pressão, o que se faz é endossar um método.
A desordem e o confronto estão se transformando em métodos aceitáveis de expressão, seja da alegria, seja da reivindicação política. Não! Não antevejo o caos; não acho que o Brasil caminhará para o buraco por isso; não acredito que estaremos nas cavernas daqui a pouco — não sou, em suma, apocalíptico. ATÉ PORQUE, LEITOR, O APOCALIPSE NÃO CHEGA — nem no Haiti ou no Sudão. Mas é claro que se vai construindo, com determinação e método, as condições de um atraso perene.
“Se o Brasil fosse menos desigual, isso não aconteceria”, repetem por aí. Bobagem! As manifestações violentas havidas no país a partir de junho não tiveram — como não teve o evento de ontem —, caráter popular. Foram lideradas por radicais mais ou menos endinheirados.
O que não existe no país — aí, sim — são líderes políticos que tenham a coragem de falar em defesa da ordem. De qual ordem? A da democracia e do estado de direito! O que lhes parece? Ao contrário: incentiva-se a desordem. Vejam o caso da ação do Denarc na Cracolândia. O prefeito Fernando Haddad convocou uma entrevista coletiva para atacar a polícia e não disse uma única palavra de solidariedade aos policiais que foram agredidos por um bando de dependentes. Atenção! Estava cumprindo o seu dever: foram lá prender traficantes.
Amarro as pontas para quem, eventualmente, até aqui, ainda não uniu os vários fios deste texto: o incentivo à desordem no país vem hoje de homens e mulheres que ocupam posição de relevo nos Poderes Constituídos, seja por meio de palavras irresponsáveis, como a de Gilberto Carvalho, seja pelo silêncio. E não é diferente com entidades da sociedade civil que já chegaram a se destacar pela defesa da ordem democrática.
A OAB-RJ e a Comissão de Direitos Humanos da OAB nacional exerceram um papel detestável, vergonhoso, na proteção aos tais black blocs no Rio, por exemplo. Quando policiais de São Paulo enquadraram, por bons motivos, dois indivíduos na Lei de Segurança Nacional — que deixou de ser “coisa da ditadura” quando foi, na prática, recepcionada pela Constituição democrática (ou não foi?) —, fez-se uma gritaria dos diabos. Alguns vagabundos vão para as ruas para quebrar tudo na certeza de que nada vai lhes acontecer — e, de fato, nada tem acontecido.
Encerrando
Começo a concluir lembrando que, até que se chegasse àquele confronto do dia 13 de junho do ano passado em São Paulo, que, por assim dizer, “nacionalizou” as manifestações, houve três protestos violentos, com depredações, coquetéis molotov e incêndio a ônibus: nos dias 6, 7 e 11 de junho. A arruaça correu solta, e a Polícia Militar só apanhou dos “manifestantes”. Quando reagiu, vocês sabem o que aconteceu. É história. Fiz uma pequena memória daqueles dias aqui.
Não! O PT não inventou junho nem inventou os rolezinhos — e, obviamente, não será o criador de possíveis novos distúrbios na Copa. O que o partido e seus capas-pretas fizeram e fazem é flertar com a desordem — quando não a insuflam. Nunca é demais lembrar que os petistas Gilberto Carvalho e Luíza Bairros (ministra da Integração Racial) não hesitaram um minuto em jogar “negros e morenos” (Como disse Carvalho) contra brancos no caso dos rolezinhos. Convenham: é preciso ser de uma espantosa irresponsabilidade para brincar assim com o perigo.
O incentivo à desordem no país vem hoje do Palácio do Planalto e do PT — ainda que o problema possa cair no colo do partido e do governo. Ocorre que essa gente, como o escorpião, tem uma natureza.Por Reinaldo Azevedo
26/01/2014 às 6:53
E o prefeito Fernando Haddad segue firme na sua determinação de transformar a Haddadolândia numa zona livre para o tráfico e o consumo de drogas. Indagado se acredita em alguma nova ação policial na área, afirmou:
“Eu sempre acredito na evolução da espécie. O ser humano comete erros, mas novos, não os antigos”.
Está se referindo, claro!, aos policiais. E de uma maneira bem pouco respeitosa, o que também não é novidade. Ele acredita na “evolução da espécie”? Pois é…
Haddad segue sendo o arrogante e pretensioso de sempre. Esse que aí está é o mesmo que via virtudes no socialismo soviético, que criou os kits gays e que afirmou que Stálin era superior a Hitler porque lia os livros antes de mandar matar os autores.
Eu não acredito é na evolução de Fernando Haddad.
Por Reinaldo Azevedo
25/01/2014 às 6:57
— PSDB decide recorrer ao Ministério Público Eleitoral contra Skaf por propaganda eleitoral antecipada com recursos da Fiesp e do SesiPor Reinaldo Azevedo
25/01/2014 às 6:51
Que coisa! O Jornal Nacional acaba de mostrar uma reportagem sobre um bando de adolescentes que assalta pessoas no centro do Rio, à luz do dia, com tranquilidade, com desassombro, sem temer nada nem ninguém. A reportagem mostra que policiais militares estão por ali e não fazem nada. Em seguida, os jovens aparecem cheirando solvente, a poucos metros, informa o JN, do Tribunal de Justiça.
O JN foi ouvir a polícia. Uma porta-voz da Polícia Militar resolveu tocar música para os ouvidos politicamente corretos: afirmou que o problema dos jovens não era de segurança, não era de polícia, mas um, atenção!, “problema social”, de “saúde pública”. E convidou os assaltados a fazer boletim de ocorrência. É mesmo? Para quê? Observem: a porta-voz da PM esqueceu, em sua fala, que havia pessoas sendo assaltadas. Ao falar, ela se referiu apenas aos assaltantes.
Está acontecendo o pior — e eu mesmo alertei para isso num post desta tarde: as forças policiais estão incorporando o discurso da imprensa, das ONGs, dos politicamente corretos, do governo federal, dos petistas.. “Roubo é problema social”. “Droga é problema social e de saúde.”Ora, se é, polícia para quê?
Os policiais sabem muito bem que, se partirem para a repressão, com ou sem abusos, terão de responder por… abusos! A imprensa cai de pau. O Ministério Público cai de pau. A OAB cai de pau. As ONGs caem de pau. “Nem vem, Reinaldo, isso só acontece quando há violência!” Mentira! Vejam a ação do Denarc na Haddadolândia nesta quinta. Não há evidências de violência, mas o Ministério Público já avisou que quer que a ação seja investigada.
Por que em São Paulo sim?
Achei boa e objetiva a abordagem do Jornal Nacional sobre o Centro do Rio de Janeiro. Estava tudo ali, não? Adolescentes fortões, muitos sob o efeito de drogas, assaltando livremente, sem repressão. A população, como a gente viu, fica à mercê da turma.
Pergunto ao JN: e na Cracolândia, em São Paulo? O Centro da maior capital do país não merece essa mesma abordagem? Ou será que cidadãos comuns podem hoje transitar pela região? O prefeito Fernando Haddad transformou a área numa espécie de zona livre do tráfico e do consumo de drogas. Ou ainda: entendi que, ao se evidenciar que adolescentes estão consumindo droga a poucos metros do Tribunal de Justiça, o que se está a sugerir é que isso deveria ser coibido, não?
Venham cá: se a Prefeitura do Rio passar a hospedar esses jovens — tá, os maiores de idade — em hotéis, fornecendo-lhe comida e moradia gratuitas, além de um salário fixo, que pode financiar o vício (e talvez desestimular os assaltos), tudo bem? Será que a mesma régua que está sendo usada para medir a desordem no Centro do Rio está sendo usada para avaliar a desordem no Centro de São Paulo, patrocinada por Haddad e sustentada com teoria capenga por Roberto Porto, o buliçoso secretário de Segurança do município?
“Ah, mas, na Haddadolândia, a gente não vê cordões sendo arrancados dos pescoços das mulheres…” Não mesmo! Os cidadãos comuns, não vinculados às drogas, quase não circulam mais por ali. E os que são obrigados a passar pela região para chegar às suas respectivas casas, já apurei, andam sem relógios, alianças, nada… Os mais jovens evitam usar tênis, que são uma moeda influente entre os consumidores, que pode ser facilmente trocada por droga.
Encerro
Para mim, o que sobra dessa reportagem do JN, além da diferença de tratamento dispensado aos respectivos Centros de São Paulo e Rio, é a postura oficial da Polícia Militar do Rio. Finalmente, o discurso da carência social (e das drogas como um problema médico) chegou aos brasileiros de farda — que já não veem mais razão para agir porque sabem que não há como eles se darem bem no noticiário. Até vagabundos que tentam explodir postos de gasolina são tratados como… carentes. Por que a polícia agiria? A ação do Denarc na cracolândia, na quinta, vai na contramão dessa postura. E o Denarc apanhou da imprensa.
Não age mais. E, como se nota pela reportagem do Jornal Nacional, quem paga o pato não são os mais endinheirados, que nem circulam por ali. Quem paga o pato pela inação da polícia é a população pobre.
Texto publicado originalmente às 21h14 desta sextaPor Reinaldo Azevedo
25/01/2014 às 6:49
Haddad, o mestre em economia, enfrentando o crack
O prefeito Fernando Haddad, saudado durante a campanha eleitoral e nos primeiros meses de governo como um verdadeiro gênio da raça, é formado em direito. Depois fez mestrado em economia e doutorado em filosofia. É tratado em certas áreas como um “intelectual”. A sua maior contribuição ao pensamento, até agora, é ter escrito que o sistema soviético era “moderno”. Já chegou também a declarar a superioridade de Stálin sobe Hitler porque, especulou, o Bigodudo, à diferença do Bigodinho, pelo menos lia os livros antes de matar os autores. É mesmo um senhor capaz de coisas impressionantes. Seu último feito mais notável é o Bolsa Crack.
A Folha traz hoje uma reportagem muito interessante de Fabrício Lobel e Aretha Yarak. Reproduzo trecho:
“O preço da pedra de crack chegou a dobrar já no primeiro dia de pagamento dos 302 usuários da cracolândia que trabalham no programa Braços Abertos, da prefeitura. A pedra, que custava R$ 10, sofreu variação de preço na tarde de ontem e chegou a custar até R$ 20, segundo relatos de usuários à Folha no fluxo (local de venda e consumo). De acordo com a prefeitura, 302 usuários receberam, em dinheiro, R$ 120 pela semana de trabalho na varrição de praças e ruas.”
Não me digam! O único que não sabia disso, pelo visto, era o mestre em economia Fernando Haddad. Que coisa, né? Vejam o que fez este gigante: transformou a Haddadolândia numa zona livre para o consumo de droga e entregou dinheiro na mão de um grupo de viciados. Como a oferta, bem ou mal, não consegue suprir a demanda e como passa a circular mais dinheiro na região, qual seria a consequência óbvia: inflação!
Assim, o programa de Haddad, que já é um fracasso, não é, ao menos, inócuo. Está contribuindo para elevar o preço da “pedra”. Como vocês sabem, antevi aqui as consequências óbvias da equação, não? Aliás, quantas vezes escrevi neste blog que a descriminação do consumo de drogas, sem a descriminação do tráfico, tem como resultado fatal a… inflação no setor? É o paraíso dos traficantes! O que pode acontecer de melhor para eles do que estimular a demanda num ambiente de oferta reprimida?
Parabéns, prefeito! Lula prometeu que Haddad seria um administrador como a cidade nunca viu antes. Acho que o vaticínio, à sua maneira, está se cumprindo, não é mesmo?
A matéria da Folha traz uma informação que é tragicômica. Reproduzo em vermelho:
“O preço da pedra na cracolândia é R$ 10 há pelo menos dez anos, diz Bruno Ramos Gomes, presidente da ONG É de Lei, que atua na região. Ele não acredita que a inflação tenha sido causada pelo pagamento da prefeitura. ”Talvez ela esteja relacionada com a dificuldade de chegar pedra na área, dada a repressão policial”, diz.
O que é da lei? O crack? Será que faz dez anos que o Bruno cuida do assunto, com os resultados que a gente vê? Notem: repressão ao tráfico na Cracolândia sempre houve. A pedra não dobrou de preço nem quando houve a retomada da área pelo estado de direito, e o tráfico, de fato, foi muito prejudicado. O que aconteceu de novo desta vez? Ora, há mais dinheiro circulando. Os traficantes sabem disso. Também não ignoram que os consumidores não podem ficar sem o produto.
Consequência óbvia: boa parte do dinheiro que a Prefeitura repassou aos viciados já foi confiscada pelo tráfico. Se Haddad depositasse na conta dos traficantes, e eles só passassem distribuindo a porcaria, daria na mesma. Isso quer dizer, leitor amigo, que o Bolsa Crack também é o Bolsa Traficante.
Faço ainda aqui um outro vaticínio, ancorado, deixem-me ver, na história humana. Circulam na Haddadolândia uns dois mil dependentes. Só 300 terão, por enquanto, aquela grana a mais. Ainda que o programa dobrasse de tamanho, o que não vai acontecer, mais de metade continuaria fora. Outro desdobramento lógico, pois, da ação da Prefeitura será a criação das “classe sociais das drogas”. Se a pedra sobe de preço, os que não tiverem os benefícios da Prefeitura terão de se degradar ainda mais para conseguir o dinheiro.
Eu realmente não me canso de admirar a obra de Fernando Haddad.Por Reinaldo Azevedo
25/01/2014 às 6:07
Leitores me convidam a escrever sobre um vídeo que já circulou muito por aí. O busílis é o seguinte. No domingo, haviam marcado um rolezinho no Shopping Leblon — um desses de protesto. O shopping fechou as portas, e os “conscientes da Zona Sul” ficaram do lado de fora, falando em nome dos “pobres”, que não compareceram ao evento. Entre os rolezeiros, estava um rapaz fantasiado de Batman, figura frequente nos protestos no Rio desde junho.
Sempre chega a hora em que o Batman tem de enfrentar o Pinguim, materializado, no caso, na figura corpulenta do cineasta Dodô Brandão, que decidiu bater boca com o mascarado. Aí outras pessoas entraram no embate. Era uma verdadeira suruba de conceitos políticos e ideológicos mal compreendidos — tudo ali, na esquina das avenidas Ataúlfo de Paiva e Afrânio de Melo Franco, no Leblon. Com câmera na mão, a equipe de uma TV francesa tentava entender por que o representante dos jacobinos e o dos girondinos estavam brigando…
Segue o vídeo. Volto depois.
Vamos entender Dodô Brandão
É a encarnação da esquerda do Leblon. Como ele mesmo confessa, “ganha muito dinheiro” — se for numa atividade privada e à custa do seu talento, devemos aplaudi-lo por esse particular. Mesmo bem-sucedido no regime capitalista brasileiro, ele é um homem consciente, certo? Não gosta do capitalismo e menos ainda do “capitalismo americano”, do qual o Batman, segundo ele, seria um “símbolo”.
Dodô certamente vem daquele tempo em que fazia sucesso entre as esquerdas um livreco chamado “Para Ler o Pato Donald”, escrito por Ariel Dorfman e Armand Mattelard, que denunciava as terríveis manipulações ideológicas nas personagens de Walt Disney. Para ele, pois, tudo o que vem daquele país está carregado de uma carga de ideologia imperialista.
É claro que Dodô não estava bravo com o Batman da hora por causa disso. A sua preocupação é outra. Trata-se, como fica claro, de um governista entusiasmado. Assim, protestos que, para ele, acabarão por desestabilizar o governo são negativos. E, ora, ora, além de chamar o outro de “idiota”, não lhe ocorreu ofensa maior do que classificá-lo de “direita”. Uma senhora reagiu. “Não é direita, não”. Falo dela daqui a pouco.
Vamos entender o Batman
O Batman certamente pertence à mesma classe social de Dodô, percebe-se pelo vocabulário e pela sintaxe, mas não tem os mesmos compromissos intelectuais que tem o adversário da hora — embora também ele fale em nome do povo. Leiam o que diz: “Eu venho para as ruas combater. A quantos protestos você veio? Quantas vezes você para as ruas lutar PELA população? Eu luto PELO meu povo. E você, luta por quem?”.
O Batman integra a categoria dos “conscientes” da zona Sul que avaliam que basta sair às ruas e declarar seu amor à justiça social para fazer a sua parte.
“Eu sou de direita”
O Batman rolezeiro não estava fazendo sucesso. Uma senhora, com uma, digamos, dignidade conservadora lhe diz: “O Carnaval ainda está longe, rapaz, e você está com essa palhaçada!”. Enquanto o bate-boca avançava, outra mulher gritava contra o Batman: “Manipulado, manipulado, manipulado!”. Será que ela estava com Dodô? Não exatamente.
Ao tentar se explicar à equipe de TV Francesa, o cineasta começou a recitar a cartilha do PT: “Esses caras são uns caras de direita, que não querem ver que o país avançou, que tem emprego…”.
Aí a que gritava o: “Não é de direita, não!”. Responde Dodô: “De direita, fascista!”. Ela retoma: “Fascista, sim, mas de direita, não! Porque eu sou de direita e não faria isso.” Alguém pergunta, também com uma câmera na mão: “Por que ele é manipulado, senhora?”. E ouve a seguinte resposta: “Porque esse movimento já foi desmascarado. Existe, sim, um plano comunista, totalitarista no país. Será que ninguém vê isso?”.
Talvez fosse a única com alguma razão. Enquanto isso, ao fundo, ouve-se o petista: “Eu lutei contra a ditadura, eu lutei pela democracia neste país, continuo lutando… Tem que ter conteúdo. Esse cara vem dizer que o Batman vai salvar o Brasil? Esse merda vestido de Batman?”.
Aí se dá um momento muito interessante. Um dos franceses, justificando o rolezinho, diz que, no Rio, há discriminação contra as pessoas das “comunidades [leia-se: favelas], que querem fazer coisas como qualquer um”. Dodô e a mulher que se diz “de direita” negam. Ela reage primeiro: “Só na cabeça de estrangeiro mal informado, tá? Estão fomentando o ódio entre irmãos aqui”. O dilmista concorda: “Não tem discriminação nenhuma! O que esse cara faz é fomentar a separação. Não tem discriminação nenhuma! Muito pelo contrário”.
Aí Dodô deu o seu entendimento da integração de classes: “Eu moro aqui… Se você for ali em frente à delegacia, tem a Cruzada [um conjunto habitacional popular da região]. Nós estamos ali, bebendo, tudo junto. Eu sou um cara que ganhou muito dinheiro, eu sou um cineasta, eu faço cinema, eu sou bom assalariado. Eu estou bebendo ali com os caras que moram na Cruzada, são nossos amigos”.
O outro francês quer saber se ele não acha que o dinheiro da Copa deveria ser investido na favela, não numa infraestrutura que vai beneficiar os ricos. Dodô diz que isso é uma “grande besteira”. E se atrapalha ao tentar explicar que a grana da Copa e a do Orçamento não se misturam. Ao fundo, grita a mulher de direita: “O legado será dívida”. O governista segue adiante, afirmando que o mundial será financiado por um certo “dinheiro da Fifa”. Sabem como é… Cineastas costumam ter muitas ideias na cabeça mesmo quando outros estão com uma câmera na mão.
O Batman se aproxima, sem máscara, e ainda tenta responder. Recebe uma sonora vaia dos presentes. Um homem afirma: “Vai procurar emprego!”. Alguém pergunta com ironia se um rolezinho só de gente de classe média e classe alta seria aceitável. Um senhor presente diz a coisa certa e óbvia: “shopping não é lugar para isso”.
Querem saber?
Essa história de Dodô de que o Batman é um símbolo do imperialismo é uma grande tolice. O mascarado até brinca: “Queria que fosse um Supertupã?”. Suas explicações sobre a separação dos dinheiros é também capenga — há, sim, uma montanha de recursos públicos na Copa do Mundo, embora ele tenha razão ao dizer que são orçamentos distintos. O que não diz é que o governo incompetente que ele defende é incapaz de gastar de forma eficiente até a grana que está à disposição porque faltam projetos e capacidade operacional.
Mas não está de todo errado quando aponta o caráter estúpido dos rolezinhos — não os originais, que a molecada fazia em São Paulo e eram apenas imprudente —, mas esses outros, de protesto, que são uma invenção das esquerdas cretinas e dos descolados que se querem conscientes e pretendem falar em nome do povo.
Aliás, a gente nota, parte do “povo” parou para ouvir. E vaiou o Batman. Esse militantismo doidivanas, que se diverte atrapalhando a vida alheia, criando dificuldades para que as pessoas organizem sua rotina, seu cotidiano, já começa a provocar fastio também nos pobres.
Um tanto certa está aquela senhora que aponta a existência de um “plano” — só não digo que ele seja comunista; totalitário é. Não sei qual é do “Batman”. Mas não creio que ele seja, como acusa Dodô, um agente do Garotinho. Acho que não. Ele é filho, isto sim, da cultura petista da reclamação, que sempre estimulou esse tipo de manifestação.
Dodô, como bom petista (simpatizante, ao menos, com certeza, ele é), classifica como “de direita” tudo aquilo de que ele não gosta e tudo aquilo que ele não entende. É claro que está errado. Os rolezinhos políticos — não os originais — são, ao contrário, um fruto da cultura de esquerda, que nunca viu mal nenhum em atropelar a legalidade em nome de uma “causa”. Antes de os amigos de Dodô chegarem ao poder, faziam exatamente isso. E atenção! Ainda fazem quando a baderna é útil à sua causa. Os ditos sem-teto — um movimento umbilicalmente ligado ao PT — tem feito rolezinhos violentos São Paulo afora dia sim, dia também. E não estão usando a máscara do Batman. Será que, nesse caso, Dodô acha a ação “progressista”? Quanto ao tal Batman, dizer o quê? Rolezinho no Leblon??? O senso de ridículo, até onde sei, também pode ser desenvolvido por mascarados.Por Reinaldo Azevedo
24/01/2014 às 22:21
Milhares de moradores e de frequentadores da região central de São Paulo — onde ficava a cracolândia e hoje fica a Haddadolândia — estão tendo aviltados o seu direito de ir e vir; estão vendo seu patrimônio ser fumado nos cachimbos de crack; estão tendo seus filhos e familiares expostos a riscos que não são pequenos. E o Ministério Público fez o quê? Como se sabe, nada. Agora leiam o que informa a Folha. Volto em seguida.
*
O Ministério Público abriu um inquérito nesta sexta-feira para investigar a operação do Denarc (Departamento de Narcóticos) que terminou em confronto, ontem (23), na região da cracolândia, no centro de São Paulo. Segundo a Polícia Civil, a ação ocorreu para a prisão de um traficante. Usuários de droga teriam então jogado pedras e pedaços de pau contra os policiais, que retornaram em cerca de dez carros e jogaram bombas de efeito moral contra as pessoas que estavam no local. “Foi uma ação muito diferente de tudo que já vi do Denarc, fechando ruas e atirando bombas. As operações [do departamento] geralmente são feitas com muita discrição. Agora queremos saber qual a razão. Foi uma ação muito nebulosa, esquisita, estranha”, afirmou o promotor Arthur Pinto Filho.
O promotor afirmou que já pediu as imagens das câmeras da prefeitura na região e os documentos da ação, e marcou oitivas com a delegada Elaine Maria Biasoli, diretora do Denarc, com o delegado Osvaldo Naoki Miyazaki, da Corregedoria, e com o secretário de Segurança Urbana, Roberto Porto. O promotor afirmou que após a apuração deve entrar com “uma ação para que a Polícia Civil fique impedida de praticar ações bárbaras”.
“O que ocorreu com a PM, agora ocorreu com a Polícia Civil”, comparou o promotor se referindo a uma ações da PM, feita em 2012, que gerou uma liminar da Justiça impedindo “ações que ensejem situação vexatória, degradante ou desrespeitosa” aos usuários de drogas.
Confrontos
O governo paulista disse hoje que as operações policiais na cracolândia não devem parar, mas ressaltou que não haverá mais confrontos. “As ações de inteligência continuam. Mas reforçamos, depois de ontem, que se houver a possibilidade de um confronto a operação não deve ser feita”, disse Edson Ortega, assessor do Estado que atua na cracolândia. Ortega visitou a cracolândia no começo da tarde de hoje. Ele estava acompanhado do chefe da Casa Civil do governo Alckmin, Edson Aparecido, e do 1º Tenente Willian Thomaz, responsável pela região da Nova Luz. Segundo Aparecido, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) pediu que ele comandasse mais de perto todas as ações do governo no local.
“Há um cuidado em mostrar que existe sim um empenho por parte do governo na parceria com a prefeitura”, disse. Segundo ele, o governador pretende fazer do confronto de ontem apenas um episódio isolado. “Queremos deixar explícito que vamos reforçar a parceria com a prefeitura”.
Comento
Não gosto do tom do governo de São Paulo — ainda que possa apontar os motivos para ser assim. Como a imprensa é majoritariamente favorável ao programa aloprado de Haddad e comprou a versão vigarista de que o erro, nesta quinta, foi da polícia, busca-se evitar qualquer coisa que lembre confronto, hipótese em que o estado poderia aparecer como o mauzinho, e a Prefeitura, como a boazinha.
Entendo, mas mesmo as escolhas políticas precisam ser feitas com um pouco mais de habilidade. O tom do governo do estado — pelo menos o que vai acima — é defensivo, tímido, timorato, acuado, como se fosse o governador Alckmin a dar dinheiro para viciados em droga. Que eu saiba, ele está oferecendo tratamento, não é isso? “Ah, mas a imprensa não reconhece…” Eu sei. Mesmo assim, é preciso cuidado com as palavras.
“As ações de inteligência continuam. Mas reforçamos, depois de ontem, que se houver a possibilidade de um confronto, a operação não deve ser feita.” A fala é de Edson Ortega, assessor do governo do Estado para a Cracolândia. Então tá! Basta que os traficantes se organizem, então, para o confronto, e a polícia ficará de mãos atadas, certo, Ortega? A partir de hoje, fica definido que a polícia só será dura com bandidos pacíficos. Faz sentido.
Aí diz o promotor: “Foi uma ação muito diferente de tudo que já vi do Denarc, fechando ruas e atirando bombas. As operações [do departamento] geralmente são feitas com muita discrição. Agora queremos saber qual a razão. Foi uma ação muito nebulosa, esquisita, estranha”. Tá. Quantas vezes os agentes do Denarc foram antes cercados com paus e pedras e tratados na porrada?
Abaixo, publico um texto sobre a fala de uma representante da PM no Rio, que explicou por que assaltantes do Centro não estavam sendo reprimidos: segundo ela, não é problema de segurança, mas social e de saúde. O promotor diz ainda que pretende agir para impedir a Polícia Civil de praticar “ações bárbaras”. O que houve de “bárbaro” ontem na operação do Denarc? Cadê as evidências? O Brasil caminha para ter uma polícia que, sob o pretexto de deixar de ser violenta — e não pode ser mesmo, a menos que seja necessário —, terá de garantir a proteção dos criminosos.
Nesse imbróglio todo, até agora, só uma pessoa não tremeu o lábio nem demonstrou a consistência de uma gelatina: a chefe do Denarc, Elaine Biasoli. Temo que ainda acabem considerando que um homem mais suave ficaria melhor no seu cargo…Por Reinaldo Azevedo
24/01/2014 às 19:45
Gilberto Carvalho, o Gravata-Vermelha, não se emenda
Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência e segundo homem mais importante no PT, falou, mais uma vez, no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre. Desta feita, na verdade, o evento se chama “Fórum Social Temático”, mas se trata apenas de uma derivação do FSM. Em sua intervenção de 2012, no dia 27 de janeiro, no mesmo evento, este senhor fez declarações que geraram um quiproquó danado. Segundo ele, o PT deveria:
a: disputar a chamada “Classe C” com os evangélicos para impedir que ela migrasse para o conservadorismo. O “raciossímio” de Carvalho era este: o PT tirou essa gente da pobreza e agora não pode permitir que ela faça suas próprias escolhas. Mais: este gênio da razão, obviamente, tomava a política como uma religião e seu partido como uma igreja.
b: defendeu também que se criasse uma “mídia estatal” para a tal Classe C. Segundo disse, “essa gente não pode ficar à mercê da ideologia disseminada pelos meios de comunicação”.
Eis Carvalho. Os evangélicos foram pra cima dele. O homem teve de recuar, dizer que era tudo um mal- entendido. Marcou reuniões com lideranças religiosas e coisa e tal para assegurar que não era bem daquele jeito. Nota: do jeito como andam as coisas, o PT não precisa criar uma “mídia estatal” porque já tem uma.
Neste 2014, Carvalho foi menos confiante do que há dois anos e resolveu chamar o povo de “ingrato”. Afirmou, segundo informa a Folha: “Quando acontecem as manifestações de junho, da nossa parte, houve um susto. Ficamos perplexos. Quando falo ‘nós’, é o governo e também todos os nossos movimentos tradicionais. [Houve] uma certa dor, uma incompreensão, e quase um sentimento de ingratidão. [Foi como] dizer: ‘fizemos tanta por essa gente e agora eles se levantam contra nós’.”
Ainda que o tom de fala indique que aquele era um sentimento a ser superado, eis aí a revelação plena da relação que o PT mantém com o povo: o partido vê os brasileiros como seus devedores. A exemplo de todo partido de esquerda, não se conforma em ser uma força política que, de vez em quando, vence eleições para governar segundo os marcos institucionais que herdou — e, se for para mudá-los, apelar ao Congresso para isso. Não, não! O partido, para eles, substitui a sociedade, toma o seu lugar. Assim, um movimento de protesto que se volte contra o governo que eles lideram só poder ser visto como ingratidão ou traição.
Esse era o mesmíssimo sentimento que tinha um Stálin ou um Mao Tsé-tung. A sorte da brasileirada é que Carvalho e seus amigos são obrigados a governar segundo as regras da democracia — com as quais, de todo modo, eles não se conformam, daí coisas como o mensalão, por exemplo.
Ingratidão?
Ingratidão, é? Sei. Certamente esse foi o sentimento, mas só quando os protestos atravessaram as fronteiras paulistas, saltando rapidamente para o Rio, dali para toda parte, inclusive Brasília. Aí os petistas se deram conta da besteira que haviam feito quando, na prática, insuflaram os protestos em São Paulo, com a preciosa colaboração de José Eduardo Cardozo — e do próprio Carvalho, é bom deixar claro. Enquanto parecia que tudo não passava de uma disputa entre jovens líricos e a polícia de São Paulo, o PT estava lá, atiçando as ruas.
Na minha coluna na Folha de hoje, comento uma outra declaração infeliz deste senhor, segundo quem a reação negativa aos rolezinhos partiria da classe média racista, que não se conforma em ver um “bando de meninos negros e morenos”. Sim, ele usou a palavra “bando”.
Em Porto Alegre, voltou a se referir aos rolezinhos, de modo especialmente esquizofrênico. Reconheceu que os estabelecimentos já são espaços de lazer dos rolezeiros e falou em oferecer “alternativas”. Sim, sim… Alternativa de quê? O shopping não poderá dar uma boa escola. O shopping não poderá dar uma boa saúde. O shopping oferece o que lhe cabe oferecer: espaços de consumo e lazer — que têm de ser ocupados segundo regras que os frequentadores habituais, inclusive os agora rolezeiros, já conheciam e respeitavam.
Não tem jeito, não. Essa gente não tem cura. Não há remédio para certas doenças do espírito. Ah, sim: o pau voltou a comer nas ruas de Porto Alegre nesta quinta. A polícia assistiu a tudo, pacificamente. Fica para outro post.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Gilberto Carvalho, rolezinho
24/01/2014 às 18:55
A máquina publicitária da Prefeitura agora divulga imagens dos uniformizados do crack da Haddadolândia. Beneficiários do programa Braços Abertos — a Bolsa Crack — aparecerão fazendo dancinhas, felizes da vida; será mostrado o interior, sempre asseadíssimo, claro!, dos hotéis onde estão hospedados. Finalmente, alguém — Fernando Haddad — encontrou a solução que o mundo buscava para resolver o problema das drogas: salário e casa e comida de graça!
Kim Jong-un, o anão tarado que governa a Coreia do Norte, não cuidaria melhor da propaganda — com a diferença de que, lá, a TV é estatal. Huuummm… Em certa medida, aqui também! A outra diferença é que, naquela tirania, as pessoas aparecem chorando, e, em São Paulo, elas aparecerão sambando. É a Dancinha da “Pedra”.
“Não vai parar com esse assunto, não, Reinaldo?”
Não vou.Por Reinaldo Azevedo
24/01/2014 às 18:36
Curto e rápido porque não merece mais do que isso. A subimprensa financiada por estatais ensaiou fazer um escarcéu com a “liberação” — por Ricardo Lewandowski — do Inquérito 2474, conduzido pela Polícia Federal, sobre as fontes de financiamento do mensalão. Por alguma razão “inexplicada” e inexplicável, venderam a coisa como a prova de que não teria havido mensalão. Aí a gente vai ler o dito-cujo. Prova que o dinheiro da Visanet não era público? Claro que não — afinal, era! Prova que Marcos Valério não recebeu dinheiro do fundo Visanet e que não participava do esquema ilegal de repasses gerenciado por Delúbio? Prova justamente o contrário. A rede petralha acusa Joaquim Barbosa de ter escondido o inquérito, como se isso fosse possível. Não dá! Esse assunto é velho. Se tiverem curiosidade, leiam o tal inquérito: ele só lembra outros aspectos sórdidos do mensalão dos quais a gente se esquece às vezes.
Ah, sim: a peça ridícula de resistência é que não pode ter havido “mensalão” porque, afinal, os pagamentos não eram mensais… Aí já estamos no terreno da piada. Se mensal, bimestral ou semestral, pouco importa. O fato é que uma estrutura criminosa resolveu financiar a atividade de políticos da base aliada. E traficando dinheiro e interesse público. Lixo! Por Reinaldo Azevedo
Tags: Mensalão
24/01/2014 às 18:00
Na VEJA.com:
O resultado das contas externas de 2013 teve um déficit recorde, de 81,374 bilhões de dólares. Segundo anúncio do Banco Central (BC) nesta sexta-feira, o déficit ficou acima da projeção da instituição, de 79 bilhões de dólares. O resultado de 2013 é recorde para a série histórica do BC, iniciada em 1947, e também é 50% maior do que o verificado em 2012, quando o saldo negativo atingiu 54,249 bilhões de dólares. O déficit em conta corrente ficou em 3,66% do Produto Interno Bruto (PIB). O pior porcentual tinha sido visto em 2001, de 4,19%. No ano de 2013, a balança comercial registrou um superávit de 2,558 bilhões de dólares, enquanto a conta de serviços ficou negativa em 47,523 bilhões de dólares. A conta de renda também ficou deficitária em 39,772 bilhões de dólares.
Em relação ao mês de dezembro, o resultado das transações correntes ficou negativo em 8,678 bilhões de dólares. A balança comercial registrou um superávit de 2,654 bilhões de dólares, enquanto a conta de serviços ficou negativa em 4,248 bilhões de dólares. A conta de renda também ficou deficitária em 7,484 bilhões de dólares.
Investimentos estrangeiros
Os Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) somaram 6,490 bilhões de dólares em dezembro e 64,045 bilhões de dólares em todo o ano de 2013, informou o BC. No acumulado do ano, foi o resultado mais fraco dos últimos três anos (66,7 bilhões de dólares em 2011 e 65,3 bilhões de dólares em 2012).
Lucros e dividendos
O saldo de remessas de lucros e dividendos no ano passado ficou negativo em 26,045 bilhões de dólares. O resultado é maior do que os 24,112 bilhões de dólares de 2012. No último mês de 2013, esse saldo ficou no vermelho em 4,829 bilhões de dólares, um saldo negativo maior do que os 4,383 bilhões de dólares, também negativos, registrados em dezembro de 2012.
O BC informou também que as despesas com juros externos somaram 14,244 bilhões de dólares em 2013 ante 11,847 bilhões de dólares de 2012. Só em dezembro, o resultado negativo foi de 2,711 bilhões de dólares – de – 2,205 bilhões de dólares no mesmo mês de 2012Por Reinaldo Azevedo
Tags: contas externas
24/01/2014 às 16:25
Bacana o estilo “faço e aconteço” do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Boa parte da população da cidade já percebeu qual é a dele. A avaliação de sua gestão é um bom espelho do seu desempenho até aqui. E olhem que conta com um apoio na imprensa como raramente vi. O programa do governo do estado que trata dependentes químicos é tratado a tapas e pontapés. O de Haddad, que dá dinheiro, moradia e comida para viciados, é considerado uma flor do humanismo. Boa parte dos jornalistas acha que as drogas têm de ser descriminadas porque seria uma questão “de direitos individuais”. Quando o sujeito se estrepa, esses mesmos consideram que o problema é do estado. Sendo do estado, vão mais longe: o dependente se submete a tratamento se quiser. Se não quiser, o Poder Público tem de financiar o seu vício e lhe oferecer condições de uma vida digna. No Brasil, ter tuberculose, uma doença da pobreza, é que é uma merda. Ninguém dá bola para um tuberculoso dos cafundós do Judas. Nem um cubano tem o que fazer com ele porque não é uma doença que se resolve, como disse Dilma, num rasgo poético, com “apalpadas”.
Nesta sexta, Haddad diz que o seu programa seguirá nem que seja “na marra”. Não sei por que tanta testosterona verbal. Quem está impedindo o alcaide de seguir com seu programa aloprado? Outro em seu lugar já estaria enfrentando o Ministério Público, que o chamaria às falas por ter decidido entregar um pedaço da cidade para uma comunidade com, digamos, hábitos muito particulares. É evidente que isso agride os direitos das pessoas que moram e trabalham na região e estão sitiadas. É evidente, é uma questão de funcionamento da economia, que, ao se perenizar na área um público com hábitos tão particulares, virá junto uma cadeia de “serviços” para atender às suas demandas. O resultado é degradação. Os pagadores de IPTU da região estarão dando uma parte dos seus rendimentos para financiar a degradação do seu patrimônio. Chego a ficar constrangido só de escrever a respeito. Nenhum dos bananas que apoiam esse programa gostaria de estar na pele dos moradores do Centro. É uma canalhice moral defender um troço como esse dando um “graças a Deus” por não estar lá.
Mas Haddad diz que vai nem que “seja na marra”. É mesmo? Entendi.
Os viciados terão de aceitar um salário nem que seja na marra.
Os viciados terão de morar de graça nem que seja na marra.
Os viciados terão comida de graça nem que seja na marra.
Os viciados não estão obrigado a contrapartidas nem que seja na marra.
Impedir o trabalho da polícia
A ousadia do prefeito e seus amigos chegou a tal ponto que eles querem agora impedir o trabalho da polícia. É muito impressionante que a imprensa não submeta a fala de Roberto Porto — secretário de Segurança da cidade e homem bom de embargos auriculares com alguns de seus amigos jornalistas — à lógica elementar.
Leio na Folha a seguinte declaração sua: “A prisão de traficantes, ninguém pode ser contra e isso vem sendo feito. Nós temos em média três prisões por dia de traficantes no local, sem qualquer problema”. É mesmo? Ele repete, então, o que disse nesta quinta a chefe do Denarc, Elaine Biasoli. Também a Polícia Civil faz prisões por ali. O que aconteceu de diferente ontem? Simples: os frequentadores da Cracolândia cercaram os policiais, agrediram-nos e depredaram viaturas. Porto queria o quê? A POLÍCIA FOI ATACADA, NÃO ATACOU.
E isso aconteceu no dia em que capas-pretas do petismo passaram por lá: Alexandre Padilha, ainda ministro da Doença e futuro candidato ao governo de São Paulo; José de Fillipi Jr., secretário da Doença da cidade e autor intelectual do “Bolsa Crack”, além do próprio Porto, presente quando o confronto aconteceu. Estou sugerindo que os petistas insuflaram as agressões contra a polícia? Eu nunca sugiro nada. Ou digo ou não digo. E eu estou dizendo que os políticos, ao fazer proselitismo na Haddadolândia, reforçam a percepção dos frequentadores de que aquela é, de fato, uma área em que vale tudo — não submetida, portanto, às leis que vigoram no resto da cidade e do país.
E a coisa vai piorar depois do escarcéu feito ontem. Os próprios policiais, civis e militares, tenderão a se perguntar: “Por que vou me meter nessa roubada? Para que a imprensa caia de pau? Para que a Corregedoria caia de pau? Para apanhar das autoridades da Prefeitura? Para ser visto como espancador de pobre?”. E se tem, então, a espiral de irresponsabilidades. É claro que a perspectiva será de crescimento da Cracolândia, que acabará atraindo viciados de outras cidades e de outros estados.
Alckmin
O governador Geraldo Alckmin também falou sobre o episódio. Afirmou que é preciso parar com picuinhas políticas e que o Denarc estava lá para prender traficantes. Como os policiais foram agredidos, houve reação. E foi o que aconteceu. Nada além disso.
O problema é enfrentar a máquina de produzir factoides. À Folha, Porto, o dos embargos auriculares, afirmou: “Nós tivemos pessoas atendidas no ‘Braços Abertos’ relatando que foram atingidas por balas de borracha. Eu pude presenciar, na ocasião, policiais civis com a arma disparadora da bala de borracha. Agora se era para somente intimidar ou não eu não posso dizer”. Este senhor é o secretário de Segurança do município. Ainda que os relatos tenham acontecido e ainda que ele tenha visto a tal arma, é visível que ele não a viu sendo disparada. Sem ter em mãos as evidências inquestionáveis, a única postura responsável, para alguém que ocupa o seu cargo, seria se calar a respeito até que surgisse a prova.
A Polícia Civil pode, sim, usar balas de borracha. Mas, segundo o Denarc, não foram empregadas nesta quinta. Ainda que tivessem ou tenham sido, se há uma turba que parte pra cima de policiais para impedi-los de fazer o seu trabalho, é preciso reagir — se for o caso, com balas de borracha. É, diga-se, o que fazem as polícias em estados governados pelo PT. E aí a Al Qaeda eletrônica se cala. Coragem, Haddad! Siga com o seu programa “na marra”, já que, segundo qualquer critério que se queira, ele está mesmo fora da lei.Por Reinaldo Azevedo
24/01/2014 às 6:29
— E agora? Ciclistas estão sendo assaltados na USP. Como vai bater o coração de alguns jornalistas?;
— O “Porta dos Fundos”, a liberdade de expressão e o direito dos cristãos à reaçãoPor Reinaldo Azevedo
24/01/2014 às 6:19
Homem acende cachimbo de crack (Foto: Silva Júnior/FolhaPress)
O que aconteceu nesta quinta-feira no Centro de São Paulo, na Haddadolândia, ex-Cracolândia, é muito grave. E não me refiro, é evidente, à ação do Denarc, que prendeu um traficante. Refiro-me é à rapidez com que os petistas, setores da imprensa, ONGs e a Al Qaeda eletrônica petralha nas redes sociais se uniram para criar uma farsa, para inventar uma história que não existiu, a exemplo do que fizeram há dias com o jovem Kaíque, que, infelizmente, suicidou-se pulando de um viaduto. Tentaram criar uma vítima da homofobia. A ministra Maria do Rosário, com irresponsabilidade peculiar, emitiu uma nota acusando o crime que não aconteceu. E não se desculpou depois.
No caso da Haddadolândia, como se sabe, os policiais foram atacados por dependentes — três se feriram. Veículos da polícia foram depredados. Foi chamado o reforço — e é o que tem de ser feito —, e houve confronto. Em nenhum momento, Fernando Haddad ou seu secretário de Segurança, um queridinho de setores da imprensa chamado Roberto Porto, lamentaram o ataque aos policiais. Ao contrário: a Polícia Civil foi tratada como uma força invasora; como se tivesse pisado território sagrado; como se tivesse cruzado a linha que separa o resto da cidade de uma zona livre para o consumo e o tráfico de drogas.
De maneira ridícula, patética, assombrosa, Haddad reclamou que a Prefeitura não fora previamente avisada da operação, reclamação que Roberto Porto repetiu em entrevista ao Jornal da Globo. E por que ele deveria? Que se saiba, a repressão ao tráfico não é tarefa do município. Na prática, a atual gestão faz exatamente o contrário: põe mais dinheiro nas mãos de dependentes. Em vez de a petezada se mobilizar para vir aqui me ofender, deveria tentar provar que falo mentira; deveria tentar demonstrar que distorço os fatos quando digo que Haddad está dando aos consumidores — que são os clientes dos traficantes — mais dinheiro do que tinham antes. O Denarc, já deixei claro, não tem de avisar a Prefeitura de coisa nenhuma. A ex-Cracolândia, atual Haddadolândia, não é um país independente; não é uma região autônoma, embora Haddad queira fazer parecer que sim.
A versão só prosperou porque, quando o assunto é descriminação das drogas e congêneres — e a Haddadolância é hoje uma cidade em que as drogas foram descriminadas, e os viciados, estatizados — não há objetividade possível em amplos setores da imprensa. Aí vários comandos de redação — incluindo TVs — permitem a mais desabrida militância.
Já está evidente, leiam os posts abaixo, que o Denarc nada mais fez do que cumprir a sua função. Reportagem da Folha de hoje informa que há a suspeita de que policiais do órgão estariam ligados ao tráfico na região. É? Que a polícia se mobilize para prendê-los. Não há evidência de que a operação desta quinta tenha relação com isso.
As visitas
Já vivi o bastante para desconfiar de algumas coincidências. Como deixou claro a delegada Elaine Biasoli, a prisão de traficantes na região é frequente — e nem poderia ser diferente: ali estão os consumidores e o dinheiro. Segundo ela, houve 65 detenções por ali de novembro até 20 de janeiro. Nesta quinta, no entanto, haviam passado por lá três capas-pretas do PT: o ministro Alexandre Padilha e os secretários municipais José de Fillipi Jr. (Saúde) e o já citado Roberto Porto.
Não pensem que os dependentes estão desconectados do mundo a ponto de não saber o que se passa. É claro que eles já perceberam que podem contar, sim, com a Prefeitura — e da pior maneira possível. Haddad resolveu lhes conceder aquele pedaço da cidade. Ele está pouco se lixando para quem mora ou trabalha por ali. Nesta sexta, a Juventude do PT (petista e jovem ao mesmo tempo??? Que coisa velha!!!) decidiu fazer uma manifestação na Haddadolândia contra a ação da polícia.
Ora, vocês já sabem qual é o desdobramento prático disso: os traficantes, que são, de fato, os que mandam no pedaço vão se sentir ainda mais livres para enfrentar a polícia. Haddad, ele sim, está criando um gueto; Haddad, ele sim, está criando uma política de apartheid.
Braços Abertos?
Ridiculamente, setores da imprensa (ver post) endossam a conversa mole de que a ação do Denarc atrapalha o programa De Braços Abertos (o tal que dá salário, comida e casa). Atrapalha em quê? Os traficantes, então, devem ficar soltos? Haddad, já firmei aqui, está querendo encontrar uma desculpa para o que é um fracasso por definição.
Estamos diante de um caso escancarado de degradação do estado de direito. É claro que se decidiu, ainda que informalmente, que a Haddadolândica fica num outro país — num outro mundo, quem sabe… Fico cá a imaginar o que sentirão os proprietários de imóveis da região quando receberem o carnê de IPTU, por exemplo. Estarão pagando um imposto à Prefeitura para viver em meio ao lixo, enquanto o seu patrimônio vai sendo fumado pelos intocáveis de Fernando Haddad. Não é só isso: o prefeito está destruindo um patrimônio material e cultural que é de todos os paulistanos. Na região e seu entorno — que também vai se degradando —, está a melhor infraestrutura da cidade. Também ela está virando fumaça, junto com um pedaço da história da cidade.
É preciso que se tenha muito claro que, enquanto durar essa política, não há recuperação possível para aquela área da cidade. Ainda que Haddad perca a eleição em 2016 — como está longe! —, seu sucessor ou sucessora terá dificuldades imensas para pôr fim a esse programa irresponsável, pautado pela má consciência dos oportunistas e pela boa consciência dos ingênuos.
Por que Haddad não se muda para a Cracolândia? Se acha que pais e mães, que moram no Centro da cidade, devem submeter seus filhos àquela rotina, por que não dá ele próprio o exemplo e leva pra lá a sua família? Demagogia? Ora, ele já não andou até de ônibus? Mas atenção! Tem de ficar lá sem escolta armada, como acontece com os demais moradores.
Não deixa de ser eloquente que, nesta quinta-feira, o primeiro figurão petista a visitar a Haddadolândia tenha sido justamente Alexandre Padilha, que é o novo Haddad que Lula tirou do bolso do colete, agora para concorrer ao governo de São Paulo. Quem sabe venha por aí uma Haddadolândia de dimensões estaduais, não é? Por Reinaldo Azevedo
24/01/2014 às 6:17
Segue trecho da minha coluna na Folha de hoje:
*
O pânico voltou a bater às portas do Palácio do Planalto, que dá como inevitáveis novos protestos durante a Copa. O PT já convocou o seu braço junto às massas, uma tal Central de Movimentos Populares (CMP), para monitorar o povaréu.
Os pelegos do CMP integram a Ancop, ou “Comitês Populares da Copa”. Estão lá para amansar a brasileirada. As designações têm um ranço entre o jacobinismo e o sovietismo: “central”, “comitês”, “coletivos”… O “comissariado” fica na Secretaria-Geral da Presidência, do camarada Gilberto Carvalho. Uma nova onda de protestos poderia pôr em risco a reeleição de Dilma. Uma estrepitosa vaia durante o discurso da presidente na abertura daria o tom do resto do torneio. O Planalto, o que é uma tolice, viu nos “rolezinhos” o sinal de advertência. O PT começa a ser também vítima, não apenas beneficiário, de sua natureza. Explico.
(…)
Já sabemos o que eram os “rolezinhos” e no que tentam transformá-los as esquerdas, inclusive os petistas. De novo, confessam, a aposta era que se limitassem a São Paulo. Carvalho mandou ver no pensamento tarja-preta: “Da mesma forma que os aeroportos lotados incomodam a classe média. Da mesma forma que, para eles, é estranho certos ambientes serem frequentados agora por essa ‘gentalha’ (…). O que não dá para entender muito é a carga do preconceito que veio forte. (…) As pessoas veem aquele bando de meninos negros e morenos e ficam meio assustadas. É o nosso preconceito”.
“Nosso preconceito” uma ova! Esse é o preconceito de Carvalho, que chama “negros” e “morenos” de “bando”. Então só a classe média reage à incompetência do governo na gestão aeroportuária? Pobre gosta de humilhação? Nota: a pesquisa Datafolha sobre os “rolezinhos”, especialmente a opinião de “negros e morenos”, desmoraliza Carvalho, seu partido, as esquerdas, a vigarice sociológica, a tolice jornalística e o colunismo fácil.
(…)
Ínegra aquiPor Reinaldo Azevedo
23/01/2014 às 23:08
Por Eduardo Gonçalves, na VEJA.com:
Favorito para assumir o Ministério da Saúde, Ademar Arthur Chioro dos Reis, atual secretário de Saúde em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, afirmou que transferiu para a mulher, Roseli Regis dos Reis, sua cota majoritária na empresa Consaúde Consultoria, Auditoria e Planejamento LTDA, da qual é sócio-diretor desde 1997. Em entrevista coletiva nesta quinta-feira, Chioro afirmou que sua mulher ficará com 99% das cotas da empresa – desde 2012, ela é minoritária no negócio, segundo a Junta Comercial do Estado de São Paulo.
Filiado ao PT, o secretário é alvo de um inquérito civil no Ministério Público Estadual que apura uma “possível violação ao princípio da administração pública” por causa do acúmulo do cargo de secretário municipal com o de sócio majoritário da empresa de consultoria. O processo foi aberto pela promotora Taciana Trevisoli Panagio em setembro de 2013.
Diante da repercussão negativa da denúncia de improbidade nesta semana, o secretário afirmou que acionou a Junta Comercial para se desligar formalmente da Consaúde. Segundo ele, a mudança foi para evitar “dor de cabeça” e “aborrecimento”. A legislação federal proíbe que servidores participem da “gerência ou administração de sociedade privada”.
Ele disse ainda que, desde 2009, quando foi empossado secretário na prefeitura de São Bernardo, não desempenha nenhuma atividade na Consaúde por “falta de tempo” e que a empresa nunca prestou serviço para a cidade do ABC paulista. “No entendimento do município, não há nenhuma irregularidade em ser secretário de saúde e sócio de uma empresa que presta consultoria na área da saúde”, disse. No entanto, ele confirmou que continuou recebendo os vencimentos da firma como sócio majoritário mesmo afastado do cargo de consultor.
Segundo a Lei Orgânica de São Bernardo do Campo, o acúmulo de funções também é proibido. No artigo 28, consta que “vereadores não poderão ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoas de direito público ou nela exercer função renumerada”. No artigo 84, a restrição é estendida para “os auxiliares diretos do prefeito”.
O ex-ministro Antonio Palocci (Casa Civil) foi demitido do cargo após se envolver em escândalo referente à evolução patrimonial de consultoria de sua propriedade. O ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento) foi investigado pela Comissão de Ética Pública da presidência pelo mesmo motivo.
Chioro não confirmou o convite da presidente Dilma Rousseff para assumir a pasta, mas sua nomeação é dada como certa em Brasília.“Qualquer tema relacionado à conversa compete à presidente da República”, desconversou. Na última terça-feira, ele se encontrou com a presidente e o atual ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que deixará o cargo para concorrer ao governo de São Paulo.
Empresa
No último ano, a Consaúde prestou um serviço no valor de 8.000 reais para a cidade de Ubatuba, comandada por Maurício Moromizato (PT). Reis, no entanto, disse que a empresa não tem “predileção partidária”, listando prefeituras geridas por outros partidos com quem a firma já fechou negócios, como Pindamonhangaba (SP), São Luis do Paraitinga (SP) e Volta Redonda (RJ).
Há 17 anos em atividade, a empresa firmou contrato com o governo federal, em 2000, na gestão Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Também já prestou consultoria para o governo de Angola e para os Estados da Bahia e de Pernambuco. O secretário disse que, no momento, a empresa não tem nenhum cliente e que o contrato com Ubatuba foi encerrado no fim do ano passado.
Junto com outros sócios, Reis fundou a Consaúde em 1997. Em março de 2003, se afastou da sociedade para assumir posto no Ministério da Saúde, no governo Lula. Em 2005, pediu exoneração do cargo e voltou à sociedade em 2006. Seis anos depois, tornou-se sócio majoritário da firma com 36.900 reais. Em 2009, ele foi nomeado secretário municipal da Saúde pelo prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT).Por Reinaldo Azevedo
23/01/2014 às 23:02
Há muitos anos não via um fato submetido ao filtro da distorção militante como faz o Estadão num vídeo, todo editorializado, que está no ar sobre a ação do Denarc na Cracolândia. É espantoso! O vídeo, na íntegra, está aqui.
Para começo de conversa, sugiro que vocês façam um exercício, a que professores de cinema recorrem em certas aulas. Primeiro assistam ao vídeo sem som. Acompanhem apenas a mímica dos policiais e tentem procurar algum excesso. Em seguida, assistam ao vídeo com som. Aí as sirenes, motores, correria e gritaria criam a impressão de agressões inaceitáveis. Cadê? No vídeo, não há. E, como não há, o Estadão decidiu editar as imagens, dar uma pilhada no material, acrescentando um texto que não coincide com as imagens. Vejam. Comento cada quadro.
Comento – O Denarc não está obrigado a comunicar previamente coisa nenhuma a ninguém. Desde quando é preciso pedir autorização para prender traficante?
Comento – O Denarc não cercou ninguém. Ao prender traficantes, os policiais foram cercados e agredidos. Três carros de polícia foram depredados. E chegaram os reforços. O que há de errado nisso?
Comento – É o contrário. O texto traz uma inversão detestável. A polícia é que, atacada com paus e pedras, revidou. Quando às balas de borracha, até agora não apareceu imagem nenhuma.
Comento – Deixem-me ver se entendi. Quando o Denarc tiver de prender traficantes, terá de comunicar previamente:
a: os agentes de saúde e assistência social da Prefeitura;
b: o secretário de segurança do município;
c: o prefeito Fernando Haddad.
Comento – Nos velhos tempos, um veículo de comunicação recorria à fórmula “a reportagem apurou” para dar uma informação que NÃO ERA DO INTERESSE OFICIAL. Agora, a coisa mudou. Haddad já se deu conta do fracasso de seu absurdo programa e tenta transferir responsabilidades. O Estadão está colaborando.
O jornal e o prefeito poderiam explicar por que a ação do Denarc prejudica o programa; ação essa que não atingiu os beneficiários.
Qual é o nexo lógico? Qual é a relação de causa e efeito?
Olhem aqui: o Estadão pode apoiar o programa o quanto quiser. Mas acredito que é possível fazê-lo ancorando-se nos fatos.
Ângulo das fotos
Vi há pouco o Jornal Nacional. A reportagem apresenta fotos da ação policial. Vejam algumas. Reparem nos créditos e no ângulo. Volto depois.
No crédito, lê-se: “Imagens cedidas pela Prefeitura”. Como se pode constatar, alguém, do alto de um prédio, a serviço da Prefeitura, estava registrando tudo. Isso no dia em que haviam passado por lá os petistas Alexandre Padilha, José de Fillipi Jr. e Roberto Porto.
Segundo a delegada Elaine Biasoli, chefe do Denarc, a prisão de traficantes na região é corriqueira, frequente: 65 pessoas de novembro ao dia 20 deste mês. Só nesta quinta, com a Haddadolândia coalhada de petistas, é que houve reação.
Um deles ao menos, tudo indica, tinha a tarefa de fazer as fotos.Por Reinaldo Azevedo
Tags: cracolândia, Haddadolândia
23/01/2014 às 21:12
Elaine Biasoli: chefe do Denarc não tem medo de cumprir sua função e não tem de se submeter às loucuras de Haddad sobre o crack
Estranhei a informação, que estava em toda parte — e me refiro a ela no post que já escrevi — de que policiais civis teriam usado “balas de borracha” na Cracolândia. A operação na região foi conduzida pelo Denarc, chefiado hoje pela delegada Elaine Maria Biasoli. Nada sei contra essa mulher. Ao contrário: o que sei é a favor. Entre outras coisas, tem coragem de enfrentar as milícias da mentira e da distorção.
A informação do uso de balas de borracha está em toda parte e mobiliza a Al Qaeda eletrônica petista na Internet. A Rádio Estadão entrevistou a delegada. Para ouvir, clique aqui. Ninguém lhe perguntou nada a respeito.
Mentira! A operação não foi “surpresa”. Trata-se de uma farsa alimentada pelo prefeito Fernando Haddad, por seus auxiliares, por petistas no geral e pelos setores da imprensa que aceitam ser porta-vozes dessas gente.
Uma das tarefas do Denarc é prender traficantes. Ninguém precisa ser previamente avisado disso. Elaine Maria, na conversa com o Estadão, se ofereceu para fornecer os dados pormenorizados: desde que ela assumiu o departamento, em novembro, até o dia 20 deste mês, 65 traficantes foram presos na região.
Segundo caso Kaíque
Estamos diante de um “segundo caso Kaíque”, uma referência àquele pobre rapaz que se suicidou e que os petistas e militantes tentaram transformar numa vítima da homofobia, com acusações veladas à polícia, que só cumpria o seu dever.
O programa “Braços Abertos” da Prefeitura, como já afirmei aqui, criou a zona livre do tráfico e do consumo de drogas. O que esperam? Que o Denarc deixe os traficantes circulando livremente, é isso? O prefeito que venha a público defender a legalização das drogas. Se a sociedade aceitar, tudo bem… Elaine Maria deixa claro: o Denarc tem obrigações, sim, firmadas moral e legalmente também com quem trabalha e mora na região. O Denarc não prendeu consumidores, mas traficantes, numa ação rotineira. E por que a confusão nesta quinta-feira?
Petistas na área
Curiosamente, esta quinta foi um dia de romaria de figurões petistas à Cracolândia. Sabem quem estava lá de manhã? Ninguém menos do que o ministro-candidato Alexandre Padilha. Estava acompanhado do secretário de Saúde da cidade, José de Fillipi Jr.
À tarde, durante as prisões efetuadas pelo Denarc e que resultaram em confrontos, quem estava presente à região era o secretário municipal de Segurança, Roberto Porto. Ele foi um dos que se disseram surpresos.
Surpreso com o quê? Desde quando o Denarc tem de avisar ao sr. Porto que vai efetuar uma prisão? Aliás, o departamento não tem de pedir autorização para ninguém porque tem autonomia funcional para isso: nem para Porto, para Haddad, para a Polícia Militar ou mesmo para a Secretaria de Segurança de São Paulo.
Essa história da operação-surpresa é uma farsa asquerosa. E, tudo indica, a das balas de borracha também, artefato que não é de uso regular da Polícia Civil. Mas não tenho receio de dizer tudo: se policiais estão sendo atacados por uma turba, por que não? Mas parece que tudo não passa mesmo de uma farsa.
Braços Abertos
A Al Qaeda eletrônica atua a todo vapor, como fez no caso Caíque. Haddad deu uma de Maria do Rosário e, claro!, saiu atacando a polícia. Os delinquentes morais dizem, referindo-se ao Programa Braços Abertos, a Bolsa Crack de Haddad: “A Prefeitura abraça, e o Estado mata”. A Prefeitura, de fato, está, na prática, queira ou não, abraçando traficantes. Mas o estado não matou ninguém.
Parabéns à delegada Elaine Maria Biasoli. Não tem medo de enfrentar os fatos. O tráfico de drogas é ilegal em São Paulo, dentro ou fora da Haddadolândia.
O programa de Haddad, apesar do apoio da imprensa, obviamente, já naufragou. E por quê? Para ser sucesso, ele tem de incluir cada vez mais viciados. Dadas as suas características, quanto mais incluir, mais viciados vão aparecer. É um caso em que o sucesso é igual ao fracasso.
Para encerrar
- com ou sem bala de borracha, a operação do Denarc é legítima;
- ainda que tivesse sido surpresa, não há ilegalidade nenhuma;
- tudo indica, estou apurando, que havia, sim, mandado de prisão;
- por definição, não é?, a polícia não precisa de mandado para prisões em flagrante.Por Reinaldo Azevedo
Tags: cracolândia, Haddadolândia
23/01/2014 às 20:11
O PSDB paulistano decidiu que recorrer ao Ministério Público Eleitoral contra Paulo Skaf, presidente da Fiesp e futuro candidato do PMDB ao governo de São Paulo, informa Daniela Lima, na Folha. O partido acusa Skaf de usar a estrutura a Fiesp e do Sesi para fazer propaganda eleitoral antecipada. Faz sentido? Faz. Raramente se viu coisa tão escancarada. Skaf, vamos dizer assim, “privatizou” a federação e, o que é pior, o Sesi, que lida também com recursos públicos.
Em julho do ano passado, a Folha divulgou números impressionantes. Skaff havia aparecido em inserções comerciais nada menos de 1.151 vezes no primeiro semestre, mais do que uma celebridade como o ator e apresentador Rodrigo Faro, conhecido por fazer muitos comerciais. Em todas essas inserções, Skaf tenta imprimir as suas digitais em ações que são das entidades que preside ou ligadas à federação.
Entre as inserções comerciais que os tucanos consideram campanha, está aquela em que Skaff comemora a suspensão do reajuste do IPTU em São Paulo. Sim, a Fiesp recorreu contra o reajuste, mas o PSDB também, e as duas foram fundidas numa só. Agora o presidente da Fiesp pretende recorrer contra o reajuste de IPTU em outras cidades — de preferência em municípios administrados por partidos de futuros adversários eleitorais.
Olhem aqui, leitores! Algumas teses de Skaf — como o combate ao aumento do IPTU e à alta carga tributária — são simpáticas e, se querem saber, têm um saudável apelo conservador, coisa que faz falta na política nacional. E, não por acaso, essas teses, somadas à sua onipresença na TV, lhe estão rendendo dividendos eleitorais. Ele aparece em segundo lugar nas pesquisas eleitorais, com até 19%das intenções de voto.
Mas cumpre não ser inocente. Skaf é PMDB, e o grande aliado do PMDB, em escala nacional, é o PT. Ainda que Skaf tenha incomodado o prefeito Fernando Haddad, o PT não reclama. Considera que ele é fundamental no esforço para derrotar Alckmin em São Paulo. Assim, o suposto conservadorismo do presidente da Fiesp, no limite, interessa mesmo é ao PT.
Mas essas são firulas políticas. O que me parece inaceitável, independentemente da qualidade das teses de Skaf, é o uso desassombrado da máquina da Fiesp e do Sesi. Ele vai ser candidato. Ele atua como candidato. Ele tem conversa de candidato. Ele circula como candidato. E está fazendo propaganda de si mesmo com recurso da federação que preside e do Sesi.
Por Reinaldo Azevedo
23/01/2014 às 19:07
Xiii… A Polícia Civil pisou no Território Sagrado da Cracolândia, transformada pelo prefeito Fernando Haddad, na prática, em área livre para o consumo da droga e o tráfico. É a consequência óbvia do tal programa “Braços Abertos”, que dá salário, casa e comida para os viciados, sem lhes pedir nada em troca: nem que se tratem do vício nem que se comprometam com o trabalho. Se não aparecerem para as quatro horas obrigatórias, deixam de ganhar R$ 15. E só. Não é proibido nem mesmo consumir a pedra com o uniforme da Prefeitura. O que aconteceu?
Policiais civis prenderam um rapaz. Parece que não estavam identificados como membros da Polícia Civil. É preciso ver as circunstâncias, mas isso não é necessário. Frequentadores da Cracolândia atacaram os policiais com paus e pedras e quebraram o vido do carro. Aí, sabem como é…. Outras viaturas da Polícia Civil chegaram, e o confronto aconteceu, com bombas de gás e balas de borracha. Três pessoas teriam sido feridas, inclusive uma criança. Quatro foram detidas.
Eis aí uma outra ação da Prefeitura de São Paulo que está a pedir uma boa pesquisa de opinião, com perguntas bem-feitas, objetivas, para que os paulistanos deem a sua opinião sobre o programa.
É preciso apurar melhor o que aconteceu; sim, sempre existe o risco de a polícia ter errado e coisa e tal. Mas esse é um daqueles casos que boa parte da imprensa transforma na luta do bem contra o mal. E, por incrível que pareça, o mal será sempre a polícia, esteja certa ou errada; e o bem será sempre aquele ligado à droga, esteja certo ou errado.
Conheço poucas perversidades morais tão agudas como o programa “Braços Abertos”. De fato, ele condena o dependente ao vício. Dá-se de barato que tentar o contrário é inútil. Pior: ao lhe conceder uma área da cidade, cria um gueto, um Vale dos Caídos, em que vigoram leis muito particulares.
Para arremate dos males, a área da cidade mais bem dotada de infraestrutura é esterilizada, privatizada por dependentes e traficantes. Os moradores do Centro que não são dependentes estão condenados ou a viver segundo as regras impostas pelas drogas ou a cair fora, mudar-se dali — vendo, adicionalmente, se esfarelar seu patrimônio.
Reitero que é preciso ver direito o que aconteceu, mas noto que, em nenhuma democracia do mundo, policiais são recebidos com paus e pedras sem que haja reação muito dura. Não é preciso explicar por quê.
Mais um pouco, será preciso ter um passaporte para entrar na Cracolândia, que deixará de ser um gueto para se transformar numa espécie não de país, mas de mundo estrangeiro.
É o fim da picada! Sugiro, diga-se, a mudança do nome da região: agora é a Haddadolândia.Por Reinaldo Azevedo
Editora AbrilCopyright © Editora Abril S.A. - Todos os direitos reservados
Nenhum comentário:
Postar um comentário