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08/10/2013 às 22:17 \ Direto ao Ponto
Ai do governo se a PNAD-2012 fosse divulgada não neste outubro, mas em junho ─ o único mês em que os brasileiros manifestam nas ruas a indignação represada no resto do ano. Ai dos vigaristas no poder se a temporada de protestos estivesse em curso quando a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio informou que, pela primeira vez desde 1998, cresceu o número de brasileiros com mais de 15 anos de idade que não sabem ler nem escrever: os 12,9 milhões de 2011 subiram para 13,1 milhões. Pena que o gigante tenha ficado mais analfabeto enquanto dormia.
Caso estivesse acordado, as coisas seriam muito diferentes. Os manifestantes que não aguentam desaforo durante 30 dias por ano entraria em ação um minuto depois da descoberta obscena. Nas ruas das grandes cidades e nos becos dos vilarejos, multidões de dimensões egípcias exigiriam aos berros a erradicação do analfabetismo até a chegada do Natal e a imediata implantação de um sistema de ensino padrão Fifa. No dia seguinte, a presidente da República anunciaria na TV o lançamento do Programa Mais Professores, anabolizado pela importação em regime de urgência de 6 mil educadores cubanos fluentes em português, todos capazes de fazer até bebê de colo decorar o abecedário em uma semana e meia.
Os presidentes da Câmara e do Senado proporiam a cassação sumária do mandato de todos os parlamentares que tratam indecorosamente a gramática e a ortografia (sem direito a embargos infringentes). Os líderes da oposição oficial, reunidos às pressas, examinariam a ideia de encerrar as férias que vão completando 11 anos. E Lula, a conselho de companheiros letrados, ficaria em silêncio até que julho chegasse ao fim e o perigo passasse. Foram todos salvos pelo calendário gregoriano. Não havia manifestantes à vista quando a pesquisa monitorada pelo IBGE avisou que a taxa de analfabetismo subiu de 8,6% para 8,7%.
Livre de sobressaltos, Dilma Rousseff dispensou-se de comentar a façanha do governo mais inepto da história. Ocupado com a candidatura da chefe a um segundo mandato, o ministro da Educação repassou o assunto à economista Wasmália Bivar, presidente do IBGE. “Isso não é estatisticamente relevante”, ensinou a alquimista federal. ”A PNAD de 2012 confirmou o patamar de 2011, o que quer dizer estabilidade”. Uma diferença de 0,1% pode ser irrelevante em pesquisas que medem o tamanho da torcida do Flamengo. Aplicado ao universo formado por 157 milhões de brasileiros, escancara o cinismo da doutora.
O índice avisa que 300 mil seres humanos foram incorporados à imensidão de 13,1 milhões de confinados nas cavernas da ignorância. Sem contar os 27 milhões de analfabetos funcionais ─ categoria em que se enquadra quem teve menos de quatro anos de estudo. Sem contar os que aprendem nos livros do Ministério da Educação que está certo escrever errado. Sem contar os colecionadores de imbecilidades nota 10 aprovados no ENEM. Sem contar os universitários desprovidos de raciocínio lógico.
Como a “universalização da educação básica” concebida pelo governo em 2009 só vale para quem tem de 4 a 17 anos, e como os programas de alfabetização de adultos sumiram, não há esperança de salvação para os maiores de idade. São mais de 11 milhões, metade dos quais concentrados no Nordeste. Além da inscrição no Bolsa Família, o governo deveria oferecer a esses condenados à escuridão perpétua o acesso a cursos que ensinem a escrever coisas como “Nós pega os peixe”. Virariam analfabetos funcionais. E pelo menos poderiam sonhar com a Presidência da República.
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5 Comentários
iza -
08/10/2013 às 23:08
Pois é Augusto,
um certo Min. da Educação – logo nos primeiros anos do primeiro mandato do molusco – tinha um programa em conjunto com a ONU (se não me engano de organização) que daria um enorme salto no combate ao analfabetismo no país. Sabe qual foi a resposta do vigarista de plantão na cadeira de Presidente ao Ministro: “Pra que tanta pressa? Quem tem pressa come cru”. O programa foi para o lixo e o Ministro deixou o governo.
O analfabetismo só aumenta e os eternos dependentes do bolsa-esmola também.
Será que tem alguma relação uma coisa com a outra?
@MauroVS -
08/10/2013 às 23:01
A expectativa de vida do brasileiro em 2011 aumentou para 74 anos e 29 dias (74,08 anos) no ano de 2010, era de 73,48 anos, um incremento de 0,31 anos (3 meses e 22 dias) em relação a 2009 e de 3,03 anos (3 anos e 10 dias) sobre o indicador de 2000.
Em virtude desse expressivo aumento na expectativa de vida ao nascer no Brasil, notem bem. O analfabetismo, funcional inclusive, tende a aumentar exponencialmente pela qualidade da saúde dos brasileiros natos.
Mauro Pereira -
08/10/2013 às 22:51
Caro Augusto Nunes.
Caro amigo, texto exemplar, da lavra de Augusto Nunes, que narra com clareza a performance do pior governo que a sociedade brasileira já experimentou e mostra a face mais perversa da era da mediocridade.
Depois de onze nos no poder, o aumento do número de analfabetos com certeza ficará registrado nos anais como um dos principais feitos do governo petista.
Abração, grande Mauro Pereira.
SANTO LUCAS -
08/10/2013 às 22:50
AUMENTOU O NUMERO DE CANDIDATOS A PRESIDENCIA DA REPUBLICA,
Luiz -
08/10/2013 às 22:46
No fígado! O analfabetismo é a maior dor! Mas, um terço dos eleitores estão capturados no Bolsa Família …
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