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16/09/2013 às 22:26
A truculência do governo em defesa do “Mais Médicos” cresce na proporção em que as pesquisas indicam o apoio, real ou suposto (já digo por que a dúvida), da população à medida. Aliás, essa é uma característica de estados, como direi?, “democraticamente” autoritários. Ditaduras se impõem pela força e pronto!, goste o povo ou não. As democracias bolivarianas ou, como a brasileira, com rompantes autoritários costumam usar as maiorias para intimidar quem diverge, quem resiste, quem se opõe. O Caetano Veloso acha que é tudo uma questão de ser “de esquerda” ou “de direita”. Não! A intolerância pode ter qualquer sinal. Ocorre que os intolerantes de esquerda se querem apenas humanistas. Mas volto ao ponto. Como os levantamentos de opinião pública estão a indicar que o programa é aprovado pelo povo, então o governo acha que, agora como antes, não tem nada a negociar: basta ameaçar com punições, e está tudo resolvido.
Por que falo em “suposto” apoio? Porque é preciso ver a que a população está dizendo “sim”. Se me perguntarem, por exemplo, se sou favorável a que médicos estrangeiros atuem em locais onde não há médicos brasileiros, também direi “sim”; poderei integrar aquela esmagadora maioria. Se, no entanto, me indagarem se apoio o “Mais Médicos”, a resposta, obviamente, é “não”. O viés não é ideológico ou político-partidário. Parte dos que respondem, é evidente, concorda com o programa porque defende o governo. Mas parte considerável dá uma de Caetano Veloso: opinar sem saber direito do que se trata.
Para o governo, no entanto, pouco importa. Até que não se possa dizer que o programa está efetivamente funcionando, podendo-se avaliar seus resultados e o impacto na saúde pública, a ordem é superfaturar o aspecto, vamos dizer, moral do programa. Luis Inácio Adams, como se nota (ver post abaixo), quer que tudo se resuma a dizer “sim” ou “não” a “médicos para pobres”. É claro que tal escolha é uma farsa, mas é o que está em curso.
Responsabilização legal e ilegal
Pela nova disposição legal (?), fica claro que cada médico do programa é responsável pelas decisões que vier a tomar. Muito bem: no caso de algum erro importante ou omissão, vai acontecer o quê? As associações médicas nada terão a fazer. Os profissionais estrangeiros estarão no Brasil com visto provisório, podendo ser enviados de volta a Cuba a qualquer momento — e o Brasil nem terá controle a respeito.
A ameaça de acusar representantes de entidades médicas de improbidade administrativa é pura truculência. Preciso avaliar direito o caso e conversar com especialistas da área, mas duvido que seja assim tão fácil. Cuba e Venezuela são ditaduras em que se pode apelar a leis criminais ou de improbidade para ameaçar opositores. O Brasil ainda não desceu a tanto.
Sozinhas
As entidades médicas precisam ter claro que a máquina de propagada do governo — por intermédio do subjornalismo financiado com dinheiro público — e do PT foi mobilizada para demonizá-los. A depender de como reajam, estão apenas facilitando esse trabalho. É claro que o debate também é de natureza política, mas de uma outra espécie de política, bem mais ampla, que diz respeito à forma como se trata saúde pública. O debate deveria ser bem mais amplo do que aquele feito só por entidades profissionais. Mas este, hoje, se reduz a setores da imprensa que ainda acreditam que uma democracia se constrói também com valores. Até a novela das nove faz “merchandising social” em favor do programa.
Talvez as entidades médicas colaborem mais com o Brasil e os brasileiros, nesta quadra, se passarem a avaliar a efetividade do programa e a qualidade do atendimento que será prestado à população. Quanto a Luis Inacio Adams, dizer o quê? Mais uma vez, ele demonstra que, numa democracia realmente bolivariana, seus préstimos seriam mesmo inestimáveis.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Programa Mais Médicos
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