Justiça e Fé: A morte redime? Ou: Da hipocrisia dos humanistas

domingo, 15 de setembro de 2013

A morte redime? Ou: Da hipocrisia dos humanistas

Veja SP

SAC

VEJA

/ Blogs e Colunistas

Análises de um liberal sem medo da polêmica

Assine o Feed RSS | Saiba o que é

14/09/2013 às 18:36 \ Politicamente Correto

A morte redime? Ou: Da hipocrisia dos humanistas

Para os célebres, é bom morrer no Brasil. O morto deixa de ser humano, com defeitos e qualidades, e é canonizado. – Paulo Francis

Eu sabia que isso ia acontecer. Nem posso fingir surpresa. Escrevi um texto sobre a suposta coragem de Gushiken, que faleceu recentemente, alegando que coragem mesmo tem quem enfrenta as doenças no SUS, especialmente se for com um “médico” cubano. No Sírio-Libanês é um pouco mais fácil.

Cheguei a alertar, antes, que a sensibilidade com os mortos costuma ser seletiva, demonstrando mais uma vez o duplo padrão da esquerda hipócrita.

Não deu outra: ignoraram o alerta, o fato de que não fiquei celebrando morte alguma (apenas apontei essa incoerência), e partiram para o ataque com adjetivos chulos. Nojento, abjeto, detestável, insensível etc. Como ousa falar assim de alguém que acabou de falecer?

Mea culpa. É que, para mim, a morte não redime. Podemos até respeitar o sofrimento alheio, de qualquer ser humano, por mais que o consideremos condenáveis ou terríveis. Comemorar ou desejar a morte de alguém parece algo um tanto desumano. Mas aqui eu já faria uma ressalva, sem afirmar que é o caso do Gushiken (viu, petralhas?): qualquer morte?

Bom, vamos começar com o argumentum ad Hitlerum logo de uma vez: mesmo a morte de Hitler não deveria ser desejada ou celebrada? Pois é, já começamos a relativizar um pouco a coisa. Mas vamos adiante: haveria esse respeito todo se fosse Bush o falecido? As esquerdas ficariam em obsequioso silêncio em respeito aos seus familiares?

Aos que fazem pose de sensíveis humanitários agora, pergunto: esqueceram quando o “chefe de quadrilha” mandou o povo bater, nas urnas e nas ruas, em Mario Covas, que tinha câncer? E a tropa de choque seguiu a ordem, diga-se de passagem:

Façamos um exercício hipotético: se for Maluf ou Sarney a bater as botas, essa mesma gente que veio em meu blog, horrorizada e escandalizada, fará o mesmo nos blogs que vão até mesmo celebrar o ocorrido com um velho “já foi tarde”? Quero só ver. E olha que ambos, hoje, são aliados do PT!

A morte costuma transformar todos em santos. Biografias são escritas refazendo a história. Surge uma aura de inocência concomitantemente ao cadáver. Nunca aceitei isso. E sei que, no fundo, ninguém aceita. É questão apenas de transparência.

O cancro que se espalha pelo corpo não transforma um canalha em um homem bom. Um pulha com câncer continua sendo um pulha. Pode até ser politicamente incorreto dizer isso, mas não deixa de ser verdade. O contrário é apelar para a hipocrisia.

O ex-presidente Lula concordaria comigo. Quando o ex-ditador chileno morreu, ele deu logo a seguinte declaração: “Pinochet simbolizou um período sombrio na história da América do Sul; foi uma longa noite em que as luzes da democracia desapareceram”. E o respeito aos seus familiares?

Pois é: um peso, duas medidas. Quando Fidel Castro finalmente deixar esta vida, confesso que não sentirei um pingo de pena. Pena sinto de suas vítimas, hoje. O “El Coma Andante” não merece comoção alguma, e podem aguardar o que vem por aí.

Eis o meu ponto: a esquerda “sensível” e “humanista” é hipócrita, tão falsa como uma nota de três reais. Sua sensibilidade é seletiva. Não aceito ser patrulhado por essa turma.

Não fico desejando a morte dos outros. Tampouco finjo que estou triste quando morre alguém que jamais mereceu o meu respeito. Respeito, afinal, conquista-se! E não é a doença ou a morte que irão conquistá-lo, mas os atos em vida.

Tags: Gushiken, Lula, Maluf, Paulo Francis, Sarney

Share on Tumblr

Links Patrocinados

Como Salvar o Mandato de

Dilma? Seu Governo passa pelo Pior Momento. Baixe e Leia na Íntegra!

iba.com.br/Revista_Exame

Deixe o seu comentário

Aprovamos comentários em que o leitor expressa suas opiniões. Comentários que contenham termos vulgares e palavrões, ofensas, dados pessoais (e-mail, telefone, RG etc.) e links externos, ou que sejam ininteligíveis, serão excluídos. Erros de português não impedirão a publicação de um comentário.

» Conheça as regras para a aprovação de comentários no site de VEJA

Nome (obrigatório)

Email (não será publicado) (obrigatório)

14 Comentários

J.R.Monteiro -

14/09/2013 às 20:09

Leia-se,extingue.

J.R.Monteiro -

14/09/2013 às 20:07

A morte não aumenta nem diminui, ela extigue.

Só quem já morreu sabe como é.

EDAZ -

14/09/2013 às 20:07

Texto perfect!

Theresa Krol -

14/09/2013 às 19:51

Não queira raciocícnio lógico de gente que vem há anos, espalhando a mentira, a discórdia,a esperteza e o pior, a justificativa de que tudo é válido para um partido político chegar ao poder usando de táticas rasteiras de incitação a violência sobre àqueles que não comungam do mesmo credo. Se voce se aprofundar sobre essa “raça” petista verá que não estudaram, não se aprimoraram em nada que significasse progresso seja do ser individual ou seja da sociedade. Foi uma lástima para o país esses ultimos 12 anos e uma nova geração cresceu tendo como representante máximo da nação um espertalhão e uma tosca que nada fizeram para melhorar a qualidade de vida do brasileiro, a mentira não se sustenta e o que temos hoje é uma pequena parcela da sociedade lutando contra a apatia da indiferença para não sofrer, outra grande maioria parva engabelada com o consumo exacerbado de inutilidades que só faz inchar e a grande maioria de miseráveis que se acumulam nas filas de caixas eletrônicos pra tirarem o dinheiro das bolsas esmolas que só atrasam o progresso. Triste brasil.

Já parou pra pensar se os brasileiros que recebem as bolsas ajuda, fazem parte do índice de desempregados do país? Pois é.

Provavelmente não.

E, realmente, a morte não redime ninguém nem aqui nem onde quer que for.

Dane-se o defunto que usou de cargo público para prevaricar.

Continue firme pois você está melhorando a cada dia.

Arnoldo -

14/09/2013 às 19:49

Deu na Folha:

————

“Luiz Gushiken, ex-ministro da Comunicação de Lula, chamou amigos para visitá-lo no hospital Sírio-Libanês. Internado em estado grave por causa de um câncer, mas lúcido, ele próprio ministrava as doses de morfina para controlar a dor e decidia quando ficava acordado para conversar com os antigos companheiros.

José Genoino o visitou no dia 4 deste mês. Um dia depois, Gushiken reuniu em seu quarto José Dirceu, Aloizio Mercadante e dirigentes sindicais como o presidente da CUT, Vagner Freitas. Calmo, fez um balanço de sua vida e do PT. Segundo um dos presentes, disse que o julgamento do mensalão é uma “fase heroica” do partido, que em sua opinião estaria sofrendo um ataque sem precedentes.”

—————————-

O pulha moribundo morreu com a certeza de que ele só fez o “bem”, e que os “mensaleiros são heróis”. Hahaha Mais 20 anos de vida prá quê?

meier -

14/09/2013 às 19:39

SERJAO: VOCE SABE QUANTAS CRIANCAS MORREM POR FALTA DE TRATAMENTO DE ESGOTO? SABE PARA QUEM VAI O DINHEIRO DESVIADO DESSAS OBRAS? NAO EXISTE DIFERENCA ENTRE CORRUPTOS E ASSASSINOS!

Celso -

14/09/2013 às 19:31

Políticos corruptos são assassinos porque roubam verbas públicas, matam as pessoas cujas vidas dependiam dos investimentos a serem feitos com aquele dinheiro. Matam difusamente, sem ter uma vítima específica, mas fazendo milhares delas. Matam indistintamente a quem deveriam defender.

Sou um cristão e tenho obrigação de não ficar indiferente nem esquecer a obra-porca de um meliante, que retirou a esperança de vida melhor de um conjunto inominado de cidadãos. Agora como ele vai julgado por Deus, pouco se me dá, não é problema meu. De minha parte, o pulha não terá uma só vela.

E justamente porque não sou petista, eu acho o que eu acho.

Bruno Sampaio -

14/09/2013 às 19:19

Bravo! Também penso assim. O cara só faz m%$#da a vida toda, aí morre e vira uma espécie de santo.

Comigo não!

meier -

14/09/2013 às 19:16

Nao soh desejo a morte de Lulla et caterva como no dia de seu enterro, estarei num viaduto esperando o carro dos bombeiros passar e jogarei um presente do fundo de meu ser na tampa de seu caixao.

Serjão -

14/09/2013 às 18:57

1) Não confunda assassinos com corruptos. São dois tipos execráveis mas com pesos diferentes.

2) A Morte não redime ou absolve. Mas também não adianta nada ficar relembrando o que o cara fez de ruim ou de incoerente. Para um cristão, agora o julgamento não acontece mais neste mundo. Agora a coisa é entre ele e o criador. E isso vale até para petista.

3) Somos diferentes dos petistas. Não achar o que eles acham, não pensar o que eles pensam é justamente o que nos diferencia. Apud Azevedo, R.

4) Eu sei que vc não desejou a morte de ninguém. Mas também não se manteve indiferente o que, na minha opinião, seria o desejável.

5) Lamento profundamente que ele não permaneça vivo mais uns 20 anos para ver o mal que o governo que ele ajudou a implantar vai fazer com este país.

Einstein Bohr -

14/09/2013 às 18:55

Rodrigo, você mais do que ninguém sabe que é pura perda de tempo argumentar logicamente com os militantes petistas. Petistas não atacam idéias, eles atacam as pessoas. Se o Saddam Hussein fosse petista (só não foi por falta de oportunidade), já teria um filme brasileiro financiado com dinheiro público “re-escrevendo” sua história e sua luta contra as elites pelo bem estar do povo. Aliás, vem um desses sobre o Dirceu …

lula da ROSE e a Copa de 33 BILHÕES só de Dinheiro Público -

14/09/2013 às 18:55

…RC Saiba você que os anti-petistas estão do seu lado.

Robson Abreu -

14/09/2013 às 18:51

Mto bom Rodrigo. Só não concordo em um aspecto. Eu comemoro e continuarei comemorando a morte desses pulhas sim. Se for com bastante sofrimento melhor ainda. Eles merecem!

Leonardo Corrêa -

14/09/2013 às 18:44

Quando Margaret Tatcher morreu, vi diversos esquerdosos e feministas comemorando “a bruxa morreu”. Isso pode? Se foi uma grande liberal, pode? O cinismo dessa turma é escandaloso.

Recomendados para você