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Se em meu ofício, ou arte severa,/ Vou labutando, na quietude/ Da noite, enquanto, à luz cantante/ De encapelada lua jazem/ Tantos amantes que entre os braços/ As próprias dores vão estreitando —/ Não é por pão, nem por ambição,/ Nem para em palcos de marfim/ Pavonear-me, trocando encantos,/ Mas pelo simples salário pago/ Pelo secreto coração deles. (Dylan Thomas — Tradução de Mário Faustino)
25/10/2013 às 4:58
- — O homem como porco do homem. Ou: Quando a imprensa estimula a delinquência;
- — Meu artigo na Folha: “Os 178 Beagles”;
- — Câmara impõe relativa derrota a Haddad. Ou: Aposto que IPTU pune áreas em que o PT perdeu a eleição;
- — A Revolução dos Beagles: Reinaldo Azevedo contra ativistas de direitos animais. Ou: Um inimigo do povo;
- — The Economist: leilão do pré-sal foi “barato” e decepcionante;
- — Eleição 2014 – Há diferenças brutais entre os números do Ibope e do Datafolha de há menos de duas semanas, especialmente no 2º turno;
- — Ibope – Dilma só não venceria no 1º turno se adversários fossem Marina e Serra;
- — Leitor deste blog desmascara discurso do tucano Fernando Capez, o que defendeu a ação terrorista contra o Instituto Royal;
- — Filho e advogado de ex-assessor petista da Casa Civil são presos por subornar testemunhas em caso de abuso sexual;
- — Alô, VEJA; alô, Folha! “Eles” sabem o que é melhor para vocês e se candidatam a dirigir as duas redações;
- — A ALGUNS VEGETARIANOS – Para que tanta paixão sanguinolenta, meu Deus!, pergunta o meu coração…;
- — De olho em 2014, Dilma anuncia R$ 13,5 bilhões para prefeitos;
- — Marina Silva, uma asceta entre ambiciosos, só quer um mundo melhor…;
- — Um Guimarães Rosa censurado por parte de sua família. Vamos submeter a questão a iluministas como Caetano, Chico, Djavan, Luísa Mell e Bruno Gagliasso;
- — A Internet jabuticaba de Dilma – Entidades nacionais e estrangeiras condenam obrigatoriedade de data centers no Brasil;
- — Silvia Ortiz, gerente do Instituto Royal, está de parabéns! Eis uma mulher que tem a coragem de enfrentar o obscurantismo amoroso da militância e a covardia de parte da imprensa
Por Reinaldo Azevedo
25/10/2013 às 4:49
O que é um “ativista”, além de ser o contrário de um “passivista”? Bem, o ativista é um adepto do “ativismo”. O Houaiss traz várias boas acepções para a palavra. Leiam.
Na semana passada, os ditos “ativistas” fizeram aquela barbaridade no Instituto Royal. Nesta quarta, dia 23, li no G1, alguns outros interromperam uma aula prática de medicina na PUC de Campinas para registrar — isto é, filmar, em sinal de protesto — o uso de cinco porcos para treinar a técnica da traqueostomia, que salva vidas mundo afora todos os dias, em especial a dos alérgicos, como eu, que podem ter um choque anafilático, com edema de glote, e morrer sufocados. Os inimigos não delirem de satisfação só com o meu caso. Pensem que poderia ser um filho ou irmão de vocês. Entende-se com mais facilidade. A necessidade de eventualmente ter de recorrer a um procedimento assim talvez seja o que mais assombre os médicos se eles pensarem no assunto. Até porque, na maioria das vezes, a traqueostomia é uma emergência, realizada fora de salas cirúrgicas, sem as condições consideradas mínimas para intervenção tão drástica.
Foi invasão mesmo. Leio na reportagem que Flávio Lamas, presidente do Conselho de Defesa dos Animais de Campinas, apoia a ação. E ele afirma com aquela certeza que confere a irresponsabilidade de quem jamais terá de fazer uma traqueostomia: “O ato foi para mostrar a crueldade com o animal. Existem outros modelos, como simuladores e filmagens, que podem ser utilizados de forma didática. É uma mudança que precisa ser feita”.
Eu sempre fico muito impressionado com a arrogância dos ignorantes. Não há simulação possível que possa substituir determinadas experiências. Fosse assim, um cirurgião se tornaria um especialista sem jamais ter tocado no corpo de bicho ou de gente. Fico aqui a me perguntar: qual é a hipótese de Lamas para que a Faculdade de Medicina da PUC, então, recorra aos porcos? Maldade? Perversidade? Gosto de ver sofrer os animais? Paixão por cortar corpos? Fico aqui a me perguntar por que o sr. Lamas se considera moralmente superior ao professor que ministrava as aulas e aos alunos que estavam ali para aprender.
O mesmo vale para os beagles. Por que diabos o Instituto Royal, sob supervisão de órgãos competentes, fazia o teste de drogas nos cães se supostos modelos de computador poderiam, com eficiência, substituí-los? Com frequência, determinadas drogas, mesmo depois de amplamente testadas, saem de circulação porque, a despeito de todos os cuidados, acabam implicando riscos considerados excessivos.
Um médico que não faça a sua primeira traqueostomia num porco haverá de fazê-la pela primeira vez num humano, numa criança, numa mãe, num pai, em alguém que tem construída uma rede de afetos, que tem uma história, que tem memória ou, então, um longo futuro pela frente. Se não for num porco, então o homem será o porco do homem.
Há algo de profundamente perturbado e perturbador nessa visão moral do mundo. A PUC-Campinas diz seguir todas as determinações do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal. O professor que conduzia o trabalho registrou Boletim de Ocorrência no 11º Distrito Policial.
O erro da imprensa
O vídeo, curto, foi tornado público pelos ditos “ativistas”. O G1 o reproduz, com o seu logotipo. Cabe, entendo, um questionamento ético. Chegou a hora de a imprensa se perguntar se deve estimular — porque é inegável que a publicação provoca tal efeito — esse tipo de comportamento. O que se vê, ainda que rapidamente, não é bonito: um porco esticado, com a barriga para cima, tendo a traqueia perfurada, com o inevitável fio de sangue. Ora, qual é o propósito de tal exibição?
É claro que essa divulgação representa uma vitória para aqueles que, afrontado a lei, afrontado o regulamento da universidade, afrontando a autoridade do professor em sala de aula, afrontando o bom senso, invadiram uma sala de aula. Outros, agora, procurarão seguir o seu exemplo. Não tardará, a ciência brasileira haverá de ficar refém dos militantes da, como é mesmo?, “Frente de Libertação Animal”. Práticas e discursos irresponsáveis, como as dos deputados tucanos Ricardo Trípoli (federal-SP) e Fernando Capez (estadual-SP), estimulam a delinquência.
Volto à palavra
“Ativismo”? Em qualquer das acepções das palavras, mesmo naquela que fala em “revolução”, se os supostos “ativistas” ganhassem, o perdedor seria principalmente o homem — e também os bichos, ao menos os domésticos, já que um veterinário também estaria proibido de “aprender” tendo como modelo o próprio animal.
Não, senhores! Isso não é “ativismo”. Chamem-se essas coisas pelo nome que elas têm: crime. Se os cientistas, desde já, não se manifestarem de maneira firme e clara; se a Polícia, país afora, não for extremamente severa no cumprimento da lei; se a imprensa não sair dessa retórica “nem-nem”, esse tipo de vandalismo vai crescer.
Uma questão ao jornalismo
Digamos que um criminoso decidisse filmar o sequestro de, atenção!, uma personalidade pública, registrando detalhes que, de outro modo, ninguém teria. Pergunto: seria o caso de levar ao ar esse filme? Um espertinho poderia tentar sair do “sim” ou “não” afirmando um “depende”… Como? “Ah, se ajudasse a esclarecer o caso e fosse no interesse da vítima, sim…” Errado! O bandido sabe melhor do que você, espertinho, o que é bom para ele e para a sua causa. Divulgar as imagens seria entrar como mais um elo na cadeia do crime.Por Reinaldo Azevedo
25/10/2013 às 4:41
Segue trecho da minha coluna, que estreia na Folha nesta sexta.
As ruas, ente divinizado por covardes, pediram o fim do voto secreto para a cassação de mandatos. Boa reivindicação. O Congresso está a um passo de extinguir todas as votações secretas, o que poria o Legislativo de joelhos diante do Executivo. Proposta de iniciativa “popular” cobra o financiamento público de campanha, o que elevaria o volume de dinheiro clandestino nas eleições e privilegiaria partidos ancorados em sindicatos, cujas doações não são feitas só em espécie. Cuidado! O povo está na praça. Nome do filme dessa mímica patética: “Os 178 Beagles”.
Povo não existe. É uma ficção de picaretas. “É a terceira palavra da Constituição dos EUA”, oporia alguém. É fato. Nesse caso, ele se expressa por meio de um documento que consagra a representação, única forma aceitável de governo. Se o modelo representativo segrega e não muda, a alternativa é a revolução, que é mais do que alarido de minorias radicalizadas ou de corporações influentes, tomadas como expressão da verdade ou categoria de pensamento.
(…)
Íntegra aquiPor Reinaldo Azevedo
25/10/2013 às 4:35
Fernando Haddad (PT), prefeito de São Paulo, este homem novo e bom, conforme se vendeu na campanha eleitoral, perdeu e ganhou na votação do IPTU. Perdeu porque não conseguiu aprovar os absurdos índices de reajuste que pretendia. Ganhou porque, ainda assim, conseguiu um aumento muito acima da inflação. Leiam o que informam Giba Bergamim Jr. e Rogério Pagnan, na Folha. Volto em seguida.
A Câmara aprovou ontem à noite, em primeira votação, uma proposta de reajuste do IPTU na cidade menor do que queria o prefeito Fernando Haddad (PT) –mas, ainda assim, muito acima da inflação. O imposto subirá até 20% para imóveis residenciais e até 35% para os demais em 2014, conforme proposta que tem de passar por nova votação. Na média, a alta deve ser de 18% no ano que vem –superior à inflação anual próxima de 6%, mas abaixo dos 24% que Haddad pretendia. Regiões com maior valorização imobiliária desde 2009 devem sofrer maior impacto.
No total, 31 vereadores votaram a favor. Outros 13, contra –e 11 vereadores não ficaram até o final da sessão. Pelo texto aprovado, imóveis com valorização acima dos tetos de reajuste pagarão novos aumentos nos anos seguintes, mas limitados a 10% e 15%, respectivamente. A aprovação aconteceu após pressão da oposição e de vereadores da base aliada para que Haddad aceitasse mudar seu plano original –que previa tetos de reajuste de 45% (comerciais) e 30% (residenciais) tanto em 2014 como nos anos seguintes.
(…)
Voltei
Haddad queria, quer, encher as burras de dinheiro porque se fala por lá em instituir o passe livre de ônibus na cidade, o que adequaria a sua agenda à dos radicais e também à de setores da classe média endinheirada que acha “liiindo” ver seus filhotes com camiseta na cara e tênis de R$ 1.500 jogando umas pedras por aí… Os mais pobres, evidentemente, não reclamariam da gratuidade. Não tardaria para o sistema ser sucateado, mas quem se importa?
O aumento abusivo de imposto traz uma soma de falsos argumentos, amarrados pela má consciência política. Os petistas dizem que nada mais fazem do que repetir Gilberto Kassab (de todo modo, hoje um aliado…). Ainda que fosse, não foram eleitos justamente contra Kassab? Para fazer diferente? Acho que sim.
Atrelar a elevação do IPTU à valorização de mercado dos imóveis é argumento razoável só na aparência. Um proprietário não transforma em dinheiro seu imóvel, valorizado ou não, enquanto mora nele. Se e quando vender, pagará o Imposto Sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI). E, pois, dará um quinhão à Prefeitura. Há mais. Se o IPTU será calculado segundo a valorização dos imóveis, caso eles se desvalorizem no ano seguinte, pergunta-se: o imposto vai cair?
Azul e vermelho
Não fiz o mapinha porque demandaria um tempo que eu e minha equipe, composta das minhas duas mãos, não temos. Mas posso apostar que as áreas “mais valorizadas”, que terão o IPTU maior, coincidirão com aquelas que, em 2012, votaram no azul — ou seja, no PSDB. Já as que arcarão com o peso menor votaram no vermelho, o PT. Quem fizer esse cruzamento vai encontrar uma quase coincidência total, aposto.
“Ué! Fazer o quê? E se as áreas que mais votaram no PT tiveram mesmo menos valorização do mercado?” Quem fizesse essa pergunta estaria ignorando que se buscou um critério que coincide com uma espécie de punição dos moradores de áreas que votaram “errado”.
“Mas o natural não seria tentar atrair essas áreas?” O PT sabe que jamais conseguira ser majoritário em determinados bairros da cidade. De resto, precisa de dinheiro. E prefere enfiar a faca naqueles que não são “aliados”.Por Reinaldo Azevedo
24/10/2013 às 23:12
Os camaradas do site “Vanguarda Popular”, sou obrigado a confessar, interpretaram a minha alma profunda. Este site marxista-leninista — o único verdadeiro — resolveu se posicionar sobre a “Revolução dos Beagles”.
Reproduzo o texto e recomendo a visita ao site. O pior — você podem não acreditar — é que alguns celerados enviaram o texto pra cá como quem faz uma denúncia. Diz um deles. “Olhe ai, seu (#*&{+§), não esqueceram o que você falou sobre os passarinhos…”. Vale dizer: há gente que não entendeu que se trata de um site muito sério, mas de humor. Às vezes, até eu sou tentado a sugerir a substituição dos beagles por certos bípedes involuntários. Mas não chego a tanto. Como sou cristão e reacionário, logo perdoo. Segue o texto da “Vanguarda”.
*
Companheiros, hoje demonstrarei: 1) que a invasão do Instituto Royal, episódio que ficou conhecido no mundo progressista como “A Revolução dos Beagles”, foi uma ação revolucionária legítima do proletariado; e 2) que o jornalista Reinaldo Azevedo, expoente máximo do movimento neon liberal, não possui consciência proletária e, muito menos, autoridade moral para criticar nossos companheiros ativistas animais.
Um Partido que não possui a teoria marxista-leninista está fadado ao fracasso. Entre as principais tarefas do proletariado revolucionário podemos destacar: a) a promoção de medidas que ataquem diretamente a propriedade privada; e b) admissão e direção dos atos de vingança popular contra a burguesia exploradora da mais-valia.
Durante o conflito e imediatamente após o combate, os operários, antes de tudo e tanto quanto possível, têm de agir contra a pacificação burguesa e obrigar os democratas a executar as suas atuais frases terroristas. Têm de trabalhar então para que a imediata efervescência revolucionária não seja de novo logo reprimida após a vitória. Pelo contrário, têm de mantê-la viva por tanto tempo quanto possível. Longe de opor-se aos chamados excessos, aos exemplos de vingança popular sobre indivíduos odiados ou edifícios públicos aos quais só se ligam recordações odiosas, não só há que tolerar estes exemplos mas tomar em mão a sua própria direção. (Karl Marx/Friedrich Engels)
Ora, que é o Instituto Royal? Propriedade privada da burguesia. Qual é a principal função capital do Instituto Royal? Extrair mais-valia dos companheiros animais, que são tão humanos quanto nós. Logo, camaradas, a invasão desse instituto burguês e a libertação dos companheiros Beagles foi uma ação legítima do Povo (enquanto Povo, liderado pelo Partido, que é o Povo).
O segundo ponto é o mais fácil de demonstrar. O próprio Reinaldo Azevedo confessa abertamente (sem vergonha!) que é um homem mau, que odeia os bichos, que defende a violência e, portanto, a exploração da mais-valia dos companheiros animais!
- CAMARADAS, EIS A PROVA:
- Meu delírio de violência é matar passarinhos. Não sou um homem bom. Tentam mandar em mim com sua rotina anunciando auroras: ‘Vai dormir, vai dormir’. Fico destroncando seus pescocinhos em pensamento como quem conta carneiros. … Já adverti, não valho nada, não quero convencer ninguém, não sou bom e torço em pensamento pescoço de passarinhos. (Reinaldo Azevedo)
Ora, camaradas, por que os companheiros passarinhos voam? Por que os passarinhos cantam? Porque o Estado, que é o PARTIDO – isto é, o Povo -, através da ANAC e do Ministério da Cultura (MiniCult), permite! E o que deseja Reinado? A MORTE DE TODOS OS PASSARINHOS QUEM CANTAM E VOAM COM AUTORIZAÇÃO DO ESTADO!
Creio ter demonstrado cabalmente, de acordo com ciência marxista, a legitimidade do ato revolucionário dos companheiros ativistas e a absoluta falta de consciência proletária de Reinaldo Azevedo, representante da elite burguesa exploradora dos companheiros animais.
Todo apoio aos companheiros proletários ativistas! FORA REINALDO!Por Reinaldo Azevedo
24/10/2013 às 22:50
Falando na TV sem outro lado, expondo suas verdades sem ser confrontada com os fatos, a presidente Dilma Rousseff vai bem. Houve um tempo em que até o resto do mundo prestava pouca atenção a números e evidências. Já há algum tempo o encanto se quebrou. Leiam o que informa a VEJA.com.
*
A revista britânica The Economist publica na edição que chega neste fim de semana às bancas reportagem sobre o primeiro leilão para exploração do pré-sal sob o regime de partilha. Com o título “Preço barato”, a reportagem afirma que a existência de apenas um lance para o Campo de Libra mostra a fragilidade da estratégia adotada pelo governo para explorar as reservas de petróleo. Para a revista, o resultado do leilão “foi uma decepção”.
A reportagem aponta que a presença da Shell e da Total no consórcio vencedor permitiu que o governo declarasse o leilão como um sucesso, do que a publicação discorda. “Enquanto o governo esperava mais de quarenta empresas interessadas, apenas onze se registraram no leilão”, lembra o texto. “E, apesar de ter esperado pelo menos a oferta de seis consórcios, só foi feita uma proposta e com o valor mínimo exigido”, diz a reportagem.
“A falta de competição foi uma decepção após a euforia de seis anos atrás quando o presidente da época, Luiz Inácio Lula da Silva, descreveu o pré-sal como um ‘bilhete de loteria premiado’”, diz o texto. Para a revista, uma das causas dessa falta de interesse foi a demora do governo em oferecer os campos. “Durante a longa espera, enquanto as regras do leilão foram reescritas e os governos discutiam como dividir os eventuais recursos, o xisto retirou do pré-sal o título de perspectiva energética mais emocionante do mundo. A maioria do interesse privado desapareceu”, completa a reportagem, que destaca a ausência das gigantes BG, BP, Chevron e Exxon.
Apesar das críticas, a reportagem reconhece que as perspectivas de extração dos campos nos próximos 35 anos “são tão vastas que os riscos de exploração acabam sendo reduzidos”.Por Reinaldo Azevedo
24/10/2013 às 22:16
O Folha publicou no dia 12 deste mês uma pesquisa feita pelo Datafolha. No cenário em que os candidatos são Dilma, Aécio e Campos, os números são estes, respectivamente: 42%, 21% e 15%. No Ibope que veio à luz nesta quinta, 41%, 14% e 10%. Os índices atribuídos a Dilma coincidem. Aécio aparece com 7 pontos a menos, e Campos, com 5. A discrepância é grande, ainda que não se possam comparar pesquisas distintas (já digo por quê).
No cenário em que a presidente disputa com Marina e Aécio, os números do Datafolha são estes: 39%, 29% e 17%. No Ibope, 39%, 21% e 13%. Nesse caso, o número bastante discrepante é o que diz respeito a Marina.
Quando Dilma disputa com Serra e com Campos, aponta o Datafolha: 40%, 25% e 15%. No Ibope, 40%, 18% e 10%. Observem que a presidente tem marca idêntica nos dois institutos, mas Serra teria 7 pontos a menos; Campos, 5.
No quarto cenário, com Dilma, Marina e Serra — o único do Ibope em que pode haver segundo turno —, registra o Datafolha: 37%, 28% e 20%. No Ibope, 39%, 21% e 16%. Dilma varia pouco; Marina tem 7 a menos.
Vamos ver
Na pesquisa do Datafolha, só um cenário não levaria ao segundo turno, justamente o considerado mais provável: Dilma, Aécio, Campos. Na pesquisa do Ibope, nenhum leva ao segundo turno, exceto o considerado menos provável.
É claro que não escapa a ninguém que Dilma obtém marcas quase idênticas, não importam os adversários. O que varia muito são os números dos demais postulantes. Aécio pode ter 4 ou 7 pontos a menos, como Serra; Marina 7 ou 8 pontos; Campos, 5 nos dois casos.
Como explicar?
Cotejando pesquisas de institutos diferentes, não se pode dizer que fulano cai, sobe ou fica na mesma. Deve-se tomar cada uma como o retrato do momento em que foi feita — nesse caso, com quase duas semanas de diferença. O Brasil deve ter 130 milhões de eleitores. É aceitável que Marina, por exemplo, possa ter perdido 10,4 milhões (8 pontos) em menos de 15 dias — essa perda pode ser dois pontos menor ou dois pontos maior?
A pesquisa Datafolha, é fato, foi feita não muito tempo depois de uma forte presença de Aécio na TV e estava, digamos, em cima da filiação de Marina Silva ao PSB. Campos também apareceu bastante. Digamos que isso tenha influenciado o leitor há duas semanas. Mas como explicar, nesse caso, a variação de Serra, banido da televisão e tratado como não pré-candidato pelos jornais e por setores do seu partido? Não sei.
Segundo turno
Se as discrepâncias no primeiro turno chamam a atenção, as do segundo impressionam.
No Datafolha
Dilma 47% X 41% Marina
Dilma 51% X 33% Serra
Dilma 54% X 31% Aécio
Dilma 54% X 28% Campos
No Ibope
Dilma 42% X 29% Marina
Dilma 44% X 23% Serra
Dilma 47% X 19% Aécio
Dilma 45% X 18% Campos
Os números de Dilma são bastante distintos no Ibope — curiosamente, substancialmente menores, apesar da safra de notícias favoráveis e da presença maciça na imprensa. Os índices de seus opositores, no entanto, parecem-me espantosamente baixos. Marina sai de uma situação em que se poderia até apostar na possibilidade de um vindouro empate técnico para uma derrota convincente. No Datafolha, a diferença entre Serra e Dilma é de 18 pontos; no Ibope, 21. Aécio tem 23 pontos a menos do que a petista no primeiro instituto; no segundo, 28! Campos, na pesquisa de há duas semanas, está 26 pontos atrás; na divulgada nesta quinta, 27. Ainda que dentro da margem de erro, o senador mineiro seria o adversário mais fácil de vencer.
A forte presença de Aécio, Marina e Campos na tal mídia quando se fez o levantamento do Datafolha pode explicar números tão distintos? Mas por que a própria Dilma aparece com muito menos no Ibope (segundo turno), embora a vitória seja mais folgada nesse instituto, dados os números magros dos outros?Por Reinaldo Azevedo
24/10/2013 às 21:28
O Estadão Online divulgou há pouco os números de uma pesquisa eleitoral encomendada pelo jornal ao Ibope. Se a eleição fosse hoje, Dilma só não seria eleita no primeiro turno se houvesse uma combinação de duas ocorrências consideradas menos prováveis: Marina Silva ser a candidata do PSB e José Serra ser o candidato do PSDB. Qualquer outra liquidaria a disputa logo na primeira etapa: só Marina em lugar de Campos, mas com Aécio disputando pelo PSDB, nada feito. Só Serra como o nome tucano, mas com Campos sendo o nome do PSB, idem. Leiam o que informa Daniel Bramatti no Estadão. Comento os números no próximo post.
*
Pesquisa Ibope em parceria com o Estado sobre a sucessão presidencial mostra que a presidente Dilma Rousseff (PT) venceria no primeiro turno se as eleições fossem hoje e seus adversários fossem Aécio Neves, pelo PSDB, e Marina Silva ou Eduardo Campos, pelo PSB. Em três dos quatro cenários avaliados pelo instituto, Dilma tem entre 39% e 41% das intenções de voto, mais do que a soma das preferências pelos adversários. Em apenas um dos cenários, com Serra e Marina na disputa, a petista não supera a soma dos adversários.
No quadro visto hoje como mais provável para 2014 – Dilma contra Aécio e Eduardo Campos – , a presidente teria 41%, o governador de Minas Gerais, 14%, e o governador de Pernambuco, 10%. Com Marina no lugar de Campos, ela teria mais que o dobro dos votos dele, chegando a 21%. Mas Dilma praticamente não perderia eleitores: oscilaria de 41% para 39%. O mesmo aconteceria com Aécio, que passaria de 14% para 13%.
Se os concorrentes fossem Dilma, Serra e Campos, eles teriam 40%, 18% e 10%, respectivamente. A vantagem da petista sobre a soma dos adversários, neste caso, seria de 12 pontos porcentuais. A presidente aparece com 39% quando os adversários são Marina (21%) e Serra (16%) – neste caso, ela fica em situação de empate técnico com a soma das intenções de voto dos outros dois candidatos (37%).
Em um eventual segundo turno, Dilma venceria todos os adversários avaliados pela pesquisa Ibope/Estadão. Contra Marina Silva – o cenário mais apertado – , a presidente venceria por 42% a 29%. Com Eduardo Campos na disputa, a presidente teria vantagem de 27 pontos porcentuais, vencendo por 45% a 18%. A distância seria similar, de 28 pontos, se Aécio (19%) participasse hoje de uma disputa direta contra a presidente (47%). Uma repetição do segundo turno de 2010, com Dilma e Serra, terminaria com a vitória da primeira por 44% a 23%. O Ibope ouviu 2.002 eleitores em 143 municípios entre os dias 17 e 21 de outubro. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Eleições 2014
24/10/2013 às 20:03
O deputado estadual Fernando Capez, do PSDB de São Paulo, continua a promover obscurantismo e a abusar da imunidade parlamentar para fazer acusações irresponsáveis ao Instituto Royal, contra todas as evidências técnicas em contrário, asseveradas por órgãos competentes. Abaixo, segue o vídeo em que ele faz um novo e furioso discurso, com aquele tom muito típico de certos políticos que acreditam que a gritaria substitui a verdade.
Está cuidando da sua reeleição. Se, para isso, precisar linchar o trabalho de gente honesta, dane-se. Não liga. Ele gosta é de bicho. Continuo a achar vergonhoso que o PSDB permita, sem nenhuma reação ou esclarecimento, que parlamentares seus se metam nesse pântano. O partido não tem como impor a linha justa a seus membros. Nem seria conveniente. Mas está obrigado a emitir uma nota repudiando a violência — contra pessoas e animais. E em defesa da pesquisa científica.
Vai o vídeo com o novo e lamentável discurso de Capez. Daniel Ravena, advogado e leitor deste blog, faz picadinho da fala do político em seguida.
Desmascara, Ravena!
Como se vê do discurso do deputado tucano na ALESP, toda sua peroração a respeito das irregularidades no instituto Royal está centrada no fato de a entidade só ter obtido seu credenciamento junto ao CONCEA há pouco mais de 30 dias, dando a entender que, antes disso, não poderia estar realizando testes científicos em animais. Trata-se de uma inverdade. O art. 22 da Lei 11.794/2008, que regulamente a matéria, assim dispõe:
“Art. 22. As instituições que criem ou utilizem animais para ensino ou pesquisa existentes no País antes da data de vigência desta Lei deverão:
I – criar a CEUA, no prazo máximo de 90 (noventa) dias, após a regulamentação referida no art. 25 desta Lei;
II – compatibilizar suas instalações físicas, no prazo máximo de 5 (cinco) anos, a partir da entrada em vigor das normas estabelecidas pelo CONCEA, com base no inciso V do caput do art. 5o desta Lei.”
Extrai-se do transcrito preceptivo legal, inserido no capítulo das disposições gerais e transitórias da mencionada lei, que as instituições já existentes antes de sua vigência poderiam continuar suas atividades, devendo cumprir as condicionantes previstas nos incisos I e II.
Evidente que mesmo essas entidades, ainda nos termos do estatuto legal de regência, deveriam providenciar o seu credenciamento junto ao CONCEA, mas nem isso lhes retirava o direito de prosseguir com os testes. Nesse sentido as resoluções 03/2011 e 14/2013 do próprio CONCEA. Esta última é clara ao estabelecer que as entidades que já tivessem solicitado o credenciamento poderiam continuar suas atividades normalmente. Veja:
“RESOLUÇÃO NORMATIVA Nº 14, DE 2 DE OUTUBRO DE 2013
Art. 1º. Ficam interditadas temporariamente as instituições que fazem uso de animais para fins científicos ou didáticos no País e que não solicitaram seu credenciamento no CONCEA, de conformidade com as disposições previstas na Resolução Normativa nº 3, de 2011, nos termos do art. 20 da Lei nº 11.794, de 2008, e de acordo com a letra “c” do inciso I e do parágrafo único do art. 49 c/c o art. 50 do Decreto nº 6.899, de 2009.
Parágrafo único. A listagem das instituições credenciadas no CONCEA, bem como daquelas que se encontram com processo de solicitação de credenciamento em andamento estão disponíveis no sítio eletrônico do CONCEA em http://concea.mct.gov.br.”
Capez ignorava esse conjunto normativo ao fazer seu discurso de reeleição? Penso que não. Não, não sou advogado do instituto Royal. Sim, eu também amo cãezinhos. Mas também sou um amante da verdade e tenho a péssima mania de repudiar embusteiros.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: ciência, Instituto Royal
24/10/2013 às 19:03
Por Gabriel Castro, na VEJA.com:
A Polícia Civil do Paraná prendeu nesta quarta-feira o filho e o advogado de Eduardo Gaievski, ex-assessor petista da Casa Civil que, após revelação de VEJA, foi preso sob acusação de abusar sexualmente de menores. Fernando Borges e André Gaievski foram flagrados quando conduziam duas testemunhas do caso até um cartório da cidade de Francisco Beltrão, onde elas prestariam declarações inocentando o petista. Cada uma das mulheres, que são mães de vítimas de Gaievski, havia recebido 1 000 reais em troca do depoimento.
O Ministério Público do Paraná recebeu a denúncia de que a dupla e dois irmãos dele, Francisco e Edmundo Gaievski, estavam coagindo testemunhas do caso. Na terça-feira, os policiais presenciaram o momento em que o grupo entregou o dinheiro às duas mulheres. Nesta quinta, enquanto se deslocavam para o cartório com as mães das vítimas, o filho e o advogado de Eduardo Gaievski foram presos. Eles se negaram a dar informações aos policiais. As duas mulheres, entretanto, admitiram a coação.
“As mães receberam 1 000 reais cada uma. Elas gastaram parte do dinheiro e, na quarta-feira, estavam com o restante do valor no carro”, explica o delegado Sandro Barros, responsável pelo flagrante. Ele diz que a fraude foi comprovada: “Elas iam fazer uma declaração, no cartório, em favor de Eduardo Gaievski”. Fernando Borges e André Gaievski serão indiciados pelo artigo 343 do Código Penal, que fala em “dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha” para “fazer afirmação falsa em depoimento”. A pena é de três a quatro anos de prisão.
A notícia não surpreende: em 14 de setembro, o site de VEJA revelou como, mesmo preso, Eduardo Gaievski se comunicava com seu advogado para combinar a coação de testemunhas do caso. Ele trocava e-mails utilizando um aparelho celular. Depois disso, o petista foi transferido de presídio. Gaievski está preso em Curitiba. Já o advogado e o filho do ex-assessor estão detidos na delegacia de Realeza. Caberá à Justiça decidir se eles vão responder ao crime em liberdade. O ex-assessor da Casa Civil responde por estupro de vulnerável (dezessete vezes) e assédio sexual. Ele oferecia dinheiro e cargos na prefeitura para as adolescentes e suas famílias. Após a revelação do caso, ele foi rapidamente afastado do cargo no ministério.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Eduardo Gaievski, PT
24/10/2013 às 18:52
Que gente pitoresca!
O post em que informo que permaneço na VEJA.com, à diferença do que propagaram neopetistas financiados por estatais e por gestões petistas, e que serei colunista semanal da Folha (estreia nesta sexta) já tem 930 comentários aprovados — os babões foram mandados para o lugar de onde saíram, como sempre. Foi o segundo mais lido do blog ontem. A direção da VEJA sabia do convite há mais ou menos três semanas. O combinado é que o jornal faria uma reportagem um dia antes da estreia do primeiro novo colunista. É o que fazem habitualmente os veículos de comunicação quando vai haver alguma novidade ou mudança. Colhi, felizmente, de leitores e amigos pessoais, muito mais reações positivas do que negativas.
Mandam-me alguns links. Um diz que a VEJA.com comete um erro ao hospedar o meu blog. Outro está certo de que a Folha é que erra ao me contratar como colunista. Aquele sabe o que é melhor para a VEJA. Este outro sabe o que é melhor para a Folha. Esses ressentidos, ora, ora, não estão nem na VEJA nem na Folha — o que não quer dizer que não possa haver descontentes nos dois veículos; é certo que sim. O ponto é outro.
Os mais agressivos e sabidos ou jamais trabalhariam num veículo e noutro ou já trabalharam num e/ou noutro e estão convictos de que não tiveram reconhecido seu formidável talento. Têm a certeza de que não comandam um ou outro porque são competentes demais, inteligentes demais, capazes demais, honestos (santo Deus!!!) demais… Por que a maior revista do país e o maior jornal do país desprezariam esses potentados? Bem, eis um mistério que permanece e permanecerá sem explicação.
Os ressentidos costumam ter um leitor ou outro porque apelam… ao ressentimento! Quando asseguram que foram vítimas de conspirações terríveis, que os teriam empurrado para a marginalidade profissional, falam ao coração dos igualmente incompetentes… A heroína dessa gente, lembrem-se ou leiam o livro quanto tiverem tempo, é a criada Juliana, de “O Primo Basílio”, de Eça de Queiroz. Eles não se zangam com isso ou com aquilo por conta de uma moral reta, que veem afrontada. E ódio. É rancor. É pequenez.
De todo modo, quando a VEJA e a Folha quiserem saber, respectivamente, o que é melhor para cada uma delas, basta procurar esses gênios. Eles odeiam tanto um veículo como outro, mas têm a receita certa para o sucesso de ambos.
“E você? Não critica também os veículos?”
“E você, não critica também os veículos de comunicação e a imprensa, Reinaldo?” Critico, sim! Muito. É provável que faça isso no meu artigo de estreia no jornal, vamos ver. Mas alguém já leu algum texto meu tentando ensinar a Globo a fazer TV? Alguém já leu algum texto meu tentando ensinar a Folha a fazer jornal? Alguém já algum texto meu tentando ensinar a VEJA a fazer revista? E o mesmo se indague a respeito de quaisquer outros veículos. Quando a Globo fez o mea-culpa por causa do apoio ao golpe militar, por exemplo, eu critiquei o texto, mas não porque achei que seria “ruim pra ela”. Eu sou um sujeito aborrecido: ainda acho que os Marinhos sabem o que é melhor para a sua própria empresa. Se gosto ou não, é outro papo. Posso até achar, intimamente, que essas empresas erram, mas fico na minha.
Alguém aqui já me viu dando conselhos financeiros aos ricos? Tenho senso de ridículo. Quando discordo do que vejo, leio ou ouço, discordo segundo um ponto de vista: o meu. Jamais paguei o mico de dizer a donos de jornais, TVs e revistas o que eles devem fazer para o próprio bem. Quem se atreve a tanto está procurando emprego, não é? Se eu sei o que é o melhor para a VEJA e saio propagandeando por aí, estou me candidatando à cadeira de Eurípedes Alcântara. Se eu sei como deve agir a Folha em seu próprio benefício e faço praça disso, estou pedindo a cadeira de Otavio Frias Filho.
“Ah, te peguei!”, assanha-se o petralha. “Você vive criticando o governo. Quer o lugar de Dilma?” O Brasil é uma República, da qual sou sócio. Tenho a mesma cota de Dilma, com o mesmo direito a voz e voto. O Brasil, embora alguns discordem, não pertence ao PT. Sou, sim, um duro crítico da presidente, mas alguém já me viu questionando a sua legitimidade para decidir? Alguém já me viu tentado a fraudar o processo eleitoral com “Fora Dilma”? Nunca!
Para encerrar
Um tolo envia sistematicamente para cá a mesma questão (depois vim a saber a origem; partiu de um desses ressentidos): se meu blog é tão visitado como digo (ele nem acredita nem desconfia que ele próprio colabora para isso…), por que os meus posts não aparecem nos mais visitados no ranking da homepage da VEJA.com?
Porque aquele ranking, bobalhão, diz respeito apenas ao site da VEJA. Não inclui os colunistas. Há uma ferramenta que faz uma contagem automática. Os blogs usam o WordPress. A VEJA.com desenvolveu seu próprio publicador. Nem sei se daria para fazer uma aferição única. Mas isso não importa. O fato é que os colunistas não integram o sistema de verificação.
Regozije-se, ávido interrogador! Você ajuda a fazer o sucesso do blog, ainda que com o seu ódio — sem contar, no momento, a turma dos aspargos assassinos, que quer me fatiar ainda vivo. Não bato na madeira. Não sou místico. Apenas rezo para que achem a iluminação e descubram o caminho do amor e dos valores afirmativos, em vez desse ódio reativo que lhes deve amargar a vida — ainda que sejam muito bem pagos para isso. Não é possível que, em algum canto de sua consciência, não lhes grite a culpa de estar tomando dinheiro dos pobres. Porque estão.
Fico cá a imaginar a que resultado chegaríamos se todo o dinheiro gasto com a imprensa a soldo fosse transformado em casa popular, em posto de saúde, em creche… É possível que Dilma e Fernando Haddad pudessem até cumprir as suas promessas. O prefeito, aliás, está prestes a enfiar a faca no bolso do morador de São Paulo, com um IPTU escorchante. Parte do dinheiro, ainda que indiretamente, vai pagar o subjornalismo que o aplaude.Por Reinaldo Azevedo
24/10/2013 às 17:07
Eu, hein… Tenho amigos vegetarianos, uma gente de paz. Um deles é meio mal-humorado. “Come um bife que passa!”, costumo brincar. Ele não se zanga, não por isso. E também não nos trata, aos outros, os onívoros, como seres maus ou moralmente inferiores. Sempre que pedimos, ou sempre que ele decide, discorre sobre as vantagens do vegetarianismo, o que me parece uma escolha individual como qualquer outra, desde que as pessoas cuidem direito do equilíbrio de nutrientes. Uma dieta pobre de ferro, sem a reposição, segundo sei, pode ser devastadora para a saúde dos adultos e comprometer para sempre o desenvolvimento intelectual de crianças.
Eu não entendo muito dessas coisas, não. Na verdade, nada! Quem talvez possa discorrer com competência a respeito é meu amigo Ricardo Bonalume Neto, que sempre sabe tudo sobre assuntos complicados — das leis da evolução às armas usadas nas guerras do Fundodomundistão… O que me parece, numa aproximação meramente lógica do assunto, é que ser onívoro significa uma vantagem sobre ser exclusivamente herbívoro ou carnívoro. Será essa uma daquelas falsas evidências? “Barata é onívora é barata, Reinaldo!” Pois é. Ninguém pode acusar essa coisa nojenta de dificuldades de adaptação ou risco de extinção, né? Infelizmente. Será que se a gente tivesse se alimentado só de frutas, ervas e raízes, teríamos chegado até aqui ou estaríamos, ainda, para gáudio de alguns, disputando cipós com os nossos primos? Li em algum lugar, estou certo — mas não vou parar para pesquisar —, que a carne foi fundamental no desenvolvimento do nosso cérebro. Infiro que a carne pode ter sido importante no fornecimento dos elementos objetivos que nos permitiram desenvolver também a ciência moral, que é coisa que os outros bichos, carnívoros ou não, vamos reconhecer, não têm. Não deve ter sido só a carne, ou um leão seria Caetano Veloso, né? Mas é Caetano que é um leãozinho…
Aliás, nas conversas absurdas que andam por aí, há algumas barbaridades da lavra de Peter Singer, sobre quem Rodrigo Constantino já escreveu em seu blog. Um dos textos do livro “Esquerda Caviar”, que será lançado em São Paulo na terça próxima, trata do assunto. Reproduzo um trecho (em azul):
Peter Singer, o mais famoso defensor dos direitos dos animais, tem uma ética utilitarista bastante peculiar. Para ele, está tudo bem em se eliminar um bebê deficiente se isso estiver no melhor interesse do bebê (?) e de seus familiares. Entende que muitas pessoas considerem isso chocante, mas acha contraditório que pensem assim aqueles que aceitam o direito de aborto. Julga medieval a noção de que a vida humana é sagrada, e considera o Cristianismo seu grande inimigo.
Em seu livro Ética prática, Singer coloca a capacidade de sofrimento como o grande fator na hora de avaliar direitos. Se o rato sofre quando usado em experimentos, então isso deve ser evitado. Por outro lado, se o idoso não sofre com uma injeção letal, segundo sua ética utilitarista, tudo bem. Singer diz: “Os especistas humanos não admitem que a dor é tão má quando sentida por porcos ou ratos como quando são seres humanos que a sentem”.
Logo, ser um “especista” – alguém que prioriza a sua própria espécie – seria análogo a ser racista entre humanos. Singer coloca em pé de igualdade aquele que julga inferior um membro de outra “raça” (sic) humana e aquele que se julga acima e digno de mais direitos que um rato ou um porco.
Com base em seu único critério, o do sofrimento, alega que recém-nascidos da nossa espécie, por não terem elevado nível de consciência ainda, seriam tão passíveis de uso em experimentos quanto animais. O mesmo valeria para deficientes mentais. O filósofo coloca a seguinte questão:
“Se fizermos uma distinção entre os animais e esses seres humanos, caberá também a pergunta: de que modo poderemos fazê-la, a não ser com base numa preferência moralmente indefensável por membros de nossa própria espécie?”.
Retomo
Vejam a que grau de delinquência pode chegar o fanatismo e o relativismo moral. Também para Singer, pois, não há diferença entre um campo de concentração nazista e um matadouro. Mengele poderia ter escolhido animais para fazer seus experimentos, mas resolveu escolher pessoas. Talvez Singer faça ao outro alguma restrição de natureza ideológica, mas não moral. É um escândalo.
Por que isso tudo? Porque passei a ser alvo também da violência retórica de alguns (muitos) que se dizem “vegetarianos” — e descobri que há uma infinidade de subdivisões nessa categoria. Há coisas que francamente não consigo entender e que transformam o ato de se alimentar numa operação de tal sorte complexa que é preciso haver muito tempo livre — que só o capitalismo na sua fase de abundância pode fornecer — para poder sobreviver… Da escolha do alimento à temperatura adequada, a operação, infiro, pode levar algumas horas. Como disse Fernando Pessoa sobre Rousseau, já citei aqui, é preciso que “mordomos invisíveis administrem a casa…”
Paixões sanguinolentas
O que chama a minha atenção é a paixão sanguinolenta dos mais fanáticos. Não estou aqui, obviamente, a me referir a todos os vegetarianos. Mas uma das bobagens influentes que andam por aí é que o consumo de carne contribui para a agressividade humana. Não deve ser assim…
Há quem sugira que eu seja estripado, empalado, vivissectado (particípio de “vivissectar”; não está no Houaiss, mas está no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa) — isto é, acham que devo ser dissecado, descarnado mesmo, ainda vivo. Um deles deixa clara a razão: “Só para você ver como é bom…”. Não é que ele defenda que eu passe por vivissecção no interesse da ciência. Para ele, isso é irrelevante. Ele só quer que eu sofra muito por ter ideias que ele considera erradas, com as quais ele não concorda. Suponho que se imagine assistindo ao espetáculo de horror. E, obviamente, se divertindo. Depois ele sai dali, de consciência leve e alma vingada, e vai comer alguns aspargos no azeite, com redução de aceto balsâmico e espuma de kiwi…
A gente deve se precaver sempre da fúria dos maus. Eles existem. Mas não devemos temer menos as obsessões dos que se candidatam a salvar a humanidade ou a corrigir todos os seus desatinos, desde que o mundo é mundo. É o que costumo chamar de “bondade concupiscente” .
Digamos que o vegetarianismo seja a escolha mais moral, mais racional, mais adequada aos desafios da humanidade que estão por aí e que estão por vir. Ainda assim, não haveria de se operar essa mudança do dia pra noite, não é? Uma coisa são as escolhas privadas; outra, distinta, impor ou desenvolver um padrão que, creio, desafia aspectos da própria evolução da espécie. De toda sorte, haverá de ser um processo longo, que passa também pelo convencimento e pelo desenvolvimento de uma ciência moral da integração e, em certa medida, da cooptação. Ou não funciona — a menos que se fuzilem comedores de carne. Nesse caso, pode haver uma reação…
Muito bem! Esses vegetarianos que escreveram pra cá — não me refiro, pois, a todos os vegetarianos —, com esse grau de estupidez e de violência retórica, vão convencer a quem? Não estão em busca de aliados, mas de inimigos; não querem divulgar a sua causa; preferem vivê-la como cultura de exceção, num pequeno grupo, como se fossem dotados de uma exclusividade moral que os coloca acima dos demais.
É um comportamento muito típico, aliás, de certos setores radicalizados daquilo que o PT chamava antes “burguesia” e da alta classe média. Como o capitalismo, que a maioria deles também odeia, lhes garante o ócio e a faculdade de fazer escolhas (podem, inclusive, optar pelo vegetarianismo, que é uma dieta cara quando exercida com responsabilidade nutricional), podem sair por aí fazendo sua pregação. Tivessem de coletar, caçar ou pescar para sobreviver — ou, modernamente, de TRABALHAR —, não estariam por aí pregando a morte de humanos porque, segundo dizem, estes não respeitam os bichos.
De todo modo, peço perdão a esses juízes severos. Tão logo a gente consiga dar carne, leite e ovos a todos os pobres anêmicos do mundo, muito especialmente às crianças, prometo integrar as hostes do aspargo.
Mas sem luta armada. O gosto por chicória não foi feito para matar ninguém.Por Reinaldo Azevedo
24/10/2013 às 16:18
… a paixão sanguinolenta de alguns que se dizem vegetarianos.Por Reinaldo Azevedo
Tags: ideologias
24/10/2013 às 15:18
Por Gabriel Castro, na VEJA.com:
Cada vez mais empenhada em pavimentar sua pré-campanha à reeleição, a presidente Dilma Rousseff fez um aceno nesta quinta-feira aos prefeitos e anunciou investimentos de 13,5 bilhões de reais em saneamento básico e asfaltamento, como parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2. O governo prometeu custear a pavimentação de 7.500 quilômetros de vias e instalar 15.000 quilômetros de calçadas, além de apoiar empreendimentos de drenagens de águas pluviais, abastecimento de água e esgotamento sanitário. As obras serão tocadas pelas prefeituras, com recursos federais. De acordo com o Radar on-line, desde ontem prefeitos e deputados já articulavam para tentar capitalizar o bônus eleitoral das obras.
Ao todo, 1.198 municípios de 26 estados foram contemplados. Todos haviam se cadastrado previamente e apresentado projetos para obter o auxílio federal. “É fundamental para nós a parceria com os pequenos municípios”, disse a presidente, durante o anúncio do programa. Nesta sexta, Dilma viajará para São Paulo para anunciar investimentos de 5,4 bilhões de reais para obras em vinte estações de trem e metrô, segundo o jornal Folha de S.Paulo.
Pré-sal
Dilma também voltou a defender o modelo de concessão do campo de Libra, o primeiro da camada pré-sal a ser explorado. De acordo com a presidente, é possível afirmar com segurança que o empreendimento é rentável – e, por isso, o regime de partilha foi o mais adequado. “Não tem risco. Não tem taxa de sucesso de 20%. O risco é desse tamanhozinho”, disse ela.
A presidente voltou a afirmar que os recursos do petróleo servirão para assegurar ao país um salto de qualidade na educação: “Nós podemos garantir ao Brasil, a partir desse campo e dos outros que virão, uma educação de alta qualidade”, afirmou.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Eleições 2014, Governo Dilma
24/10/2013 às 7:01
- — Marina Silva, uma asceta entre ambiciosos, só quer um mundo melhor…;
- — Minha coluna estreia nesta sexta na Folha;
- — Um Guimarães Rosa censurado por parte de sua família. Vamos submeter a questão a iluministas como Caetano, Chico, Djavan, Luísa Mell e Bruno Gagliasso;
- — “Não é mole” ser presidente, diz Dilma. Nem diga!;
- — Será que os vereadores perceberam que eles terão só o ônus da facada do IPTU e que o bônus fica só com Haddad?;
- — “Àqueles que acham que é pouco…”;
- — Graça diz que Petrobras tem caixa para pagar bônus de Libra sem aumentar combustível;
- — A Internet jabuticaba de Dilma – Entidades nacionais e estrangeiras condenam obrigatoriedade de data centers no Brasil;
- — Silvia Ortiz, gerente do Instituto Royal, está de parabéns! Eis uma mulher que tem a coragem de enfrentar o obscurantismo amoroso da militância e a covardia de parte da imprensa;
- — FMI destaca deterioração fiscal e revisa para baixo crescimento potencial do Brasil;
- — Fim do voto secreto: o Congresso prestes a cair de joelhos;
- — CCJ do Senado aprova extinção de qualquer voto secreto;
- — Federação de Biologia Experimental repudia crimes contra o Royal. Ou: Que tal usar humanos para testar vacina de cachorro?;
- — A boa notícia: eu continuo na VEJA.com. A outra boa notícia: serei colunista da Folha. E logo darei mais boas notícias…;
- — Quem trata um sapo como ser humano acabará tratando o ser humano como um sapo. Já aconteceu! E houve aplausos!;
- — Os animais no “Jornal Nacional” e o “outro lado”;
- — Ainda Tatá Werneck, Bruno Gagliasso, os estreptococos e as eritromicinas;
- — 276.004;
- — Ministro diz que participação obrigatória do Estado na privatização de aeroportos é um sacrifício. Xiii, lá vem Dilma dar um pito;
- — Haddad e o IPTU: como promover arranca-rabo de classes, tomar dinheiro dos mais “ricos” e punir os mais pobres com populismo vulgar;
- — Os únicos que saíram perdendo com a delinquência política do PSOL, no Rio, foram os alunos pobres
Por Reinaldo Azevedo
24/10/2013 às 6:28
Ah, não, né? Aí já é um pouco demais! Marina Silva, da Rede, ora no PSB, pré-candidata à Presidência, concedeu uma entrevista à CBN de Maringá nesta quarta, informa a Folha. E aí se saiu com esta maravilha:
“Não tenho como objetivo de vida ser a presidente da República. Tenho como objetivo de vida lutar para o Brasil ser melhor, para o mundo ser melhor; se, para isso, for necessário ser presidente da República, tenho toda a disposição, como tive em 2010”.
Entendi.
Talvez os outros tenham ambições desmedidas, motivações menores… Dilma Rousseff, Aécio Neves, José Serra e, quem sabe?, até Eduardo Campos sonham com a Presidência, quem sabe?, por falta de altruísmo. Marina só pensa num Brasil melhor e num mundo melhor.
A frase, aliás, é uma delícia. Porque isso nos faz supor que, houvesse um governo mundial, ela certamente se candidataria ao cargo. Mas não pensem que seria, como ela diz, por “ambição” ou “objetivo de vida”…
Ora, ora… Vocês sabem o que eu penso do PT e da maioria dos petistas, não? Mesmo o pior deles, escolham aí, deve trazer em si uma vontade transformadora. Pode ser ruim, equivocada, dolosa. Mas anseio sempre há. O pior larápio pode ser também um idealista.
O que me incomoda em Marina é esse, com a máxima vênia, falso ascetismo. Então se fez senadora, ministra, candidata à Presidência, dona (cabe o nome) de um partido e é pré-candidata, em segundo lugar nas pesquisas, só porque pensa em nos salvar? A tudo isso a conduziu a falta de ambição???
Esse negócio de só querer um mundo melhor é coisa que político não deveria falar. Seria possível dizer o contrário?Por Reinaldo Azevedo
Tags: Eleições 2014, Marina Silva
24/10/2013 às 6:25
Na Folha:
A Folha amplia a partir de amanhã a sua equipe de colunistas no caderno “Poder”: Reinaldo Azevedo escreverá às sextas-feiras, Demétrio Magnoli aos sábados e Ricardo Melo às segundas. Os três vão se somar a Janio de Freitas — que continuará escrevendo às terças, quintas e domingos — e a Elio Gaspari — às quartas e domingos.
(…)
“Firmei com a Folha o compromisso firmado com os meus leitores e que vigora na minha relação com a Veja’: escrever o que penso, segundo os fundamentos da democracia representativa, a única que reconheço, e do Estado de Direito”, diz Reinaldo.
(…)
“Meu programa é explodir o senso comum. Escrever contra o óbvio, contra as verdades estabelecidas, especialmente nestes tempos em que a linguagem política foi esvaziada”, diz Magnoli.
(…)
De acordo com Melo, “vivemos hoje um momento de grande transformação na política brasileira, com a entrada de novos atores no jogo. Minha intenção é acompanhar tudo isso, sempre mantendo uma ótica social”.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
24/10/2013 às 5:19
Chamem o Chico Buarque, o Caetano Veloso e o Djavan. Se der, chamem também a Luísa Mell e Bruno Gagliasso. O que os dois últimos têm a ver com a questão? Ora, vamos reunir todos os iluministas do Brasil!
As cineastas Adriana Jacobsen e Soraia Vilela fizeram um documentário sobre aquele que é considerado o maior prosador do Modernismo brasileiro: Guimarães Rosa (o meu é Graciliano Ramos, mas isso não importa agora). Chama-se “Outro Sertão”. Rosa é um mito da literatura. Os professores de nossas escolas só fazem mal quando pedem que os alunos digam que diabos quer dizer “a terceira margem do rio”… Cai até em prova. Quase todo mundo que me lê, se puxar um pouco pela memória, passou por isso. E quase ninguém entendeu a explicação. Não se aflijam. Não havia nada de errado com vocês. Sigamos. Adriana e Soraia fizeram o documentário, venceram um festival, mas o filme não pode ser lançado comercialmente. Será exibido hoje na Mostra de Cinema de São Paulo.
E por que o lançamento está proibido? Porque as herdeiras não querem e pronto! Há algo de estranho no filme? Entra-se na fofoca da vida privada? Algum amor secreto de Rosa? Descobriram que aquele negócio de Diadorim e Riobaldo era mais complicado? Nada! O filme mostra, acreditem!, que Rosa, como diplomata, salvou judeus do nazismo. Além de ser verdade, é um filme a favor.
Mesmo assim não pode. Leiam trecho da reportagem de Raquel Cozer, na Folha:
*
Um João Guimarães Rosa (1908-1967) que ajudou a salvar judeus na Alemanha e foi investigado pelos nazistas na Segunda Guerra, antes de se firmar como escritor, é o centro de “Outro Sertão”, longa exibido hoje na Mostra de Cinema de São Paulo. A faceta menos conhecida do autor de “Grande Sertão: Veredas” (1956) vem à tona com o documentário de estreia de Adriana Jacobsen e Soraia Vilela. O filme, premiado no Festival de Cinema de Brasília, ilustra um viés menos lembrado no debate sobre a autorização para biografias: o de casos envolvendo obras cinematográficas.
A pesquisa para o filme começou em 2003, com o aval das filhas de Rosa. Em 2011, esse braço da família pediu, dizem as diretoras, R$ 60 mil para autorizar a veiculação. “Fizemos contraproposta de R$ 30 mil ou R$ 40 mil. Fomos então informadas de que queriam R$ 300 mil e, depois, que não queriam mais a veiculação”, diz Jacobsen.
Antes da exibição em Brasília, a dupla pediu às herdeiras uma reavaliação da decisão. Receberam um telegrama do advogado informando que as filhas não autorizavam a veiculação por questões de “foro íntimo”. As herdeiras negam ter sido contatadas nessa ocasião.
(…)
A base do documentário são duas cadernetas com anotações de Guimarães Rosa no período em que foi cônsul-adjunto em Hamburgo, na Alemanha, de 1938 a 1942. Uma cópia delas está na Universidade Federal de Minas Gerais. Foi com a autorização das filhas do autor, dez anos atrás, que as diretoras tiveram acesso ao texto.
Inéditas em livro, as cadernetas estão no centro de uma disputa familiar. Em Hamburgo, o autor se apaixonou por Aracy Moebius de Carvalho (1908-2011), que trabalhava com ele no consulado e se tornaria sua segunda mulher. Segundo o neto Eduardo Tess Filho, as referências a Aracy nas cadernetas incomodam as filhas do primeiro casamento do escritor.
“Ele ficou menos de dez anos com Lygia e quase 30 com Aracy, mas elas querem apagar isso da história”, diz.
(…)Por Reinaldo Azevedo
24/10/2013 às 5:17
Dilma Rousseff teve outro dia um ataque de sinceridade: recomendou que seus adversários estudassem. Em que isso é sincero? É o que realmente pensa. Não é segredo para ninguém que nunca foi um exemplo de tolerância com quem não concorda com ela. Marina Silva ironizou seu tom professoral, de quem julgava não ter nada a aprender.
Nesta quarta, Dilma decidiu ser insincera, embora involuntariamente verdadeira. Leiam o que informa a Folha. Volto em seguida.
Após pedir a rivais que estudassem e virar alvo de ironia da ex-senadora Marina Silva (PSB), a presidente Dilma Rousseff afirmou ontem que “não é mole” exercer o cargo porque a função a obriga a “aprender todos os dias”. Na sexta visita a Minas Gerais em menos de três meses, Dilma citou o tema em ato em Belo Horizonte, ao aconselhar alunos do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) a estudar. “Eu, presidenta da República, sou uma pessoa que tenho todos os dias de estudar. Não pensa que é mole, não. Todos os dias sou obrigada a aprender, tenho que estar aberta para aprender”, disse.
As afirmações remeteram ao embate indireto que Dilma travou neste mês com Marina, que se aliou ao governador Eduardo Campos (PE). Em entrevista a rádios mineiras no dia 14, a presidente disse que eventuais concorrentes ao Planalto “têm que estudar muito”. Marina criticou na ocasião o tom professoral da petista. “Ela [Dilma] deu um conselho de professora. Difícil são aqueles que acham que já não têm mais o que aprender e só conseguem ensinar.”
(…)
Retomo
Dilma, escandindo as sílabas, na segunda, explicando por que o regime de partilha, da forma como está, é uma maravilha, apesar dos fatos, demonstra a sua disposição para aprender… É evidente que está sendo voluntariamente insincera quando professa essa humildade, mas é uma sincera involuntária quando diz que ainda está aprendendo… A gente percebe.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Eleições 2014, Governo Dilma
24/10/2013 às 5:13
Pode ser que os vereadores, mesmo os da base, tenham percebido que o desgaste da facada que Fernando Haddad quer dar no IPTU vai cair também nos seus respectivos ombros. Afinal, se não aprovarem a proposta, nada feito! Mas os benefícios de um caixa cheio serão só do prefeito. Leiam o que informa Giba Bergamin Jr., na Folha:
O prefeito Fernando Haddad (PT) sofreu um revés ontem na Câmara em sua intenção de aprovar um reajuste do IPTU acima da inflação. Diante da repercussão negativa da alta do imposto, parte da base aliada se rebelou e a gestão petista não conseguiu, dentre os 55 vereadores, os 28 votos necessários. A votação foi adiada e poderá ocorrer hoje –quando haverá nova negociação. Partidos como PSD, PV e PSB, que votaram a favor de projetos do prefeito neste ano, não quiseram aprovar a alta de reajuste do IPTU.
Pela proposta de Haddad, ela seria de, em média, 24% no ano que vem, com tetos de 30% para imóveis residenciais e 45% para demais. A inflação anual é próxima de 6%. Em negociação com os vereadores, a administração petista já admitiu reduzir esses tetos –para 20% e 35%– e ampliar descontos para aposentados de baixa renda. Mesmo assim, a arrecadação pode aumentar 18% em 2014.
A resistência da Câmara aumentou depois de a Folha revelar ontem que 45% dos imóveis terão reajuste de IPTU não só em 2014, mas também nos anos seguintes. Isso porque, como haverá um teto anual, a diferença em relação à valorização imobiliária deles nos últimos quatro anos deve ser parcelada. A prefeitura disse que os contribuintes que vão pagar a diferença cairão para 19% em 2016 e para 3% em 2017.
(…)Por Reinaldo Azevedo
Tags: Fernando Haddad, IPTU
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