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Se em meu ofício, ou arte severa,/ Vou labutando, na quietude/ Da noite, enquanto, à luz cantante/ De encapelada lua jazem/ Tantos amantes que entre os braços/ As próprias dores vão estreitando —/ Não é por pão, nem por ambição,/ Nem para em palcos de marfim/ Pavonear-me, trocando encantos,/ Mas pelo simples salário pago/ Pelo secreto coração deles. (Dylan Thomas — Tradução de Mário Faustino)
12/02/2014 às 22:22
Ah, sim: o rico e bem-sucedido “consultor de empresas” José Dirceu também lançou o seu site para arrecadar R$ 1 milhão. É para pagar a multa aplicada ao presidiário pelo STF, no valor de R$ 971 mil. Imaginem: se José Genoino conseguiu mais de R$ 700 mil, e Delúbio Soares, mais de R$ 1 milhão, o Zé pode estourar a boca do balão, né? Vai sobrar dinheiro para doar para a campanha reeleitoral da companheira.
Faço esse registro para escárnio futuro da história, já que, no presente, poucos nos damos conta do tamanho do absurdo.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: José Dirceu, Mensalão
12/02/2014 às 22:14
Por Marcela Mattos, na VEJA.com:
Mais de cinco meses depois de ultrapassar todos os limites do ultraje e legitimar a figura do deputado-presidiário no Brasil, a Câmara cassou na noite desta quarta-feira o mandato de Natan Donadon (RO), que cumpre pena no Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal. No total, 467 deputados votaram pela perda do mandato e nenhum contra – eram necessários, no mínimo, 257 votos para a cassação. Houve uma abstenção, do deputado Asdrúbal Bentes (PMDB-PA).
Um fator foi determinante para que o vexame do ano passado não se repetisse: pela primeira vez, uma votação de cassação de mandato foi aberta — ou seja, desta vez os parlamentares registraram seus votos no painel eletrônico. Em ano eleitoral, a maioria da Casa não quis arriscar enfrentar o desgaste de proteger abertamente o ex-colega de plenário.
Donadon, mais uma vez, expôs o Congresso ao ridículo: chegou algemado em um carro da polícia e circulou pela Câmara vestindo uniforme branco de presidiário. Escoltado por agentes da Polícia Legislativa, foi levado para uma sala onde teve acesso a um terno levado por sua mulher. Depois, recebeu o broche de deputado, usado na lapela do paletó para identificar parlamentares, e seguiu para o plenário pela última vez. Funcionários e seguranças da Casa cumprimentaram o deputado-presidiário.
“Estou muito aborrecido que quebraram a Constituição e iniciou-se uma nova ação com o voto aberto, quebrando a regra do jogo. O voto aberto serve simplesmente para massacrar minha pessoa e minha família”, afirmou Donadon a jornalistas, carregando a Constituição Federal e o regimento interno da Casa embaixo do braço. No plenário, enquanto a imprensa acompanhava cada passo de Donadon, seus colegas parlamentares evitaram se aproximar: “Não fica perto que pode pegar mal”, avisou um deputado de Pernambuco a seu correligionário, com medo de aparecer nas fotos.
Em junho do ano passado, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a expedição do mandado de prisão contra o parlamentar. Era ainda o primeiro caso em que um deputado no exercício do mandato tinha a prisão determinada pelo STF desde 1988. Em 2010, o agora ex-deputado foi condenado à pena de treze anos, quatro meses e dez dias de reclusão pelos crimes de formação de quadrilha e peculato – foi considerado culpado pelo desvio de 8,4 milhões de reais da Assembleia Legislativa de Ronônia.
Donadon foi o 18º deputado a ter o mandato cassado pela Câmara desde a Constituição de 1988 – o último foi o mensaleiro Pedro Corrêa (PP-PE), que recentemente também esteve preso na Papuda, em 2006.Por Reinaldo Azevedo
12/02/2014 às 20:57
Por Naiara Infante Bertão, na VEJA.com:
Em período de turbulência no setor elétrico devido à falta de chuvas e ao atraso de projetos, não só o consumidor está insatisfeito, mas também o investidor têm motivos para queixas. Um levantamento feito pela consultoria Economatica a pedido do site de VEJA mostrou que as companhias do setor elétrico com ações listadas na BM&FBovespa já perderam 27,3% do seu valor de mercado, em média, desde que a presidente Dilma Rousseff anunciou mudanças no setor. Em setembro de 2012, por meio de medida provisória, o governo impôs a antecipação da renovação dos contratos com as companhias elétricas com vencimento em 2017. As que não aceitaram as novas condições, que previam tarifas mais baixas ao consumidor, não renovaram as concessões e receberam indenizações da União. De lá pra cá, o valor de mercado das geradoras, transmissoras e distribuidoras de energia mingou de 201,3 bilhões para 146,3 bilhões de reais.
Entre as 28 empresas avaliadas, 22 tiveram perdas. As exceções foram: Equatorial Energia, cujo valor em bolsa subiu 132,2%, para 4,26 bilhões de reais; Cemar (52,5%; 2,42 bilhões); Renova (51,5%; 3,31 bilhões); Energisa (51,2%; 3,42 bilhões); e Tractebel (1,5%; 22,71 bilhões). No mesmo período (de 6 de setembro de 2012 a 11 de fevereiro de 2014), o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, recuou 15%.
Consideradas boas pagadoras de dividendos, as empresas do setor elétrico sempre foram o porto seguro do investidor na bolsa. O setor costumava ser um dos favoritos do investidor conservador, que mira o longo prazo, e também dos fundos de pensão e previdência privada. Exemplo disso é a Cemig, de Minas Gerais, que pagou 3,3 bilhões de reais em dividendos aos acionistas em 2013 (referentes ao exercício de 2012), o equivalente a 1,87 real por ação. Além disso, foram pagos 1,99 real por ação em juros sobre o capital próprio. Para se ter uma ideia, a Petrobras pagou apenas 93 centavos por ação (o equivalente a 5,236 bilhões de reais) no mesmo período. Os dividendos correspondem à remuneração de 25% do lucro líquido das companhias entre seus acionistas.
Por se tratar de um setor de políticas estáveis desde o período das privatizações, na década de 1990, as mudanças levadas à cabo pelo governo da presidente Dilma foram muito mal assimiladas tanto pelo investidor brasileiro quanto pelo mercado externo. Foi a partir daí que uma onda de desconfiança e descrença em relação ao Brasil se formou — e se consolidou no ano seguinte.
Perdedoras
Justamente as empresas privadas que não aceitaram renovar seus contratos com o governo mediante os novos termos foram algumas das que mais se desvalorizaram na bolsa. Juntas, Cemig, Cesp e Copel tiveram queda média de 37,24% em seu valor de setembro de 2012 até o dia 11. No caso da Cemig, houve recuo de 41% no período, passando de 28,42 bilhões de reais para 16,76 bilhões. Cesp e Copel valiam há um ano e meio 10,04 bilhões e 9,22 bilhões de reais, respectivamente. Hoje, as duas companhias amargam quedas de 29,2% 34,2%, cada.
A estatal Eletrobras, que não teve escolha a não ser cumprir as ordens de Brasília, também viu seu valor de mercado despencar de maneira impressionante — mais de 58% no período. A queda já era esperada devido à inércia da empresa em relação às mudanças regulatórias. Seu ônus é similar ao da Petrobras quando se trata de ter de se submeter a decisões de Estado, mesmo quando a empresa é de capital misto. Os investidores, nesse caso, saíram perdendo. O valor de mercado passou de 19,22 bilhões de reais para 8,01 bilhões de reais, recuo de 58,28%. Apenas em 2012, a Eletrobras perdeu quase 10 bilhões de reais em valor de mercado.
Desde então, as dificuldades de investimento da companhia se mostram cada vez mais são evidentes e cogita-se, inclusive, a venda de seus ativos de distribuição para poder direcionar esforços a seus maiores mercados: geração e transmissão. Na sexta-feira passada, a Eletrobras venceu, junto com a chinesa State Grid, o leilão de transmissão da hidrelétrica de Belo Monte (Pará), com desconto de 38% na receita anual permitida (RAP) — sua oferta foi de 434 milhões de reais.
Outras perdedoras do setor foram prejudicadas não só pelo contexto regulatório, mas também por problemas — ou turbilhões, em alguns casos — de ordem interna. A Eneva Energia, ex-MPX, é o caso mais emblemático. Ao mesmo tempo em que o setor elétrico enfrentava uma crise de confiança, o grupo EBX, fundado por Eike Batista, era desmantelado. Assim, o valor de mercado de seu braço de energia elétrica despencou 73,34% entre 6 de setembro de 2012 até o fechamento de terça-feira, passando de 69,85 bilhões para 18,61 bilhões de reais. Apenas em 2013, a queda somava 67,31%.
Já a Rede Energia enfrentou problemas financeiros nos últimos dois anos, que culminou em intervenção estatal e um pedido de recuperação judicial. Estão sob gestão do governo oito empresas do grupo, tais como Cemat (Centrais Elétricas Mato-Grossenses), a Celtins (Companhia Elétrica do Estado do Tocantins), Enersul (Empresa Energética do Mato Grosso do Sul), Companhia Força e Luz do Oeste (CFLO), Caiuá D (distribuidora), Empresa Elétrica Bragantina (EEB), Vale do Paranapanema e Companhia Nacional de Energia Elétrica (CNEE). Apenas em 2013, seu valor em bolsa caiu 43,58%.Por Reinaldo Azevedo
Tags: energia elétrica, Governo Dilma
12/02/2014 às 20:50
O que vocês vão ler abaixo é a expressão crua do surrealismo brasileiro; é a evidência mais contundente de que o Brasil passou a flertar com a bagunça, com a desordem. E a gente sabe como isso acaba: em morte. Vejam o caso do cinegrafista Santiago Andrade. Parece, no entanto, que o país não está disposto a aprender nada.
Houve confrontos nesta quarta entre a PM do Distrito Federal e os ditos sem-terra, como já vimos aqui. Nada menos de 30 policiais ficaram feridos — para apenas dois sem-terra. Isso evidencia de que lado estavam os violentos. Os sem-terra atacaram com paus e pedras; os policiais reagiram com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Muito bem.
Mesmo diante da brutalidade dos sem-terra, o coronel Florisvaldo Ferreira César disse acreditar que foram pessoas infiltradas no movimento que promoveram a desordem. Afirmou: “Não acredito que tenha sido gente do MST. Foram grupos infiltrados que agem com extrema violência. Trabalho com o MST há 14 anos; esta foi a primeira vez que vi policiais feridos dessa maneira”.
É o fim da picada! Como informa o Globo, “um militante do MST, conhecido como ‘Joba’, foi preso após agredir um policial no rosto. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, foi ao encontro dos manifestantes e marcou uma reunião de representantes do movimento com a presidente Dilma Rousseff, nesta quinta-feira, às 9h, no Palácio do Planalto.”
Os representantes do MST, eles próprios, ao contrário do comandante da PM, não atribuiu a violência a infiltrados, não. Admitiu que era coisa deles mesmo, mas, claro!, culpou a polícia: “Fomos reprimidos pela polícia do Estado. Primeiro em frente ao STF e agora aqui no Planalto. Isso é incabível, inconcebível e inaceitável. É mais uma mostra da incapacidade do governo em atender as demandas do MST”, disse José Ricardo Silva, da direção Nacional do MST.
Entenderam o absurdo da coisa? Os representantes do movimento não acusam “forças infiltradas” pela violência, não! Quem tenta dourar a pílula é um representante da PM. Para encerrar: oito policiais estão em estado grave.Por Reinaldo Azevedo
12/02/2014 às 20:20
O PSB decidiu mesmo ter candidato próprio ao governo de São Paulo, como queria Marina Silva, a líder da Rede, que usa o PSB, por enquanto, como barriga de aluguel. Segundo a ex-senadora, essa candidatura atende à necessidade de acenar para os leitores com o “novo” — e, em São Paulo, o novo seria se distanciar tanto do PSDB como do PT. Entendo. O curioso é que, no Acre, Marina se contenta com o velho mesmo. Ela vai apoiar a reeleição do petista Tião Viana. O grupo, do qual ela faz parte, entrou em 16º ano de poder no Estado — e é grande a chance de ficar por pelo menos 20.
Marina impôs uma parte do que queria, mas não a outra. Seu candidato em São Paulo era o ex-tucano Walter Feldman, mas não deu. O nome será decidido pelo PSB local. O mais provável é que seja o deputado Márcio França, que preside o partido no Estado e já foi secretário do governo Alckmin. Ele era uma dos pré-candidatos a vice na chapa do atual governador, não fosse Marina bater o pé. PSB e Rede também têm divergências em outros palanques. A tendência é que cada grupo fique livre para apoiar quem quiser onde não houver acordo.
Para o PSDB, não é exatamente uma boa notícia porque diminui o tempo no horário eleitoral gratuito. Mas também não chega a ser má. É pouco provável que França chegue ao segundo turno. Caso Alckmin passe para a etapa seguinte, a chance de contar com o apoio do PSB é grande. Um nome identificado com Marina seria certamente hostil à atual gestão em São Paulo. Se o candidato vier do, digamos “PSB peessebista”, não.Por Reinaldo Azevedo
12/02/2014 às 19:35
Vejam os pacíficos do MST tentando “negociar” na base do porrete (Pedro Ladeira/Folhapress)
Os sem-terra, que não existem — são um mero aparelho de produzir ideologia, chefiado pelo sr. João Pedro Stedile (qual é a ocupação e a fonte de renda dele?) — decidiram invadir Brasília. Estima-se que estavam lá umas 15 mil pessoas. Aí o leitor, que é um ser lógico, se pergunta: “Mas Reinaldo, como e que algo que não existe pode promover uma invasão?” Eu explico: o MST, como movimento, existe; os sem-terra, como categoria, é que entraram em extinção. O MST é um grupo político, alimentado, na prática, com dinheiro público, saído dos programas de agricultura familiar. As pessoas mobilizadas por Stédile, em grande parte, não eram originalmente agricultores; não sabem plantar um pé de milho, um pé de feijão, um pé de mandioca. Não conseguiriam distinguir o alho, que é um alimento, do bugalho, que é uma praga. Essas pessoas eram trabalhadores urbanos, recrutados nas periferias das cidades médias do interior. Ou são desempregadas ou, o que é mais curioso, trabalham na cidade e voltam à noite para os acampamentos do MST à espera de um pedaço de terra.
E por que é assim?
Porque a o modelo de distribuição de terra já deu o que tinha de dar. Vejam a tabela abaixo com o número de famílias assentadas ano a ano a partir de 1995.
Em números oficiais, do Incra, o governo FHC assentou 570.704 famílias; o de Lula, 614.088; o de Dilma, em três anos, apenas 75.335. E olhem que as coisas podem não ser bem assim. O governo Lula, mistificador como sempre, incluiu como obra sua, de reforma agrária, simples realocação de pessoas e regularização de posse de agricultores já instalados em áreas rurais, muitas vezes públicas. Um estudo rigoroso vai demonstrar que, na verdade, Lula assentou pouco mais de 211 mil famílias, não mais de 614 mil. Quando se considera a extensão de terra efetivamente desapropriada, FHC ganha de longe: 10,2 milhões de hectares contra 4,5 milhões. Ou seja, aquele que as extremas esquerdas consideram o grande satã do neoliberalismo, FHC, foi o mais generoso com os sem-terra.
Os sem-terra estão em declínio — embora possam promover bagunça em Brasília. Basta ver a queda no número de invasões de propriedades: em 1999, no auge, foram 502; em 2013, foram 107 (vejam tabela publicada pelo Estadão).
Ainda bem que é assim. Essa causa já acabou. O que o Brasil precisa agora é cuidar dos muitos milhões de hectares que estão, direta ou indiretamente, sob o controle do MST e que contam com financiamento público. Qual é a produtividade dessa terra? Por que a esmagadora maioria dos assentamentos conta com Bolsa Família e cesta básica? Então o país ainda torra uma fábula de dinheiro público com reforma agrária e depois precisa tornar as famílias dependentes do Estado? Que fique claro: como houve uma queda importante do desemprego nos últimos anos no país e com o alastramento do Bolsa Família, a mão de obra disponível para promover a causa do MST diminuiu drasticamente.
Em Brasília, violentos como sempre, arruaceiros, tendentes a ações similares ao terrorismo, os partidários do MST tentaram nada mais nada menos do que invadir o Supremo Tribunal Federal, a sede do Poder Judiciário. Houve confronto com a Polícia, e foi preciso recorrer a bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha para conter os valentes de Stedile. A sessão teve de ser suspensa — foi retomada mais tarde. Quem é o interlocutor do governo federal junto aos chamados “movimentos sociais”? Chama-se Gilberto Carvalho, o segundo homem mais influente do PT.
É só incompetência ou é cálculo? Carvalho também é o homem responsável pela interlocução com movimentos indígenas. Aliás, numa área da Bahia, agricultores ligados ao MST estão em pé de guerra com índios tupinambás, acusados de matar um trabalhador rural — todos eles, em tese, estão sob a responsabilidade de Carvalho. Ele não vai se demitir?
Dilma, claro, decidiu se encontrar com os sem-terra depois das manifestações explícitas de truculência. É assim mesmo, Soberana, que Vossa Excelência estimula a desordem e a violência. Parabéns!
Gilberto Carvalho, que deveria ter evitado a selvageria, apareceu para conversar(Pedro Ladeira/Folhapress)Por Reinaldo Azevedo
12/02/2014 às 17:56
Tudo o que quer Jonas Tadeu Nunes, advogado de Fábio Raposo e de Caio Silva de Souza, é evitar o júri popular, que só é acionado, como deve saber o leitor, nos crimes dolosos contra a vida. A polícia vai pedir o indiciamento da dupla com base nos incisos II e III do Parágrafo 2º do Artigo 121 do Código Penal e com base no Artigo 251.
O primeiro (121) trata de homicídio doloso qualificado por motivo fútil (II), com auxílio de explosivo (III). A pena para esse crime é de 12 a 30 anos de prisão. O artigo 251 pune com três a seis anos de reclusão quem provoca explosão que põe a vida de terceiros em risco, com agravante de um terço se o ato feriu ou buscava ferir alguém.
Se o Ministério Púbico acatar a denúncia dessa forma e se os dois rapazes forem a júri popular, uma conta simples demonstra que, NO MÍNIMO, eles serão condenados 16 anos de cadeia: pelo menos 12 por homicídio qualificado com uso de explosivo e pelo 4 (3 mais um terço) por crime de explosão. A pena máxima, como é da nossa lei, é de 35 anos.
O advogado quer evitar esse enquadramento. Diz que seus clientes incorreram no parágrafo 3º do Artigo 129, que é a lesão corporal seguida de morte, quando os agentes não correram conscientemente o risco de produzir o resultado. A pena de 4 a 12 anos, a ser arbitrada pelo juiz, não pelo tribunal do júri.
Vamos ver. Parece difícil defender a tese de que a dupla acendeu um morteiro sem assumir conscientemente aquele risco… Advogados com os quais conversei consideram a situação delicada porque afirmam que, do ponto de vista fático, seria mais fácil argumentar em favor do homicídio culposo. Por outro lado, observam que, nesse caso, a pena é tão branda (de um a três anos), que soaria inaceitável.
A impressão que tenho é que a dupla dificilmente escarpará do tribunal do júri.Por Reinaldo Azevedo
12/02/2014 às 17:22
Por Sérgio Ramalho, no Globo. Volto no próximo post.
A promotora do Ministério Público estadual Cláudia Condack, que receberá nos próximos dias o inquérito da Polícia Civil sobre a morte do cinegrafista da Band Santiago Andrade, atingido por um rojão durante manifestação na Central do Brasil, acredita que as provas reunidas na investigação serão suficientes para levar Caio Silva de Souza e Fábio Raposo a julgamento no Tribunal do Júri. As penas podem chegar a 35 anos de prisão. De acordo com a promotora, o delegado Maurício Luciano de Almeida, da 17ª DP (São Cristóvão), tem 30 dias para concluir o inquérito. Contudo, Cláudia Condack acredita que o trabalho será concluído antes e denúncia oferecida ao Tribunal de Justiça ainda este mês: “Ainda não tive acesso ao inquérito, mas pelo que venho acompanhando a investigação reuniu evidências técnicas que provam a participação direta dos dois suspeitos no lançamento do artefato que atingiu o cinegrafista. O homicídio doloso fica caracterizado diante do risco que eles assumiram ao acender o rojão em meio a uma manifestação”, disse.
A partir do oferecimento da denúncia, segundo a promotora, o Tribunal de Justiça irá distribuir a um dos quatro tribunais do júri o processo. Na fase seguinte, o juiz escolhido analisa a denúncia, convertendo ou não as prisões temporárias de 30 dias para prisões preventivas. “Nesse caso, acredito na conversão imediata para prisão preventiva. Com isso, os suspeitos devem permanecer sob custódia até o fim do julgamento “, disse Cláudia Condack.
Caberá ao juiz a pronúncia dos dois suspeitos que, então, passam à condição de réus. O passo seguinte é iniciar a fase de depoimentos, conhecida como oitivas de defesa e acusação. O corpo do júri, formado por sete pessoas, é selecionado entre 21 jurados. Tanto o advogado de defesa quanto os promotores de acusação podem descartar, cada um, até três jurados.Por Reinaldo Azevedo
12/02/2014 às 13:32
Por Daniel Haidar, da VEJA.com:
A prisão e o indiciamento dos dois acusados de matar o cinegrafista Santiago Ilídio Andrade pode levar a Polícia Civil a identificar o mecanismo que sustenta e financia ações terroristas e ataques de mascarados em manifestações. Em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira, o chefe de Polícia Civil, Fernando Veloso, e o delegado titular da 17ª DP (São Cristóvão), Maurício Luciano, afirmaram que a investigação da morte de Andrade está concluída, e que outros inquéritos, em seguida, tratarão das conexões do grupo e de quem financia e alicia jovens para esse tipo de ação. Os dois delegados revelaram detalhes da prisão de Caio Silva de Souza, identificado como o homem que acendeu o rojão que matou o cinegrafista.
“O inquérito está acabado. Vamos juntar peças técnicas e, na sexta-feira, os réus serão encaminhados ao judiciário”, disse Luciano. Também está preso e indiciado o tatuador Rafael Raposo Barbosa, que confessou ter passado o artefato explosivo para Souza. “Posteriormente vamos investigar outras questões, como financiamento, outros crimes ligados às manifestações e quem alicia”, afirmou o delegado.
Segundo Luciano, Souza não confessou. No entanto, em uma imagem exibida pela TV Globo, afirma que acendeu o rojão que vitimou Andrade. Oficialmente, Souza optou por só falar em juízo e não deu declarações sobre o crime. Ele não ofereceu resistência à prisão.
O advogado Jonas Tadeu Nunes afirmou, em entrevista à rádio Jovem Pan, pela manhã, que tem informações de que Souza, assim como outros jovens que atuam mascarados em protestos, são “aliciados”. “Esses jovens… Esse Caio, por exemplo, é miserável. Esses jovens são aliciados por grupos. Eles recebem até uma espécie de ajuda financeira, de mesada, para participar dessas manifestações, com o intuito de terrorismo social”, disse, sem dar detalhes sobre o aliciamento.
“São jovens de preferência revoltados, que têm uma certa ideologia, pobres, são aliciados para participar das manifestações. São jovens que não têm dinheiro para comprar máscaras, não tem dinheiro para comprar fogos”, disse. Nunes cita “diretórios de partidos”, mas não revela quais são. “Sim, são agrupamentos, movimentos… Tem até diretórios [de partidos políticos], segundo informações que eu tenho. Eu não posso divulgar porque tenho que preservar vidas. É papel da imprensa, da Polícia Federal, investigar diretórios regionais de partidos, investigar esses movimentos sociais, que aliciam esses jovens, que patrocinam, que fomentam financeiramente essas manifestações”, afirmou.
Prisão
A captura foi possível, segundo os delegados, a partir da ação do advogado Jonas Tadeu Nunes, que também havia levado à Polícia Civil a identificação do acusado. Souza pretendia fugir para a casa dos avós paternos, no noroeste do Ceará, na cidade de Ipu. A partir de contatos telefônicos de Nunes e da namorada do rapaz, segundo contou o advogado, Souza foi convencido a interromper a viagem e se hospedar em Feira de Santana.
“O destino inicial dele era Ipu. Eu, o advogado e a namorada fomos até Feira de Santana, onde ele estava. A namorada o encontrou. Ele estava extremamente assustado, faminto, sem dormir. Depois de uma conversa dela com ele, me apresentei como delegado responsável pelo caso, disse que os direitos dele estavam garantidos. Chegaram as equipes da Polícia Civil do Rio e foi feita a transferência, com apoio logístico da Polícia Civil da Bahia”, contou Luciano.
Pobreza
O delegado do caso afirmou que Souza mora em um local miserável em Nilópolis, na Baixada Fluminense. “(Souza) não falou em arrependimento, nem que praticou. Mostrou idealismo, falou muito de sua condição social. Atenuou dificuldades financeiras que enfrenta com a família. Ele está firme em dizer que não vai declarar absolutamente nada. Esta confissão, no entanto, não interfere no indiciamento, só serviria para corroborar. As provas que temos são contundentes e não deixam margens para dúvidas”, disse Luciano.Por Reinaldo Azevedo
12/02/2014 às 11:24
Na manhã desta quarta, Jonas Tadeu Nunes, advogado de Fábio Raposo e Caio Silva de Souza, que acenderam o morteiro que matou o cinegrafista Santiago Andrade, concedeu uma entrevista à rádio Jovem Pan. Participei da equipe que conversou com ele. Nunes faz uma acusação muito grave: segundo diz, jovens, a exemplo de seus clientes, estão sendo financiados “por grupos” — recebendo dinheiro mesmo! — para promover a baderna país afora. Nas suas palavras:“Eles recebem até uma espécie de ajuda financeira, de mesada, para participar dessas manifestações, com o intuito de terrorismo social”.
Segundo o advogado, tanto a imprensa como a polícia devem investigar a atuação de diretório de partidos políticos. A denúncia é muito grave. Segundo o advogado, ao chegar às manifestações, os jovens são municiados com máscaras de gás, explosivos etc. Nunes sugere que a vida de seus clientes está correndo risco. Para ouvir a íntegra da entrevista, clique aqui.
Abaixo, transcrevo trechos da entrevista.
Ajuda financeira para o “terrorismo social”
“Esses jovens… Esse Caio, por exemplo, é miserável. Esses jovens são aliciados por grupos. Eles recebem até uma espécie de ajuda financeira, de mesada, para participar dessas manifestações, com o intuito de terrorismo social”.
Jovens com medo de represálias
“Antes de chegar ao Caio, eu estive com outros jovens, que fazem parte desses movimentos (…) Mas são jovens que são aliciados. Uns três ou quatro jovens foram categóricos ao afirmar, e eles não querem que divulguem o nome porque eles têm medo, muito medo, de represálias…”
Pobre aliciados
“São jovens de preferência revoltados, que têm uma certa ideologia, pobres, são aliciados para participar das manifestações. São jovens que não têm dinheiro para comprar máscaras, não tem dinheiro para comprar fogos…”
Por trás, vereadores e deputados estaduais
“Isso cabe a vocês da imprensa [apurar]. Vocês, da imprensa, são os olhos e os ouvidos da sociedade. A prisão desse rapaz não deveria encerrar essa desgraça que houve com a família do Santiago, a desgraça que está havendo com a família desses dois jovens. Vocês deveriam investigar isso: investigar vereadores em Câmaras Municipais, investigar deputados estaduais…
Diretórios de partidos
“Sim, são agrupamentos, movimentos… Tem até diretórios [de partidos políticos], segundo informações que eu tenho… Eu não posso divulgar porque tenho que preservar vidas… É papel da imprensa, da Polícia Federal, investigar diretórios regionais de partidos, investigar esses movimentos sociais, que aliciam esses jovens, que patrocinam, que fomentam financeiramente essas manifestações.
Vai apresentar as provas desse aliciamento em juízo?
“Vou conversar com os meus clientes, vou ver se eles permitem, vou conversar também no Conselho Regional da OAB (…). Vocês da imprensa estão satisfeitos com a prisão deles. Tem de investigar quem municiou esses jovens. Esses jovens chegam às manifestações e são municiados com fogos de artifício, são fomentados financeiramente.”
A imprensa
“Essas informações que eu tenho, não sou só eu, não. Tem muitos colegas de vocês que têm essas informações. Tem muita gente da imprensa que sabe quem está por trás disso.”
Rolezinho
“Esse mesmo engendramento iria partir depois para os rolezinhos… Qualquer pessoa pode entrar e sair de shoppings. Então vamos criar os rolezinhos para desestabilizar a sociedade”.
Marcelo Freixo
“Confirmo com toda a veemência [que a militante Sininho diz ter falado em nome do deputado estadual Marcelo Freixo, do PSOL-RJ]. Eu ouvi isso dela. Eu ouvi [de Sininho] que os dois rapazes eram conhecidos de Marcelo Freixo. Ela me disse que estava ligando a mando do deputado Marcelo Freixo, oferecendo assistência jurídica”.
Encerro
É isso aí. Sem dúvida, o jornalismo tem uma grande desafio pela frente — afinal, sua tarefa é informar o que está acontecendo. E a Polícia Federal tem aí algumas dicas, não é? Sua tarefa é reprimir o crime. Que investigue.Por Reinaldo Azevedo
12/02/2014 às 5:48
— Ministério Público do Trabalho diz que “Mais Médicos” é ilegal e sacrifica valores constitucionaisPor Reinaldo Azevedo
12/02/2014 às 5:30
Caio no vídeo e em uma foto de arquivo
Caio Silva de Souza, 23 anos, acusado de ter acendido o morteiro que matou o cinegrafista Santiago Andrade, foi preso às 3h desta quarta em Feira de Santana, na Bahia, segundo informou o plantão da GloboNews.
Informa o G1:
A prisão ocorreu por volta de 2h (3h de Brasília, já que na Bahia não há horário de verão). Ele estava na pousada Gonçalves, que fica perto da rodoviária. No momento da prisão, o suspeito não reagiu. A prisão foi efetuada pelo delegado que investiga o caso, Maurício Luciano de Almeida e Silva, da Polícia Civil do Rio de Janeiro, que estava acompanhado do advogado de Caio, Jonas Tadeu, que também defende outro rapaz envolvido no caso, Fábio Raposo, que está preso no Rio.
(…)
O mandado de prisão temporária de Caio Silva foi expedido na segunda-feira (10), no fim da noite. No documento, a Justiça informa que o indiciado foi apontado como responsável por acender e posicionar o artefato que, detonado na direção do cinegrafista, causou a sua morte.
O delegado que investiga o caso informou que foi Fabio Raposo quem apontou Caio Silva como responsável por disparar o rojão que atingiu o cinegrafista. O suspeito foi identificado através de uma foto mostrada a Fabio Raposo, que teria contado também que conhecia Caio de outros protestos e que ele tem um perfil violento.
Caio Silva de Souza tem quatro registros na polícia do Rio. Em 2008, deu queixa dizendo ter sido agredido pelo irmão. Em 2010, foi levado duas vezes à delegacia por suspeita de porte de drogas, mas não chegou a ser acusado. E, em 2013, foi à polícia dizer que tinha sido agredido em um protesto no Centro do Rio.
Caio e Fábio foram indiciados por homicídio doloso qualificado por uso de artefato explosivo e crime de explosão. Se forem condenados, podem pegar até 35 anos de prisão.Por Reinaldo Azevedo
12/02/2014 às 5:14
Paula Máiran: membro do PSOL preside sindicato que emitiu nota indigna sobre assassinato. Com a palavra, os filiados à entidade
Ah, agora entendi tudo. Critiquei aqui a nota bucéfala, absurda, estúpida mesmo, do Sindicato dos Jornalistas do Rio por ocasião do assassinato do cinegrafista Santiago Andrade. Em vez de pedir a prisão dos culpados, em vez de censurar os violentos, em vez de lastimar a ação dos bandidos que mataram Santiago, a entidade preferiu, vejam que coisa!, criticar as empresas de comunicação e o “estado brasileiro”. Não só isso.
Embora as provas materiais e uma confissão deixassem claro, sem sombra para dúvidas, a autoria do assassinato, o sindicato decidiu considerar essa questão irrelevante. Sua nota começa assim: “Independentemente de onde tenha partido o artefato explosivo que feriu gravemente o repórter cinematográfico Santiago Ilídio Andrade, que trabalha na TV Bandeirantes (…)”
Com todo o respeito aos meus colegas do Rio, continuar filiado a uma entidade como essa é rebaixar-se moralmente.
Tudo explicado
Mas está tudo explicado. O sindicato é presidido por uma senhora chamada Paula Máiran, que já foi assessora do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ) e coordenadora de sua campanha à Prefeitura do Rio em 2012. Na verdade, ela é uma militante da legenda.
O PSOL é o partido de Freixo, aquele para quem a já notória Sininho (Elisa de Quadros Pinto Sanzi) ligou em busca de assistência jurídica para um dos assassinos de Santiago. Segundo o advogado de Fábio Raposo, ela lhe teria dito que os dois rapazes seriam ligados a Freixo, o que o deputado nega, é claro!
Parece que as afinidades eletivas explicam a nota asquerosa e covarde do sindicato — que, dados os termos em que se manifestou, não serve, obviamente, à categoria, mas a um grupo político.Por Reinaldo Azevedo
12/02/2014 às 4:36
“Sininho”, como vocês sabem, é o apelido, assim, chuca-chuca, “tinker bell”, de uma mulher de 28 anos chamadas Elisa de Quadros Pinto Sanzi (acima, em foto de Gabriel de Paiva, da Agência Globo). É aquela jovem sem ocupação conhecida — parece não precisar de emprego… — que se oferece, assim, para ser uma espécie de porta-voz, melhor amiga e relações-púbicas dos black blocs. A nossa imprensa a chama de “ativista” — o contrário, creio, deve ser “passivista”. Os pobres do Rio não simpatizam com ela, mas ela quer falar em nome deles. Ontem, tentou pegar um ônibus, mas os passageiros não permitiram a entrada da “patricinha hipócrita” (leia post na home), embora ela ostentasse a palavra “favela” na camiseta.
Leio o seguinte trecho em de Sérgio Ramalho e Rubem Berta, no Globo Online:
(…)
Sininho acumula fichas na polícia desde o início das manifestações, em junho do ano passado. A última delas aconteceu em 19 de janeiro, quando foi levada à 5ª DP (Mem de Sá) sob acusação de ter chamado de “macaco” um policial militar durante discussão na Lapa. Antes desse episódio, onde acabou indiciada por desacato e foi liberada, Sininho já havia sido presa outras duas vezes por formação de quadrilha.
A ativista é natural de Porto Alegre e afirmou, ao ser presa em 2013, que não trabalhava. Mesmo assim tem dois endereços no Rio: um em Copacabana e outro no Rio Comprido. A Polícia Civil também descobriu que a ativista possui duas carteiras de identidade, com números diferentes.
O cinegrafista Santiago Andrade, de 49 anos, teve morte cerebral anunciada nesta segunda-feira. Ele foi atingido na última quinta-feira por um rojão lançado por manifestantes durante um protesto no Centro. Foi o primeiro caso de morte entre jornalistas atacados durante os protestos que, desde junho de 2013, acontecem no Rio e em outras cidades do país.
Encerro
Deixo um conselho a Sininho: pare de cutucar o povo com a sua varinha curta.Por Reinaldo Azevedo
12/02/2014 às 4:04
Agora entendi por que a cidade de São Paulo está assim. Agora entendi por que Fernando Haddad é, provavelmente, o prefeito mais impopular da história com 14 meses de poder. Ele não gosta dos paulistanos. Intimamente, deve estar arrependido da escolha que fez. Estava feliz lá no Ministério da Educação, a maior fábrica de factoides do governo petista. Aí Lula inventou que ele era um bom produto eleitoral. O paulistano bem que resistiu o quanto pôde, mas acabou caindo na conversa. E aí está o homem.
Em entrevista à BBC Brasil, o prefeito de São Paulo deixou claro que considera a elite da cidade mal educada — e, segundo entendi, ele se dispõe a educá-la. Para Haddad, os paulistanos da elite são “pobres de espírito”. Disse ainda que é uma gente “míope” e que faz carga no Congresso contra a renegociação da dívida.
Santo Deus! Quem decidiu que não levaria adiante o projeto para renegociar a dívida dos estados e municípios foi a presidente Dilma Rousseff, que é do mesmo partido de Haddad. Ela tem a maior base congressual da história. Se não tocou o projeto adiante, é porque não quer ou não acha bom. O que a tal elite paulistana tem com isso?
Haddad deveria dizer a quem se refere, dar os nomes, não é mesmo? O prefeito de São Paulo tentou aplicar um reajuste escorchante do IPTU. Deu com os burros n’água. Duas ações na Justiça acabaram prosperando, e o aumento foi suspenso. Uma é do PSDB; a outra foi movida pela Fiesp, presidida por Paulo Skaf, que é do PMDB, o principal partido de apoio à presidente Dilma. Por que, então, este corajoso Haddad não tromba com Skaf? Porque é politicamente covarde. Eis a resposta.
A verdade é que Haddad já está com o saco cheio de São Paulo. Saibam: um bom prefeito pode até passar por incompetente se tiver contra ele um partido como o PT e a imprensa. Acontece. Mas o contrário é muito difícil: é pouco provável que um incompetente passe por bom prefeito. E Haddad é de uma incompetência assombrosa.
Há dias, este gênio da política e do marketing houve por bem diminuir de 41 para 22 os itens do material escolar que a Prefeitura distribui a seus alunos. Cortou dos pobres caneta, lápis e caderno. Seu secretário de Educação tentou explicar: as donas de casa estariam fazendo lista de supermercado com os cadernos. Entendi. Pobre não sabe usar adequadamente essas coisas.
No Ministério da Educação, era fácil mover os tanques e fingir que alguma coisa estava acontecendo. Em 2012, como fruto da gestão Haddad, o analfabetismo voltou a crescer na comparação com o ano anterior. Foi a primeira vez que isso se deu em 15 anos. Analfabetos são as pessoas com mais de 15 anos que não sabem ler e escrever. A taxa era de 8,6% em 2011 e passou para 8,7% em 2012. Parece pouco? Isso significa 300 mil analfabetos a mais. No exame do Pisa, o Brasil obteve o 58º lugar numa lista de 65 países. Mas é possível que até ele acreditasse na cascata de Lula de que era o “melhor ministro da educação que este país já teve”.
Na Prefeitura, o estoque de truques é muito menor. Saliva não tapa buraco de rua. Saliva não aumenta o número de ônibus nos corredores. Saliva não desobstrui o tráfego. Saliva não faz uniforme chegar no prazo. Saliva não melhora o atendimento à saúde. Saliva não constrói creche.
Com o saco cheio de ser prefeito, Haddad decidiu agora atacar os paulistanos.
Ah, sim: ele disse, no entanto, que a capital paulista tem potencial para ser uma Xangai, numa referência à megacidade chinesa. Essa é, aliás, a nova metáfora predileta dos petistas. Alexandre Padilha, que será candidato do PT ao governo, já se saiu com essa, referindo-se ao estado. Aliás, estae é a outra grande ideia do Apedeuta, agora oferecida aos paulistas. A exemplo de Haddad, Padilha também se candidata prometendo mundos sem fundos. Brasil e mundo afora, prefeitos defendem a população das respectivas cidades que administram porque estão sempre pleiteando benefícios para elas seja de outras esferas de governo, seja de instituições multilaterais de crédito. Haddad, o “homem novo”, age de modo diferente. Ele difama uma parcela dos paulistanos.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Fernando Haddad, Prefeitura de SP
11/02/2014 às 22:51
Não gosto do estilo do secretário da Saúde do Ceará, Ciro Gomes. Mais de uma vez, basta consultar o arquivo, já censurei o seu destempero, a sua falta de comedimento, o seu vocabulário desassombrado. Rejeito também as análises de conjuntura que faz etc. Mas, confesso, não vi agressão nenhuma no vídeo abaixo, que está em todos os sites e portais. Vejam. Volto em seguida.
Nem iria tocar no assunto, mas alguns leitores insistem para que fale. Então falo. Não há agressão. Esse rapaz não é da imprensa, como fica evidente. Está ali para ofender o político, o que fica claro logo de saída, quando diz: “Mais um que faz parte da corja…”.
Ele tem o direito de achar que o outro “faz parte da corja”, mas não pode exigir, então, que este dê declarações ou se deixe filmar. Afastar alguém com o braço para não ser filmado não é agressão. Caso se tratasse de um jornalista, fazendo um trabalho de imprensa, haveria inconveniência, mas não creio que o hipotético profissional se aproximasse afirmando “mais um que faz parte da corja”.
Ciro participava da inauguração de uma UPA em Fortaleza, na sexta, dia 7.
Esse estilo “mídia ninja” tem de ser menos sensível. Se você quer chamar o outro de corja e enfiar a câmera na cara dele, nem que seja a de um celular, tem de saber que se expõe a uma reação.
Publiquei aqui outro dia um vídeo em que moradores de Brasília atraem o governador Agnelo Queiroz para uma armadilha. Dão os parabéns a ele, elogiam-no, e ele se aproxima. Quando chega, dizem que faz um péssimo governo e que destruiu Brasília.
O jornalismo jamais faria isso, é evidente. Agnelo, no caso, só se afastou. Se tivesse, sei lá, afastado os caras com as mãos, estaria caracterizada uma “agressão”? Eu acho que não. Quem adota esse estilo tem de saber que a reação pode não ser a melhor. De todo modo, é bom que a autoridade jamais se esqueça de sua função pública.
No caso em espécie, no entanto, não vi agressão nenhuma. Já tive uma penca de motivos para criticar Ciro Gomes e o fiz. Mas não nesse episódio.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Ciro Gomes
11/02/2014 às 22:20
Como vocês leem no post anterior, o ministro Joaquim Barbosa, no retorno do recesso, revogou decisões tomadas por Ricardo Lewandowski. Fossem só questiúnculas relativas ao IPTU desse município ou daquele, ninguém daria a menor bola. Isso acontece. Está longe de ser a primeira vez. Há um caso famosíssimo, não é? No ano 2000, Marco Aurélio Mello concedeu na interinidade um habeas corpus a Salvatore Cacciola. Na sua volta, o ministro Carlos Veloso o revogou, mas o então banqueiro há havia se mandado para a Itália.
Nem Lewandowski fez algo que estava fora do seu alcance, respondendo pelo tribunal, nem Barbosa transgrediu qualquer norma ao revogar a decisão — porque é de sua competência.
Estou eu aqui dando uma de Poliana? Não! É evidente que reconheço a contida beligerância — nem tão contida às vezes — que há entre os dois. Mas com quem exatamente estaria o ânimo provocador?
Curioso o ministro Lewandowski, né? Para assinar a ordem de prisão de João Paulo Cunha, ele não se sentiu competente, não é mesmo? Nesse caso, achou que o presidente do tribunal teria de fazê-lo pessoalmente. Quando foi para beneficiar Dirceu, Lewandowski não se fez de rogado.Por Reinaldo Azevedo
11/02/2014 às 21:52
Por Laryssa Borges, na VEJA.com. Comento no próximo post:
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, revogou decisão do ministro Ricardo Lewandowski, que determinava que a Vara de Execuções Penais (VEP) do Distrito Federal analisasse o pedido de trabalho externo do ex-ministro José Dirceu. Condenado no julgamento do mensalão, Dirceu apresentou oferta para trabalhar na biblioteca do criminalista José Gerardo Grossi, mas a análise do caso havia sido interrompida pela VEP após as suspeitas de que o mensaleiro tenha utilizado um telefone celular no Complexo Penitenciário da Papuda, onde cumpre pena.
No final de janeiro, Ricardo Lewandowski acolheu pedido da defesa do ex-ministro da Casa Civil e determinou que a Vara de Execuções Penais do DF retomasse a análise de benefícios externos ao mensaleiro, como a possibilidade de ele trabalhar com Grossi. A decisão de interromper a análise de benefícios externos ao mensaleiro foi tomada enquanto não fosse esclarecida a suspeita de uso de um telefone celular dentro da cadeia.
Ao relatar a decisão tomada por seu colega, o ministro Joaquim Barbosa alegou que o magistrado que o substituía na presidência do Supremo havia tomado a decisão de forma “sumária” e violando o devido processo legal. Para o presidente do STF, por exemplo, Lewandowski errou ao não pedir manifestações prévias do Ministério Público e da VEP sobre o caso. “A decisão que determinou o exame imediato do pedido de trabalho externo do reeducando importou um atropelamento do devido processo legal, pois deixou de ouvir previamente o MPF e o juízo das execuções penais cuja decisão foi sumariamente revogada”, disse Barbosa ao revogar a decisão do ministro.
O presidente do STF, Joaquim Barbosa, já havia derrubado outras duas decisões proferidas durante o recesso da Corte pelo vice-presidente Ricardo Lewandowski. As decisões de Barbosa restauram liminares que impedem o aumento do imposto predial e territorial urbano (IPTU) nos municípios de Caçador (SC) e São José do Rio Preto (SP). Lewandowski havia liberado os reajustes. No andamento do processo, havia recursos contrários ao reajuste, pedindo para que o assunto fosse decidido pelo plenário. Barbosa, no entanto, aguardou apenas as decisões de Lewandowski serem publicadas para revertê-las. Com isso, julgou prejudicados os recursos que pediam para o assunto continuasse a ser discutido. As decisões de Barbosa agravam a desgastada relação entre o presidente do STF e o vice.
Durante o recesso, Lewandowski havia julgado um recurso contra uma decisão de Barbosa. O presidente do STF havia negado um pedido de uma advogada cega para que ela pudesse encaminhar petições ao tribunal de forma convencional. Ela alega que o sistema eletrônico estabelecido pelo tribunal a impedia de trabalhar. Barbosa negou o pedido, afirmando que a advogada poderia pedir ajuda de outra pessoa para fazer as petições por meio eletrônico.
Ao julgar o recurso contra a decisão de Barbosa, Lewandowski permitiu à advogada que encaminhe petições físicas, em papel, ao tribunal. O ministro afirmou que, enquanto o tribunal não adaptar o sistema eletrônico a pessoas com necessidades especiais, a advogada poderá usar o sistema convencional. A relação entre Barbosa e Lewandowski se deteriorou durante o julgamento do mensalão. Barbosa acusava Lewandowski de “chicanas” em favor dos acusados de envolvimento no esquema de corrupção. Numa das ocasiões, os dois tiveram de ser separados na saída do plenário para evitar que a discussão descambasse para um embate mais acalorado.
Ao final do ano, em novembro, Joaquim Barbosa passará a presidência do Supremo para Ricardo Lewandowski. Em razão dessa relação desgastada, o tribunal não repetirá a prática iniciada pelo ministro Gilmar Mendes, de iniciar a transição com meses de antecedência. A prática visava a evitar descontinuidades em projetos ou processos.Por Reinaldo Azevedo
11/02/2014 às 21:10
Por Marcela Mattos, na VEJA.com:
O Ministério da Saúde informou nesta terça-feira que 27 médicos cubanos abandonaram o Mais Médicos, programa federal que será bandeira de campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff. Desse total, o governo afirmou ter sido notificado nesta semana de três novas ausências – na semana passada, eram 22 desistências –, além dos já conhecidos casos de Ramona Rodriguez e Ortelio Jaime Guerra. Esses cinco casos são diferentes dos 22 contabilizados até então, porque eles não retornaram para Cuba.
Atualmente, o Ministério da Saúde não tem um protocolo para definir prazos nem regras sobre o afastamento dos participantes do programa. Diante da debandada, o ministro Arthur Chioro disse que nesta quinta-feira serão publicadas no Diário Oficial da União as normas para definir o processo de desligamento. O governo pretende fixar um limite de dez a quinze dias para o município onde os médicos atuam informar a saída dos profissionais. Também nesta quinta será divulgada a lista de 89 profissionais considerados faltosos. Caso eles não retornem aos postos, a pasta iniciará o processo de desligamento com a convocação de substitutos.
O ministro da Saúde afirmou ainda que o governo endurecerá as punições para os municípios que descumprirem as obrigações com o programa, como o repasse de verbas. Será estabelecido um prazo de cinco dias para que as cidades apresentem justificativas para os problemas, além de um limite de quinze dias para a correção. Caso as irregularidades não sejam solucionadas, os municípios podem ser descadastrados do Mais Médicos. “Não podemos imaginar que um programa com esse sucesso possa ter problemas porque um município não consegue cumprir as suas responsabilidades”, disse Chioro. O ministro negou que a saída de médicos preocupe o governo. “Para nós, o que preocupa é recompor o programa e garantir a cada brasileiro o direito a ter uma equipe completa. Comparando-se a experiências internacionais, esse número ainda é insignificante”, disse Chioro.
Ramona
O Ministério da Saúde também informou nesta terça o desligamento definitivo da médica cubana Ramona Rodriguez, que fugiu da cidade paraense de Pacajá no dia 1º deste mês e denunciou o contrato diferenciado firmado entre os profissionais cubanos. O afastamento será publicado no Diário Oficial da União desta quarta. Ramona teve concedido o pedido de refúgio provisório no país e começa a trabalhar nesta quarta na Associação Médica Brasileira (AMB).
Além do salário diferenciado aos profissionais cubanos, Ramona denunciou que tinha de pedir autorização para supervisores cubanos para sair de casa. O ministro da Saúde rebateu as acusações: “Não me consta que nenhum profissional tenha restrição de ir e vir. Eu posso dizer porque me relaciono desde o início do programa com médicos que vão para onde querem. O que fazem depois que saem das unidades básicas compete a cada um deles. Posso dizer que na minha cidade eles iam a festas, estavam vivendo um processo de integração sem nenhum tipo de cerceamento”, afirmou Chioro. Sobre o salário reduzido aos cubanos, o ministro sinalizou que pode negociar com a Organização Pan-americana de Saúde (Opas) o aumento da remuneração.Por Reinaldo Azevedo
11/02/2014 às 21:00
Por Pâmela Oliveira, na VEJA.com:
Elisa Quadros, conhecida como Sininho, sentiu na própria pele a reação contrária da população às manifestações violentas que voltaram a tomar conta do Rio de Janeiro nos últimos dias. Ao deixar a 17ª Delegacia de Polícia (São Cristóvão) nesta terça-feira, ela fez sinal para um ônibus no ponto mais próximo, mas o motorista do coletivo se recusou a parar. O condutor não quis contrariar um grupo que, de dentro do coletivo, gritou: “Aqui você não entra”.
“Chega de hipocrisia”, gritaram alguns dos passageiros da linha 474 (Jacaré-Jardim de Alah), depois de vê-la vestida com uma camiseta com os dizeres “Favela não se cala”. A agora famosa black bloc também foi chamada de “assassina” por um homem que passava pela rua e precisou ser contido por um policial militar. Assustada, ela chegou a pedir até o auxílio de um profissional da imprensa que seu grupo tanto critica.
Sininho foi à delegacia prestar depoimento a respeito de uma oferta supostamente feita por ela em nome do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) ao advogado de Fábio Raposo, preso sob a acusação de ter repassado o rojão que atingiu a cabeça de Andrade. O estagiário do defensor Jonas Tadeu Nunes afirma ter recebido uma ligação dela dizendo que os advogados do parlamentar poderiam auxiliar na defesa de Raposo.
Depoimento
Elisa chegou para depor às14h e saiu da delegacia por volta das 16h30. Ela se recusou a falar com a imprensa, apenas negou conhecer Caio Silva de Souza, suspeito de acender o rojão que matou o cinegrafista. Souza teve a prisão decretada pela Justiça no início da madrugada desta terça e já foi procurado pela polícia em sua casa, no município de Nilópolis, na Baixada Fluminense, e no Hospital Rocha Faria, na Zona Oeste da capital, onde trabalha como porteiro.
Sininho ficou famosa entre os black blocs por duas razões: ser destemida e bonita – quando não está com o rosto coberto. Recusou-se, justamente por isso, a dar entrevistas à ‘mídia tradicional’, basicamente incluídos nesse grupo todos os jornalistas de empresas de comunicação. Por não reconhecer imparcialidade, legitimidade e outras qualidades nesse grupo, no qual atuava o cinegrafista Santiago Andrade no momento em que foi atingido por um rojão na última quinta-feira, prefere falar com a imprensa “que não manipula”. Na véspera de prestar depoimento, e um dia depois de ter envolvido o nome do deputado Marcelo Freixo na confusão, ela gravou um depoimento sem cortes a um desses veículos. Falou por doze minutos ao jornal A Nova Democracia.
O depoimento está no YouTube. Sininho diz que toda a imprensa “manipula” e que “foca” nos black blocs, sem mostrar o resto das manifestações. Diz também não entender por que “a Globo não publica sua entrevista na íntegra”. “Não entendo o motivo dessa edição”, afirma, lançando a questão como um enigma. As duas perguntas ela mesma responde, mas não percebe. Sininho não deu entrevista à TV Globo – no vídeo exibido no Fantástico no domingo, ela olha para outra direção, ignorando a câmera da emissora. E o motivo da edição é evitar que o telespectador seja torturado por doze minutos de Sininho.
Como cineasta
Este é o crédito que o A Nova Democracia atribui à black bloc –, Sininho deveria saber o motivo de se editar um vídeo. E como black bloc ela não deveria afirmar que o advogado Jonas Tadeu Nunes, ao revelar a ligação entre ela e Freixo, tentou “incriminar os dois”. Não há crime em telefonar para Marcelo Freixo. E não há crime em atender a uma ligação de Sininho. O crime que deflagrou todos os outros movimentos é o de homicídio, pelo qual estão indiciados dois black blocs. Mas Sininho enxerga outros: no vídeo, chama o advogado Nunes de criminoso – sem dizer qual crime ele cometeu.Por Reinaldo Azevedo
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