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Rodrigo Constantino

Análises de um liberal sem medo da polêmica

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08/02/2014 às 13:23 \ Economia


O tema proposto para o debate na parte de opinião da Folha hoje foi se nossa economia frágil resulta do cenário externo. Belluzzo foi o convidado para sustentar que sim, que nossos problemas têm origem no resto do mundo. Maílson da Nóbrega foi o responsável por defender a tese de que não, nossos problemas não são de ordem externa, mas sim doméstica.

Maílson está certo, naturalmente. Claro que a “crise dos emergentes” tem influência e afeta todos os países. Mas é análogo ao caso da maré que baixou, expondo quem nadava nu. Ora, culpar a maré, e não a própria nudez, é um equívoco que serve apenas para não assumir responsabilidades.

Por acaso, a coluna de Helio Schwartsman fala do mesmo assunto. O colunista começa tímido, alegando que talvez seja cedo para afirmar categoricamente que Lula foi apenas sortudo. Mas termina afirmando que fica cada vez mais patente que “o movimento de transferência de riqueza dos países ricos para os emergentes, devido ao boom das commodities principalmente a partir de 2006, foi decisivo para o bom desempenho do Brasil”.

Agora que a molezinha acabou e o ciclo de bonança parece esgotado, “as deficiências na gestão da economia vão se escancarando”. Ou seja, a fase boa foi, sim, resultado de fatores externos. Como o governo do PT não fez seu dever de casa, prefere culpar o mundo pela fase ruim.

Mas a verdade é que não seria necessário sofrer dessa forma, com resultado tão medíocre, se o momento positivo tivesse servido para reformas, e se não houvesse tanta trapalhada na área econômica. Em suma, nossa fragilidade atual é totalmente ligada aos erros domésticos.

Em janeiro de 2010, no auge da euforia com o Brasil, quando tudo parecia um céu de brigadeiro, escrevi no GLOBO o artigo abaixo, alegando justamente que aquilo era devido ao resto do mundo. Hoje, fica cada vez mais claro que esse ponto de vista estava correto. Bastou o verão terminar e vimos que o Brasil não havia se preparado para o inverno…

Correlação e Causalidade

Uma falácia lógica muito comum é assumir que dois eventos que ocorrem em seqüência cronológica estão necessariamente interligados através de uma relação de causa e efeito. O galo canta antes do nascer do sol, mas este não nasce porque o galo canta. Infelizmente, a arte de manipular dados vem ganhando cada vez mais terreno, com efeitos nefastos para a sociedade. A estatística não pode ser a “refinada técnica de torturar os números até que eles confessem”.

Tomemos como exemplo a taxa de crescimento econômico nacional. Muitos, numa análise simplista, chegam à conclusão de que o governo Lula causou o crescimento acelerado dos últimos anos, sem levar em conta as inúmeras e complexas variáveis que influenciam tal crescimento, como, por exemplo, o contexto mundial. Crescer 4% ao ano enquanto os demais países emergentes crescem 6% ou mais não é um desempenho tão louvável assim. Se o preço das commodities que exportamos subiu, se houve uma abundância de capital no mundo, se a taxa de juros permaneceu artificialmente reduzida nos países desenvolvidos, nada disso faz parte desse julgamento superficial. Basta verificar o crescimento econômico e atribuí-lo à gestão atual, como se o mérito fosse do governo.

Não é assim que se faz uma análise séria. E quando colocamos uma lupa nos dados, com o auxílio de uma sólida teoria econômica, o que emerge pode ser oposto à intuição inicial. O governo Lula contou com muita sorte durante seu mandato, onde fatores externos, como o crescimento chinês, favoreceram bastante o país. Seu maior mérito foi não ter feito aventuras na macroeconomia. Já as reformas estruturais que poderiam ter colocado o Brasil na rota do crescimento sustentável foram todas deixadas de lado. Aquilo que o governo chama de medidas “anticíclicas” contra a crise não passa de estímulos insustentáveis à demanda agregada. Inchar os gastos públicos de forma permanente e expandir o crédito através dos bancos estatais não é receita de crescimento sustentável. Faltam investimentos produtivos e reformas estruturais, e os gargalos de sempre poderão limitar o crescimento a mais um vôo de galinha. O longo prazo foi sacrificado em prol do foco imediatista eleitoreiro.

O economista francês do século 19, Frédéric Bastiat, chamou a atenção para aquilo que se vê, e aquilo que não se vê. Um bom economista deveria ser capaz de enxergar um horizonte distante, evitando as armadilhas da miopia. Somente assim ele poderia compreender o custo de oportunidade das medidas econômicas. Se o governo anuncia um programa de gastos através da impressão de moeda, ele deve alertar para a inflação à frente. Se o governo aumenta os repasses para famílias mais pobres, ele deve considerar o aumento dos impostos, que retira da iniciativa privada recursos que poderiam estar gerando novos empregos. Se o governo aumenta o salário mínimo, ele deve projetar seu impacto negativo no nível de emprego formal. Enfim, analisar as medidas do governo somente com base em seus efeitos imediatos é um perigoso equívoco.

A pergunta que todos deveriam fazer é: qual a alternativa? Se o governo não retirasse do setor privado determinado recurso, como este seria aplicado? Se o governo tivesse feito as reformas estruturais, qual teria sido o crescimento no período? Não basta comparar taxas de crescimento entre governos. Correlação não é causalidade. O sol não brilhou mais forte no Brasil porque o galo cantou mais alto; o galo é que está cantando mais alto porque o sol começou a brilhar mais. 

Rodrigo Constantino 





08/02/2014 às 12:38 \ Corrupção, Democracia, Política


O jornal GLOBO colocou em grande destaque: A vez do mensalão tucano


Não tenho nenhuma procuração para defender o PSDB, nem gostaria. Quem me acompanha há tempo sabe que não nutro muito simpatia pelo partido social-democrata. Além disso, defendo o império das leis isonômicas, ou seja, igualmente válidas para todos.

Mas não posso deixar de apontar o erro crasso da chamada, que só serve para corroborar com a peça fictícia de propaganda montada pelos mensaleiros do PT. Que mensalão mineiro foi esse?

Não falo da gritante diferença quantitativa, em que um caso tem a denúncia de desvio de R$ 3,5 milhões (ou quase R$ 10 milhões para valores corrigidos) e o outro tem mais de R$ 100 milhões de desvio de recursos públicos. Fosse “apenas” esta diferença, seria uma diferença de grau.

Entretanto, estamos falando de uma diferença bem mais relevante, de essência. O ‘mensalão’ mineiro, se comprovado, constitui um caso típico de caixa dois para campanha eleitoral. Ou seja, aquilo que o ex-presidente Lula afirmou ser corriqueiro em nossa política, na tentativa de limitar o mensalão petista a tal prática “tradicional” em nosso país.


Ainda assim condenável. Ainda assim punível. Como disse o próprio senador Aécio Neves: “Se houve problemas, algum delito, ele [Eduardo Azeredo] tem que ser punido, mas foi um momento da campanha eleitoral”. Também defendo a punição se o desvio for comprovado, naturalmente. Mas não acho correto chamar tudo de mensalão.

Como Aécio mesmo diz, “Essa questão está a tantos anos-luz da questão do mensalão…” O que o PT fez, não custa lembrar, foi um esquema de compra de votos dos parlamentares no Congresso Nacional. Isso é um golpe a nossa democracia, não um “simples” caso de desvio de dinheiro público.

O fato de Marcos Valério ser o elo comum aos dois episódios ajudou a confundir a opinião pública. Os petistas chegaram a alegar que aprenderam com os tucanos, os criadores do esquema. Pode ser que sim, no caso específico da origem dos recursos e a forma de levá-los ao destinatário final.

Só que a enorme diferença está justamente nesse uso dado ao dinheiro. Os tucanos, aparentemente, usaram para pagar a campanha eleitoral. Os petistas, para comprar deputados com pagamentos regulares, ou seja, mesadas, ou seja, mensalão.

Chamar desvio de recursos para caixa dois de campanha de mensalão é ignorar o conceito do mensalão e serve, como já disse, apenas para confundir o leitor. É tudo que Zé Dirceu e Lula mais querem!

Rodrigo Constantino



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08/02/2014 às 11:49 \ Protecionismo


Como muitos já sabem, começaram as Olimpíadas de Inverno na Rússia, com direito a uma abertura que enalteceu a era comunista. Teve a foice e o martelo, o Sputnik, trabalhadores de fábricas, etc. Só estranhei porque não mostraram os Gulags e os milhões de mortos por inanição.

Mas divago. Não é da Rússia e do comunismo que quero falar. Ou por outra: é sim, mas do nosso comunismo. O leitor acha que exagero. Nem tanto, nem tanto. Sochi 2014 virou, naturalmente, uma marca de produtos vendidos para o mundo todo. Ou quase.

Dois países estão excluídos da lista de entregas internacionais para quem desejar comprar produtos oficiais. Sabe quais são, leitor? Coreia do Norte é um deles. O outro? Nosso querido Brasil.

Ah, você duvida? Imaginei que sim. Por isso trouxe a prova. Está aqui, no site oficial de vendas. Eis o recado em destaque, para nos lembrar de que o Brasil, sob o PT, caminha rapidamente em direção ao isolamento típico de uma “cortina de ferro”:


Quer votar no PT mesmo assim? Tudo bem, o voto é livre. Mas depois não reclama quando perder de vez o que resta de sua liberdade…

Rodrigo Constantino





08/02/2014 às 11:36 \ Cultura, Politicamente Correto

Fonte: Exame

O deputado Jair Bolsonaro já virou quase uma caricatura de si mesmo. Há muita coisa dele que não dá para aplaudir, pelo viés autoritário e nacionalista (privatizar a Vale foi um “crime”).

Mas uma coisa é inegável: trata-se de um exército de um homem só contra muita podridão esquerdista, especialmente da turma do relativismo moral que possui uma agenda de total deturpação do que entendemos por direitos das minorias.

Sei que o inimigo de nosso inimigo não necessariamente é nosso amigo. Tal pragmatismo pode ser perigoso. Dito isso, não resta dúvida de que é muito melhor ter um Bolsonaro na Comissão de Direitos Humanos barrando projetos toscos, do que ter alguém como o deputado Jean Wyllys, justamente avançando com a pauta abjeta dos relativistas que confundem licenciosidade e libertinagem com liberdade.

Bolsonaro é acusado de homofóbico por muitos que flexibilizaram tanto o conceito a ponto de ele perder completamente seu sentido. Outro dia mesmo um colunista de um blog me acusou da mesma coisa. Só não o processei porque não acho que vale a pena perder meu tempo ou agir como a própria canalha.

Homofobia, para esse pessoal, é simplesmente não achar lindo homem com homem. Se alguém externar que prefere ter um filho heterossexual, isso já basta para ser visto como homofóbico hoje em dia, o que é absurdo. O mesmo vale para a tal islamofobia: basta preferir o cristianismo como religião para ser visto como islamofóbico.

Ora, fobia é medo! Quem é que pode ter medo de gays (de islâmicos, vá lá)? O sujeito pode não gostar da ideia, ter até certa aversão espontânea à imagem de dois homens barbados se beijando. Não acho que isso seja suficiente para acusá-lo de homofobia. Então o sujeito que não curte quiabo sofre de “quiabofobia”?

Mas o fato é que, da mesma forma que o pessoal dos “direitos humanos” acabou virando defensor dos “direitos dos manos” na questão da criminalidade, a turma dos “direitos das minorias” (que podem chegar a uma ampla maioria efetiva, como reconhece Francisco Bosco) virou defensora de uma agenda coletivista e intolerante, que rejeita a menor minoria de todas: o indivíduo.

A revista Exame fez uma entrevista com Bolsonaro onde ele, em meio a algumas tiradas caricatas de seu “personagem”, diz duras verdades que ninguém quer mais escutar. Seguem alguns trechos:

Nesta comissão, mais importante do que ter propostas boas é não deixar que as propostas ruins prosperem. Este local já foi palco do primeiro seminário LGBT infantil, já foi palco do tal lançamento do “Kit gay”, ponto de encontro de ativismo homossexual e de livros didáticos que propõem a desconstrução da “heteronormatividade”. Você vai vendo uma porção de absurdos ali.

[...]

Essa comissão ajuda a plantar uma ideia nova na sociedade. Por exemplo, eu sou um ferrenho defensor da redução da maioridade penal. Isso vai atrair a atenção de gente que já foi vítima desses facínoras menores, que partidos como o PSOL e PCdoB defendem.

[...]

Se depender de mim, só vão ser defendidas ali pessoas que são realmente seres humanos, e não vagabundos. Eu prefiro um presídio cheio de vagabundos a um cemitério cheio de inocentes.

[...]

Eu sou contra dar um tapa na bunda do próprio filho. Mas de vez em quando pode ser que seja necessário, né?

[...]

A verdade é as pessoas não aguentam essa violência que está aí. A culpa é da sociedade? Porra nenhuma. É o que eu falei para Benedita: “adota e leva para casa esse vagabundo aí”.

[...]

Eu defendo uma política séria de planejamento familiar. Ao contrário do governo PT, que incentiva a paternidade irresponsável, com a criação de todas essas bolsas. Essa política estimula a mulher sem cultura a ter mais filhos. Uma mulher com cultura tem dois (filhos) e acabou. Já a sem cultura é estimulada a ter muitos, afinal serão os eleitores do futuro.

[...]

Tem gente que fala: “ah, você é homofóbico”. Mas minha briga é contra o material escolar que estimula o homossexualismo. Que pai que tem orgulho de ter um filho gay? Nenhum tem. Duvido que tenha.

Eu também sou perguntado o tempo todo sobre racismo. Como é que eu vou tratar essas questões de raça na comissão? Eu sou daltônico, pra mim todos têm a mesma cor. Por isso sou contra qualquer tipo de cota.

É ou não é muito melhor do que Jean Wyllys e companhia?

Rodrigo Constantino




08/02/2014 às 9:32 \ Economia, Inflação, Sem categoria


Segue um trecho de minha coluna na Veja desta semana. Para ler na íntegra, basta se tornar assinante (e, por tabela, colaborar com a manutenção da independência da revista):






07/02/2014 às 16:16 \ Humor



Prezados colegas da esquerda,

Neste desabafo, pretendo explicar por que me tornei um “coxinha”, na esperança de que sejam mais compreensivos comigo (afinal, tolerância e diversidade são os termos que vocês mais usam, não é mesmo?).

Em primeiro lugar, nasci com a cor errada. Sim, tenho a pele branca. Procurei índios ou negros em minha árvore genealógica, para poder me sentir parte das minorias, mas não deu muito certo. Se servir carcamano no rol de características louváveis, posso usá-la.

Mas o fato é que, até hoje, não consegui entrar em minorias mais destacadas. Porém, pergunto: que culpa tenho eu, poxa? Talvez na cota de baixinhos eu possa obter algum tipo de comiseração. Há estatísticas que provam que os mais altos ganham salários maiores. Peço que tentem sentir alguma pena por mim também, com meus incríveis 1,70m de altura.

Mas deixemos a genética de lado. A verdade é que já tentei seguir a cartilha politicamente correta da esquerda, só que não fui capaz. Pode ser alguma falha cognitiva, algum defeito de fábrica, não sei dizer. Só sei que nunca consegui, por exemplo, morrer de amores por assassinos. Sempre sinto mais pena das vítimas deles. É um obstáculo e tanto, eu sei.

Outra coisa: tenho, admito, uma condição financeira acima da média (escrevo em um belo computador da Apple, parecido com o do Sakamoto, e sabemos que pouca gente pode comprar objetos de luxo assim no Brasil). Mas eis meu problema: não consigo me sentir culpado por isso!

Trabalho duro, corro atrás, estudo, leio muito, não vejo novela nem futebol. São escolhas, claro. Uma opção minha. Aí eu tento me convencer de que nada disso é justo, de que o vagabundo (perdão, não reparem em meu vício de linguagem aburguesada e elitista) que passa o dia na praia deveria ter a mesma condição de vida que tenho, e não fico convencido! Malditos valores morais incutidos em mim desde cedo por pais burgueses!

Outro teste que não consigo passar, em hipótese alguma, é defender os mensaleiros. São Che Guevara sabe como tentei! Coloquei uma foto do Dirceu no espelho do meu banheiro, e toda vez que lá estou, repito para mim mesmo: “Esse cara fez tudo isso em nome da justiça e da liberdade”. O único resultado que obtive até agora foi dor de barriga e embrulho estomacal (ainda bem já que estava em local apropriado). Mas tentei, camaradas!

Foi a mesma coisa com os “black blocs”. Repetia em minha cabeça que eram jovens que despertaram da sonolência burguesa e, finalmente, lutavam pela construção de um mundo melhor. Aí eu via o vagabundo (ops, olha meu ranço elitista aí de novo) jogando pedra em policial, quebrando tudo em volta, tocando o terror, e a revolta tomava conta do meu ser. Uma vez coxinha, sempre coxinha, pelo visto.

Meus ilustres esquerdistas, como podem ver, não é culpa minha ser esse coxinha de cabelo partido ao lado (tentei partir ao meio e ficou estranho). Meu apelo emotivo visa a tocá-los na alma. Não são vocês que garantem que o marginal não tem culpa de ser marginal?

Então! E eu por acaso tenho culpa de ser coxinha? Vocês vão perdoar um terrorista italiano, mas não vão perdoar um coxinha descendente de carcamano e baixinho ainda por cima? Conto com a infinita compreensão de todos vocês. Sinceramente, acredito que mereço até um prêmio pelo meu esforço.

Desde já obrigado,

Rodrigo.




07/02/2014 às 15:43 \ Corrupção, Política


Comento o artigo de hoje (07/02/2014) da jornalista Barbara Gancia na Folha, uma defesa patética do PT e uma tentativa ainda mais patética de desqualificar as denúncias de Tuminha.







07/02/2014 às 14:49 \ Economia, Investimentos


A EXAME fez uma matéria sobre a nova caixa-preta do governo petista: o Fundo de Investimentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS), que conta com quase R$ 30 bilhões em recursos extraídos compulsoriamente dos trabalhadores. Mais um escândalo em formação, sem dúvida. Entre os favorecidos? Odebrecht, claro! E JBS também.

Seguem alguns trechos da reportagem, que recomendo na íntegra:

“É uma fonte fácil de recursos e repete a prática de ajudar empresas amigas do governo, que poderiam se financiar sozinhas”, diz Ruy Quintans, professor de macroeconomia e finanças na escola de negócios Ibmec do Rio de Janeiro. “E faz isso sem dar satisfação aos donos do dinheiro, os trabalhadores.”

[...]

Quase 74% dos recursos estão alocados em títulos de dívida e em ações de empresas, boa parte delas de capital fechado. É o caso da Odebrecht Transport, subsidiária do grupo Odebrecht e vencedora, no fim do ano, dos leilões de concessão do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, e da BR-163, em Mato Grosso.

[...]

Como são tomadas essas decisões de investimento? Uma das críticas ao fundo, administrado pela Caixa Econômica Federal, é a falta de transparência. As aquisições do FI-FGTS são propostas pela Caixa a um comitê de investimentos formado por 12 membros, encarregados de aprovar os projetos contemplados. 

Sua composição é mais política do que técnica. Metade dos integrantes — um representante da Caixa e cinco de diferentes ministérios — é indicada pelo governo. Três são apontados por entidades patronais, como a Confederação Nacional da Indústria. Os restantes representam centrais sindicais, como a Central Única dos Trabalhadores.

[...]

Nas últimas semanas, EXAME teve negados os pedidos de acesso aos documentos por meio da Lei de Acesso à Informação. A resposta: eles contêm informações confidenciais sobre as companhias receptoras de investimentos.

[...]

Ocorre que os recursos do FGTS não pertencem ao banco nem ao governo. São oriundos do patrimônio dos trabalhadores e recolhidos mensalmente por seus empregadores — dois grupos que, até o momento, não decidem como seu dinheiro é aplicado.

Tags: Exame, FGTS




07/02/2014 às 14:29 \ Democracia, Instituições

Fonte: GLOBO

Já comentei sobre o gesto obsceno do deputado petista André Vargas aqui e aqui. Sim, é obsceno, devido ao desrespeito institucional, análogo à “dança da pizza”, protagonizada pela deputada Ângela Guadagnin à época do mensalão, também do PT. Um partido que, claramente, debocha da nossa República.

Esse foi justamente o tema da coluna de Reinaldo Azevedo na Folha hoje. O jornalista rebate uma falácia comum que vemos por aí: a tentativa de ridicularizar os críticos legítimos do petismo bolivariano como “catastrofistas” e “alarmistas”.

Enquanto a economia ia “bem”, e as ações na Bolsa subiam, muitos analistas, mais focados no lado econômico, ignoravam ou negligenciavam o risco institucional. Alguns chegaram a defender abertamente o PT, ajudando o partido a avançar sobre nossa democracia.

Agora a ficha está caindo para quase todos. A economia acusa o golpe, é verdade. Mas o aspecto institucional é muito mais importante. Espera-se que a crise econômica sirva, ao menos, para lançar luz sobre essa questão. O PT condena o Brasil à eterna mediocridade, pior a cada dia.

Não é o “fim do mundo”, tampouco o “fim do Brasil”. Mas nunca foi isso que esteve em jogo, e sim a piora contínua daquilo que já estava muito ruim. A velha história do sapo cozinhando lentamente, até acordar um dia e se descobrir na Argentina.

Diz Reinaldo Azevedo: ”Não vislumbro a derrota final, mas a continuidade da mediocridade aviltante”. Justamente esse tem sido nosso grande risco, alardeado pelos liberais e conservadores. O Brasil vai continuar existindo, lógico. Mas se as coisas não mudarem, e rápido, seremos um país cada vez mais digno da alcunha de republiqueta.

Crescer 2% ao ano com inflação de 6% é muito ruim, claro. Mas há muito mais em jogo do que um crescimento mais acelerado com inflação menor. Nossa própria democracia corre perigo, com suas instituições cada vez mais esgarçadas. E, no final do dia, como diria talvez Douglass North, são as instituições que importam, estúpido!

Rodrigo Constantino





07/02/2014 às 11:53 \ Crise Internacional, Economia


Muitos analistas e jornalistas têm repetido que o Brasil se encontra em uma situação confortável nessa crise de emergentes, basicamente citando o enorme colchão de reservas cambiais acumuladas pelo país. Chegam a US$ 376 bilhões, o que daria grande tranquilidade para atravessar águas turbulentas.

Pouca atenção tem sido dada ao fato de que o Banco Central vem realizando “swaps” cambiais há meses, o que compromete reserva futura. Estima-se em mais de US$ 80 bilhões já “swapados”, ou seja, isso é dinheiro que eventualmente sairá das nossas reservas. Não é possível viver de “swaps” para sempre, pois ele representa um compromisso de venda de dólar no futuro.

Portanto, fazendo tal ajuste, as reservas reais estariam abaixo de US$ 300 bilhões. Ainda é um patamar razoável, e a decisão de manter uma reserva elevada nem é trivial, uma vez que custa muito caro (rende a taxa básica de juros dos Estados Unidos, que é muito baixa, enquanto nosso governo capta pagando muito mais).

Fonte: Bloomberg

A linha branca no gráfico acima mostra o nível ajustado de reservas. Notem que mesmo o valor cheio parou de subir desde meados de 2012. Mas, considerando todo o volume de “swap” feito pelo BC, as reservas reais estariam mais perto do nível do começo de 2011.

Todo esse esforço, vale notar, não segurou a taxa de câmbio. O dólar continuou se valorizando, menos do que seria o natural, mas ainda assim continua em sua trajetória de alta frente ao real.

Fonte: Bloomberg

Ninguém tem como dizer qual seria a taxa de câmbio de “equilíbrio”, ou “justa”, pois isso não existe. A taxa de câmbio é um preço que deveria ser definido pelo próprio mercado.

Alguns nacional-desenvolvimentistas acreditam que basta desvalorizar a moeda artificialmente para produzir crescimento via indústria, mas ignoram que o cobertor é curto. Logo a desvalorização cambial bate na inflação, afetando a economia como um todo.

Não há como saber o desenrolar dos acontecimentos dessa crise de emergentes, agravada pela gradativa redução de estímulos monetários por parte do Fed, o banco central americano. Mas uma coisa é certa: o principal argumento que muitos têm citado para passar confiança na economia brasileira é mais frágil do que parece. Nossa reserva cambial já está uns 20% abaixo do nível oficial, e quase ninguém fala disso…

Rodrigo Constantino


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Aluízio Amorim

Filósofa russa Ayn Rand :



“Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada.”



Ayn Rand nasceu em São Petersburgo em 1905