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Rio de Janeiro


domingo, 20 de outubro de 2013

LEIAM ABAIXO








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  • Se em meu ofício, ou arte severa,/ Vou labutando, na quietude/ Da noite, enquanto, à luz cantante/ De encapelada lua jazem/ Tantos amantes que entre os braços/ As próprias dores vão estreitando —/ Não é por pão, nem por ambição,/ Nem para em palcos de marfim/ Pavonear-me, trocando encantos,/ Mas pelo simples salário pago/ Pelo secreto coração deles. (Dylan Thomas — Tradução de Mário Faustino)



20/10/2013 às 9:17

LEIAM ABAIXO








20/10/2013 às 9:11


Até, acho, o 1968 francês, os que tinham, deixem-me ver como chamar, “sede de justiça” e se mostravam dispostos a punir os maus para recompensar os bons encontravam no marxismo um abrigo seguro. Mesmo, ou muito especialmente, para os que entendiam não mais do que os rudimentos da teoria, aquilo emprestava um grande conforto. Afinal, os “camaradas” forneciam uma explicação convincente, embora fosse falsa, para o mundo como ele é e apontavam um futuro redentor. Melhor ainda para as mentes aflitas: diziam como chegar lá. Um partido organizaria a classe operária, que representava as forças que conduziriam a amanhãs sorridentes. Nesse desenho, a função do intelectual de classe média era ajudar a construir esse ente.

Isso acabou. Ninguém mais acredita na classe que traz em si a forma do futuro. A esquerda se fragmentou, entregando-se a subjetivismos extremados, a particularismos, a uma curiosa mistura de individualismo exacerbado com fúria coletivista. Como isso se revela? Ora, grupos de pressão têm a certeza de que suas demandas precisam se realizar para que a humanidade, então, dê um salto de qualidade. No fim das contas, quase sempre, seus motivos são egoísticos ou corporativistas, mas elas mesmas precisam acreditar que falam em nome da sociedade.

Na área de comentários, várias pessoas que tentaram emplacar aqui a defesa da invasão do Instituto Royal falavam coisas como “o povo está despertando”… O povo? Cadê o povo? Sem vacinas e antibióticos, os pobres morrerão primeiro, não é? Porque lhes faltam condições adequadas para uma vida saudável. Os micro-organismos sabem disso… O mundo é hoje, na expressão de uma amiga, “um supermercado de causas”. Pegue aquela que o faz feliz! Não se trata mais de organizar uma classe para a revolução ou, vá lá, o assalto ao poder. Não! O que se quer é impor como norma o que é valor para um grupo. À sua maneira, já escrevi aqui, o socialismo se pautava por aspirações universais — ainda que seus líderes fossem mentirosos patológicos e que a teoria fosse uma farsa.

O espantoso é que os grupelhos de agora são mais obscurantistas. Vejam o caso dos beagles. Usar animais em pesquisas não é matéria de escolha. E uma imposição da nossa civilização — da qual, diga-se, muitos podem querer apear. O que não é possível é exigir que outros façam o mesmo. Mas quê… As minorias, na era da afirmação das identidades e dos particularismos, entendem que a reação contrária a suas pretensões não é um ponto de vista diverso, mas legítimo. Ao contrário: ou se está com eles ou se está contra o bem.

Cotó
Um dos textos deste blog de que mais gosto é sobre um cachorro.. Foi escrito no dia 31 de outubro de 2011. Alguns se perguntarão: “Como pôde o Reinaldo escrever isso e agora defender que animais sejam usados em pesquisas?”. Terei de responder assim: o que eu gostava em Cotó — e ainda hoje me vem um nó na garganta quando penso nele e quando leio meio próprio texto — é que ele me humanizava. Um jeito bom de amar os bichos é permitir que eles nos façam melhores na relação com outros humanos. Segue o meu texto.

Um vira-lata

Um dia ele apareceu na vilinha, não se sabe de onde. Já chegou adulto, meio labrador, meio lata, com o rabo cortado. Alguns o chamaram, então, “Cotó”. Outros o tinham por “Martim”, jamais consegui saber em razão de que marca. Estava por ali, entre as casas, havia bem uns 12 anos. Os “cachorristas”, dadas algumas características, lhe atribuíam entre 15 e 18 de vida. Contrariava a máxima de que cachorro de muitos donos morre de fome. Ele não! Estava sempre bonito, garboso, saudável.

Livre, sua simpatia era objeto de disputa. Cotó era personagem das nossas férias, dos nossos fins de semana, de muitos dos nossos momentos de alegria. No último sábado, saiu para não voltar. Não dava mais pra ele. Os rins tinham parado de funcionar. Já não conseguia mais se alimentar. Só lhe restava a dor. Dor silenciosa, respiração ofegante, cansaço extremo. Foi levado ao veterinário. Um primeiro remédio o fez dormir, e outro pôs o ponto final.

Os dias podiam ser instáveis; o céu, temperamental; o sol, incerto; a temperatura, variável. Mas Cotó restituía todas as nossas esperanças de dias melhores. Era o portador da memória daquele lugar. Mais do que qualquer um de nós, sabia que um vento podia enegrecer o céu ou, então, abri-lo num azul largo e ancestral.

É provável que voltasse sempre em busca de comida — não aceitava nada que não fosse carne ou derivado, o luxento! —, e a gente confundisse aquilo com afeto. Mas quem se importa? Quem é tão vaidoso a ponto de inquirir os reais motivos de um cachorro?

Às vezes ele interrompia a minha leitura ou outra coisa qualquer que estivesse fazendo. Postava-se à minha frente. Encarávamo-nos, então, com camaradagem. “E aí, meu? O que é que manda?” Ele se aboletava por ali, descansava o focinho entre as patas, fechava os olhos devagar e parecia me dizer: “Isso vai se repetir para sempre. A vida pode ser assim, mansa…” E, por alguns segundos, minutos talvez, eu conseguia não pensar em nada, não querer nada, não me importar com nada. Dois camaradas satisfeitos, silenciosos, ocos de anseios, como a paisagem, como a seqüência dos dias, como o marulho mais ao fundo.

Cotó tinha a generosidade das coisas certas. Enquanto estava por ali, era como se nunca tivéssemos sido mais jovens, nunca tivéssemos sido mais saudáveis, nunca tivéssemos sido mais ágeis, nunca tivéssemos sido mais otimistas, nunca tivéssemos sido mais viçosos. Naquela pequena vila, ele nos dava a ilusão da eternidade e alimentava as nossas esperanças.

Morreu Cotó, e o tempo nos invadiu. Terei de aprender a amar outra narrativa na mesma paisagem, da qual ele não é personagem. Eu devo ter imaginado — acho que sim, não estou bem certo — que me viriam os netos e que ele continuaria por ali a atestar que nem tudo nos foge pelos vãos dos dedos, aos poucos, sem nem mesmo um suspiro audível.

Isso não é política, como vêem. É que Cotó tomou seu rumo. Lá se foi ele, sem consultar ninguém, como sempre, dono do seu nariz.

Por Reinaldo Azevedo





20/10/2013 às 5:33


Marcelo Rubens Paiva, colunista do Estadão, escreveu um artigo no sábado contra a censura às biografias. No mérito, está certo. Na argumentação, nem tanto. As alusões que faz a Freud e Sófocles, por exemplo, evidenciam, e não há mal nenhum nisto desde que o sujeito não cite, que não leu nem um nem outro. Ouviu falar. Se leu, não entendeu. Mas eu ficaria, por princípio, com a parte boa. Marcelo, como Reinaldo, também se opõe à censura. Se eu tivesse apenas isso a dizer — isto é, se achasse que o artigo só é um pouco ignorante nas referências —, não escreveria nada. Se Marcelo tem importância, é para seus leitores. No debate que considero relevante, ele não conta. Deixaria pra lá. Ocorre que há em seu texto um parágrafo que me diz respeito, de uma impressionante desonestidade intelectual. Mais: o autor é de uma covardia exemplar ao omitir os nomes dos líderes da luta em favor da censura. Por incrível que possa parecer, ele prefere, e não é a primeira vez, dar bordoada em mim. Vamos lá.

Marcelo é contra a censura e demonstra, ainda que de um modo um tanto malandro se confrontado com os fatos, que tudo o que se disse contra Lula e FHC, por exemplo, não impediu que ambos fossem eleitos e reeleitos. A observação seria até sagaz se estivéssemos mesmo diante de coisas equivalentes. Os tucanos nunca tentaram censurar a imprensa. Os petistas ainda tentam. Onde Paiva vê um empate nos fins, há uma grande diferença nos meios. Os tucanos não montaram uma rede suja na Internet, financiada por estatais, para proteger amigos e atacar inimigos.

O autor critica a tese da censura, mas não toca nos nomes de Chico Buarque e Caetano Veloso, Sabem como é… Os “progressistas” não brigam entre si. Não! Preferiu atacar Reinaldo Azevedo que, nesse caso, e talvez só nesse caso, está do mesmo lado. Mais do que isso. O texto contra a censura que que mais circulou nas redes sociais, goste Marcelo ou não, foi escrito por mim. Mas o que disse ele? Referindo-se a boatos e a falsas notícias, escreve:

“Homossexual? Muitos escondem. Raí se mudou para a casa do apresentador Zeca Camargo. Logo logo, assumirão a relação. Adotarão um filho? Aids? Milton Nascimento e Ney Matogrosso têm, segundo uma revista extinta da maior editora do País. Que já afirmou que fui “meio” viciado em cocaína, quando eu apresentava um programa para adolescentes, cujo blogueiro tem certeza de que pertenço à facção criminosa dos Petralhas, apesar de muitos tuiteiros me acusarem de vendido, já que me filiei ao PIG, Partido da Imprensa Governista, para quem trabalho há décadas, o que envergonharia meu pai. Leitores do mesmo blogueiro dizem que na verdade sou um coitado maconheiro que bateu a cabeça numa pedra e, além de paraplégico, fiquei xarope.”

A maior editora do país é a Abril. O termo “petralha”, já dicionarizado, foi cunhado por mim. Como explico até em livro, “petralha” não é sinônimo de “petista”, mas de petista que justifica o roubo em nome do povo. Nunca afirmei que Marcelo é um deles, embora, admito, ele leve jeito. Vamos lá.

Em sete anos de blog, escrevi breves passagens de que ele era personagem secundária três vezes apenas:
1 – No dia 28 de maio de 2011, ele aparece num trecho de reportagem da Folha, que transcrevo no post, que trata da marcha da maconha. Ele estava presente ao evento.

2 – No dia 14 de setembro de 2011, falei sobre ele porque, na verdade, ele é que havia se referido a mim. Numa entrrevista à revista TPM, afirmara sobre sua página na Internet: “Sou militante. No blog, sou o Reinaldo Azevedo de esquerda”. No meu post, com humor, afirmei que eu era o seu John Malkovich. Nessa entrevista, diz: “Hoje, as mulheres tomam mais a iniciativa, mas parece que elas levam a sério, se apaixonam. Antes, você transava com a amiga, a namorada de amigo, era uma coisa mais solta”. Observei em meu texto: “Transar com namorada de amigo como expressão de uma ‘coisa mais solta’? Acho que nunca fui Marcelo Rubens Paiva, nem quando era de esquerda”.

3 – No dia 5 de abril deste ano, eu o critiquei por exigir que Geraldo Alckmin se retratasse porque um auxiliar seu teria negado a prática de tortura durante a ditadura militar. Em primeiro lugar, não negou. Em segundo: ainda que tivesse negado, indaguei se Marcelo pediu que Lula se desculpasse por ter Delfm Netto, que assinou o AI-5, entre seus conselheiros.

De volta a seu parágrafo desonesto
Tenho, admito, uma grave falha de formação: nunca li nada de Marcelo — nem “Feliz Ano Velho”, lançado em 1981. Eu tinha 20 anos à época, e as minhas preocupações passavam a quilômetros da literatura confessional, por mais qualidade que eventualmente tivesse. Não conheço as circunstâncias do acidente que deixou o autor paraplégico. Também não vou parar para pesquisar. Se tinha fumado maconha ou não, ignoro. Lembro-me que o livro virou uma febre até entre meus alunos — eu dava aula em cursinho pré-vestibular. Por tudo o que eu ouvi, dados os comentários, pareceu-me então, e talvez eu estivesse errado, uma bobajada meio alienada. Eu era trotskista. Via com maus olhos o que me parecia um destampatório trágico-sentimental. Isso, reitero, é memória de época, não juízo sobre um livro que não li e, creio, não lerei.

Não posso responder por aquilo que pensam todos os leitores. Na quinta-feira, por exemplo, este blog teve quase 353 mil páginas visitadas; na sexta, quase 218 mil. Não tenho como saber — ele ainda tem blog? — o que pensam a meu respeito os leitores de Marcelo. Depois de o autor escrever um parágrafo malandro como aquele, posso imaginar.

Não preciso que meus leitores achem Marcelo um “xarope”. Isso, afirmo eu mesmo, mas não porque ele tenha batido a cabeça numa pedra. Na edição comemorativa dos 45 anos da “VEJA”, da “maior editora do país”, ele assina um texto. Acho que a revista fez bem em convidá-lo. Por que não? Não li seu artigo, mas aposto na pertinência do convite. O meu blog está hospedado no site dessa revista, não de outra.

Paiva é um xarope, sim, mas um xarope ideológico. Não fosse assim, teria ao menos lembrado em seu texto o nome dos defensores entusiasmados da censura. Em vez disso, me ataca de modo sorrateiro, pretendendo, adicionalmente, ligar leitores desta página ao preconceito contra pessoas com deficiência física (ou “necessidades especiais”, como é preciso dizer hoje em dia).

Tiro n’água, Marcelo! Este é um blog que defende a vida humana na sua plenitude. E o faz com desassombro. E em todas as etapas dessa humanidade. Nesta página, rapaz, não se pergunta se o coração já bate, se a espinha dorsal já está formada, se já é possível sentir dor… Nada disso. Aqui se respeita a vida do homem sem transigir, Marcelo. Isso, claro, também compõe o perfil de um “reacionário”, não é mesmo? Progressista, hoje em dia, é ficar arbitrando sobre a morte…

São aliados ideológicos seus, Marcelo, que pretendem manter a lei que censura livros. Eu sou apenas o autor do libelo CONTRA a censura que foi lido por mais gente. Admito que, nesse caso, sou mais livre do que você, não é? Posso escrever sem o receio de ferir meus companheiros.

Quanto a você ser ou não um petralha, pergunto: você acha que, a depender das circunstâncias, é compreensível que os companheiros roubem dinheiro público? Se for para o alegado bem do Brasil, você considera que isso é desculpável? Acredita que foi a direita que forçou os petistas a fazer o mensalão e que, de outra forma, o país seria ingovernável? Em suma: você acha que, de vez em quando, é mesmo preciso enfiar a mão da merda, como disse o filósofo Paulo Betti?

Se a resposta for “sim”, você, Marcelo, não apenas parece um petralha, mas é um petralha.

Em sete anos, este é o quarto texto em que me refiro a Marcelo Rubens Paiva. Para ser um “Reinaldo Azevedo da esquerda”, é preciso um pouco mais de coragem e de apego aos fatos.Por Reinaldo Azevedo





19/10/2013 às 20:19


Na área de comentários sobre essa questão da invasão do Instituto Royal, vocês encontrarão muitas vezes isto aqui: “ReinaldoXXXXXXXX na cascuda!”

Isso significa que o comentário não foi publicado porque:
a) o autor está defendendo a invasão do laboratório;
b) o autor decidiu partir para o xingamento;
c) o autor está fazendo ameaças (nesse caso, faço uma cópia, com IP e hora do envio).

É proibido defender invasão aqui?
“É proibido fazer a defesa da invasão de prédios públicos e privados no seu blog, Reinaldo?” É! Ninguém entra na minha página para defender crimes. Se tentarem defender a pedofilia, veto. Se tentarem defender o consumo de drogas ilícitas, veto. Se tentarem defender o tráfico de órgãos, veto. Se tentarem defender clínicas de aborto, veto também.

Mas é perfeitamente possível defender mudanças na lei sobre isso ou aquilo, embora eu possa combater ferrenhamente determinadas posições.

É proibido discordar “do dono do blog”?
“É proibido discordar do dono do blog”, como querem alguns? Perguntem a todos os defensores da pesquisa com embriões humanos, à qual me opus e me oponho, e ficará claro que não. Perguntem aos defensores da permissão para o aborto de anencéfalos, à qual me opus, e ficará claro que não. A divergência civilizada, que não implique, reitero, a apologia do crime, é aceita e publicada, sim.

Mas recuso de maneira clara e explícita os que tentam usar o meu blog para defender atos delinquentes, sob o pretexto de que se trata de uma “luta”. Não é assim que entendo a dita “isenção jornalística”. Este blog não é isento a tal ponto de aceitar o pensamento daqueles que gostariam que existisse uma lei que proibisse o blog. Entenderam ou preciso desenhar?

Para dar um exemplo da estupidez (parte do texto vocês terão de deduzir; segue com a gramática original): “Coragem falta a voce seu bunda mole que fica ai escondido atras da mesa com o (#@&!+) na mao escrevendo essas baboseiras nazistas vai arrumar quem queira enfiar uma (#@&!+) nessa tua (#@&!+) ja se(#@&!+)!! !ja caiu tua mascara nazista!!” É mais um que é louco por beagles. Ele só não tem muito respeito por humanos dos quais discorda… Esses idiotas já ouviram falar de Mengele? Ele fazia “experiências” em gente, não em bicho. Os nazis, diga-se, eram muito ligados à natureza. Gostavam do verde e dos bichinhos — o que não significa que ecologistas e defensores de animais tenham pendor nazista. Mas significa, sim, que uma coisa e outra, por si, não qualificam ninguém moralmente.

É essa gente que reclama por ter seus comentários recusados aqui. Confundem este blog com o de alguns delinquentes, que, para conseguir trânsito, têm de permitir qualquer coisa. Aqui não! Vivo chutando o traseiro desses caras. Vivo lhes recomendando os blogs daqueles que me detestam. Não adianta! Não saem daqui. Como digo sempre, o ódio é mais fiel do que o amor.

A partir de amanhã, esses “ReinaldoXXXXXXXX na cascuda!” só aparecerão, como de hábito, quando escapar um comentário inaceitável, com posterior exclusão. Decidi, por enquanto, aplicar essa marca aos comentários que incorrem em uma, em duas ou nas três hipóteses elencadas acima para que vocês tenham ideia da marcha da insensatez. Posso assegurar aos decentes que eles não fazem ideia do que são capazes esses supostos amigos dos cães e da humanidade.

Ah, sim: os que me xingam e ameaçam ainda não disseram se abrem mão de vacinas e antibióticos. Acho que não. Trata-se, então, da expressão da covardia associada à incoerência.

Esses que estão a vociferar porque seus respectivos comentários foram excluídos podem tentar se manifestar como pessoas civilizadas — ou como beagles fofinhos . Nesse caso, serão publicados. Ou por outra: pensar pode; permito até alguns latidos fofinhos. Rosnar e tentar morder, ah, isso não pode.Por Reinaldo Azevedo





19/10/2013 às 19:18


De todas as tolices que dizem a meu respeito — felizmente, também há coisas boas —, há uma que me irrita um tantinho porque, como costumo dizer, distorce tanto o que penso como o que eles pensam: a que me identifica com os tucanos, com o PSDB. Conheço a origem da patacoada e vocês também: é coisa do JEG, do Jornalismo da Esgotosfera Governista, financiada por estatais. Ainda que eu quisesse, ainda que eu sentisse a necessidade de me identificar com uma legenda, ainda que considerasse essencial escolher um grupo em que ancorar meu pensamento, não seria, definitivamente, o PSDB o meu abrigo. Há pessoas decentes lá, sim. Há gente que admiro e respeito — também as há no PMDB; até no PT há pessoas de coluna ereta… “Qual legenda seria?” Nenhuma. Inexiste um partido liberal-conservador no Brasil. “Por que você não cria?” Porque não tenho nem disposição nem tempo. Porque a minha praia é escrever o que penso e não criar táticas e estratégias para ter o controle das políticas públicas — é essa a tarefa legítima das políticos. A minha tarefa, não menos legítima, e dizer se eles erram ou acertam; é dizer se os agentes sociais erram ou acertam… “Segundo quais critérios?” Ora, os meus — que, como sabem, sempre são muito claros.

Mas volto ao ponto. Enviam-me aqui um discurso que o deputado estadual Fernando Capez, do PSDB de São Paulo, fez na Assembleia Legislativa sobre os atos criminosos praticados no Instituto Royal. Foi na sessão de ontem, antes dos novos atos terroristas deste sábado. Raramente alguém foi tão irresponsável e disse tanta bobagem em tão pouco tempo. Trata-se de uma fala populista e oportunista, que busca pegar carona no clamor das redes sociais.

Se quiserem ouvir a coleção de impropérios, o vídeo segue abaixo. Os hidrófobos que estão tentando encher o meu saco na área de comentários já têm seu novo herói. Vejam aí. Volto depois.



Retomo
Trata-se de uma fala covarde — e não adianta o deputado vir com chiliques. Não dou a mínima. Esse é um mau uso da imunidade parlamentar. Capez só se manifesta com tamanha estupidez porque sabe que não pode ser processado pelos dirigentes do instituto. O deputado os chamou de “bandidos”. Bandidos, meu senhor, são aqueles que, neste sábado, botaram fogo num veículo da PM e em dois de uma emissora de TV. O deputado falou em animais maltratados e tal. Cadê as imagens dos cães mutilados e cegos, como se diz? O deputado diz que os donos do laboratório deveriam ter sido presos em flagrante. É? Sob qual acusação? Presos deveriam ter sido aqueles que invadiram uma propriedade privada, destruíram um trabalho de pesquisa sério, depredaram o laboratório e puseram em risco, de resto, a saúde da população. O deputado, com a coragem dos covardes — não, eu não tenho imunidade parlamentar —, incita a fúria dos já furiosos contra uma empresa que nem está sendo processada por crime nenhum. Ainda que estivesse, a prática seria criminosa. O deputado resolve pegar carona numa manifestação obscurantista, que agride, de fato, os fundamentos da pesquisa científica.

O que ele tem em mãos além de ilações e da acusação não comprovada — na verdade, já desmentida — feita por bandidos supostamente bem-intencionados? Diz este senhor que qualquer um pode invadir uma propriedade se souber que lá dentro se pratica um crime. Pois bem: cadê a comprovação do crime? Trata-se de um dos discursos mais vergonhosos jamais feitos na Assembleia Legislativa.

Capez, Capez… Sob o pretexto de defender cachorros, este senhor demonstra que pode jogar no lixo a reputação de seres humanos sem hesitar um segundo. Está, no fim das contas, cuidando da eleição no ano que vem.

Quem trata cão como gente e gente como cão se define moralmente.

Desafio
Desafio este senhor a, nesta segunda, abrir mão de sua imunidade parlamentar para que seja obrigado a provar em juízo as acusações que fez contra os donos do Instituto Royal.Por Reinaldo Azevedo





19/10/2013 às 18:29


Você quer saber qual é a metafísica política que explica a desordem que está nas ruas? Então você precisa saber o que pensa Ciro Oiticica. Esse ideólogo de um novo Brasil tem 25 anos. Concedeu uma entrevista ao Globo Online, que o trata, deixem-me ver, como se fosse uma espécie de Schopenhauer das ruas. No momento em que seu pensamento atinge o sublime, ele justifica, ainda que possa não se dar conta disso, o comportamento da SA, a tropa de assalto do nazismo. Como, Reinaldo? Eu explico. Numa entrevista bastante amigável, em que, reitero, se confere a Oiticica o status de pensador, há este momento magnífico:

Atos de depredação representam você? Você acredita que eles tenham alguma legitimidade?
Nas ruas, todos representam a si mesmos. Toda manifestação política de insatisfação, desde que não atente contra a integridade física e a dignidade, tem minha simpatia. O sentimento de revolta é legítimo. Quanto às depredações, é sua aceitação política que definirá a legitimidade. E ela tem crescido à medida que as instituições negam o caminho do diálogo.

Comento
Entenderam? Não há atos condenáveis em si (a não ser um; já chego lá). Tudo depende da aceitação política ou não. Se parcelas consideráveis da população acharem que o certo é quebrar tudo, Oiticica acha que a prática se justifica. Se não, então não. Ele só não gosta de ataques “à integridade física” e “à dignidade”. Ah, bom! Não machucando ninguém, tudo certo! “Então é diferente da SA nazista, como você disse.” Errado! Os canalhas de Ernst Röhm, inicialmente, quebravam coisas. Só agrediam pessoas caso estas tentassem impedi-los. Alias, até que nazistas agredissem fisicamente os judeus, demorou um tempo. Eles começaram por bani-los do serviço público, dos bancos, da medicina, depois da universidade… Aí resolveram confiná-los… O resto da história é conhecida.

“Apelar ao nazismo sempre desmoraliza a crítica porque nada se compra àquilo…” Atenção! EU NÃO ESTOU COMPARANDO AS VÍTIMAS DA VIOLÊNCIA QUE VAI NAS RUAS AOS JUDEUS. Eu estou comparando as justificativas morais dos violentos à dos nazistas. Está claro? Esse negócio de que só é ato violento o que machuca pessoas é uma das canalhices que andam por aí. De resto, é uma afirmação falsa. Jornalistas estão, no mais das vezes, impedidos de trabalhar. Se forem descobertos, apanham. Dezenas de policiais já foram feridos pelos brucutus.

Você pode estar curioso, a esta altura, para saber a pauta do pensador. A entrevista esclarece. Leiam.
Há muitos que acreditam que os protestos mais recentes não têm bandeiras definidas, não têm reivindicações claras. Na sua opinião, isso é verdade?
A profusão de demandas não significa que não sejam claras. A questão da CPI dos Ônibus, desmilitarização da polícia, democratização da mídia, educação pública, gastos com a Copa, Museu do Índio, entre muitas outras, são bandeiras bem definidas e têm reivindicações trabalhadas.

Retomo
“Democratização da mídia”, como vocês sabem, corresponde a submeter a imprensa a uma espécie de Departamento de Censura dos militantes políticos. Já o “Museu do Índio” é uma espécie de pequeno delírio coletivo, incompreensível, acho eu, para quem não vive no Rio. Quanto à desmilitarização da Polícia, dizer o quê? O rapaz concede uma entrevista em que não condena, muito pelo contrário, a ação dos black blocs, que, uniformizados, agem em tropa e têm até grito de guerra. Oiticica quer desmilitarizar a Polícia para que vândalos, então, tenham o monopólio da militarização.

É em nome da “isenção” que se publica isso? Então tá.Por Reinaldo Azevedo





19/10/2013 às 17:28


Por Gabriel Mascarenhas, da VEJA.
O deputado federal Saraiva Felipe (PMDB-MG) foi ministro da Saúde de Lula entre 2005 e 2006. Nenhuma realização significativa marcou sua passagem pelo cargo. Para Saraiva, no entanto, não foi um tempo perdido. Incorporou contatos valiosos que fez na burocracia — e os tornou rentáveis, segundo ele mesmo diz. Presidente do PMDB mineiro, Saraiva transformou seu quinto mandato num dos mais chocantes balcões de negócios de que se tem notícia. Seu foco de atuação é a indústria farmacêutica.

VEJA teve acesso a uma gravação em que Saraiva, com toda a sem-cerimônia possível, abre o jogo a um interlocutor que o procurou, supostamente, para que ele ajudasse um laboratório que queria fornecer medicamentos para o Programa Farmácia Popular: “Tem dois tipos (de trabalho): ‘Você me ajuda e, se der certo, eu te dou não sei o quê; e a outra forma é como eu trabalho para a Interfarma e a Hypermarcas: ‘Nós damos uma ajuda mensal e você, diante das demandas, encaminha aqui e ali ”. Numa palavra, Saraiva assume sem meias palavras que topa um mensalão.

A gravação, feita em Belo Horizonte, é de fevereiro deste ano. Nela, Saraiva promete ao interlocutor, que se apresentou como emissário de um grande laboratório, abrir as portas do Ministério da Saúde e da Anvisa.
*
Para ler a continuação dessa reportagem compre a edição desta semana de VEJA no IBA, no tablet ou nas bancas.



Por Reinaldo Azevedo





19/10/2013 às 16:03


Quando a gente pensa que já se chegou ao limite da estupidez, constata-se que não. Sempre se pode ir adiante. Neste sábado, houve novas ações de terrorismo em frente ao Instituto Royal, em São Roque, interior de São Paulo. Um grupo estimado em 200 pessoas, sob o comando dos black blocs, botou fogo em um veículo da PM e em dois da TV TEM, afiliada da TV Globo. Não sei se alguém foi preso. Ainda que tenha sido, a Justiça logo manda soltar. Eu entendo: entre, de um lado, a lei associada à ciência que salva vidas humanas e, de outro, a defesa terrorista dos animais, não vejo por que um juiz deva hesitar. É claro que deve ficar com a segunda alternativa para não queimar a reputação nas redes sociais.

Podem chiar à vontade. Não dou a mínima. Nesse blog, vagabundos que agem dessa maneira não serão jamais chamados de “manifestantes”. Manifestantes, certos ou errados, têm opiniões, causas, visão de mundo e dão um jeito de expressá-los e de tentar convencer outras pessoas. Mas o fazem de forma pacífica.

Incendiar um carro da PM, num regime democrático, corresponde a uma agressão ao estado democrático e de direito. Incendiar veículos da imprensa significa uma agressão grave à liberdade de expressão.

Não vou cansar de repetir esta verdade insofismável, incontornável: importantes setores da imprensa são, em grande parte, responsáveis por este estado de coisas. Cederam à pressão organizada por malucos nas redes sociais, que se comportam como juízes da lei, da imprensa e dos fatos. O jornalismo, no mais das vezes, acaba sendo cordato com os terroristas. No fim das contas, há quem acredite que não se deve expressar muita indignação quando dois carros de uma emissora são incendiados porque isso seria uma forma de corporativismo. O terror, em suma, acabou se tornando “um lado” respeitável, a ser ouvido.

O vocabulário a que a imprensa pode recorrer é asqueroso. Terrorista é chamado de “manifestante”; invasão de um laboratório pode ser tratada como “ocupação”; roubar animais vira “recolher”.

Mais um pouco, e já ninguém chamará o garçom ou o maître para dizer, educada e discretamente, que o cozinheiro exagerou no sal ou que o tofu (carne nunca!) não está no ponto (seja lá como se prepare isso…). Não! O negócio é lançar o prato contra a parede, dar um murro na boca do atendente, fazer um comício, botar fogo no restaurante, documentar tudo com um celular e depois postar o filme nas redes sociais em nome dos clientes indignados. A imprensa, fiel a seus compromissos éticos — ser isenta, apartidária e independente —, ouvirá um lado, ouvirá outro lado, sugerirá que o melhor é a paz, mas compreenderá, também, o lado dos exaltados, decretando que esse negócio de civilização e barbárie é mera questão de ponto de vista.Por Reinaldo Azevedo





19/10/2013 às 6:46


352.386;





19/10/2013 às 6:37


Aquelas pessoas que invadiram o Instituto Royal, depredaram o laboratório, destruíram pesquisa e roubaram os animais são criminosas. Apenas isso. A imprensa, mais uma vez, está fazendo outro-ladismo, como se, nesse caso, houvesse duas verdades, o bom senso no meio, equidistante das posições extremas. Trata-se de uma mentira, de uma falácia. Há apenas um lado sensato nisso tudo.

Houvesse evidências de maus-tratos dos animais, vá lá; houvesse indícios de que estavam sendo submetidos a procedimentos injustificados e injustificáveis, daria para compreender a mobilização — jamais a invasão e a depredação; isso é crime em qualquer hipótese. Mas não há nada disso. Ao contrário. O que se sabe até agora aponta que lá trabalham pessoas sérias, que fazem um serviço que é do interesse de todos nós, inclusive daqueles imbecis que protagonizaram a pantomima violenta, com a participação de uma subcelebridade, que se tornou notória, quando tinha um programa de televisão, pela parvoíce. Não conseguiu ficar nem na Rede TV… Se ninguém ainda tentou contratá-la, eis a hora.

Que tempos estes, em que os covardes permitem que prosperem os idiotas. O sujeito que eventualmente está lendo este texto pronto a verter a baba hidrófoba, responda para si mesmo, não para mim: a) vai abrir mão de tomar remédios quando ficar doente?; b) vai abrir mão de vacinar os filhos que tem ou que um dia terá; c) se e quando um ente querido cair vítima de algum mal, vai tentar convencê-lo a recusar o tratamento que lhe for dispensado?

Você aí, que está pronto a dizer cretinices no Facebook e no Twitter. Sim, você, moça saudável, com todos os dentes. Você, rapagão cheio de saúde, que logo mais vai pra balada. Sabem quantas drogas foram testadas em beagles, macacos, ratos, gatos, coelhos, porquinhos-da-índia e outras fofuras para que vocês pudessem exibir tanta saúde? Para que a mamãe de vocês — a mãe hipotética, a mãe simbólica — não morresse de câncer de mama ou de útero; para que o papai não morresse precocemente de câncer na próstata; para que a vovó pudesse chegar com saúde aos 80 anos?

Não sabem? Então parem de perder seu tempo e vão estudar! Essa ferramenta que você têm aí na mão não serve apenas para que expressem seus sentimentos, seus rá, rá, rá, seus kkkkk e outras glossolalias. Também serve ao estudo, à pesquisa, à reflexão. Há uma enorme diferença entre torturar os bichinhos e usá-los para testar medicamentos. Não há um só país do mundo que não recorra a esse expediente.

Vi ontem uma senhora na TV. Parece ser uma das organizadoras do ato criminoso. Com a convicção de que só os ignorantes são capazes, dizia que já há maneiras de testar medicamentos sem recorrer aos animais. É mesmo? Quais? A lei que temos, que protege os bichos, já beira o temerário. Criminaliza o uso dos bichos nos testes científicos caso exista um meio alternativo. A questão é saber quem define isso. O militante? O delegado de polícia? O promotor? Por que diabos, afinal, cientistas, professores, profissionais gabaritados submeteriam os bichos a eventuais sofrimentos inúteis. Seria porque eles são pessoas más, à diferença dos invasores do laboratório, que seriam, então, pessoas boas?

E o Ministério Público?

Não é possível que profissionais sérios e que empresas que fazem um trabalho honesto vivam sob o signo da suspeição porque alguns malucos decidiram que não aceitam mais que animais sejam usados pela ciência. O promotor Wilson Velasco Júnior, atenção!, abriu inquérito em dezembro de 2012 — há quase um ano — para apurar as denúncias de maus-tratos no Instituto Royal. Até agora, ele não chegou a nenhuma conclusão? O MP tem competência legal e recursos para recorrer a especialistas, que podem tirar as dúvidas dos promotores. Uma perícia no laboratório teria bastado para demonstrar que tudo estava nos conformes. Mas quê…

Coisas assim acabam acontecendo porque, enquanto dura um procedimento como esse, é evidente que a empresa fica sob suspeição e se transforma em alvo potencial de trogloditas. Agora diz o doutor que eventuais provas foram danificadas pelos terroristas. É patético! Anos de pesquisa podem ter se perdido ali. Se alguma droga foi ministrada aos cães para testar reação, sem o cuidado dos especialistas para minimizar eventuais efeitos adversos, podem é ficar doentes. Vale dizer: esses caras não prestam nem para proteger gente nem para proteger cachorro.

A condescendência de vários setores ditos formadores de opinião com o baguncismo que chegou às ruas em junho está dando nisso aí. Ninguém mais quer conversa. Se acha que está certo, vai e invade, ocupa, quebra, põe fogo. Em junho, havia gente com tocha acesa na mão, a sapatear no teto do Congresso. Outros depredavam o Itamaraty. Jornalistas de TV chamavam aquilo de “manifestação pacífica”, embora perturbada por alguns “infiltrados”. Sei…

Os canalhas que hoje partem para o pau, para a ação direta, para a depredação têm a certeza absoluta — e não sem razão — de que encontrarão pela frente uma imprensa compreensiva, cordata, amiga, que se pela de medo das redes sociais. Vai que alguém fale mal da emissora no Facebook e no Twitter… Boa parte do jornalismo se tornou refém de delinquentes. 

Com o laboratório destruído, com anos de pesquisa jogados no lixo, tendo de enfrentar trogloditas reacionários, fascistoides, apesar de tudo isso, os representantes do laboratório é que estavam, de algum modo, na defensiva.

Mais uma vez, os bandidos foram transformados em heróis, e as vítimas é que tiveram de se explicar. Isso está virando uma rotina. Podem apostar: não vai acontecer nada com eles. Ninguém será condenado nem preso. Estamos indo de uma barbárie a outra sem passar pelo estágio da civilização.Por Reinaldo Azevedo





19/10/2013 às 6:35


Querido leitor,

não tenho bola de cristal, não. “Eles” é que são muito previsíveis. Num dos primeiros artigos que escrevi sobre os censores Caetano Veloso, Chico Buarque e os amigos dos amigos, afirmei que um dos males do Brasil é tomar artistas e celebridades como pensadores. Lê-se lá:

“Por que estamos, de algum modo, surpresos com a defesa que aqueles artistas fazem da censura? Porque, no Brasil (não é só aqui, mas, por aqui, é mais!), artista logo ganha o estatuto de pensador. Mais do que isso: sua glossolalia ideológica — e eles não têm a obrigação de ser especialistas na área — logo é tomada como uma expressão de uma política alternativa. Querem um exemplo? Caetano Veloso, Chico Buarque e Wagner Moura têm uma receita para o Rio: Marcelo Freixo. Freixo é do PSOL, o partido que comanda a greve dos professores do Rio em parceria, agora admitida, com os black blocs. Boa parte da chatice de boa parte do cinema nacional decorre do fato de que cineastas costumam ter mais programas de governo na cabeça do que boas ideias para… cinema.”

Pois bem!

“Artistas” decidiram assinar um manifesto de apoio aos professores que estão em greve no Rio — uma minoria, é bom deixar claro. Entre os signatários, encontram-se os seguintes especialistas em educação e finanças públicas:
– Caetano Veloso
– Wagner Moura
– Marisa Monte
– Leandra Leal
– Fernanda Abreu
– Thayla Ayala

Tem gente aí de que nunca ouvi falar. Não sei se canta, sapateia, chuleia, caseia ou prega botão. Se o manifesto diz que existe, então acredito.

Eis aí. Caetano Censor Black Bloc e Warner Moura são propagandistas de Marcelo Freixo, do PSOL — mas ainda acabarão fechando com Lindbergh Farias, do PT. É só questão de tempo. O PSOL é quem comanda a greve dos professores, cada vez mais minoritária e radical, com o auxílio luxuoso da gangue mascarada que sai quebrando tudo por aí.

Atenção! A cidade do Rio tem hoje um dos melhores planos de carreira para professores do Brasil — se é que não é o melhor. É um escândalo, um acinte e uma violência que os sindicalistas mantenham uma greve que tem um único e real prejudicado: o aluno pobre. Os que, na lista acima, têm filhos certamente os mantêm em escolas privadas, que custam os olhos da cara. Mas sabem como é… Caetano, segundo o próprio, ainda não decidiu se é ou não anticapitalista; Moura já deixou claro que seu negócio é mesmo o socialismo…

Eis aí. Caetano, Moura e outros resolveram dar mais uma forcinha para o PSOL, que comanda a greve desastrada do Rio, a invasão da Reitoria da USP em São Paulo e compõe a ala mais, digamos, entusiasmada da greve dos petroleiros.

Aguarda-se para hoje a apoio das estrelas à invasão do Instituto Royal. Caetano está pensando se deve posar fantasiado de beagle.Por Reinaldo Azevedo





18/10/2013 às 22:50


Lá vou eu com mais uma dos dois-correguenses. Não dou ponto sem nó. Quando defendi que os bandidos mascarados que são presos fossem enquadrados na Lei de Segurança Nacional, sabia que a acusação de crime de “formação de quadrilha ou bando” dificilmente é aceita pelos juízes. Fica fácil descaracterizar: “Senhor Bandoleiro 1, Vossa Senhoria (canalha que depreda bens públicos e privados merece respeito no Brasil) conhece o Senhor Bandoleiro 2, o Senhor Bandoleiro 3 e o Senhor Bandoleiro N?”. Não, meritíssimo! Ele não conhece. Não, meritíssima, eles não se conhecem. Eles só se juntam para quebrar tudo a cada manifestação. O conluio se dá de outra maneira. Não há propriamente uma organização. “Então está todo mundo solto.”

E assim será. De volta às ruas, na próxima manifestação, o 1, o 2, o 3 e o N se juntam de novo. Mas, claro!, eles não formam uma quadrilha. São, como diria o poeta Gonçalves Dias em “I Juca Pirama”, apenas “troços guerreiros” (atenção: lê-se “trôço”, com o “o” fechado”; não digo o que é; quem consultar no dicionário não esquece mais). Leiam trecho do que informa a Folha Online. Volto em seguida.
*
Após determinar a liberação de 22 pessoas presas na manifestação da última terça-feira no Rio, a Justiça mandou soltar mais 31 pessoas na tarde desta sexta-feira (18). Com a decisão sobe para 53 o número de manifestantes presos e autuados no crime de formação de quadrilha que tiveram liberdade concedida. Todos são maiores de idade.

A juíza do caso, que antes havia endurecido e substituído a prisão dos acusados de flagrante para provisória, voltou atrás e determinou a liberdade dos 31 presos. Em sua decisão, publicada na tarde desta sexta-feira, a juíza Cláudia Pomarico, da 21ª Vara Criminal, afirmou que não é possível provar que os presos formavam de fato uma quadrilha e nem que tenham sido eles os responsáveis por depredações verificadas durante a manifestação.

“A lei e a jurisprudência exigem que se tenham indícios suficientes de autoria e materialidade para a conversão da prisão em flagrante em preventiva. A materialidade pode se encontrar fundamentada nos danos sofridos pelos patrimônios públicos e particulares. Porém, a autoria está esvaziada, na medida em que não se pode afirmar coerentemente que as pessoas detidas foram as responsáveis pela prática dos crimes noticiados. Diga-se ainda que aos detidos foi imputado o crime de associação criminosa, previsto no artigo 288, paragrafo único, do código penal. Tal delito não se pode comprovar numa situação flagrancial, pois para sua prática exige-se estabilidade e ato isolado não configura estabilidade, tampouco vínculo entre os associados e permanência”, afirma a juíza.

Na quinta-feira, outra juíza já havia determinado liberação de outros 20 presos autuados em flagrante por formação de quadrilha, dano ao patrimônio público, roubo e incêndio. Daniela Alvarez Prado, juíza da 35ª Vara Criminal, interpretou que, por não terem antecedentes criminais e pelo fato de a polícia não ter explicado em detalhes nos autos do processo quem teria cometido qual crime, eles não deveriam permanecer presos.

“Em prestígio aos princípios fundamentais constitucionais do direito à liberdade e da presunção de inocência, tão caros a um Estado de direito democrático, o processo penal pode seguir seu rumo respeitando a instrução e o resultado final sem implicar na máxima agressão que é o aprisionamento”, afirma a magistrada no despacho.

Os presos que agora tiveram liberdade decretada fazem parte do grupo que foi preso nas escadaria da Câmara Municipal por volta das 23h30 da terça-feira. Um cerco policial deteve todos que estavam na escadaria. A reportagem estava presente no momento da detenção. As pessoas que estavam nas escadarias não participavam de depredações no momento da detenção. Os detidos na ocasião formaram dois grupos, levados para duas delegacias diferentes em ônibus da polícia.
(…)

Voltei
Existe algo de errado com leis que permitem que gente assim fique solta? Acho que sim. É o que dizem o bom senso e o senso comum. Mas há uma penca de doutores a afirmar que não, né? Como o Brasil, com o concurso desses sábios, é o paraíso da justiça, então eles devem estar certos…

A cada dia, tenta-se provar por A mais B que, no país, agem bem os que mandam as leis à zerda.Por Reinaldo Azevedo





18/10/2013 às 18:49

  • As várias faces de um cretino perigoso: este é Daniel Andreas San Diego. Ele pode matar pessoas para proteger bichos

Ai, meu Deus!

A Internet é bacana pra caramba, né? Mas tem, como tudo, um lado chatinho. Um deles é a gente ser “descoberto” por pessoas como uma tal “Simone”, que me envia o seguinte sobre o texto que escrevi a respeito da invasão do laboratório Royal (segue como veio, com uma gramática, digamos, beagle…):

“Pois, acho que fizeram pouco e o Reinaldo é um reacionário e a grande maioria desse país são hipócritas, porque assassinar criaturas inocentes é muito fácil, quero ver fazerem isso nos seus filhos, quer cura para a sua doença, então seja cobaia desses laboratórios e se você sobreviver ao experimento, gostaria de saber como foi a experiência!!!!”

Retomo
Viram? É gente assim que os black blocs da vida mobilizam, podem crer (quando eu era criança, dizia-se “podiscrê”!).

A Simone está lá escrevendo besteiras no seu computador porque, certamente, tomou a vacinas contra pólio, a tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba), a tríplice bacteriana (difteria, tétano e coqueluche), porque toma antibióticos quando algum agente patogênico, meio atrapalhado, a confunde com um de nós…

A Simone acha é pouco. A Simone quer é quebrar mais. A Simone agora só vai se tratar com mel e própolis. Mas vai ela mesma buscar os favos, depois de convencer as companheiras abelhas.

Entendi. Já que Roberto Carlos voltou a ser comentado nestes dias, a Simone nunca mais foi a mesma depois da música que o Rei da Censura dedicou às baleais, com versos magníficos como estes:
“(…)
E as baleias desaparecendo, por falta de escrúpulos comerciais…
Eu queria ser civilizado como os animais….”

Simone já atingiu o ideal de Roberto Carlos.

Outros ainda dizem que o Royal não faz remédio coisa nenhuma. Um deles afirma se testa lá é “batom para a vaca da sua mulher”. Hein? Minha mulher usa batom. Mas tira na hora da função. Aquele coisa meio gordurenta me incomoda… “Você não gosta de batom, é?”, desconfia Paula Lavigne, a suspicaz… 

As causas têm lá seus ideólogos, sabemos. Mas só sobrevivem e se tornam populares com o concurso dos idiotas.

Gente que é contra o uso de animais pela indústria farmacêutica e por cientistas — seguindo os princípios éticos que regulam a prática, é claro — não deveria jamais tomar um remédio da chamada alopatia — incluindo a anestesia em caso de cirurgia e de tratamento dentário. Só homeopatia e hipnose.

Por que dar atenção à Simone? Porque ela é uma legião. Há questões que são complexas, admito. É difícil entender que não se deve, por exemplo, indexar salários porque a correção contínua do ganho, segundo a taxa de inflação, rouba dinheiro do trabalhador em vez de beneficiá-lo. É o tipo de coisa que contraria o senso comum. Até porque não é menos verdade que uma inflação renitente, sem correção nenhuma, também empobrece o coitado.

Mas como é que a Simone não consegue entender que ou se testam remédios e vacinas em bichos ou se os testam em seres humanos? Se a Simone não quer que seja naqueles, então será nestes. Se ela não consegue compreender isso, começo a duvidar que consiga atravessar a rua em segurança ou levar o sorvete à boca sem o risco de acertar a testa.

Sustentando-se apenas nos membros inferiores, em posição vertical, é perfeitamente possível entender que defendo, sim, o uso de animais, desde que respeitadas as regras — tudo indica ser o caso do laboratório Royal. E não defendo apenas para que eu e os meus nos livremos ou nos curemos de doenças.

Também se beneficiam as criancinhas pobres da África — que, infelizmente, arrancam menos lágrimas dos contemporâneos do que os beagles. Beneficia-se a espécie. Mas a Simone quer é quebrar mais. Com um computador na mão. Sou capaz de jurar que ela também é contra a indústria farmacêutica e o capitalismo. Sempre com um computador na mão.

Dá para entender por que Daniel Andreas San Diego é um dos terroristas mais procurados pelo FBI. Como Simone, ele também acha que a depredação de laboratórioe é pouco. Ele decidiu explodir bombas em empresas que realizam testes com animais. San Diego acha que não há mal nenhum em matar pessoas quando se trata de proteger bichos. San Diego é um humanista destes tempos animalisticamente corretos.Por Reinaldo Azevedo





18/10/2013 às 17:16



  • Quem vai nos salvar dos nossos salvadores?

Eis uma pergunta que, em algum momento, teremos de responder. A esta altura, creio que todos vocês já leram a história dos ditos “ativistas” — essa é uma das palavras mais cretinas empregadas pela imprensa brasileira: o contrário seria o quê? Passivistas? Do que estamos a falar? — que invadiram o laboratório Royal, na cidade de São Roque, em São Paulo, para libertar cães da raça beagle e coelhos. Sim, os bichos estavam lá para o teste de novas drogas farmacêuticas etc. Os defensores dos animais fizeram, sem nenhum fundamento aparente, denúncias de maus-tratos. Como não havia caminho legal para interditar o trabalho do laboratório — que, tudo indica, segue todas as normas técnicas —, agiram como virou moda nesses dias, especialmente de junho pra cá: invadiram o laboratório, depredaram as instalações, libertaram os animais, deixaram sem refrigeração amostras que podem ter custado anos de pesquisa… E tudo porque eles se opõem ao uso de animais em experimentos farmacêuticos.

  • Laboratório depredado depois da ação de trogloditas disfarçados de amantes dos animais

É claro que eles têm um argumento forte, que remete ao coração, precisamente naquela parte do nosso coração que rejeita todos os alertas do cérebro. Sim, existe. O dito órgão era considerado o centro das emoções humanas em passado remoto porque é o primeiro a dar um sinal físico de que nos deixamos abalar. Por isso o coração está ligado, na língua, ao pensamento: saber algo “de cor” quer dizer, literalmente, saber com o coração (em latim, “cor”). Em francês, a associação é ainda mais explícita. Repetir algo de memória é fazê-lo “par coeur”. Mais um pouco: em “coragem”, também está a palavra “coração”. NOTA À MARGEM: hoje em dia, as escolas ou não ensinam nada ou recorrem ao rap (funk e outras coisinhas) para tentar atrair a atenção dos alunos. A grande revolução seria a etimologia… Mas é mais fácil transformar a sala de aula numa espécie de “Esquenta” da Regina Casé… Sigo.

Vejam esta foto de autoria de Avener Prado (a exemplo das outras deste post), da Folhapress. É um dos cãezinhos resgatados.


O quê? Vocês acham que também não me comove? Vocês acham que também o meu coração não exibe sinais de pensamento? Ora… Assim como Drummond lembrava que vemos o nosso queixo no queixo de nossos filhos, encontro ali o olhar da Pipoca e da Lolita, as cadelinhas aqui de casa. Pior ainda quando é um beagle.

A gente tende a humanizar os bichos, especialmente os mamíferos — exceção feita àqueles associados a pestes (na Índia, há seitas que protegem os ratos, que são divinizados). Essa raça em particular tem, assim, um certo ar reflexivo, quase filosófico… Está mais para Sêneca do que para Marilena Chaui, né? Há uma certa fatalidade triste em seu olhar, estoica mesmo, uma coisa, assim, “let it be”. Não por acaso, Snoopy, o cão-filósofo, é um beagle. Falamos com esses bichos. Eles abanam a cauda, obedecem a alguns comandos, vêm nos consolar — assim imaginamos — quando estamos tristes. Nas noites de frio, quando a Pipoca decide dormir, vem bater à porta do meu escritório para que eu vá cobri-la. Eu vou. Converso com ela.


Mas Pipoca ainda não é tão nossa irmã como os macacos, que, costumo dizer, não têm alma por um voto. Estivesse a Divina Providência com apenas 10 membros, como já ocorreu no nosso Supremo, e teria dado empate. “In dubio, pro anima”… Ocorre, meus caros, que animais são usados para testar remédios e vacinas no mundo inteiro. Muitos daqueles trogloditas amorosos que depredaram o laboratório Royal só não carregam a marca indelével da poliomielite porque alguns animaizinhos experimentaram antes a prevenção, testada depois em humanos.

Podemos achar isso uma barbaridade. Podemos achar isso uma crueldade. Nosso coração pode ficar trincado de dor. Mas é assim que se salvam vidas. É assim que a humanidade sobreviveu — inclusive para amar os animais. A “alma” de um cão não é superior à alma de um rato. Ou é? É a cultura que hierarquiza amorosamente os animais, como evidenciam os ratos e as vacas da índia. Se recusamos as experiências com beagles (fiz uma pesquisa razoável para saber por que eles estão entre os mais usados em laboratório; tudo faz sentido), por que não com todos os outros bichos?

Santo Deus! Usar os bichos para testar vacinas e remédios é o caminho para não usar humanos — nesse caso, os limites éticos são muito mais estreitos. Existem, sim, experiências que só podem ser feitas com pessoas. Hoje em dia, elas assinam um termo de compromisso, evidenciando que têm consciência de que se trata de um experimento. No geral, aceitam o desafio pacientes de doenças incuráveis que levarão à morte num prazo não muito longo ou de doenças crônicas que implicam grande sofrimento.

Os métodos
Li que havia até black blocs em São Roque — ou idiotas fantasiados de black blocs, sei lá. Ainda que fosse verdade que o laboratório estivesse a maltratar animais — o que se constatou é que tudo por lá parecia de acordo com as regras —, essa gente cometeu um crime: contra a propriedade privada, contra a ciência, contra a segurança da própria comunidade. Eles lá sabiam se poderiam liberar algum agente patogênico na sua ação troglodita?

Sou um cachorrista juramentado. Mas desconfio muito da moral e da ética de quem gosta mais de bicho do que de gente, mais de mato do que de gente, mais “da natureza” do que de gente. Olhem quantas crianças pobres estão nas ruas, pedindo para ser libertadas da indigência, das drogas, do abandono. Não estou sugerindo que esses dispostos as adotem, não. Tanto furor militante, no entanto, poderia ser usado em favor do ser humano, não contra ele.

A defesa dos animais, por meio de atos violentos, é uma das formas que tomou a militância em nosso tempo. O fim do comunismo fez um mal filho-da-mãe, acreditem!, aos hormônios da juventude. Antes, quando se tratava de mudar o mundo, pediam-se logo justiça e igualdade. Agora, exigem-se liberdade para os beagles, transporte de graça, descriminação das drogas, fim dos automóveis… A luta de classes busca um jeito de se manifestar, coitada…

  • Amostras que deveriam estar refrigeradas se perderam: esses obscurantistas podem liquidar num ato com anos de pesquisa

Proposta de Código Penal
Por que afirmo que o amor excessivo aos animais pode expressar um certo desprezo pela humanidade? Lembram-se daquela comissão formada por José Sarney para revisar o Código Penal? Então. Leiam estes três artigos produzidos pelos sábios:
Artigo 132:
Art. 132. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo, ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena – prisão, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal grave, em qualquer grau, e triplicada, se resulta a morte.

Leiam, então, o que vai no 393
Art. 393. Abandonar, em qualquer espaço público ou privado, animal doméstico, domesticado, silvestre ou em rota migratória, do qual se detém a propriedade, posse ou guarda, ou que está sob cuidado, vigilância ou autoridade:
Pena – prisão, de um a quatro anos.

Agora, o Artigo 391:
Praticar ato de abuso ou maus-tratos a animais domésticos, domesticados ou silvestres, nativos ou exóticos:
Pena – prisão, de um a quatro anos.
§ 1o Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.
§ 2o A pena é aumentada de um sexto a um terço se ocorre lesão grave permanente ou mutilação do animal.
§ 3º A pena é aumentada de metade se ocorre morte do animal.

Comparem os delitos e as penas. É evidente que, nos artigos acima, uma tartaruga (também há uma aqui em casa…) ou um beagle valem muito mais do que você, leitor.

É claro que me oponho a qualquer forma de tratamento cruel dispensado aos animais. É evidente que também me chocam vídeos publicados na Internet em que pessoas aparecem espancando bichos… Mas vamos com calma. Lembro-me de um em que uma senhora, visivelmente descompensada, aparecia maltratando um cãozinho. Inaceitável, sim. Sua vida virou um inferno por algum tempo. Vá lá, aquilo não se faz. Ocorre que começou uma corrente pregando nada menos do que a… PENA DE MORTE para a dita-cuja. Outros diziam: “Sim, merece morrer”. Ou ainda: “Se estou lá, mato essa doida…”.

Um mundo em que um ser humano morto, mesmo culpado, é melhor do que um cão vivo e “inocente” é um mundo que está moralmente do avesso.

Encerro
O que vai acontecer com os invasores do laboratório? Orgulhosos de seu feito, eles posaram para fotos. Se, amanhã, eles se opuserem a testes para se chegar à vacina contra o vírus HIV, ainda assim nós os consideraremos humanistas?

E agora para encerrar mesmo: eu me opus, e me oponho ainda — para escândalo de muitos; lamento, não consegui vencer o óbice ético —, à liberação de experiências com embriões humanos. Exijo, sim, que a nossa espécie mereça, quando menos, o respeito que se vem dispensando aos animais, mas entendo que somos um pouco mais do que isso… Progressistas que são, estou certo de que os defensores de beagles acham que sou um reacionário por isso.Por Reinaldo Azevedo





18/10/2013 às 15:33


Tá, eu confesso certas coisas da minha biografia. Eu sei de cor “O Navio Negreiro” desde os nove anos. Meio gordinho, de óculos, declamando “Navio Negreiro”. Eu também tirava boas notas.“Huuummm…”, dirão os inimigos. Mas nada disso deixou sequelas. Não adianta Paula Lavigne tentar arrancar alguma confissão deste escriba. Não sofria bullying. Posava de malandro driblando a vigilância da escola pra fumar. Era o meu contato com o “fundão”. “É CDF, mas fuma…” Os erros compõem nossa vida com a mesma importância dos acertos. Os meus desejos de justiça nasceram junto algum apreço pela estética, como se vê. Mudou com o tempo o meu pendor condoreiro. Mas não vou falar de poesia. É que o verso de Castro Alves pipocou na minha cabeça ao ver um sujeito se esgoelando na televisão:

“Que cena infame e vil… Meu Deus! Meu Deus! Que horror!”

Não tinha, admito, gravidade nem remotamente parecida com o “sonho dantesco” descrito por Castro Alves. Era só o ator Paulo Betti, falando em nome da FUP (Federação Única dos Petroleiros), contra o leilão do campo de Libra. É uma propaganda (“comercial”, se dizia quando eu era criança) de TV. Lá está o homem, escandindo todas as sílabas, num estilo que lembra Enéas Carneiro, mas sem barba e de topete, a anunciar que o leilão significa a entrega das nossas riquezas a estrangeiros gananciosos.

“Que cena infame e vil… Meu Deus! Que horror!”

Esse rapaz não é aquele que, em 2006, na campanha pela reeleição de Lula, referindo-se ao mensalão, deixou inscrita uma frase que jamais vai se descolar de sua biografia — na hipótese de que alguém se interessasse por ela: “Não dá para fazer [política] sem botar a mão na merda”. Ao que emendou, então, Wagner Tiso, o Espinosa dos arranjos: “Não estou preocupado com a ética do PT. Acho que o PT fez um jogo que tem que fazer para governar o país”.

Pergunta: Betti aceitou o papel “de grátis”, como diz o povo, ou houve ao menos uma ajuda de custo? Ele fala aquelas coisas vergonhosas por pragmatismo argentário ou por convicção mesmo? Uma coisa depõe contra a moral; a outra, contra a inteligência.

Só para deixar a coisa completa, leitor amigo: o diabo é diabo porque é velho, não porque é sábio. A única vantagem de envelhecer é ter uma memória mais longa — para quem a conserva. Betti era militante petista, sim, desde a década de 80. Em julho de 2001, no entanto, a Folha publicava este texto (fragmento em vermelho):

Militante devotado do Partido dos Trabalhadores desde os anos 80, o ator e diretor Paulo Betti, 48, admite votar no candidato tucano à sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso. Sem constrangimento aparente, Betti integrou a comitiva presidencial que ontem visitou a metalúrgica Bardella, em Sorocaba, cidade natal do ator. Betti, que capta recursos para rodar o filme “João de Camargo”, foi convidado pelo cerimonial do Palácio do Planalto.

Nas últimas três eleições presidenciais, o ator declarou apoio a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas descartou um quarto voto no petista. “Nunca lhe neguei voto, mas Lula jamais foi assistir a uma peça minha”, afirmou. FHC também nunca o prestigiou, mas o ator considera-o mais interessado em cultura do que o presidente de honra do PT. “Com Fernando Henrique posso conversar sobre literatura, antropologia e sociologia. É chato falar com quem só se interessa por futebol”, disse.
(…)

Retomo
Cinco anos depois, lá esteve ele a fazer considerações sobre meter a mão na merda. Agora, aparece estrelando a campanha búcefala da FUP. Tudo em nome, estou certo, da literatura, da antropologia e da sociologia.

PS – Ninguém vai perguntar para Chico Buarque, Caetano Veloso e Djavan o que eles pensam sobre o leilão do Campo de Libra?Por Reinaldo Azevedo





18/10/2013 às 14:49


A Advocacia-Geral da União mobilizou, informa Lauro Jardim, 300 advogados para ficar de plantão na segunda-feira, quando ocorre o leilão do Campo de Libra. Lá vou eu com as máximas de Dois Córregos, uma terra de sábios — sou apenas aprendiz: “Gato ruivo, quem usa cuida”. Significado: quem é especialista em patranha — e em petralha, emendo eu — tem mais é de se precaver, né? Qual era a tática do PT e de seus penduricalhos, como CUT, durante os leilões de privatização ocorridos no governo FHC? Entravam com uma tempestade de ações judiciais para suspender os leilões, com pedidos de liminar, em várias partes do país.

Um juiz federal de Surucucu do Norte conseguia paralisar um leilão que ocorria no Rio ou em São Paulo. Os petistas têm experiência no assunto. O governo sambou miudinho. Assim, como a gente nota, Dilma recorre às experiências vividas no governo FHC para enfrentar seus próprios companheiros de esquerda — e começou pelo mais básico: chamou o Exército.Por Reinaldo Azevedo





18/10/2013 às 6:51


352.386;





18/10/2013 às 6:27


A Justiça de São Paulo, por intermédio do desembargador Ivan Marques, da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJ), negou o recurso que garantia a decretação imediata da prisão preventiva de 175 pessoas denunciadas pelo Ministério Público como membros do PCC. Até que a questão possa ser examinada de novo, podem se passar alguns meses. Nas redes sociais, a Justiça está levando muitas bordoadas. As associações de juízes, todas de caráter sindical, reagiram. Já volto ao ponto. Antes, algumas considerações.

Pode haver gente que repudie tanto quanto repudio a ação populista de juízes; mais do que eu, acho difícil. Nestes dois últimos dias, por exemplo, afirmei que a tentação de ceder ao clamor não exatamente das ruas, mas de minorias organizadas, havia chegado ao STF. Censurei duramente o ministro Luiz Fux por ter concedido uma liminar contra a suspensão do pagamento de professores grevistas da rede estadual do Rio. Também lamentei que uma juíza tivesse declarado sem efeito a sessão da Câmara de Vereadores que aprovou o plano de carreira dos docentes cariocas — liminar já cassada. Reagi com estupefação ao meritíssimo que negou liminar de reintegração de posse da Reitoria da USP, invadida a marretadas por vândalos disfarçados de alunos. Estudante usa caneta. Para escrever, não para furar o olho da legalidade democrática.

São apenas três exemplos de uma série de decisões polêmicas, que me parecem tendentes a ajustar as leis ao berreiro da militância. E, ainda que isso me faça um conservador empedernido (que bom!), acho que, na democracia, o berreiro militante é que tem de se ajustar à lei — se não for boa, que se organizem para mudá-la. Muito bem! Dito isso, faço agora uma distinção fundamental: uma coisa é juiz ceder a pressões, o que não deve fazer; outra, muito distinta, é achar que as pressões, exercidas nos marcos do regime democrático, são inaceitáveis. Aí não! Aí não dá! Aí os senhores juízes hão de me perdoar, mas preciso lhes fazer uma recomendação elementar: acostumem-se a viver numa democracia. Antes de voltar ao ponto inicial, uma segunda consideração que me parece relevante.

Confesso que tenho certa dificuldade de admitir que um juiz possa pertencer a um sindicato — ainda que esse ente venha na forma de uma associação. O Judiciário tem, na prática, a última palavra. Os meritíssimos têm de ancorar as suas decisões em códigos legais, mas sabemos o que pode a largueza interpretativa. Há sempre um quê de necessariamente discricionário no voto ou na decisão de um juiz, não é mesmo? O direito não é uma ciência exata. Quando um juiz integra uma associação, isso me causa um incômodo intelectual, ainda que possa entender seus motivos. Como pode ser um “coletivo” quem, por natureza, deve atender apenas ao apelo da própria consciência — sempre tendo as leis como guia? Mas as associações existem, estão por aí aos montes. Há até uma que se intitula “Juízes pela Democracia” — como se pudesse haver uma pela ditadura…

De volta ao PCC
Leio no Estadão:
“As reiteradas decisões do Judiciário de negar a decretação preventiva dos acusados flagrados na megainvestigação que durou três anos e meio e mapeou o crime organizado em São Paulo abriram uma crise entre os juízes e os promotores paulistas. Cerca de 200 juízes, de diversas comarcas do Estado, assinaram uma nota de apoio ao juiz Thomaz Correia Farqui, da 1ª Vara de Presidente Venceslau. Farqui foi o juiz que rejeitou o pedido de prisão. Após a publicação do caso, o juiz e seus familiares passaram a ser hostilizados nas redes sociais. Promotores de Justiça criticaram a decisão do magistrado.”

Pois bem. A Associação Paulista dos Magistrados (Apamagis) e a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) divulgaram notas de protesto em defesa do juiz. Também o presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Nelson Calandra, se manifestou: “A AMB repudia quaisquer atitudes tendentes a causar clamor social para coagir ou constranger um magistrado no seu livre convencimento, com tentativas de desacreditar decisão judicial fundamentada e estritamente técnica, proferida no exercício da independência funcional do Magistrado”.

Pois é…

As notas de repúdio são dirigidas, num primeiro momento, ao Ministério Público Estadual. Alguns de seus membros expressaram inconformismo, mas sem muito alarde. O troço pegou fogo mesmo foi nas redes sociais. Há coisas que as pessoas comuns — as que acordam cedo todos os dias, trabalham, recolhem impostos e pretendem voltar em segurança para as suas respectivas casas — não entendem. Por que se recusa, por exemplo, uma operação de busca e apreensão na casa de alguém flagrado ao telefone operando para o partido do crime? Deve haver alguma razão técnica para isso. Mas sabemos que nessa ciência não exata do direito, pode haver “motivo técnico” tanto para uma coisa como o seu oposto. Assim, contra o crime organizado, entendo que o dever moral é tomar a decisão que proteja a sociedade. O caso dos embargos infringentes deixou isso tudo muito claro.

As manifestações dessa pletora de associações de juízes não se voltam apenas contra o inconformismo de promotores. Elas parecem querer esconjurar também os protestos das pessoas nas redes sociais. Ai não dá! Há 50 mil homicídios por ano no Brasil, senhores juízes. O crime dá mostras de que está sempre muitos passos à frente da polícia e da própria Justiça — que é, sim, lenta. É normal e, mais do que isso, desejável que os brasileiros manifestem o seu inconformismo.

Não endosso, é evidente, pressões e fulanização. Se o juiz foi hostilizado, é lamentável. Ocorre que a organização criminosa está aí, tentando ditar ordens para as autoridade e fazendo ameaças. Ainda que juízes não tenham sido eleitos pelo povo, também têm um caráter representativo, não é? Eles existem para que a gente não tenha de resolver tudo no braço.

Eu lamentei, por exemplo, profundamente o conteúdo do voto de Celso de Mello, decano do Supremo, no caso dos embargos infringentes. Mas aquela é a maneira como ele entende que deva ser exercido o aparato legal, e não há o que fazer a respeito. O que repudiei no seu voto foi menos o conteúdo do que o tom. Celso de Mello chamou de “pressão inaceitável” o que era nada além de direito democrático: discordar da decisão de um juiz. Nas democracias, decisões judiciais têm de ser cumpridas. Mas só as ditaduras proíbem que sejam debatidas. Ou por outra: no regime democrático, decisão judicial se cumpre e se discute.

Em vez de se perderem em bate-bocas infrutíferos, as associações de juízes poderiam ajudar a esclarecer onde exatamente está o defeito da denúncia dos promotores, que impede que se decrete a prisão preventiva dos que foram acusados de pertencer ao PCC. A investigação está malfeita? Houve algum erro formal incontornável? As evidências colhidas impedem que se aplique esse recurso? O mal de entidades de caráter sindical é que a “luta” sempre assume uma perspectiva corporativista, deixando de lado o principal. As evidências que vieram a público contra muitos denunciados parecem bastante fortes. Então não são? Isso tudo é coisa de leigos? Devemos entender de modo diferente aqueles diálogos ao telefone? Qual é o ponto? Não há mal nenhum no fato de a sociedade querer entender. Ou há?

Juiz não tem de ser satanizado, demonizado, fulanizado, pressionado, nada disso… Mas que os juízes sindicalistas tenham em mente que, na democracia, a expressão do inconformismo é só o exercício de um direito. Os meritíssimos são e devem ser livres para julgar. Mas o indivíduo, que paga a conta e em nome do qual eles exercem a sua função, não só pode como tem a obrigação de dizer o que pensa.

Descabido, nesse caso, é censurar uma população acuada por 50 mil homicídios por ano.Por Reinaldo Azevedo

Tags: juízes, PCC




18/10/2013 às 4:48


Esse é o número de páginas deste blog visitadas nesta quinta. Como dizia na plaquinha do boteco de um tio meu, “Obrigado pela preferência. Volte sempre”.


Por Reinaldo Azevedo

Tags: blog, leitores




18/10/2013 às 4:35


Vamos botar os devidos pingos nos “is”, não é? Como se diz lá em Dois Córregos, “quem fala a verdade não merece castigo”. Os artistas queriam mudar todo o sistema que envolve o Ecad, arrecadação de direitos autorais etc. É um direito deles. Precisavam da adesão do nome forte, do símbolo, do “primus inter pares”: Roberto Carlos. Ele topou. Mas impôs uma condição: a mobilização contra a Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) que pede que o Artigo 20 do Código Civil — o que permite o veto às biografias — seja declarado inconstitucional pelo Supremo. E, bem, ele é escancaradamente inconstitucional!

Até dou de barato que, pensando no rico dinheirinho — e não há mal nenhum em querer uma justa remuneração por seu trabalho —, os medalhões não tenham se dado conta de que estavam, sim, endossando a censura. Pensaram só nos seus umbigos estrelados, como se as massas estivessem enlouquecidas, querendo saber intimidades da vida do próprio Chico, de Djavan e de Caetano Veloso.

Paula Lavigne, como é de seu estilo, logo assumiu a liderança da “batalha”, com a sua sensibilidade costumeira e os pensamentos delicados de que é capaz. Deu no que deu. O preço da adesão de Roberto Carlos à luta por direitos autorais foi, ora vejam!, a defesa da censura. Certamente o chamado “baixo clero” no Congresso é capaz de coisas mais edificantes.

Chico Buarque finge conversar só com os deuses olímpicos, mas não é burro. Percebeu o rombo que essa história está abrindo em sua reputação. Caetano Veloso vai dar combate por mais tempo. Lauro Jardim, meu colega aqui na VEJA.com, escreveu outro dia que resistiria a fazer trocadilhos com as músicas de nossos iluministas. Vou ceder à tentação. Chico agora decidiu recuar do seu “Cale-se” , que compôs em parceria com Gilberto Gil, outro proibicionista. Caetano talvez volte ao seu “É proibido proibir”. Lembrar essas coisas, com efeito, é um recurso fácil, mas confronta esses senhores com a sua própria obra e com a mensagem de “liberdade” que chegaram a encarnar. A de Chico, justiça se lhe faça, sempre foi suspeita. Não se pode ser um cubanófilo e um defensor das liberdades individuais ao mesmo tempo, não é? Chico, como sabe toda gente, é amigo dileto de um regime que prende intelectuais, que prende jornalistas, que prende homossexuais, que prende pessoas por delito de opinião. Assim, a liberdade não é, para ele, o que é para um liberal, por exemplo: um valor inegociável, acima da justiça. E está acima da justiça por uma razão singela: com liberdade, pode-se reivindicar justiça. Os estados autoritários pretendem inverter essa lógica: oferecem a sua noção particular de justiça desde que o indivíduo abra mão de sua liberdade.

A Folha publica na edição desta sexta uma entrevista sua, concedida a Lucas Neves, em Paris. Destaco alguns trechos de sua fala. Volto em seguida.
“Posso não estar muito bem informado sobre as leis e posso ter me precipitado, mas continuo achando que o cidadão tem o direito de não querer ser biografado, como tem o direito de não querer ser fotografado ou filmado.”
“Me pareceu [ênfase] que era um direito. E parece que não. Então tá bom: então vai se criar um outro tipo de situação. As biografias serão automaticamente liberadas, e os biografados poderão recorrer à Justiça para receber uma indenização que parece que não é significativa. Ou, quem sabe, para até retirar o livro de circulação.”
“[No caso do Roberto] Ele pode não querer que se fale de um casamento, de algum problema da infância. São problemas que não são levados pelo artista ao público, que ele toma o maior cuidado,quer preservar para si. Acho respeitável. Agora, se a lei tá errada, se eu tô errado, tudo bem. Perdi.”

Comento
Sim, está terrivelmente desinformado. Em todas as democracias do mundo, inclusive na França, onde ele de fato mora, inexistem mecanismos de censura prévia, como há no Brasil. E os autores de biografias respondem na Justiça por eventuais danos que possam causar à imagem dos biografados.

No fim das contas, aquele que é tido por alguns como o grande pensador brasileiro agora dá de ombros para a questão e faz de conta que estava num jogo de pelada com seus amigos. Em pauta, nada menos do que a liberdade de expressão no país. Banal e irresponsável.Por Reinaldo Azevedo







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"A Revolução Francesa começou com a declaração dos direitos do homem, e só terminará com a declaração dos direitos de Deus." (de Bonald).

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-O coletivismo é a negação da liberdade, porquanto a sede da liberdade é o indivíduo. Tanto é que a pena mais severa na história da humanidade é a privação da liberdade. A essência da liberdade é una e indivisível e daí a designação do sujeito como "indivíduo".

Aluízio Amorim

Filósofa russa Ayn Rand :



“Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada.”



Ayn Rand nasceu em São Petersburgo em 1905