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terça-feira, 5 de novembro de 2013

Black blocs








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black blocs



05/11/2013 às 15:23


Que bom que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, está empenhado em combater a ação dos black blocs, ou que nome tenham os desordeiros. Jádemonstrei aqui como o próprio ministro e o governo que ele integra contribuíram para a desordem. No que diz respeito a São Paulo, as falas eram de uma impressionante irresponsabilidade. O tiro saiu pela culatra. O flerte — do Planalto e de setores da imprensa — com a bagunça e a certeza da impunidade espalharam a bagunça Brasil afora. Coisa de uma minoria? Certamente! Só que causa grandes transtornos à maioria.

Como esquecer a entrevista dada por Cardozo à Folha, no dia 17 de junho, em que ele censura com dureza a Polícia de São Paulo por seus ditos “abusos”? Naquele mesmo dia, mascarados lincharam policiais no Rio e incendiaram o centro da cidade. Três dias depois, em Brasília, a metros da sala de trabalho do ministro, meterem fogo no Itamaraty. Isso tudo se deu em junho. O governo discute o que fazer quase cinco meses depois. É o padrão.

Espionagem
O governo brasileiro superestimou o caso da espionagem feita pelos EUA já de olho no calendário eleitoral. Posar de adversário duzamericânu rende a admiração dos tolos. Então… Agora que o óbvio vem à luz — a Abin também espiona —, o discurso da indignação perde sentido.

Cardozo, vejam o post anterior, diz que o que se faz por aqui é outra coisa; é contraespionagem. Sustenta que as nossas operações secretas não violam direitos básicos de ninguém… Não? Como saber? O bom trabalho de reportagem de Lucas Ferraz, da Folha, revela as operações que foram feitas, os alvos etc. Mas não sabemos detalhes da operação propriamente; não se desceu a minudências do procedimento — talvez por falta de alguém que exerça o mesmo papel de Edward Snowden. É claro que a coisa por aqui é mais acanhada, de dimensão muito menor etc. Mas, em essência, estamos, sim, a falar da mesma coisa: governos espionam. E, obviamente, isso não é novo — assim é desde que o mundo é mundo… Dario, o persa, já tinha agentes seus espalhados pelo mundo conhecido… Seus eunucos eram notórios espiões.

E notem: não estou aqui a sugerir que a Abin fez algo de especioso ou de irregular. A rigor, essas operações jamais deveriam ser do nosso conhecimento — e o mesmo vale para as ações da NSA. O episódio ocorrido em Banânia contribui para devolver as coisas a seu devido lugar.Por Reinaldo Azevedo





05/11/2013 às 14:48


Por Gabriel Castro, na VEJA.com. Volto no próximo post:
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, confirmou nesta terça-feira que a Polícia Federal obteve avanços na identificação de criminosos que têm atuado em protestos no Rio de Janeiro e em São Paulo. Reportagem do jornal O Globo afirma que a PF já identificou 130 suspeitos de promover atos de violência. “Isso que foi divulgado hoje seguramente faz parte desse esforço que estamos fazendo”, disse Cardozo nesta terça-feira, antes de se recusar a comentar o teor das investigações.

O ministro deve se reunir até o início da semana que vem com os secretários de segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, e de São Paulo, Fernando Grella Vieira, além do presidente do Conselho Nacional de Justiça, Joaquim Barbosa, o presidente do Conselho Nacional do Ministério Público, Rodrigo Janot, e o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), para discutir mudanças na legislação que possam aumentar a eficácia do combate aos vândalos. Os secretários afirmam que as regras atuais são muito brandas.

Cardozo afirmou ainda que pretende criar um protocolo nacional para padronizar a atuação policial em protestos de rua a partir do modelo que deve ser adotado pelos governos do Rio de Janeiro e de São Paulo.”Se isso der certo, tem que ser estendido para todo o Brasil, justamente para que saibamos os limites que a polícia tem que respeitar e os limites que ela tem para agir”, afirmou.

Espionagem
O ministro afirmou nesta terça que a revelação de que o Brasil monitorou diplomatasrussos, iranianos e iraquianos não significa a adoção de práticas de espionagem semelhantes aos Estados Unidos – que suscitaram críticas do governo brasileiro. “Isso é absolutamente legal. Quando você acha que existem espiões de potências estrangeiras atuando no Brasil, o que você faz? Deixa te espionarem? Não. Você faz a contraespionagem”, afirmou Cardozo.

“Todos os países fazem – e têm que fazer – contraespionagem. O que eu não posso fazer é violar o direito das pessoas”, disse ele, enfatizando que, no episódio protagonizado pelos Estados Unidos, houve interceptação de comunicações. Nesta segunda-feira, o jornal Folha de S. Paulo revelou que agentes brasileiros seguiram e monitoraram diplomatas dos três países.

Campanha
As declarações de Cardozo foram dadas após o lançamento de uma campanha de conscientização sobre os direitos do consumidor. A divulgação inclui peças publicitárias na televisão, na internet e em veículos impressos, e tem o lema “Você sabe o valor que você tem”. O custo da campanha é de mais de 9 milhões de reais. O foco da divulgação acontecerá em Brasília, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. De acordo com Cardozo, essa é a maior campanha já feita com este tema em âmbito nacional.

Desde 2004, o Serviço de Defesa do Consumidor, que inclui os Procons, recebeu 9,3 milhões de queixas. Entre as mulheres, as reclamações mais comuns atingiram empresas de cartão de crédito, de telefonia fixa e telefonia celular. Entre os homens, os serviços de telefonia celular foram os principais alvos de queixas, seguidos pelos bancos e pelas empresas de cartão de crédito.Por Reinaldo Azevedo





02/11/2013 às 7:49


Pois é… Volto ao assunto do vídeo em que estrelas da Globo convocam um protesto — aquele que NÃO ACONTECEU NO DIA 31. Keila Jimenez informa naFolha que a emissora não sabia da iniciativa. Lá estão a contribuir com a causa Camila Pitanga, Mariana Ximenes, Leandra Leal, Guta Stresser, Marcos Palmeira, Wagner Moura etc. Convocaram, mas não compareceram. O tal vídeo faz também críticas à “mídia”. “Mídia” vem a ser justamente o ramo de atividade do Grupo Globo, o maior do país. Sugeri que, em vez de eles estimularem mais confusão no Rio, que fizessem uma passeata dentro do Projac.

O bacanas não compareceram ao protesto que eles mesmos convocaram. É gente que gosta de ver o povo na rua, mas de longe. Segundo Keila, a Globo informou que os artistas não foram repreendidos porque se manifestavam como cidadãos. É isso mesmo? É uma informação oficial da emissora? Então vamos ver.

O vídeo em questão traz a fala de uma atriz chamada Bianca Comparato. Não deve ser do elenco da emissora, mas está lá. Ela justifica a depredação promovida pelos black blocs. Reproduzo de novo a sua fala:
“[órgãos de imprensa] só reportam o que é que foi quebrado, o que foi destruído. E eu também acho que tem de parar para pensar o que é que está sendo destruído. São casas de pessoas, como (sic) a polícia joga uma bomba de gás dentro de um apartamento? Não! São lugares simbólicos”.

Suponho que aquela plêiade de pensadores tenha visto o resultado final antes de o vídeo ser tornado público. Logo, concordaram com o que vai acima. Logo, também devem achar que os black blocs não fazem mal nenhum, uma vez que estão sendo destruídos “apenas lugares simbólicos”, certo? E a Globo não tem nada com isso? Vênia máxima, acho que tem! A propósito: um dos “lugares simbólicos” que os black blocs tentam atacar é justamente a… Globo! 

A emissora não pode se responsabilizar pelas bobagens que dizem seus contratados. Mas, quando eles põem a sua popularidade — conquistada em razão do trabalho que fazem na TV — a serviço do que, sem muito esforço, pode ser considerado incitamento ao crime, as coisas se complicam. Que eu saiba, a emissora não permite que suas estrelas participem de campanhas político-eleitorais. Ou essa informação está errada?

A ser assim, a moral está torta; está pelo avesso. Uma campanha eleitoral, bem ou mal, se dá quase sempre nos marcos do estado democrático e de direito, não? Já o quebra-quebra dos black blocs representa a fratura desse contrato democrático. Ou será que estou errado? Se não repreendeu, deveria ter repreendido. Quebrar a cidade é um crime.

“Ah, os artistas conhecidos não endossaram os atos dos black blocs…”Não com as próprias palavras. Mas participam de uma peça de propaganda que faz isso. Não é uma invenção minha. É apenas um fato.

“Olhem o Reinaldo, defensor da liberdade de expressão, cobrando censura…” Errado! É que, na democracia, ninguém é livre para incitar o crime. E é o que faz aquele vídeo. Depredar a cidade não é liberdade de expressão. É banditismo. Se os atores não sabem a diferença, das duas uma: ou atuam e calam a boca sobe política ou vão se instruir.

Na Globo, diga-se, não falta quem possa lhes dar uma boa aula sobre a diferenças que há entre ditadura e democracia.Por Reinaldo Azevedo





01/11/2013 às 6:19


Resolvi manter por mais tempo este texto no alto da página.

José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, discutiu nesta quinta um plano de ação contra os black blocs com os secretários de Segurança de São Paulo e Rio. Deixo Cardozo para depois. Quero começar com Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, segundo homem mais importante do PT, espião de Lula no governo Dilma e, como é mesmo?, “interlocutor dos movimentos sociais”. Isso quer dizer o seguinte, na prática: boa parte dos grupos que saem por aí praticando violência — sem-terra, índios, sem-teto e assemelhados — são “chapas”, como se dizia no meu tempo, de Carvalho. São seus interlocutores. Talvez os black blocs ainda não. Mas serão em breve se tudo sair como ele deu a entender.

Carvalho se disse preocupado com a violência, mas afirmou que não basta “criminalizar a juventude”, como se existisse esse sujeito por trás da bandidagem praticada por mascarados; como se a “juventude” fosse uma categoria que pode se exprimir assim ou assado — inclusive quebrando tudo. Decidiu levantar uma hipótese: “Precisamos entender até que ponto a cultura de violência já vivida na periferia já emigrou para esse tipo de ação”.

Lá vou eu ser chamado de “rottweiler” por dar às coisas o nome que elas têm. A hipótese de Carvalho é pura expressão de delinquência intelectual — e os descontentes que busquem no dicionário o sentido das palavras. A esmagadora maioria das pessoas detidas em atos violentos contra o patrimônio público ou privado não é composta de pobres. O Movimento Passe Livre tentou armar uma bagunça no Capão Redondo, bairro da periferia de São Paulo. Não apareceu ninguém. Os que lá estavam eram, vamos dizer assim, turistas. Pobre tem de trabalhar e não gosta que depredem patrimônio público porque sabe que ele próprio será o prejudicado. Os atos de violência são praticados por endinheirados acostumados à impunidade.

Ocorre que Gilberto Carvalho estava tentando tirar uma casquinha de um evento trágico acontecido em São Paulo. Um jovem de 17 anos foi morto durante uma ação policial. Tudo aponta para um disparo acidental. Mas convém esperar a apuração. O fato é que o policial foi imediatamente preso, sem nenhuma condescendência. Leiam este trecho de reportagem de O Globo (em vermelho):
“Segundo Gilberto, a morte do adolescente Douglas Martins Rodrigues, com um tiro de um policial militar de São Paulo, que provocou violentos protestos, mostra o preconceito contra os jovens de periferia. O ministro disse que, nos treinamentos de policiais, o branco sempre é tratado como vítima e o negro como traficante.”

Volto
Lá vou eu de rottweiler: é uma fala asquerosa, que repete tuítes igualmente asquerosos postados pela assessoria de marketing da presidente Dilma: Douglas era branco, não negro. Na rede social, o perfil da presidente escreveu coisas como:
“Foi com tristeza que soube da morte do jovem Douglas Rodrigues, de apenas 17 anos, na zona Norte de SP”
“Nessa hora de dor, presto minha solidariedade a sua família e amigos”
“Assim como Douglas, milhares de outros jovens negros da periferia são vitimas cotidianas”.
“A violência contra a periferia é a manifestação mais forte da desigualdade no Brasil”.

Vergonha!
É claro que o episódio é lamentável, é trágico. Ocorre que 50 mil pessoas são assassinadas por ano no Brasil — uma média de 137 por dia. É uma carnificina! Qual é a política pública implementada por esta senhora para coibir ou minimizar a violência? Que se saiba, até agora, nenhuma! Onde está, por exemplo, o seu programa de combate ao crack? Em São Paulo, o seu partido fechou leitos de internação para viciados. O seu governo patrocinou em Brasília um evento em favor da descriminação de todas as drogas. A sua marca estava lá.

Poderia, sim, ter se solidarizado com a família de Douglas, mas estava, como Gilberto Carvalho, apenas fazendo uma vil exploração de cadáver, segundo o manual do marketing político petista, que investe permanentemente na divisão da sociedade brasileira em classes, em raças (na verdade, cor da pele), em partidos, em gênero… Ao afirmar que se trata de uma violência do “poder” contra a “periferia” e ao afirmar que o jovem morto era “negro”, as duas autoridades exacerbam conflitos em vez de procurar resolvê-los.

Observem como a fala de Carvalho mistura realidades absolutamente diversas. Ainda que a morte de Douglas fosse — há de se apurar — expressão de uma suposta violência sistemática da PM contra a periferia, o que isso tem a ver com os black blocs? O rapaz que teve a prisão preventiva decretada pela agressão covarde a um coronel da PM é estudante de Relações Internacionais. Tirem as máscaras desses bandidos para ver… Do povo, eles não têm nem a mochila nem os tênis importados.

É de hoje?
Mas esse é Gilberto Carvalho. Não é de hoje que este senhor se comporta como uma espécie de urubu político do que ocorre em São Paulo, estado governado por um partido de oposição. Ora, lembremo-nos do confronto do Pinheirinho. Se você clicar clicar aqui , lerá um post em que demonstro como Paulo Maldos, braço-direito de Carvalho, se envolveu naquele episódio — o mesmo Maldos que está metido até o pescoço na radicalização das invasões de terra promovidas por índios.

Há coincidências que coincidências não são, mas emblemas de uma era, evidências do espírito do tempo. No dia 6 de junho passado (A DATA É IMPORTANTE), publiquei aqui um post com este título:

Não tinha nada a ver com black blocs. É que a Justiça havia mandado suspender a reintegração de posse da fazenda Buritis, em Mato Grosso do Sul. A PF fora lá para cumprir o mandado e foi recebida a bala. Carvalho, em conversa então com lideranças indígenas, afirmou que a presidente tinha determinado que a ordem não fosse cumprida. Isto mesmo: o ministro afirmou que a presidente mandou descumprir uma decisão judicial. FOI NO DIA 6 DE JUNHO QUE O MOVIMENTO PASSE LIVRE ARMOU A PRIMEIRA BAGUNÇA VIOLENTA EM SÃO PAULO.

Quando o governo de São Paulo e a Prefeitura da capital tentaram retomar a área da Cracolância, contaram, claro!, com a oposição de Gilberto Carvalho. Durante os duros enfrentamentos com os baderneiros, nas jornadas de junho, lá estava Carvalho para, a exemplo do que faz agora, passar a mão na cabeça de vândalos e demonizar a polícia. Mas ninguém teve a notícia de que Dilma ou seu secretário-geral tenham se solidarizado com o coronel Reynaldo Rossi, que só não foi morto por um bando de trogloditas porque estes foram contidos por um policial de arma em punho.

E com esses patriotas que Carvalho quer conversar. De algum modo, de sua fala, depreende-se que a culpa original é da Polícia de São Paulo.

Embora Dilma tenha pertencido à VAR-Palmares, Carvalho é hoje o ponto mais próximo deste governo com a luta armada. Não, meus caros! Não é mais aquele confronto nos moldes imaginados, ambicionados e realizados pelos socialistas d’antanho. Trata-se apenas do confronto de todos contra todos que é sempre útil à causa petista.

De resto, notem: durante algum tempo, com efeito, as manifestações chegaram a ter um caráter quase popular e mobilizaram pessoas que, de fato, estavam descontentes com o governo e com os serviços vergonhosos oferecidos pelo estado, a despeito de este país ter uma das cargas tributárias mais elevadas do mundo. Isso, sim, chegou a preocupar o PT.

Quando Carvalho naturaliza os black blocs e faz deles, na prática, interlocutores, tem uma garantia razoável de que o homem comum e os pobres em geral ficarão longe das ruas. A Carvalho e a seu partido interessa que essa canalha troglodita (peço desculpas àquela senhora pelo rosnado…) monopolize os protestos. Enquanto a rua pertencer aos vândalos, a população fica em casa, trancada.

PS – Já me alonguei demais. Cardozo fica para o próximo post.
Texto publicado originalmente às 19h12 desta quintaPor Reinaldo Azevedo





31/10/2013 às 22:04


Se os black blocs formassem um grupo organizado, coeso, com um centro decisório, seus membros poderiam estar rindo de orelha a orelha — escondidas debaixo de um capuz, é claro! José Eduardo Cardozo, o Garboso, encontrou-se com os secretários de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella, e do Rio, José Mariano Beltrame, para discutir medidas para conter a violência.

E sabem o que eles combinaram? Nada! Acho que a reunião pode ter servido para marcar outra reunião. Entre as ações, estaria a adoção de um protocolo comum de ação entre as duas polícias, seja lá o que isso signifique.

Afirmar ser possível uma estratégia comum supõe que, do outro lado, exista também um discurso organizado. Mas não há nada. Tudo se resolve com certa simplicidade: cumprimento da lei. Eis uma boa ideia. Desde, é claro, que não se tope com algum “juiz para a democracia” que considere que coibir mascarados é coisa de estado autoritário…

Nem mesmo uma declaração política forte contra a violência existe. Foi uma reunião em torno do nada para decidir coisa nenhuma. Leiam o que informa Gabriel Castro, na VEJA.com.
*
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, se reuniu nesta quinta-feira com o secretários de Segurança de São Paulo, Fernando Grella Vieira, e do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, para traçar um plano de ação no combate aos grupos de vândalos que têm atuado em protestos. Após o encontro, o trio anunciou intenções de realizar um trabalho integrado, especialmente na área de inteligência. Mas, de concreto, quase nada foi decidido

Foram duas horas de reunião. No encontro, os secretários de Segurança defenderam mudanças na legislação. Cardozo se comprometeu a agendar um encontro com os presidentes do Conselho Nacional de Justiça, Joaquim Barbosa, e do Conselho Nacional do Ministério público, Rodrigo Janot, para sugerir novas regras que permitam um combate mais duro aos grupos criminosos que atuam em manifestações.

Entre as propostas, estão a elevação da pena para o crime de dano (cuja pena máxima atualmente é de seis meses) e a aplicação de um agravante em caso de agressão a policiais. “O policial precisa ter uma garantia de que, quando ele apresenta alguém em uma delegacia, aquilo termine em uma ação penal”, afirmou Beltrame.

Cardozo disse que as autoridades de segurança vão acompanhar de perto as atividades dos grupos violentos para prevenir ataques, e negou que isso signifique um monitoramento de movimentos sociais pacíficos. Os órgãos de inteligência, afirmou o ministro, vão “prevenir práticas ilícitas por meio de sanções legalmente estabelecidas”.

O ministro afirmou também que pode acionar a Polícia Federal para coibir a atuação de grupos violentos. “Não podemos concordar com as situações de abuso e de ilegalidade que vêm ocorrendo em algumas manifestações”, disse.

Por outro lado, o grupo concordou em criar um protocolo unificado para padronizar a atuação das polícias do Rio e de São Paulo durante os protestos. O objetivo é impedir abusos e facilitar a negociação com os manifestantes.Por Reinaldo Azevedo





31/10/2013 às 21:20


José Eduardo Cardozo agora acha necessário organizar uma ação contra os black blocs? Pois é… Que coisa, não? A primeira manifestação promovida pelo Movimento Passe Livre, em São Paulo, ocorreu no dia 6 de junho. Não houve a chamada “violência policial”. Só os manifestantes botaram para, literalmente, quebrar e queimar. No dia 7, informava a Folha:
““Em protesto contra a elevação da tarifa de ônibus, metrô e trens em São Paulo, manifestantes entraram em confronto com a Polícia Militar, interditaram vias e provocaram cenas de vandalismo ontem à noite na região central. O ato levou à interdição de vias como 23 de Maio, Nove de Julho e Paulista na hora de pico. Estações de metrô foram depredadas e fecharam. No centro e na Paulista, quebraram placas, picharam muros e ônibus, atearam fogo, provocaram danos a um shopping e ao Masp. Os manifestantes são ligados ao Movimento Passe Livre, liderado por estudantes e alas radicais de partidos.”


O Passe Livre não deu trégua. No dia 7, promoveu outro quebra-quebra, também notavelmente violento. Mais uma vez, a Polícia Militar evitou o confronto. Novas depredações, incêndios, quebra-quebras, aí com o fechamento das marginais, causando um colapso na cidade. Os mascarados já estavam lá, atuando junto com o Passe Livre. Os jornais do dia 8 de junho traziam o devido registro.


Estava na cara que havia algo estranho no ar. Muito bem! No dia 9 de junho, o Estadão de domingo chega às bancas com uma estranha entrevista de José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, tornada manchete. O alvo principal: o governador Geraldo Alckmin, em particular a política de segurança pública. Era um domingo.


Na terça-feira, dia 11 de junho, o Passe Livre e os black blocs voltaram às ruas. A violência chegava ao paroxismo. Coquetéis Molotov foram lançados contra a polícia. Um policial foi linchado. Assim evidenciavam os jornais no dia 12.



Estão acompanhando?
Até aqui, três de seis dias dedicados à depredação e à violência, com a Polícia Militar fazendo um trabalho praticamente de contenção. Entre esses dias, uma entrevista do ministro da Justiça atacando o governador. Observem que estou documentando tudo.

Aí veio a tragédia do dia 13. O Passe Livre voltou às ruas ainda mais disposto ao confronto e à pauleira. Aqui e ali já se colhiam na imprensa sinais de simpatia pelos vândalos. Mas como endossar as práticas terroristas? Era preciso que um valor mais alto se alevantasse. Jornalistas, no geral, têm mais ódio da polícia do que de bandidos com uma “boa causa”. Sei que frases como essa não me rendem uma boa fama. Escrevo o que quero. Não devo satisfações a aiatolás do pensamento. Pois bem: nesse dia, a tropa de choque combinou com “os meninos” (como diria um repórter de TV…) que eles não romperiam o cordão de policiais rumo à Avenida Paulista. Não adiantou. Eles romperam. E o pau comeu. A Polícia Militar reagiu com bombas de gás e de efeito moral e balas de borracha. Jornalistas foram alvejados. Aí a coisa toda mudou de figura, como se via no dia 14.


Uma imprensa que já estava doida para aderir encontrou ali o pretexto de que precisava. E que se note: não estou endossando a ação da PM naquele dia. Foi exagerada, atabalhoada, desorganizada. Mas não muda a moral da história. 

A PM passava a ser a vilã. E os protagonistas da truculência dos dias 6, 7 e 11 eram tratados como heróis que estivessem lutando contra um estado autoritário. As TVs, em especial, passaram a dar aos trogloditas a grandeza de resistência civil. A GloboNews, por exemplo, entrou em rimo de AL Jazeera cobrindo a Primavera Árabe. A diferença nada ligeira é que o Brasil é um estado democrático.

CARDOZO DE NOVO!
Naquele mesmo dia 13, com a cidade tomada pelo caos — eu voltava de uma palestra no Rio e fiquei quase cinco horas preso no Aeroporto de Congonhas porque meu bairro estava sitiado por vândalos —, Cardozo concedeu uma entrevista aos portais oferecendo “ajuda” ao governador Geraldo Alckmin. Não telefonou, não conversou, não procurou nem foi procurado. Falava pela imprensa. Tirava uma casquinha. Fazia de conta que o problema era de São Paulo.

No dia 17, marca-se outra manifestação em São Paulo. A Polícia aceita as condições dos trogloditas que haviam vandalizado a cidade no dias 6, 7, 11 e 13: nada de tropa de choque, nada de bala de borracha, nada de bombas e nada de restrição a áreas de protesto. Qualquer lugar é lugar. Tudo pode e tudo vale. Os petistas aderiram ao protesto. Já não era mais pelos 20 centavos, dizia-se, mas por cidadania, sei lá o quê. Algo começava a sair do planejado: em São Paulo, a convocação reuniu 65 mil pessoas. A do Rio, que seria apenas em solidariedade, juntou mais de 100 mil… Epa!!!

No dia 18 de junho, aí era a Folha que trazia outra entrevista de José Eduardo Cardozo, também contra o governo de São Paulo, com ataques diretos à Polícia.


Concedida no dia 17, antes do término das manifestações, este gênio usou como exemplo bem-sucedidos as polícias do Rio e do Distrito Federal:
“O que vi em SP, e as câmeras mostraram, é de uma evidência solar que houve abuso. Vi o que aconteceu no Distrito Federal e no Rio. Padrões de comportamento bem diferentes”.

Patético! Naquele dia 17, não houve violência em São Paulo. Alguns bananas tentaram invadir os jardins do Palácio dos Bandeirantes, mas nada muito grave. No Rio, no entanto, um dos bons exemplos de Cardozo, assistiu-se aos caos, como isto aqui:



Brasília
O ministro da Justiça que “ofereceu” ajuda a Alckmin no dia 13, que já o havia atacado no dia 9 e que censurou a polícia de São Paulo no dia 17, tinha tudo para organizar, então, com o seu aliado Agnelo Queiroz (PT), governador do Distrito Federal, uma ação preventiva exemplar quando o protesto chegou ao Distrito Federal, certo?

Pois bem! No dia 20, o caos se instalou em Brasília. Meteram fogo no Itamaraty. E ninguém ouviu a voz de Cardozo, o chefe da Polícia Federal e o homem que pode acionar a Força Nacional de Segurança. Vejam.



Setores importantes da imprensa, as esquerdas de modo geral e o governo federal promoveram a demonização da Polícia Militar de São Paulo, que logo virou a demonização de qualquer polícia. Também se inventou a mentira estúpida de que manifestantes eram uma coisa, e baderneiros, outra. Chegou a ser por um brevíssimo período. Logo, os chefes dos protestos deixaram claro que os mascarados eram a sua tropa de choque e que eles estavam juntos.

A violência que José Eduardo Cardozo agora diz querer combater é a mesma que ele e seu governo, por atos e omissões, estimularam. Em São Paulo, muitos patriotas estavam certos de que a confusão lhes seria eleitoralmente útil. Deu no que deu.

Este não é um texto de opinião. É um texto com fatos e fotos.Por Reinaldo Azevedo





27/10/2013 às 6:31


Pois é…
Recebi as reações as mais positivas sobre o meu artigo de estreia na Folha (ver post sobre crítica da ombudsman). Mas deixem que lhes diga uma coisa: a única pessoa que ambiciono agradar quando escrevo é a mim mesmo. No texto, escrevo, por exemplo, que as manifestações de junho não tinham pobre — e as que remanescem também não têm. O Datafolha fez uma pesquisa. Leiam trecho do que informa a Folha. Voltarei no blog a esses números.
*
Nada menos do que 95% dos paulistanos desaprovam a atuação dos chamados “black blocs” — manifestantes que praticam o confronto com as forças policiais e a destruição de agências bancárias, lojas e prédios públicos como forma de protesto. É o que mostra pesquisa Datafolha feita na sexta-feira com 690 pessoas. A margem de erro máxima da amostra é de quatro pontos percentuais para mais ou para menos para o total da amostra.
(…)

Apoio em queda
O resultado é que o apoio dos entrevistados às manifestações de rua em São Paulo desabou. No final de junho, 89% eram favoráveis aos protestos. Em setembro, o índice já caíra para 74%. Nesta semana, são 66% os apoiadores. Do outro lado, a taxa dos que são contrários às manifestações quase quadruplicou. Eram 8% em julho, 21% em setembro e, agora, 31%.

Apesar de focalizarem causas “dos oprimidos”, como a melhoria do transporte público, as manifestações têm conseguido taxas mais altas de apoio entre os mais ricos — 80% entre os que possuem renda familiar mensal de mais de cinco a dez salários mínimos e 80% dos paulistanos com renda maior do que 10 salários mínimos.

Contra os protestos disseram-se 18% dos mais ricos. Entre os mais pobres, com renda até dois salários mínimos, a taxa de apoio aos protestos é de 54%, 26 pontos percentuais a menos do que entre os mais ricos. Contra os protestos disseram-se 42% dos mais pobres, 24 pontos percentuais a mais do que o índice observado na parcela rica.

Por Reinaldo Azevedo





26/10/2013 às 7:29


Vejam esta foto, de Nelson Antoine ( Fotoarena-Folhapress)


Nesta sexta, abri assim a coluna que publiquei na Folha: “As ruas, ente divinizado por covardes (…)”. Um leitor mandou uma carta para o jornal e escreveu: “Estreia lamentável a de Reinaldo Azevedo na Folha. Ele usou frases com palavras fortes e ofensivas para não dizer nada e propor lhufas. As ruas são para quem é covarde? Será que ele consegue desenvolver essa ideia? (…)”.

Eu não poderia desenvolver uma ideia que não é minha porque escrevi outra coisa. Não há dúvida de que é covardia o que se vê acima, mas não chamei de “covardes” os que promovem o caos — estes são bandidos, baderneiros, prototerroristas, escolham aí… “Covardes” são os que têm receio — especialmente na imprensa, na política e na Justiça — de chamar esses caras por aquilo que são.

Agora Leiam esta frase:
“Segura a tropa, não deixa a tropa perder a cabeça”.

A fala é do homem que está sendo agredido, com uma placa de ferro, por um black bloc depois de ter sido cercado e espancado por um bando. Trata-se do coronel Reynaldo Simões Rossi, comandante da região central. Ele teve a clavícula quebrada e foi internado com cortes no rosto e na cabeça. A agressão ocorreu no terminal de ônibus Dom Pedro. O Movimento Passe Livre convocou um protesto, em parceria com os black blocs, e se repetiu a cena de sempre. Vejam esta sequência de fotos.

Bandido ataca terminais de banco no terminal D. Pedro (Marlene Bergamo – Folhapress)

Extintor de incêndio e jogado contra vidro do guichê. Seria ele um “ativista” (Fábio Braga – Folhapress)

ônibus é incendiado no terminal D. Pedro. Isso é manifestação política (Fábio Braga/Folhapres)

Acima, a truculência do Passe Livre disfarçada de apelo (baixo) poético (Fábio Braga/Folhapress)

Depredação no terminal Dom Pedro. Observem um delinquente à esquerda ao celular. Deve estar dando ordem à empregada (Marlene Bergamo/ Folhapress)

A faixa patética. Black blocs destroem patrimônio público, mas dizem aliados dos trabalhadores (Marlene Bergamo/Folhapress)

Retomo
Em nenhum país do mundo, democrático ou ditatorial, uma força policial, atuando dentro dos limites que lhe confere a lei, recebe esse tratamento sem graves consequências. Enquanto a barbárie se instalava em São Paulo, eu participava do “Café Filosófico”, promovido pela CPFL, em Campinas. Fechei o ciclo de debates que tinha como tema as “jornadas de junho”. Nas semanas anteriores, falaram Demétrio Magnoli, Eugênio Bucci e Roberto Romano. Fiz uma intervenção indignada, sim, porque essa é a minha natureza. Eu não sabia o que se passava por aqui. As pessoas que lá estavam e as que acompanharam o evento, ao vivo, pela Internet (mais de 2 mil acessos simultâneos), puderam constatar que esses trogloditas são argumentadores ainda mais convincentes do que eu em favor das minhas teses a respeito.

Louvem-se a coragem e a honradez do coronel Reynaldo Simões Rossi. Mesmo nas circunstâncias mais adversas, teve a energia e a serenidade de pedir que seus homens se contivessem. Ele sabia que uma reação mais dura da tropa transformaria, nas redes sociais e na imprensa, a Polícia em vilã, e os vândalos em heróis de um novo amanhecer, que é como esses bandidos têm sido tratados aqui e ali.

Movimento Passe Livre
Antes da manifestação do dia 13 de junho — duramente reprimida pela polícia — o Passe Livre já havia promovido três outras: no dias 6, 7 e 11. Todas notavelmente violentas. Nesta última, um policial foi covardemente espancado. A PM só reagiu com dureza no dia 13 — com evidência de que essa reação saiu do controle, o que o coronel Raynaldo, mesmo depois de espancado, procurou evitar com a ordem que deu. Lembrei essa sequência no debate de ontem na CPL.

A imprensa, com raras exceções, comprou não exatamente a causa do “passe livre”, mas o espírito da coisa. E o resto a gente conhece. Durante um tempo, não militantes, pessoas comuns, foram às ruas levar as suas reivindicações. O Passe Livre, um movimento de esquerda que diz ser a sua causa um primeiro passo para o socialismo (!), se distanciou dos protestos quando, por algum tempo ao menos, eles se voltaram contra o governo federal também. A extrema esquerda e os baderneiros mascarados expulsaram das ruas os não militantes. Agora, o Passe Livre volta. Sempre atuou, na prática, em parceria com os mascarados. Seus líderes se negam a repudiar a violência.

E volta para tentar, mais uma vez, promover o caos nas ruas de São Paulo. Se não houver uma firme reação da sociedade, em especial do Judiciário, essa gente não vai parar.

Quando decidi mudar o meu texto na Folha, entregue na madrugada de quinta, eu não sabia que o Passe Livre e os black blocs planejavam novas ações de vandalismo. A maioria de vocês já o leu, sei disso. Peço que o releiam a luz dos eventos de hoje, que se deram enquanto as palavras que seguem em azul estavam no jornal.

*
As ruas, ente divinizado por covardes, pediram o fim do voto secreto para a cassação de mandatos. Boa reivindicação. O Congresso está a um passo de extinguir todas as votações secretas, o que poria o Legislativo de joelhos diante do Executivo. Proposta de iniciativa “popular” cobra o financiamento público de campanha, o que elevaria o volume de dinheiro clandestino nas eleições e privilegiaria partidos ancorados em sindicatos, cujas doações não são feitas só em espécie. Cuidado! O povo está na praça. Nome do filme dessa mímica patética: “Os 178 Beagles”.

Povo não existe. É uma ficção de picaretas. “É a terceira palavra da Constituição dos EUA”, oporia alguém. É fato. Nesse caso, ele se expressa por meio de um documento que consagra a representação, única forma aceitável de governo. Se o modelo representativo segrega e não muda, a alternativa é a revolução, que é mais do que alarido de minorias radicalizadas ou de corporações influentes, tomadas como expressão da verdade ou categoria de pensamento.

A fúria justiceira dos bons pode ser tão desastrosa como a justiça seletiva dos maus. Quem estava nas ruas? A imprensa celebrou os protestos como uma “Primavera Árabe” nativa. Nem aquela rendeu flores nem o Brasil é uma ditadura islâmica. Até houve manifestações contra o governo, mas todas foram a favor do “regime petista”. O PSDB talvez tenha imaginado que aquele “povo” –sem pobres!– faria o que o partido não fez em 11 anos: construir uma alternativa. Sem valores também alternativos aos do Partido do Poder, esqueçam.

Há 11 anos o PT ataca sistematicamente as instituições, quer as públicas, quer as privadas, mas de natureza pública, como a imprensa. Dilma ter sofrido desgaste (está em recuperação) não muda a natureza dos fatos. Da interdição do direito de ir e vir à pancadaria e ao quebra-quebra como forma de expressão, passando pela reivindicação de um Estado-babá, assistiu-se nas ruas a uma explosão de intolerância e de ódio à democracia que o petismo alimentou e alimenta. O Facebook não cria um novo ator político. Pode ser apenas o velho ator com o novo Facebook –como evidenciou a Irmandade Muçulmana no Inverno Egípcio.

Em política, quando o fim justifica os meios, o que se tem é a brutalidade dos meios com um fim sempre desastroso. A opção moralmente aceitável é outra: os meios qualificam o fim. Querem igualdade e mais Justiça? É um bom horizonte. Mas será o terror um instrumento aceitável, ainda que fosse eficaz? Oposição, governo e imprensa, com raras exceções, se calaram e se calam diante da barbárie que deseduca e que traz, volte-se lá ao primeiro parágrafo, o risco do atraso institucional.

O PSOL conduziu uma greve de professores contra o excelente plano de carreira proposto pela Prefeitura do Rio. Era a racionalidade contra a agenda “revolucionária”. Luiz Fux, do STF, posando de juiz do trabalho, chamou os dois para conversar. É degradação institucional com toga de tolerância democrática.

O sequestro dos beagles, tratado com bonomia e outro-ladismo pelo jornalismo, é um emblema da ignorância dos justos e da fúria dos bons. Eles atrasaram em 10 anos o desenvolvimento de um remédio contra o câncer, mas quem há de negar que os apedeutas ilustrados têm um grande coração?

Voltei para encerrar mesmo
Esses são os fatos. Esse é o texto.Por Reinaldo Azevedo





19/10/2013 às 18:29


Você quer saber qual é a metafísica política que explica a desordem que está nas ruas? Então você precisa saber o que pensa Ciro Oiticica. Esse ideólogo de um novo Brasil tem 25 anos. Concedeu uma entrevista ao Globo Online, que o trata, deixem-me ver, como se fosse uma espécie de Schopenhauer das ruas. No momento em que seu pensamento atinge o sublime, ele justifica, ainda que possa não se dar conta disso, o comportamento da SA, a tropa de assalto do nazismo. Como, Reinaldo? Eu explico. Numa entrevista bastante amigável, em que, reitero, se confere a Oiticica o status de pensador, há este momento magnífico:

Atos de depredação representam você? Você acredita que eles tenham alguma legitimidade?
Nas ruas, todos representam a si mesmos. Toda manifestação política de insatisfação, desde que não atente contra a integridade física e a dignidade, tem minha simpatia. O sentimento de revolta é legítimo. Quanto às depredações, é sua aceitação política que definirá a legitimidade. E ela tem crescido à medida que as instituições negam o caminho do diálogo.

Comento
Entenderam? Não há atos condenáveis em si (a não ser um; já chego lá). Tudo depende da aceitação política ou não. Se parcelas consideráveis da população acharem que o certo é quebrar tudo, Oiticica acha que a prática se justifica. Se não, então não. Ele só não gosta de ataques “à integridade física” e “à dignidade”. Ah, bom! Não machucando ninguém, tudo certo! “Então é diferente da SA nazista, como você disse.” Errado! Os canalhas de Ernst Röhm, inicialmente, quebravam coisas. Só agrediam pessoas caso estas tentassem impedi-los. Alias, até que nazistas agredissem fisicamente os judeus, demorou um tempo. Eles começaram por bani-los do serviço público, dos bancos, da medicina, depois da universidade… Aí resolveram confiná-los… O resto da história é conhecida.

“Apelar ao nazismo sempre desmoraliza a crítica porque nada se compra àquilo…” Atenção! EU NÃO ESTOU COMPARANDO AS VÍTIMAS DA VIOLÊNCIA QUE VAI NAS RUAS AOS JUDEUS. Eu estou comparando as justificativas morais dos violentos à dos nazistas. Está claro? Esse negócio de que só é ato violento o que machuca pessoas é uma das canalhices que andam por aí. De resto, é uma afirmação falsa. Jornalistas estão, no mais das vezes, impedidos de trabalhar. Se forem descobertos, apanham. Dezenas de policiais já foram feridos pelos brucutus.

Você pode estar curioso, a esta altura, para saber a pauta do pensador. A entrevista esclarece. Leiam.
Há muitos que acreditam que os protestos mais recentes não têm bandeiras definidas, não têm reivindicações claras. Na sua opinião, isso é verdade?
A profusão de demandas não significa que não sejam claras. A questão da CPI dos Ônibus, desmilitarização da polícia, democratização da mídia, educação pública, gastos com a Copa, Museu do Índio, entre muitas outras, são bandeiras bem definidas e têm reivindicações trabalhadas.

Retomo
“Democratização da mídia”, como vocês sabem, corresponde a submeter a imprensa a uma espécie de Departamento de Censura dos militantes políticos. Já o “Museu do Índio” é uma espécie de pequeno delírio coletivo, incompreensível, acho eu, para quem não vive no Rio. Quanto à desmilitarização da Polícia, dizer o quê? O rapaz concede uma entrevista em que não condena, muito pelo contrário, a ação dos black blocs, que, uniformizados, agem em tropa e têm até grito de guerra. Oiticica quer desmilitarizar a Polícia para que vândalos, então, tenham o monopólio da militarização.

É em nome da “isenção” que se publica isso? Então tá.Por Reinaldo Azevedo





18/10/2013 às 22:50


Lá vou eu com mais uma dos dois-correguenses. Não dou ponto sem nó. Quando defendi que os bandidos mascarados que são presos fossem enquadrados na Lei de Segurança Nacional, sabia que a acusação de crime de “formação de quadrilha ou bando” dificilmente é aceita pelos juízes. Fica fácil descaracterizar: “Senhor Bandoleiro 1, Vossa Senhoria (canalha que depreda bens públicos e privados merece respeito no Brasil) conhece o Senhor Bandoleiro 2, o Senhor Bandoleiro 3 e o Senhor Bandoleiro N?”. Não, meritíssimo! Ele não conhece. Não, meritíssima, eles não se conhecem. Eles só se juntam para quebrar tudo a cada manifestação. O conluio se dá de outra maneira. Não há propriamente uma organização. “Então está todo mundo solto.”

E assim será. De volta às ruas, na próxima manifestação, o 1, o 2, o 3 e o N se juntam de novo. Mas, claro!, eles não formam uma quadrilha. São, como diria o poeta Gonçalves Dias em “I Juca Pirama”, apenas “troços guerreiros” (atenção: lê-se “trôço”, com o “o” fechado”; não digo o que é; quem consultar no dicionário não esquece mais). Leiam trecho do que informa a Folha Online. Volto em seguida.
*
Após determinar a liberação de 22 pessoas presas na manifestação da última terça-feira no Rio, a Justiça mandou soltar mais 31 pessoas na tarde desta sexta-feira (18). Com a decisão sobe para 53 o número de manifestantes presos e autuados no crime de formação de quadrilha que tiveram liberdade concedida. Todos são maiores de idade.

A juíza do caso, que antes havia endurecido e substituído a prisão dos acusados de flagrante para provisória, voltou atrás e determinou a liberdade dos 31 presos. Em sua decisão, publicada na tarde desta sexta-feira, a juíza Cláudia Pomarico, da 21ª Vara Criminal, afirmou que não é possível provar que os presos formavam de fato uma quadrilha e nem que tenham sido eles os responsáveis por depredações verificadas durante a manifestação.

“A lei e a jurisprudência exigem que se tenham indícios suficientes de autoria e materialidade para a conversão da prisão em flagrante em preventiva. A materialidade pode se encontrar fundamentada nos danos sofridos pelos patrimônios públicos e particulares. Porém, a autoria está esvaziada, na medida em que não se pode afirmar coerentemente que as pessoas detidas foram as responsáveis pela prática dos crimes noticiados. Diga-se ainda que aos detidos foi imputado o crime de associação criminosa, previsto no artigo 288, paragrafo único, do código penal. Tal delito não se pode comprovar numa situação flagrancial, pois para sua prática exige-se estabilidade e ato isolado não configura estabilidade, tampouco vínculo entre os associados e permanência”, afirma a juíza.

Na quinta-feira, outra juíza já havia determinado liberação de outros 20 presos autuados em flagrante por formação de quadrilha, dano ao patrimônio público, roubo e incêndio. Daniela Alvarez Prado, juíza da 35ª Vara Criminal, interpretou que, por não terem antecedentes criminais e pelo fato de a polícia não ter explicado em detalhes nos autos do processo quem teria cometido qual crime, eles não deveriam permanecer presos.

“Em prestígio aos princípios fundamentais constitucionais do direito à liberdade e da presunção de inocência, tão caros a um Estado de direito democrático, o processo penal pode seguir seu rumo respeitando a instrução e o resultado final sem implicar na máxima agressão que é o aprisionamento”, afirma a magistrada no despacho.

Os presos que agora tiveram liberdade decretada fazem parte do grupo que foi preso nas escadaria da Câmara Municipal por volta das 23h30 da terça-feira. Um cerco policial deteve todos que estavam na escadaria. A reportagem estava presente no momento da detenção. As pessoas que estavam nas escadarias não participavam de depredações no momento da detenção. Os detidos na ocasião formaram dois grupos, levados para duas delegacias diferentes em ônibus da polícia.
(…)

Voltei
Existe algo de errado com leis que permitem que gente assim fique solta? Acho que sim. É o que dizem o bom senso e o senso comum. Mas há uma penca de doutores a afirmar que não, né? Como o Brasil, com o concurso desses sábios, é o paraíso da justiça, então eles devem estar certos…

A cada dia, tenta-se provar por A mais B que, no país, agem bem os que mandam as leis à zerda.Por Reinaldo Azevedo





17/10/2013 às 20:49


Ainda há juízes na Berlim com vista para o mar? Ainda há juízes na Berlim da tardinha que cai e do barquinho que vai? Ainda há juízes na Berlim tropical? Que bom! A Justiça decretou a prisão preventiva de 31 dos 64 vândalos detidos nos tumultos de terça-feira. Já não era sem tempo!

Atenção, imprensa brasileira!

Atenção, coleguinhas jornalistas de direita (uns três), de centro (uns cinco…) e de esquerda (quase todo o resto): existe LIBERDADE DE MANIFESTAÇÃO NO BRASIL, garantida pela Constituição. Nestepaiz, como diz aquele, ninguém é preso POR SE MANIFESTAR. O que não há no Brasil nem em nenhuma democracia do mundo é liberdade de quebrar, invadir, depredar. Os que foram presos em flagrante não são, pois, MANIFESTANTES. São vândalos, são membros de quadrilha, são membros de bando, escolham aí. Chamá-los de manifestantes corresponde a endossar a violência.

Atenção, coleguinhas jornalistas que, à moda Kassab, “não são nem de direita, nem de esquerda, nem de centro”: manifestantes não andam com estilingues, coquetéis molotov, porretes. Atenção, coleguinhas jornalistas que, à moda Marina, não “são nem de oposição nem se situação, mas de posição”: manifestantes não cobrem a cara. Manifestantes mostram a cara.

Assim, chega de chamar bandido de manifestante. Adiante.

Surto populista
A Justiça vive um surto populista, como apontei aqui. Decisões absurdas, com justificativas ainda mais exóticas, vão se acumulando. O próprio Supremo Tribunal Federal precisa passar por uma desinfecção. Sugiro que o remédio sejam a Constituição, as leis e a lógica. O ministro Luiz Fux afirmou que descontar dias parados de grevistas agride o direito de greve. Errado! O direito de greve existe — sim, sou contra greve de servidores porque o povo paga o pato, mas deixo isso pra lá agora — com ou sem o pagamento. Quem decide paralisar o serviço está disposto a uma cota de sacrifício pessoal em nome do bem coletivo. Assim se deram historicamente as lutas sociais. O estado e as empresas não são cartório de despacho de reivindicações. Juízes têm a obrigação da razoabilidade. Recebe quem trabalha; quem não, então não.

No caso da invasão da Reitoria da USP, um juiz decidiu, na prática, que a ação não só é aceitável como é justa — a direção da universidade é que levou um pito por conta de sua suposta intransigência. Até parece que não existem disposições regimentais vigentes a respeito da eleição de reitor. Existem. Não são cláusulas pétreas por certo. Podem ser mudadas. Mas é com marreta na porta que se argumenta? É com pé de cabra, meritíssimo?

Os exemplos de populismo judicial são muitos, vão se acumulando.

Espero que a decisão tomada agora pela Justiça do Rio represente um sopro de bom senso. Mas é preciso esperar para ver. Assim como setores da imprensa estão com medo de black blocs e assemelhados, também há setores do Judiciário que estão querendo fazer embaixadinhas para a torcida. Por medo ou por ideologia.

A coisa começa a tomar dimensões preocupantes porque se eleva a escalada da violência, como sempre ocorre quando há impunidade. No Rio, por exemplo, os black blocs já formam uma ala do sindicato dos professores, comandado pelo PSOL e pelo PSTU. A esquerda submarxista — quem é do ramo sabe que marxistas instruídos, eles existem, jamais se ligariam a bandoleiros dessa espécie (não é prurido moral, é questão política) — se juntou à violência doidivanas, sob o silêncio cúmplice de idiotas que se negam a ver o óbvio.

Alguns tolos acham que isso é ruim para Sérgio Cabral e se calam. Outros tolos acham que isso é ruim para Sérgio Cabral e para Dilma e também se calam. Quem tem algo entre as orelhas além de um enorme vácuo de ideias e princípios morais sabe que, caso prospere a desordem para valer, a desordem é sempre favorável ao statu quo, que, então, se rearranja e passa a fazer o óbvio: fala em nome da ordem.Por Reinaldo Azevedo





16/10/2013 às 21:09


Vejo reportagem no Jornal Nacional sobre os mascarados supostamente “infiltrados” na bagunça desta terça em São Paulo e no Rio. As palavras contradizem as imagens. Como podem estar “infiltrados” se podemos ver os black blocs compondo a linha de frente da marcha? O JN pode muita coisa, mas não pode mudar o sentido das palavras. O particípio “infiltrado” vem do verbo “infiltrar”, na acepção nº 2 do Houaiss, a saber (em azul):
2 ( bit. e pron. ) [prep.: em] fig. introduzir(-se) aos poucos ou sub-repticiamente.
Pode-se ainda recorrer à palavra “infiltrado” mesmo:
que ou aquele que se infiltrou numa organização inimiga; espião

Pergunta-se o óbvio:
1: se, no Rio e em São Paulo, os mascarados compõem uma ala da passeata, sem se esconder de ninguém, pode-se dizer que eles “se introduziram aos poucos ou sub-repticiamente” no movimento?
2: esses “infiltrados”, por certo, não resolveram atuar, de forma sub-reptícia numa organização inimiga. Ao contrário: trata-se de uma organização amiga.

Ainda que o Jornal Nacional não queira, a direção do sindicato dos professores quer: em pronunciamentos e até numa nota oficial, considera os black blocs amigos da causa. Estão juntos. Há fotos provando. Há vídeos provando. Há textos provando.

William Bonner destacou, quase escandindo as sílabas, para que a gente entenda di-rei-to que os sindicato teve o cui-da-do de deixar claro o momento em que terminou a manifestação, no curso da qual, em companhia dos black blocs, não houve violência nenhuma. Pois é…

Quem, amante de manifestação pacífica, faz ato conjunto com black blocs? A pergunta nasce da lógica elementar. Anunciar, com to-das as sí-la-bas o momento em que o protesto acaba, meu caro William Bonner, funciona, então, como uma senha para, dali a pouco, o início do quebra-quebra.

Se os sindicalistas repudiam a ação dos black blocs, basta, então, expulsá-los da manifestação. Não só não expulsam como ainda os defendem sem pudor.

Finalmente
Em São Paulo, os que foram às ruas, informou a reportagem, se manifestavam contra Sérgio Cabral (???) e Geraldo Alckmin. Suas faixas foram levadas ao ar. Uma vitória e tanto para quem marchou junto com os black blocs, numa parceria, deixando um rastro de destruição na cidade.

Na semana que vem, eles fazem de novo: afinal, os organizadores do protesto serão chamados de “pacíficos”, os black blocs de “infiltrados”, e, como gorjeta preciosa, suas palavras de ordem são exibidas em rede nacional. O que mais se pode querer? Ah, sim: e ainda cabe a representantes da segurança pública se explicar diante da opinião pública.

Questão final: os blac blocs criticam a Globo e até danificaram uma câmera da emissora nesta terça. O Reinaldo Azevedo critica a abordagem do Jornal Nacional. Uma alma simples poderia concluir: se a crítica vem dos dois extremos, a verdade está no meio. Ainda que eu fosse o extremo oposto dos mascarados (em certa medida, sim: ando de cara limpa, não bato em ninguém nem quebro nada), a conclusão seria errada. A minha informação, que não é opinião, está ancorada no que dizem as próprias lideranças do sindicato e no sentido das palavras. De resto, nem sempre a virtude está no meio. Estivesse em qualquer caso, só 50% do caminho nos distanciariam, por exemplo, de terroristas, não é? Ou de quadrilheiros e bandoleiros. E eu reivindico, para os homens de bem, 100% de distância dessa gente.Por Reinaldo Azevedo





16/10/2013 às 17:49


A Copa do Mundo está chegando. Depois, vem a Olimpíada. Se setores da imprensa não pararem de flertar com a bagunça; se as autoridades, de situação e de oposição, não deixarem claro com todas as letras que a violência é inaceitável; se a Justiça não decidir se voltar para o que dizem as leis, pouco importando os anseios subjetivos do juiz, as coisas podem se complicar bastante.

Está em curso uma marcha de irresponsáveis, mais ocupados em cuidar de sua própria reputação “progressista” — tanto quanto possível, ajustando também as contas com o passado — do que em preservar o clima de normalidade democrática. E, atenção!, na normalidade democrática, o corriqueiro é que manifestantes respeitem a autoridade policial. E que a autoridade policial se comporte segundo as regras do seu manual de conduta.

Na normalidade democrática, os que protestam não cospem em policiais, não os atacam com coquetéis molotov, não usam estilingues para atingi-los com bolotas de aço, não depredam bancos, não ocupam prédios públicos com marretadas. Na normalidade democrática, os que agem assim são severamente punidos.

Atenção! Nas democracias, é desnecessário acionar a Justiça para desocupar uma prédio público ou privado invadido. Basta chamar a polícia. O ato é um crime como qualquer outro. Não é preciso acionar um juiz para decidir se o ladrão pode ou não bater uma carteira ou se o potencial homicida pode ou não matar alguém. Assim, dispensa-se o concurso do Judiciário para arbitrar sobre uma invasão de propriedade pública ou particular. Como se trata de uma flagrante agressão ao direito de terceiros, a força policial atua.

Por aqui, há um processo de legitimação da violência, desde que os violentos digam atuar em nome de uma causa justa ou do povo. Regras elementares da lógica deixam de ter validade. O ministro Luiz Fux, por exemplo, avalia que descontar dias parados de grevistas agride o direito à greve. Errado! O direito persiste. O não-pagamento apenas distingue o óbvio: o trabalho do não-trabalho. Não para Fux. Assim, quando um professor deixa de trabalhar, o único prejudicado mesmo há de ser o aluno. É uma sandice. Invasores da reitoria da USP, cuja ação deveria ter sido coibida no ato, têm agora mais 60 dias para deixar o local. Expirado o prazo, então se vai ver o que fazer.

No Rio, o batalhão de advogados da OAB, sob o comando de Wadih Damous, vai à luta para soltar desordeiros, todos eles presos em flagrante depredando a cidade, mas todos eles, claro!, inocentes — porque, sabe-se, violenta mesmo é a Polícia… Nessa concepção, os que seviciaram e mataram Amarildo contaminam toda a corporação, mas os incendiários que estão à solta nada dizem sobre o manifestantes… Isso corresponde a investir na desordem.

A parceria do sindicato dos professores do Rio com os black blocs é admitida pelos próprios sindicalistas, sobre palanques. Nesta terça, caminharam, mais uma vez, unidos. Não obstante, anuncia-se que eles são apenas “infiltrados” no movimento. Estou entre aqueles que admitem “Jornalismo de Tese” — para tanto, existem colunistas, analistas, gente que dá opinião (sim, sou um deles).

Quando a tese insiste em negar o fato evidente, comprovado e admitido até por aqueles que são protegidos pela falácia, então se tem é uma tentativa de enganar a opinião pública. A troco de quê?

É curioso, um caso a se pensar, que a violência na capital fluminense tenha dado uma trégua durante o “Rock in Rio”. Ora, se o objetivo era mostrar para o mundo isso e aquilo, as lentes do mundo estavam ali mesmo, ao alcance de qualquer quebra-quebra. E, no entanto, felizmente, nada aconteceu. A contrário: por alguns dias, o Rio voltou a ser a cidade da alegria, da paz, do congraçamento, dos solos de guitarra ecoando pelas tardinhas que caíam e os barcos que iam… “Qual é a sua hipótese conspiratória, Reinaldo?” Não tenho. Constato um fato à espera de uma explicação.

Observo que os violentos estão ficando cada vez mais ousados. Já que a sua tática do quebra-e-esfola foi, na prática, admitida como uma forma de manifestação, o normal é que procurem aprimorar a ação, tornando-se ainda mais agressivos. Não adianta demonizar os vândalos e preservar da crítica aqueles que estão, na prática, contratando os seus serviços.

Setores importantes do jornalismo têm de decidir se prestam um serviço ao conjunto dos brasileiros ou aos militantes do PSOL, do PSTU e, no caso do Rio, do PT.

PS – Por falar nisso, alguém ouviu a voz de Marcelo Freixo ou de Lindberg Farias condenando a violência?Por Reinaldo Azevedo





15/10/2013 às 22:46


Leiam o que informa Pâmela Oliveira, na VEJA.com. Volto no próximo post.
Com adesão muito abaixo do esperado pelo Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe), o protesto da noite de terça-feira no Rio teve, até as 19h40, o formato de uma manifestação legítima. Os sindicalistas demarcaram com precisão, neste horário, quando deveria começar a pancadaria. O aviso dado pelos carros de som de que o protesto estava “encerrado” coincidiu com estrondos ao redor da Cinelândia, enquanto professores batiam em retirada, como se pressentissem o perigo. Às 20h15 a situação era a baderna usual, com bombas de efeito moral lançadas pela Polícia Militar, coquetéis e pedras jogados por manifestantes e correria generalizada.

A PM ficou concentrada nas vias ao redor da Cinelândia, mantendo distância dos manifestantes. A pancadaria começou quando um grupo liderado por mascarados começou a se deslocar em direção à Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), na Rua Primeiro de Março. Os manifestantes usaram os tapumes de madeira e metal, instalados para evitar depredações, como escudos para avançar contra os policiais. Em vários pontos do centro surgiram pequenos focos de incêndio. A fumaça do lixo queimado se misturava à das bombas de efeito moral lançadas pelos policiais. Logo o tumulto se espalhou por todo o entorno da Cinelândia, da Lapa e de vias em direção à Zona Sul.

Oficialmente, como já fez outras vezes, o Sepe diz não apoiar a violência e o vandalismo. Mas há uma semana o sindicato declarou “apoio incondicional” ao grupo Black Bloc – o que funcionou como uma carta branca para os manifestantes atuarem nos atos convocados pelos grevistas. O momento exato de “encerramento” pareceu um alerta para quem não estava a fim de participar do confronto – um “salve-se quem puder”. Não se pode dizer que os black blocs estavam “infiltrados” ou que se aproveitaram da manifestação. Ao longo da caminhada, os mascarados estavam lado a lado com os grevistas – ainda que, obviamente, grande parte deles não concorde com as práticas violentas.

O apoio dado aos black blocs pelo sindicato, por ser “incondicional”, obviamente endossa o incêndio de uma viatura da PM, na Glória; a destruição dos pontos de ônibus no Centro; as depredações pelo caminho e a destruição até das barreiras instaladas para proteger a Biblioteca Nacional, entre outros prédios depredados.

O Sepe, controlado pelo PSOL e pelo PSTU, tem empurrado os professores para uma situação perigosa. A adesão, segundo o município, não passa de 10% desde duas semanas atrás. Entre os grevistas, há aqueles em estágio probatório, ou seja, aprovados em concurso mas ainda sem estabilidade. São estes os primeiros notificados, por telegrama, para justificar a ausência. O comunicado é emitido para os que atingiram 30 faltas consecutivas. Para os profissionais com estabilidade, a demissão é um processo longo, que depende de um trâmite administrativo complexo. Mas para os profissionais em estágio probatório não é necessária sequer justificativa por parte do gestor público.

A primeira leva de comunicados seguiu por telegrama na segunda-feira, para 1.800 servidores efetivados e 2.700 em estágio probatório. Os notificados têm, agora, até quinta-feira para apresentar em suas unidades a justificativa por escrito para as ausências. Em nota, a Secretaria Municipal de Educação informa que um dos requisitos para a efetivação dos concursados é a assiduidade – ou seja, quem fez greve pode já estar demitido a essa altura. As próximas etapas, a partir do recebimento das justificativas, são o julgamento de cada caso pela comissão de avaliação de estágio e, no caso dos funcionários com estabilidade, um processo no âmbito da Secretaria de Administração.

No início da noite, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a decisão da prefeitura do Rio de cortar o ponto dos grevistas. O ministro decidiu também convocar uma audiência de conciliação para resolver a questão. Os manifestantes festejam a decisão, que deixa a prefeitura de mãos atadas diante de um sindicato que não parece disposto a negociar.Por Reinaldo Azevedo





15/10/2013 às 21:49


O Jornal Nacional, repetindo o que eu já tinha ouvido na GloboNews, passa um informe do sindicato dos professores do Rio: o quebra-quebra promovido pelos black blocs começou 40 minutos depois do fim da manifestação da categoria. Essa seria a evidência, segundo entendi, de que uma coisa é uma coisa, e outra coisa, outra coisa. Para o JN, os vândalos se infiltraram nos protestos do Rio e de São Paulo.

Pois é. Lamento muito que não seja verdade. Os jornalistas do JN e da GloboNews estavam lá, ainda que disfarçados ou de manifestantes ou de ninjas — para não apanhar. E viram, como é óbvio, que os black blocs participaram da marcha dos, vá lá, professores — boa parte dos que marcharam nada tinha a ver com a categoria. Ora, quem abriga os vândalos, quem lhes dá guarida, está acatando seus métodos, ainda que o quebra-quebra comece depois do fim oficial do protesto, certo?

O mesmo vale para São Paulo. Os próprios invasores da Reitoria recorreram a métodos consagrados pelos mascarados para ocupar o prédio. Há uma associação objetiva entre os militantes do PSOL e do PSTU — que comandam tanto a greve dos professores como a invasão da Reitoria — e a canalha mascarada.

O que se ganha ao fazer uma distinção que não existe? Se os professores não querem os black blocs, têm como expulsá-los do seu ato. Em vez disso, eles fazem isto aqui, ó:



Por Reinaldo Azevedo





15/10/2013 às 20:23


Tão nefastos como os black blocs são os hipócritas. Os invasores da Reitoria da USP — também eles pertencem, na maioria dos casos, ao PSOL e ao PSTU, os mesmos que comandam a patuscada no Rio — marcaram um protesto em São Paulo. Pedem eleições diretas para o comando das universidades paulistas e se dizem solidários com os professores do Rio. O dito protesto reuniu umas 400 pessoas, que decidiram marchar para o Palácio dos Bandeirantes. Gritam ainda palavras de ordem contra Geraldo Alckmin e Sérgio Cabral…

Muito bem. Um grupo acabou se desgarrando. Vi há pouco pela TV uma verdadeira invasão de uma loja da Tok & Stok, na esquina da Eusébio Matoso com a Marginal Pinheiros. Clientes correram apavorados. Sim, são os mascarados de sempre, aquela gente que o doutor Wadih Damous, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, se nega a condenar com a veemência com que critica a Polícia Militar. A condescendência de setores importantes da imprensa com esses marginais produziu esse estado de coisas. Houve depredação também da estão Butantã do Metrô.

Por que me referi aos hipócritas no início deste post? Leiam pequenas notas publicadas no Estadão online. Volto em seguida.

19h36 – Mascarados tentam se esconder no estacionamento de uma unidade da rede de lojas Tok & Stok, na esquina da Avenida Eusébio Matoso com a Marginal do Pinheiros. Uma grande quantidade de policiais tentam cercar quem se desprendeu do bloco central. Há focos de incêndio na pista e rojões estão sendo lançados por parte dos manifestantes.

19h31 – Mascarados entram em confronto com a policia, jogando coquetéis molotov. A PM responde com bombas de gás e persegue os black blocs, que entraram em um posto de gasolina na Marginal do Pinheiros para se defender.

19h12 – Tumulto na Avenida Eusébio Matoso: manifestantes destruíram os vidros de uma concessionária na altura do Shopping Eldorado. O policiamento foi reforçado no local, e a marcha parou momentaneamente. Logo foi retomada e se encontra na Ponte Eusébio Matoso, totalmente interditada no sentido da Avenida Francisco Morato.

19h05- Manifestantes deixam pichações na Avenida Eusébio Matoso enquanto seguem no sentido Marginal do Pinheiros: “Mais escolas”; “Escolas padrão Fifa” e “Fogo na PM” foram algumas das mensagens escritas.

19h01 – Manifestantes e um grupo de mascarados tiveram um pequeno atrito. Os mascarados jogavam sacos de lixo na rua e tentavam tirar as bandeiras presentes na passeata, atitude repudiada pelo restante dos participantes do ato. Membros do Diretório Central de Estudantes da USP chegaram a repreender os mascarados usando o megafone.

Voltei
Atenção! Estes que aparecem aí supostamente repreendendo a ação de vândalos invadiram a Reitoria da USP com marreta e pé de cabra. Muitos deles estavam também mascarados. Acham, portanto, que a depredação e a violência são caminhos eficazes para a luta política. Não reconhecem o estado de direito. Há um arcabouço legal para a eleição do reitor da USP. Eles têm todo o direito de querer mudar a lei, mas não pode ser de marreta na mão. Ou pode? Segundo a Justiça de São Paulo, sim! Foi negada uma liminar de reintegração de posse. O juiz preferiu acusar a intransigência da Reitoria — vale dizer: da vítima.

Ataque a uma equipe da Globo
Uma equipe da Rede Globo foi atacada por black blocs, e a lente de uma câmera foi pichada. Os black blocs só aceitam o acompanhamento da chamada “Mídia Ninja”, que os trata como verdadeiros poetas da democracia. Na expressão de Bruno Torturra, ligado ao grupo — que é financiado pelo Fora do Eixo, aquela turma acusada de explorar trabalho similar à escravidão —, o black blocs são, antes de mais nada, “uma estética”.

Deve ser assim mesmo, não é? Li em algum lugar que Torturra foi um dos convidados do encontro promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Pelo visto se considera que ele tem muito a ensinar, nem que seja no campo ético, não é mesmo? Acompanho a cobertura na Globo News. Há quebra-quebra e confronto em São Paulo e no Rio. A emissora chama bandidos de “manifestantes” e pauleira de “manifestação”. O que aconteceu com o sentido das palavras? Não sei. Esse vocabulário ajuda a explicar por que chegamos aqui. Ainda voltarei a esse tema. Muita gente decidiu brincar com fogo. Eis aí. Alguns equivocados acharam que se podia abrir impunemente a caixa de Pandora. Não é possível. Nem no mito nem na vida.Por Reinaldo Azevedo





11/10/2013 às 14:31



Abaixo, há um vídeo sobre a ação dos black blocs no Rio, na segunda. Segundo Caetano Veloso, eles “fazem parte”. A liderança dos professores agora admite oficialmente que eles são seus aliados. Segundo um dos dirigentes, quem provoca tumulto é mesmo a polícia…

Também não posso me esquecer da intervenção de Wadih Damous, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB. Ele participou da passeata e disse que estava lá para garantir que os policiais não cometessem excessos. Por incrível que pareça, apenas três pessoas foram presas. Nem sei se continuam na cadeia. É possível que alguém da OAB já tenha ido lá para soltá-las. 

O que diria o juiz Laroca, aquele que negou a liminar de reintegração de posse da Reitoria da USP? Referindo-se aos vândalos que invadiram o prédio a marretadas, afirmou o meritíssimo, num uso muito particular da língua: “Outrossim, frise-se que nenhuma luta social que não cause qualquer transtorno, alteração da normalidade, não tem força de pressão e, portanto, sequer poderia se caracterizar como tal”.

O que se vê abaixo é um exemplo e tanto de “transtorno” e “alteração da normalidade”. Logo, segundo o pensamento de Laroca, tem “muita força”. Fosse, então, luta armada, aí seria força total, né?



Por Reinaldo Azevedo





09/10/2013 às 22:57



Leiam o que vai no Globo Online. Volto em seguida para um brevíssimo comentário e retomo ao assunto mais tarde.

Por Luiz Ernesto Magalhaes:
A violência ou simplesmente o temor que passeatas pacíficas terminem em tumultos generalizados provocados por black blocs já custou ao Rio de Janeiro pelo menos R$ 1,31 bilhão desde junho. Nessa conta estão prejuízos do comércio com a queda nas vendas, horas extras pagas a policiais e outros servidores públicos entre outras despesas, segundo levantamento feito nesta terça-feira pelo GLOBO. A conta final é difícil de fechar porque bancos e seguradoras não divulgaram suas despesas e muitos prejuízos ainda estão sendo calculados. Desse total, o prejuízo maior vem do comércio e atividades de prestação de serviços que giram em torno deles. Indicado pela Associação Comercial do Rio para comentar a situação, o presidente do Clube de Diretores Lojistas e do Sindilojas, Aldo de Mouras Gonçalves, ressalta que não inda existe uma conta fechada. Mas ele estima o prejuízo, sem contar o vandalismo, possa chegar a R$ 1,3 bilhão. Os outros R$19,1 milhões são arcados por governos e prestadoras de serviços públicos.

“Desde junho, ocorreram pelo menos dez protestos que terminaram de forma violenta no Centro. Houve problemas ainda na Zona Sul e na Barra. Quando há expectativa de confusão, muita gente evita ir ao Centro para fazer compras, escritórios liberam funcionários antes da hora e lojas fecham mais cedo. Com isso, não é só o comércio que deixa de faturar mas outros serviços, mas ambulantes legalizados e táxis que passam a evitar a área. No dia seguinte aos protestos, muita gente ainda evita frequentar essas áreas devido à depredação.”

Mudança de rotina
A violência impôs mudanças em algumas rotinas dos principais polos comerciais do Centro. O síndico do Edifício Avenida Central, Rhuy Gonçalves, contou que seguranças do prédio passaram a acompanhar as passeatas. No caso de violência, a orientação é fechar o prédio que conta com 194 lojas e 1.061 salas. Ele não quantifica o prejuízo, mas observou que o fechamento antecipado geralmente ocorre num dos horários de pico do prédio. “Os protestos geralmente começam no fim de tarde. Normalmente, ficamos abertos até 21h para receber a clientela que deixa pra fazer compras após passar o dia no trabalho. Infelizmente, tem dia que precisamos fechar as portas mais cedo e isso dá prejuízos”, disse Rhuy.

Sem poder prever qual passeata terminará de forma pacífica ou violenta, a Secretaria de Segurança Pública estima que já tenha gasto R$ 15 milhões para reforçar o policiamento durante manifestações. Ao todo, 53 PMs ficaram feridos. Para se ter uma ideia, os R$ 15 milhões representam a soma que a PM pagou para soldados trabalharem fora de seu horário de serviço na Copa das Confederações e na Jornada Mundial da Juventude. O valor corresponde ainda ao orçamento de dois meses, em adicionais pagos, para reforçar os efetivos de PMs nos batalhões do Estado. Os gastos com armamento não letal não foram divulgados.

A conta com a depredação do mobiliário urbano já chega a cerca de R$ 3 milhões. Conforme o contrato, os custos são arcados pelas empresas que prestam o serviço a prefeitura. Nessa lista estão pelo menos 1.295 itens. Isso inclui 712 papeleiras, 98 blocos de sinais de trânsito e equipamentos de fiscalização eletrônica, 60 postes de identificação de ruas e 60 placas de trânsito. Apenas uma das empresas de mobiliário urbano do Rio já teve que repor 200 vidros temperados de 98 abrigos de ônibus desde junho. O prejuízo não é divulgado pela empresa, mas no mercado comenta-se que essa reposição não saiu por menos de R$ 100 mil. Na Rua Evaristo da Veiga, onde fica um dos acessos à Câmara dos Vereadores, um abrigo já precisou de reparos após os três últimos protestos que terminaram em violência. Na Rua Pinheiro Machado, nas imediações do Palácio Guanabara, os vidros de outro abrigo foram repostos quatro vezes.

“Somente na segunda-feira, foram atacados 12 abrigos, 2 relógios e 4 totens informativos. A estimativa é que vamos levar menos uma semana para recuperar tudo — conta Marcelo Cavalcanti, gerente de Operações da empresa Adshell, que fornece parte do mobiliário urbano do Rio, em troca da exploração de publicidade.”

Perda total nas lixeiras
O presidente da Comlurb, Vinícius Roriz, explica que, geralmente, quando uma lixeira é destruída, a perda é total. A empresa que já preparava uma licitação para a compra de 7 mil novas papeleiras para repor estruturas destruídas e roubadas precisou levar em conta nas estimativas os prejuízos provocados pelos vândalos que atacam nas passeatas.

Na Alerj, os ataques ao patrimônio público representaram um prejuízo de R$ 594,4 mil segundo estimativas feitas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Na Câmara do Rio, o maior estrago ocorreu na noite de anteontem e as contas ainda não foram fechadas. Quase todos os vidros externos foram destruídos e os portões danificados por bombas caseiras. Antes desse ataque, o prejuízo já estava em cerca de R$ 250 mil para repor danos de protestos passados. O presidente, Jorge Felippe (PMDB), disse temer o futuro. Pra ele, os vândalos podem se aproveitar de outras manifestações no futuro tendo o Legislativo por alvo. Ele acredita que a aprovação do Plano de Cargos para os professores possa gerar um efeito cascata em outras categorias de servidores se mobilizando para reivindicar reajustes.

“Além disso, a conta vai aumentar mais. Não apenas pelos prejuízos materiais. A Câmara do Rio precisou reforçar sua segurança com guardas municipais. A prefeitura cedeu o pessoal mas será o Legislativo que pagará os salários pelo período que permanecerem aqui”, disse Felippe.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (ABIH), Alfredo Lopes, revelou que a preocupação com os confrontos provocou uma queda de cerca de 20% o movimento de hospedagem em cerca de 20 estabelecimentos no Centro. Lopes explicou que o prejuízo acaba sendo localizado. Isso porque parte dos visitantes que se hospedam no Centro vem ao Rio a negócios e por isso não desistem das viagens por causa das manifestações. “ A mudança que ocorreu é que muitos tem optados por hotéis em Botafogo e Flamengo em lugar do Centro”, explicou Alfredo Lopes. O diretor do Hotel Viña del Mar, na Joaquim Murtinho (Lapa), José Paredes, calculou ontem os prejuízos com cancelamento de reservas em R$ 18 mil mensais: “ O que preocupa os hóspedes não é o motivo do protesto em si, porque a maioria desconhece as demandas da cidade. Mas o medo que acabe em violência. No nosso caso, estamos praticamente no olho do furacão das manifestações”, disse Paredes.
(…)

Voltei
Há um pequeno e importante reparo a fazer no texto, que não é erro de apuração, mas de viés editorial: “passeatas pacíficas” que terminam em “tumultos generalizados” é uma ficção criada por setores da imprensa. Desde sempre os ditos “pacíficos” contam com a ação dos “violentos” para dar visibilidade à sua luta. Pergunta: Caetano Veloso ainda tem aquele apartamento de muitos milhões na avenida Vieira Souto? Parece que era coisa, assim, na casa dos vinte e tantos… Que tal desapropriar para ajudar a pagar a conta? Por que ele não faz um leilão e doa o rendimento para a cidade. Na última vez em que se manifestou sobre sua ideologia mais profunda, disse ainda não saber se era mesmo anticapitalista. Quem sabe já tenha tomado uma decisão…

“Ai, que ironia grosseira!” É??? E se eu fosse fino como um black bloc, cuja fantasia o cantor vestiu?Por Reinaldo Azevedo





09/10/2013 às 20:45



Escrevi um post às 4h05 da manhã em que afirmava que o Jornal Nacional está errado ao afirmar que existe uma diferença entre as “manifestações pacíficas” dos professores, no Rio, e os atos violentos dos “black blocs”. Sustentei que a afirmação contraria os fatos, as evidências, as provas. Publiquei fotos demonstrando que estão juntos. Mais do que isso: publiquei um vídeo em que lideranças da greve saúdam os bandoleiros e demonstram a sua gratidão. Para quem ainda não viu, segue abaixo de novo. Volto em seguida.



Retomo
Como se vê, além de demonstrar que estão juntos, aquele rapaz que discursa incita, na prática, a violência contra os policiais, comparando-os, adicionalmente, a nazistas. Para ele, os PMs são tão culpados por aquilo que chama “repressão” como os comandantes.

Muito bem!

Uns bocós acharam que eu estava só pegando no pé da Globo, fazendo uma picuinha qualquer. Não! Eu estava tratando de um fato. Nesta quarta, o sindicato dos professores decidiu manter a greve e ainda publicou um manifesto que é de lascar.

Em entrevista ao Jornal O Dia, o coordenador-geral da entidade afirmou: “As manifestações dos profissionais de educação continuarão a ser organizadas pelo Sepe, mas os Black Blocs serão sempre bem-vindos. O Sepe não pode se responsabilizar por atos anteriores, mas, nos protestos dos professores, os causadores dos conflitos não foram os Black Blocs e sim a polícia”.

Só isso? Não! Há mais. Num manifesto, o Sepe sugere que ele próprio pode montar a sua tropa: “O Estado e seus gestores (Sérgio) Cabral e (Eduardo) Paes iniciaram uma ofensiva militar contra os movimentos sociais e a nossa greve, através de choques, bombas e sprays de pimenta. Devemos nos defender e seguir nas ruas”.

Os fatos falam por si.

O Jornal Nacional já tratou da greve e não informou a reiteração da parceria.Por Reinaldo Azevedo





09/10/2013 às 6:15



Contestei num post de ontem à noite a abordagem de reportagens do Jornal Nacional sobre a ação dos black blocs em São Paulo e no Rio. Parece haver uma determinação editorial para distinguir as ditas “manifestações pacíficas” da “ação de vândalos”. Ora, quando são coisas diferentes, que as diferenças sejam explicitadas. Quando não são, que os fatos triunfem mesmo sobre a boa vontade e eventuais intenções até mais meritórias.

Infelizmente para o bom senso, black blocs e professores e/ou manifestantes firmaram uma parceria. Os jornalistas que estão nas ruas sabem disso. Mesmo aqueles que são simpáticos à ação dos mascarados, e eles existem, têm consciência de que estou falando a verdade. De resto, há mais do que fotos. Vejam este vídeo. Volto em seguida.



Voltei
A parceria está aí: clara, inequívoca, inquestionável, evidente, escancarada. Se a gente negar a realidade e fizer de conta que ela é outra coisa, passa a ser, por isso outra coisa?

Não sei quem é aquele rapaz que fala. Se for professor, pobres adolescentes! O seu entusiasmo só não é maior do que a sua ignorância e a sordidez moral do que diz. Comparar a ação da Polícia Militar, mesmo quando ela é violenta e ilegal, à dos nazistas vai além da indigência intelectual. O problema está menos em ele superestimar as eventuais ações condenáveis de policiais do que em subestimar a estupidez do nazismo.

De resto, olhem quem recorre ao nazismo como exemplo de coisa condenável! Alguém que defende a ação da black blocs, que só se distinguem, na truculência, da SA nazista, comandada por Ernst Röhm, porque os delinquentes alemães não andavam mascarados.

Atentem para um aspecto perigoso do discurso desse rapaz: ele incita, na prática, a violência dos que o ouvem contra os policiais, como se, de fato, não estivessem submetidos a regras de comando e obediência — aliás, a grande desgraça é quando não estão. De resto, fosse como ele diz, todos os soldados alemães, ao fim da guerra, teriam ido parar na cadeia, o que é, obviamente, mentira!

É esse tipo de coisa que está em curso no Rio — e em várias partes do país. Tentar distinguir o trabalho dessa militância da ação dos black blocs é muito menos do que matéria de opinião ou de uma leitura da realidade: trata-se apenas de uma mentira. E não é assim porque eu quero. É assim porque eles querem.

Chega!
É hora de chamar as coisas pelo nome e de distribuir as responsabilidades segundo a ação de cada um. A população da cidade do Rio já está sendo punida o bastante pelo fato de o PSOL ter sequestrado o sindicato dos professores e usá-lo como instrumento de seus delírios, o que nenhuma reportagem de TV, até agora, abordou com a devida clareza. A população não tem o direito de saber?

Se a Globo e quaisquer outras emissoras fizerem mais 50 reportagens tentando distinguir dos black blocs os que convocam manifestações supostamente pacíficas, nem por isso eles deixarão de estar unidos. Nem por isso um fato deixará de ser um fato.

Por que Marcelo Freixo não vem a público para condenar a violência dos mascarados?
Por que Lindbergh Farias não vem a público para condenar a violência dos mascarados?
Por que a direção do sindicato não vem a público para condenar a violência dos mascarados?

Isso me lembra alguns inocentes que tentavam, não faz muito tempo, distinguir o trabalho da chamada “Mídia Ninja” da ação dos mascarados trogloditas. Bruno Torturra e Pablo Capilé, chefões do Fora do Eixo, foram ao Roda Viva. Foi-lhes dada a chance de censurar a violência dos black blocs. Não só não o fizeram como Torturra tentou ainda teorizar, afirmando que, para ele, os truculentos representavam, antes de mais nada, uma “estética”.

Sem dúvida! E Torturra e seu amigo representavam lá uma ética.

PS: “E por que você pega no pé de Caetano Veloso?” Ora, estou dando a ele a chance de se desculpar por ter posado fantasiado de bandoleiro mascarado. Como ele, até agora, não o fez, estou usando a máxima daquela raposinha chatinha de “O Pequeno Príncipe”: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Por mim, ele só cantava. Mas também quer fazer política, além de defender, em circunstâncias especiais, a censura prévia no Brasil no caso das biografias. Um naufrágio!
Texto publicado originalmente às 4h05Por Reinaldo Azevedo







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Aluízio Amorim

Filósofa russa Ayn Rand :



“Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada.”



Ayn Rand nasceu em São Petersburgo em 1905