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Se em meu ofício, ou arte severa,/ Vou labutando, na quietude/ Da noite, enquanto, à luz cantante/ De encapelada lua jazem/ Tantos amantes que entre os braços/ As próprias dores vão estreitando —/ Não é por pão, nem por ambição,/ Nem para em palcos de marfim/ Pavonear-me, trocando encantos,/ Mas pelo simples salário pago/ Pelo secreto coração deles. (Dylan Thomas — Tradução de Mário Faustino)
19/02/2014 às 7:02
Por Reinaldo Azevedo
19/02/2014 às 4:53
O delegado Zaccone e Sininho, a ativista: na festa, o produto de um saque
Lembram-se do delegado Orlando Zaccone, o tal que é titular do 31º DP do Rio? Pois é… Flagrado na mentira, resolveu rodar a baiana, saltar das tamancas e vituperar contra a VEJA.com. Até aí… Ele fez circular em alguns blogs sujos o que seria uma resposta às reportagens da revista. Ela segue abaixo, em vermelho, com comentários meus, em azul. Como vocês verão, Zaccone admite a sua ligação com aqueles que chama ativistas e confessa que mentiu uma segunda vez.
EU CONHEÇO A SININHO!
Sim, claro que conhece! É o que evidenciam as reportagens de VEJA.com.
Sim. Eu conheço Elisa Quadros, a Sininho. Confirmei isso desde o primeiro contato feito pela Revista Veja sobre a minha doação para o evento “Mais amor menos capital”. Então quem é o Pinóquio nesta história?
O Pinóquio é o delegado Zaccone mesmo, é claro! Quando VEJA.com o procurou, ele disse ter doado dinheiro para o evento e que Elisa Quadros, a Sininho, era uma completa desconhecida até então. Mais tarde, outra reportagem demonstrou que ele havia aparecido no tal evento que premiava o vandalismo bem antes da doação. Então foi Zaccone que mentiu para a reportagem. O Pinóquio é Zaccone.
1) O fato de ter sido comprovado em menos de 24 horas que a reportagem da Veja, ao tentar me vincular a um suposto financiamento da violência dos protestos, foi construída na má fé, uma vez que na planilha editada pela revista foram omitidos os gastos do evento, que incluía a compra de rabanadas, pão, papel, bem com o aluguel de cadeiras e pagamento de transporte, demonstra por si só quem está desde o início com dolo (a palavra agora está na moda) de mentir.
Mentira de novo! A reportagem deixava claríssimo que o tal evento não resultou em pancadaria, embora promovido, sim, pela turma dos black blocs. Transcrevo em itálico trecho, em que o delegado fala fartamente:
O delegado Zaccone confirmou ao site de VEJA ter doado 200 reais. Ele disse ter recebido um telefonema de Sininho, até então uma desconhecida para ele, propondo que participasse de um debate no evento “Ceia dos Excluídos”, em 23 de dezembro do ano passado. Como delegado de polícia, ele deveria apresentar sua visão sobre direito de manifestação, Copa do Mundo e cerceamento de liberdade. Segundo ele, advogados e representantes de movimentos sociais integravam o grupo. “Achei interessante falar na Cinelândia. Já dei palestras em universidades e me interesso pelo tema”, disse. “Fiz a doação para um evento cultural e vi para o que estava doando. Quando a Sininho ligou, explicou que estava buscando aproximação com instituições e pessoas que não visse o movimento com olhar criminalizante. A doação foi para o ‘Ocupa Câmara’, não foi para o Black Bloc. Não tenho nada a omitir em relação a isso. A Constituição garante o direito de se fazer tudo que não é proibido em lei. E, no Brasil não é proibido fazer doação para evento com distribuição de alimento”, afirmou. “Sou policial. Como vou financiar ou contribuir com pessoas que entram em conflito com policiais?”, disse.
2) A nova tentativa de me vincular às violências ocorridas nas manifestações tem agora toques inquisitórios. O delegado de polícia que conhece a “fadinha do mal”! Nunca neguei conhecer a Sininho, pelo simples fato de não existir nenhum impedimento jurídico, moral ou ético para isso. Conheci Elisa Quadros, assim como outros ativistas do movimento Ocupa Câmara, muitos que assim como ela foram presos e tiveram as respectivas prisões revogadas pela Justiça.
Enrolação! Quando a reportagem o procurou para falar sobre a doação, ele afirmou que jamais tinha entrado em contato com Sininho. Como ele foi desmoralizado pelos fatos, fica agora tendo faniquitos.
3) Elisa Quadros, pelo que eu e a Revista Veja sabemos, não é foragida da Justiça e nem tem nenhum mandado de prisão pendente. Ah, sim! Esqueci! Ela é apontada como sendo líder dos Black Blocs. Por quem? Pela própria Revista Veja.
Uma ova! A vinculação da moça com os black blocs é determinada pelos fatos, meu senhor!, não pela revista VEJA.
4) Outro aspecto da pretensa ofensa a mim dirigida pela Veja é ter estado na cerimônia de premiação organizada pela jornalista e humorista Rafucko que retrata de forma divertida o cenário das manifestações. A confusão entre a abordagem humorística e a realidade feita pela Veja muito se assemelha a perseguição e as ameaças sofridas pelo ator Fábio Porchat em razão do vídeo do Grupo Porta dos Fundos intitulado “Dura”. A Veja e alguns policias militares parecem compartilhar da mesma falta de humor.
Está misturando alhos com bugalhos. Uma peça de humor na Internet, por mais sem graça ou desastrada que seja, é uma obra de ficção. O delegado Zaccone participou de uma celebração em que estavam expostos manequins de uma loja que tinha sido saqueada. Se os criminosos não estavam presentes — muito provavelmente, sim! —, tinham ao menos levado para lá o produto do seu crime. Até onde sabe, a turma do “Porta dos Fundos” não apela a roubo para a sua cenografia. A comparação é estúpida. E o delegado está reprovado como humorista.
5) O que está em jogo não é o fato de eu ter conhecido a Sininho dois meses antes do evento para o qual fui por ela convidado e tão menos eu ter participado da premiação teatral realizada pelo meu amigo Rafucko. O que a Veja não tolera é um policial que despreza o Estado Policial! O que a Veja não tolera é um delegado de polícia que ao invés de aparecer em fotografias com empresários e políticos se dispõe a encontrar ativistas e pessoas que podem lhe oferecer muito mais do que todas as articulações empresariais, políticas e financeiras de uma revista comercial, através da sublime experiência da LIBERDADE.
Então mentiu de novo para a reportagem. O nariz continua a crescer. Quando indagado sobre a sua participação na festa, o que ele disse? Reproduzo trecho da outra reportagem: “Questionado sobre a foto, Zaccone explicou que foi convidado por Sininho, em outubro, para uma palestra em dezembro. O encontro na noite em que o vandalismo foi premiado foi ao acaso. De acordo com o delegado, ele apenas passou pelo evento na Cinelândia, onde encontrou algumas pessoas, e de lá seguiu para um show de Caetano Veloso e Marisa Monte no Circo Voador, na Lapa.”
No vomitório que lançou na Internet, nota-se que não foi lá por acaso, como disse. O tal “Rafucko” já virou “um amigo”. Se a data em que conheceu Sininho não importa, mentiu por quê? Se a sua participação na tal festa — decorada com objetos que eram frutos de um crime — também não tinha importância, por que mentiu uma segunda vez?
6) Por fim, quero consignar o imenso orgulho que sinto em poder ser fotografado e de participar de eventos ao lado de pessoas que pensam o país para além do capital financeiro. Sendo assim, por esta publicação de hoje não pretendo nenhum ressarcimento por danos morais. Estou com a moral elevada!
A Justiça — mesmo esta que o delegado deve achar “burguesa”… — existe, entre outras razões, para que aqueles que se sintam agravados busquem o devido desagravo. Se ele encontrar razões para pedir ressarcimento, que o faça. Seria uma boa oportunidade para que ficasse claro, nesse jogo de competências profissionais, quem cumpre os mandamentos da carreira que escolheu. Até onde se sabe, um delegado de polícia deve zelar pela lei e pela ordem, segundo os códigos escritos. E o papel de um jornalista e da imprensa é revelar ao público questões que são de interesse público.
7) Não esqueçam de pesquisar sobre a Privataria Tucana.
Isso é coisa de chicaneiro. Se o doutor sabe de alguma irregularidade praticada pelos tucanos e não denuncia aos órgãos competentes, sendo ele quem é, sendo ele um delegado, então é, além de tudo, um prevaricador. A propósito: Zaccone sabia ou não que os manequins que decoravam a festa eram roubados? Será que já não prevaricou ali? Afinal, aquele ato mereceu o prémio máximo na noite. Ele não viu nada de estranho?
Zaccone não é obrigado a ser policial. Se é, está obrigado a cumprir a lei. Ou, então, que meta logo uma máscara na cara, já que foi desmascarado.
E aí, José Mariano Beltrame?
Por Reinaldo Azevedo
Tags: black blocs, Orlando Zaccone
19/02/2014 às 3:55
Na sexta-feira, Lauro Jardim publicou, na coluna “Radar”, da VEJA.com, uma informação relevantíssima para que entendamos direito estes dias: o advogado João Tancredo doou nada menos de R$ 260 mil à campanha do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ) ao governo do Rio. É relevante por quê? Tancredo é o presidente da tal ONG chamada DDH (Defesa dos Direitos Humanos), que reúne advogados que, entre outras atividades, dedicam-se à defesa dos black blocs. Thiago de Souza Melo, o tesoureiro da ONG, é filiado ao PSOL e braço-direito de Freixo. Quando a tal Sininho foi acompanhar o depoimento de Fábio Raposo — um dos assassinos de Santiago Andrade —, telefonando, inclusive, para seu advogado, Jonas Tadeu Nunes, foi justamente para oferecer o auxílio dos doutores do DDH. Segundo Nunes, ela afirmou que falava em nome de Freixo — o que o deputado nega, é claro!
Então tá bom! O presidente de uma ONG que é vista no meio político como um braço operador do PSOL — e de Freixo em particular — doou R$ 260 mil para a sua campanha. Convenham: não é troco de pinga. Pois bem! Mandam-me aqui o texto que Freixo postou no Facebook. É impressionante o talento que tem esse rapaz para não responder as coisas que lhe dizem respeito e aproveitar para tentar jogar bombas no quintal de adversário. Abaixo, segue o texto que ele publicou em sua página (ou trata a si mesmo na terceira pessoa, como uma entidade, ou endossou o texto de alguém). Vamos ver (segue em vermelho; os destaques com números são meus). Volto depois.
*
O Radar Online, da revista Veja, publicou na tarde desta sexta-feira (14/02) que o advogado João Tancredo, dono do Escritório de Advocacia João Tancredo, doou R$ 260 mil à campanha de Marcelo Freixo à Prefeitura do Rio de Janeiro, em 2012. 1) A informação está correta.
2) A doação é totalmente legal e foi devidamente registrada na prestação de contas entregue à Justiça Eleitoral. Ela foi realizada em quatro parcelas, por transferência eletrônica. Do total, R$ 200 mil saíram do bolso do próprio advogado, que doou como pessoa física. O restante, R$ 60 mil, foi disponibilizado pelo Escritório de Advocacia João Tancredo. Junto com ele, mais de mil pessoas colaboraram com a campanha. Tudo foi devidamente registrado.
Como Freixo, João Tancredo é militante dos Direitos Humanos e amigo de longa data do deputado. 3) Ele e Guilherme Peirão Leal, dono da Natura, foram os maiores doadores da campanha. Vale ressaltar que Guilherme colaborou como pessoa física.
4) João Tancredo também preside o Instituto de Defensores dos Direitos Humanos (DDH). Por isso, Marcelo Freixo repudia a leviana tentativa de usar estas doações como forma de associar a atuação da entidade ao seu mandato parlamentar, como tem sido feito exaustivamente sem qualquer embasamento.
5) Ao contrário de muitos candidatos, Freixo não é financiado por empreiteiras, como a Delta, e empresários de ônibus. O prefeito Eduardo Paes, por exemplo, logo após se reeleger, encaminhou à Câmara de Vereadores um pacote de projetos de lei que beneficiam construtoras que colaboraram com sua campanha e vão atuar em obras das Olimpíadas de 2016.
6) Juntas, a Carvalho Hosken e Cyrela doaram R$ 1,15 milhão para Paes e para o PMDB. A Carvallho Hosken é a dona do terreno da futura Vila Olímpica e membro do consórcio Rio Mais, responsável pela construção do Parque Olímpico.
7) O prefeito arrecadou oficialmente R$ 21 milhões, sendo que 88% deste valor é oculto, não é possível saber a fonte porque foram destinados originalmente aos diretórios peemedebistas.
Uma contestação
Pena eu ter demorado para ler esse texto de Marcelo Freixo. Mesmo com atraso, comento. Fiz alguns destaques com números no texto publicado em sua página no Facebook para facilitar a resposta. E respondo.
1: A informação está correta? Ótimo.
2: Ninguém afirmou ou sugeriu que a doação fosse ilegal. O que é, como dizer?, muito significativo é que o presidente de uma ONG que serve à causa de Marcelo Freixo seja o principal doador de sua campanha eleitoral.
3: Por que Marcelo Freixo cita o dono da Natura, que não tem nada a ver com essa história? A que vem a referência? Trata-se, assim, de uma espécie de creme contra rugas ideológicas?
4: Releiam o item 4. Ou é maluquice ou é confusão deliberada. Transcrevo:“João Tancredo também preside o Instituto de Defensores dos Direitos Humanos (DDH). Por isso, Marcelo Freixo repudia a leviana tentativa de usar estas doações como forma de associar a atuação da entidade ao seu mandato parlamentar (…)”. EPA, EPA, EPA!!! É O CONTRÁRIO, DOUTOR! JUSTAMENTE PORQUE JOÃO TANCREDO PRESIDE O DDH É QUE A DOAÇÃO É, COMO A GENTE PODE DIZER?, EXÓTICA! É um estranho método de argumentação o de Freixo! É mais ou menos como se você perguntasse a alguém:
— Você comeu o pedaço de bolo de chocolate que estava aqui?
E outro respondesse:
— Como eu poderia? Não está vendo que estou com a boca suja de bolo de chocolate?
5: As doações de empresas privadas são legais e são legítimas. Essa tática das esquerdas, de que Freixo é useiro e vezeiro, de sair gritando como escândalo o que escândalo não é pode servir para enganar os socialistas da Zona Sul, mas é trapaça argumentativa.
6: E daí? Qual é a ilegalidade que Freixo está denunciando? É a velha tática das esquerdas: sair atirando para todo lado para tentar desviar o foco. E o foco é a proximidade do PSOL com o banditismo dos black blocs.
7: Freixo recorre, de novo, à embromação: a doação feita a partido político é legal; não há nada de “oculto”, como ele afirma.
O texto de Freixo é um exercício primário de desconversa. Quanto mais ele esperneia, mais o seu PSOL se aproxima dos black blocs.
Por Reinaldo Azevedo
19/02/2014 às 3:41
Está em curso, até onde sei, um caso inédito no país. Se houver outro, semelhante que seja, que alguns dos muitos advogados que leem este blog me informem. A que me refiro?
A Justiça Federal aceitou denúncia do Ministério Público Federal e abriu processo contra 11 pessoas acusadas de receber suborno da Alstom. Que se apure tudo. Ao oferecer a denúncia, o Ministério Público Federal excluiu o nome do vereador Andrea Matarazzo (PSDB) porque não encontraram indícios, evidências, nada, de que tivesse cometido crime. Só que os promotores fizeram uma coisa, para dizer pouco, estranha: solicitaram que, no seu caso, fosse aberto um novo inquérito.
Com base em quê? Não se sabe. E aí, parece-me, reside o primeiro ineditismo. O segundo ficou por conta da Justiça, que aceitou o pedido. Indício? Nenhum! Alega-se que dois dos agora processados eram, formalmente, subordinados seus à época em que foi secretário da Energia. E daí?
É a situação vivida pela personagem Josef K. no livro “O Processo”, de Kafka. Por que, afinal de contas, existe um segundo inquérito para investigar Matarazzo? Resposta: porque o primeiro não encontrou nada. Nunca vi isso. E não creio que já se tenha visto antes.
Antônio Cláudio Mariz de Oliveira emitiu uma nota a respeito:
“Causou estupefação a abertura de novo inquérito que versa sobre fatos já investigados e a respeito dos quais não se apontou nenhuma participação ou mesmo conhecimento de Andrea Matarazzo. Lembre-se ter sido ele excluído da denúncia oferecida pela Procuradoria da República referente a tais fatos. O inquérito instaurado não possui nem causa nem objeto. Com efeito, não se aponta nenhuma suspeita e nem se diz qual a finalidade das investigações.”
E se não encontrarem nada no segundo? Vai-se abrir um terceiro? Estão agora inventando uma categoria nova: a das pessoas que são investigadas porque são investigadas?
Por Reinaldo Azevedo
18/02/2014 às 19:04
Por Laryssa Borges na VEJA.com:
Em decisão individual, o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Câmara dos Deputados e o Senado Federal voltem a pagar normalmente salários a servidores que recebem acima do teto constitucional – 29.400 reais. Em dezembro, o magistrado já havia autorizado o pagamento de supersalários a um único funcionário da Câmara, mas agora a decisão foi ampliada a todos os servidores cujos benefícios estavam suspensos. Câmara e Senado deverão ser notificados ainda nesta terça-feira.
Marco Aurélio argumentou que a decisão, em caráter provisório, é justificável porque os servidores atingidos com o corte salarial não foram ouvidos previamente para apresentar a defesa. Na ação, a entidade que representa os sindicato do Legislativo Federal (Sindilegis) alegava, entre outros pontos, que a interrupção dos pagamentos acima do teto constitucional representa uma “abrupta redução da remuneração”, além de “embaraços para o equilíbrio dos orçamentos familiares”.
A decisão de Marco Aurélio, que ainda será analisada pelos demais ministros da Suprema Corte, contraria recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU) de vetar os supersalários e pode abrir brecha para mais de 1.300 servidores voltarem a ganhar acima do limite. No ano passado, a Corte de contas havia determinado à Câmara e ao Senado que regularizassem os pagamentos e cortassem benefícios acima do teto constitucional.
No processo apreciado pelo ministro ainda em 2013, o Sindilegis alegava que benefícios extras pagos em decorrência de funções comissionadas ou extraordinárias, como reembolso de despesas ou serviços durante as sessões noturnas, não se enquadram como salário e, portanto, não deveriam ser submetidos às regras do teto constitucional.
Por Reinaldo Azevedo
18/02/2014 às 16:26
Pobre Venezuela! Terá de piorar muito antes que melhore! Sofrerão mais, como sempre, os pobres e os vulneráveis. O leitor fique atento: tudo aquilo que as esquerdas reivindicam por aqui — inclusive as esquerdas do PT — foi rigorosamente cumprido na Venezuela: a radiodifusão foi estatizada; o estado decide plenamente os rumos da economia e determina o preço até do papel higiênico; os produtores rurais foram considerados sabotadores do socialismo, e o país praticamente parou de produzir alimentos; a esmagadora maioria dos pobres vive da caridade oficial disfarçada de programas de redistribuição de renda; o Poder Judiciário obedece às determinações do bando chavista, reunido num partido; leis eleitorais restritivas impedem que a oposição dispute a eleição em igualdade de condições com as forças do governo, e os pleitos nada mais são do que simulacros de eleições livres; há milícias ditas “populares” armadas, que mataram pelo menos três pessoas em manifestações recentes; mesmo o jornalismo impresso vive sob o chicote do governo, que controla o papel.
Observem como não há forças de esquerda no Brasil — pouco importa a sua coloração — que critiquem o modelo venezuelano. Se, por aqui, PSOL e PT vivem às turras para disputar fatias da opinião de esquerda, no que concerne à Venezuela, estão todos juntos. Tanto uns como outros sabem que o que se tenta construir por lá é “socialismo pela via eleitoral”, como se isso fosse possível. Como não é, o resultado é o que vemos.
A Venezuela quebrou, foi para o vinagre. A economia do país está destroçada. Os canais políticos de representação desapareceram. O esforço sistemático do chavismo para eliminar seus adversários acabou dando resultado: uma parte enorme da população se tornou estrangeira no seu próprio país. O poder se sustenta ainda na caridade oficial e se ancora em milícias armadas e nos setores mais corruptos das Forças Armadas, comprovadamente ligados ao tráfico internacional de drogas.
O país não está muito pior do que na reta final de Chávez. Mas agora não há nem mesmo a força encantatória (para quem se encantava, claro!) do “líder”. Nicolás Maduro é só um bronco, que tem o carisma de um joelho de porco. E exibe traços evidentes de psicopatia. Antevi certa feita que Chávez ainda terminaria amarrado em praça pública, pelos pés, como um Mussolini latino-americano. O destino se encarregou dele primeiro. Se Maduro continuar nessa toada, é o que acontecerá com ele — embora rescenda a certa covardia; talvez fuja primeiro.
Não custa lembrar: não fossem a fraude e a impossibilidade das oposições de ter acesso aos meios de comunicação, Maduro teria perdido a eleição.
A prisão do líder oposicionista Leopoldo López indica que as chances de haver uma saída política estão se estreitando. Reitero que qualquer tentativa de estabelecer conexões entre o que se passa na Venezuela e o que se dá no Brasil é uma tolice. Se a relação existe, é de contraste: os que hoje vão às ruas naquele país lutam justamente contra forças similares que tentam promover por aqui a baderna porque querem que os esquerdistas que estão no poder sejam ainda mais radicais.
Os estudantes venezuelanos, ao contrário, estão pedindo democracia, economia de mercado, instituições republicanas, respeito aos direitos individuais, pluralidade política e civilidade — tudo aquilo que a esquerda é incapaz de garantir porque não reconhece tais valores.
Por Reinaldo Azevedo
18/02/2014 às 15:49
Na VEJA.com:
O opositor Leopoldo López se entregou na tarde desta terça-feira a integrantes da Guarda Nacional, pouco depois de fazer um discurso aos que integravam a marcha contra o governo de Nicolás Maduro em Caracas. López foi acusado de incitação ao crime, depois das manifestações da última semana, que terminaram com três mortos e dezenas de feridos. A deputada María Corina Machado também foi detida, segundo seu porta-voz.
Ao falar com os participantes do ato, López pediu que não houvesse confrontação no momento de sua entrega. “Peço, por favor, que tenhamos prudência, sem confrontação”. Defendeu que é preciso construir uma saída “pacífica, dentro da Constituição, mas nas ruas”. “Já não nos resta na Venezuela meios livres para podermos nos expressar e se os meios calam, devemos ir às ruas”. (Continue lendo o texto)
Liderança opositora
O ex-candidato presidencial Henrique Capriles anunciou em sua conta no Twitter que estava se incorporando à marcha convocada por López. “A este governo interessa um país dividido, e nosso dever como venezuelanos é o de unir o país”, afirmou. Mais tarde, outro post: “Fomos à concentração pacífica em apoio a Leopoldo López. Nossa solidariedade e respaldo. Fez o que devia ser feito, enfrentar a perseguição”.
Como uma das figuras de maior relevo da oposição venezuelana, Capriles discordava dos colegas em relação a lançar mão de caminhos além dos eleitorais para enfrentar o oficialismo. Depois de perder a eleição presidencial para Hugo Chávez em outubro de 2012 e, seis meses depois, ser derrotado por Maduro por uma margem irrisória de votos, Capriles tentou anular o pleito, apresentando uma série de irregularidades. Esforço que se mostrou em vão em um país no qual as instituições são alinhadas ao chavismo.
Oficialismo
Capriles ressaltou ainda que a luta opositora “não é com o povo oficialista”, mas “contra o poder corrupto, repressivo, destruidor do país”. Do lado oficialista, o ministro de Relações Exteriores, Elías Jaua, foi o primeiro a se manifestar a respeito de López, dizendo que a “firmeza do Estado Venezuelano e a vontade de paz do povo obrigaram o chefe da violência a se entregar à Justiça. Sem mais impunidade!”
Por Reinaldo Azevedo
18/02/2014 às 15:43
Na VEJA.com:
A Petrobras abriu auditoria interna para investigar denúncias de pagamento de propina a funcionários e intermediários da estatal por funcionários da empresa holandesa SBM Offshore, a maior fabricante de plataformas marítimas de exploração de petróleo do mundo. Um investigação interna da SBM apontou que servidores da companhia brasileira teriam recebido pelo menos 30 milhões de dólares para favorecer contratos com a holandesa.
A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, afirmou nesta terça-feira que a auditoria foi aberta na semana passada e terá um prazo de trinta dias para apresentar os primeiros resultados. Nesse período, afirmou Graça, a chefia da estatal não se pronunciará sobre o assunto. Graça falou a jornalistas durante evento de assinatura de parceria entre a Petrobras e a equipe Williams de F-1.
O relatório de denúncia, assinado apenas por FE (ex-funcionário, na sigla em inglês), acusa a SBM de pagar 250 milhões de dólares em propinas a autoridades de governos e de estatais de vários países, incluindo o Brasil. O esquema de corrupção no Brasil, de acordo com a investigação interna, era comandado pelo empresário Julio Faerman, um dos mais influentes lobistas do setor e dono das empresas Faercom e Oildrive. Ele assinava contratos de consultoria com a SBM que serviam para repassar o dinheiro de propina para diretores da Petrobras. Essas consultorias previam o pagamento de uma “comissão” de 3% do valor dos contratos celebrados entre a SBM e a Petrobras — 1% era destinado a Faerman e 2% a diretores da petrolífera brasileira.
Uma troca de e-mails entre três diretores da SBM, que faz parte da investigação, traz minutas confidenciais da Petrobras e faz referência a uma reunião com um engenheiro-chefe da empresa, José Antônio de Figueiredo, para tratar da renovação do aluguel de uma plataforma de petróleo sem ter de passar por licitação. Figueiredo, funcionário de carreira da Petrobras há 34 anos, trabalhava no departamento de compras internacionais na gestão de José Sergio Gabrielli na presidência da empresa (2005-2012). Em maio de 2012, já sob o comando de Graça Foster, foi promovido a diretor de Engenharia, Tecnologia e Materiais e membro do conselho de administração.
Na segunda-feira a Controladoria-Geral da União (CGU) pediu à Petrobras “informações iniciais” sobre as providências tomadas pela empresa e os contratos firmados com a holandesa SBM Offshore. Depois de destaque na imprensa internacional, o caso chegou ao Brasil na semana passada. “A CGU, diante das notícias a esse respeito na imprensa internacional, já solicitou à Petrobras informações iniciais a respeito de providências eventualmente tomadas pela empresa ou em vias de o serem, bem como sobre quaisquer contratos com a SBM Offshore. Após receber e analisar esses elementos, a CGU decidirá sobre a necessidade, ou não, de outras providências”, diz o órgão em nota.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Petrobras
18/02/2014 às 15:20
Faces doces da truculência 1 – Marcelo Freixo: o queridinho dos socialistas do Leblon
Como a Fada Sininho do Peter Pan — para lembrar mais uma vez texto de Diogo Mainardi —, pessoas que se dizem, ou são ditas, intelectuais, colunistas e artistas se esforçam para dissociar o PSOL dos atos violentos dos black blocs. O esforço é asqueroso porque, para defender a sua tese mentirosa, sustentam que houve e está havendo uma superexploração da morte do cinegrafista Santiago Andrade. Pois bem, leiam a reportagem anterior.
Em setembro, durante o movimento Ocupa Câmara, no Rio, os black blocs espancaram um rapaz colombiano que participava do movimento porque ele foi acusado de roubar R$ 500 dos “revolucionários” que lá estavam. O jovem foi parar no hospital. Repita-se: os black blocs, que saem por aí quebrando e incendiando o que lhes dá na telha, decidiram que têm também o poder de polícia e que lhes cabe se comportar como Justiça e executores das penas. Entendo: a extrema esquerda não reconhece os tribunais burgueses.
Faces doces da truculência 2 – Chico Alencar: até agora, silêncio sobre a violência
Agora vêm as perguntas e as respostas que aqueles intelectuais, colunistas e artistas querem esconder: quem comandava o movimento “Ocupa Câmara”? Quem se encarregava da infraestrutura? Quem cuidava da logística da ocupação? Quem lhe dava interlocução política? Resposta: o PSOL. Qual PSOL exatamente? Resposta: o PSOL do sr. Marcelo Freixo, deputado estadual do Rio de Janeiro e metido a pensador alternativo. O fato de ele ter combatido as milícias não o coloca acima do bem e do mal e acima dos fatos.
Está claro: o PSOL comandava a parte civil da ocupação, e os black blocs respondiam pela área militar do acampamento; faziam o trabalho de polícia.
Está aí mais uma evidência, como se faltassem outras, da associação definitivamente criminosa de um partido com um bando. A propósito: ainda que em escala menor, essa atuação dos mascarados é muito diferente do que fazem os justiceiros e as milícias — práticas que qualquer pessoa civilizada deve repudiar? Parece-me que não. Mas as Fadas Sininho querem levar a bomba do pirata para explodir longe do Peter Pan dos socialistas com vista para o mar.
Os idiotas tentam distorcer os fatos com a ideologia e gritam: “Querem demonizar o PSOL!”. Demonizar por quê? Qual é a força efetiva desse partido? Mobiliza as massas, as maiorias, a população em geral? A resposta é negativa. Ninguém está sendo demonizado. Trata-se apenas de reconhecer autorias.
Faces doces da truculência 3 – Wyllys, o Schopenhauer dos engajados, está mudo
Ocorre que esse partido reúne uns dois ou três que são queridinhos de parte da imprensa, dos artistas e de ditos intelectuais. Além de Marcelo Freixo, há os deputados federais Chico Alencar e Jean Wyllys, do Rio, e o senador Randolfe Rodrigues, do Amapá. A propósito: até agora, não se ouviu uma única palavra desses “líderes” condenando a violência — nada!
Para encerrar: de resto, é mentira que a dita “mídia” tenha decidido levar adiante a pauta da vinculação entre PSOL e outros financiadores e os black blocs. Ao contrário: o assunto sumiu da imprensa, Imaginem vocês se alguém descobrisse que vereadores e até um delegado doaram dinheiro para um “ato beneficente” de um grupo de extrema direita. Imaginem vocês se um partido considerado de “extrema direita” promovesse ações conjuntas com mascarados truculentos. A Polícia Federal já teria sido acionada, a grita na imprensa seria insuportável, e todos já estariam, COM RAZÃO, na cadeia. Como, no fim das contas, são apenas “camaradas” que querem mudar o mundo, por que eles não podem espancar e matar de vez em quando?
A face doce da truculência 4 – Randolfe, visto como referência ética
Sendo quem são e pensando o que pensam, há quem ache muito razoável que os black blocs sejam o PSOL de máscara e que o PSOL seja os black blocs com cara limpa e muita cara de pau.
Por Reinaldo Azevedo
18/02/2014 às 14:31
Por Pâmela Oliveira, na VEJA.com. Volto no próximo post.
Com rostos cobertos, dispostos a depredar e invadir prédios públicos, os black blocs desprezam a lei. E agem segundo suas próprias regras, de acordo com as vontades que o momento indicar. Esse comportamento é, em vários momentos, rigorosamente idêntico ao dos justiceiros que prenderam um jovem a um poste com uma tranca de bicicleta, ou aos pistoleiros que executaram com um tiro na cabeça um homem acusado de roubo, na Baixada Fluminense. Um desses casos de “justiçamento” ficou registrado na Delegacia Especial de Atendimento ao Turista (Deat), em 28 de setembro do ano passado. O caso é espantoso: um colombiano que participava do “Ocupa Câmara” foi acusado pelos mascarados de ter furtado 500 reais. Um grupo, então, resolveu espancar o suspeito, que chegou ao Hospital Municipal Souza Aguiar com ferimentos no corpo e na cabeça.
O espancamento ocorreu durante a madrugada. A vítima, Júlio Cesar Guzmán Ferero, participava do protesto com cinco amigos, alguns deles também colombianos. E o que faziam colombianos no “Ocupa Câmara”, se não são afetados pelas mazelas – que são muitas – do Rio de Janeiro? A resposta poderia estar num exemplar alinhamento, ou na solidariedade de grupos de manifestantes dispostos a mudar os rumos da América Latina. Mas é mais simples que isso. E também menos nobre:
Na delegacia, o colombiano contou como chegou ao Ocupa Câmara. Ele disse que estava em São Paulo quando um homem identificado como Alexandre perguntou se ele gostaria de conhecer o Rio. Alexandre deu uma sugestão: Ferero e seus amigos, que tinham pouco ou nenhum dinheiro, poderiam ficar acampados no Ocupa Câmara. Na época, os ativistas protestavam pela saída do governador Sérgio Cabral e contra a presença de vereadores do PMDB, aliados do prefeito Eduardo Paes, na CPI dos Ônibus. Segundo Ferero, o homem, que teria “ideias antifascistas”, se comunicou com ativistas do Rio e pediu para que recebessem os colombianos. Assim, o grupo poderia ficar na cidade sem gastar com hospedagem e, em troca, aumentaria a adesão ao protesto.
A temporada carioca de Ferero e seus amigos terminou quando os líderes da ocupação deram falta de 500 reais, dinheiro “coletivo” que estava guardado em uma das barracas. Ferero contou à polícia que uma parte do grupo começou a acusar os estrangeiros. Alguns deles foram revistados, mas o dinheiro não foi encontrado. De acordo com boletim de Deat, Ferero não permitiu a revista e foi expulso do local. Dois dias depois, ele voltou à Cinelândia. Alguns dos acampados o reconheceram e começou, então, a agressão.
Testemunhas afirmam que Ferero reagiu, usando um pedaço de madeira, mas não conseguiu escapar. Ele foi socorrido por policiais militares, que o levaram para o Souza Aguiar, com ferimentos, escoriações e lesões na cabeça e nos braços. A reportagem do site de VEJA conseguiu localizar um email e um telefone que seriam de Ferero, na Colômbia, mas não obteve resposta.
Ao longo de dois meses de ocupação, não foram poucos os atos de radicalismo protagonizados pela turma do Ocupa Câmara. O grupo invadiu o Palácio Pedro Ernesto no dia 8 de agosto, mas foi retirado pela PM durante a madrugada do dia 9. Horas depois, cerca de 200 manifestantes retornaram e invadiram o gabinete do vereador da base governista Chiquinho Brazão (PMDB), que havia sido escolhido para presidir a CPI dos Ônibus. Paredes e fotos do peemedebista foram pichadas com frases como “Brazão, ladrão”. Com os corredores da Câmara tomados, vereadores da base governista ficaram acuados dentro do gabinete da presidência por quase duas horas.
No dia 15 de agosto, data marcada para a primeira reunião da CPI dos Ônibus, manifestantes atiraram ovos e pedras contra parlamentares e hostilizaram jornalistas. Dois meses depois, o acampamento foi desfeito pela Polícia Militar, que deteve parte dos ativistas após um protesto no Centro do Rio. Na ocasião, mais de 200 ativistas foram levados à delegacia – 69 deles foram presos.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: black blocs, violência
18/02/2014 às 6:49
Por Reinaldo Azevedo
18/02/2014 às 6:39
Estou pensando se devo entrar também no movimento em favor da canonização do deputado estadual Marcelo Freixo (RJ) e do PSOL, esse partido formado apenas de seres de luz que, por onde passam, deixam um rastro de clareza, de verdade e de apelo à racionalidade. Bastou que começassem a surgir as primeiras evidências — inclusive com o testemunho de um dos assassinos de Santiago Andrade — de que há organizadores e financiadores da violência para que viessem a público artistas, jornalistas e até humoristas em defesa do PSOL e de Freixo. Asseguram, contra as evidências e com a certeza dos farsantes, que eles não têm nenhuma relação com os black blocs. Não?
Bem, doações de vereadores do partido estão na planilha de um dos eventos “beneficentes” promovidos pela turma. Os advogados que se apresentam como defensores desses bravos pertencem a uma ONG ligada ao PSOL, comandada por um dos auxiliares de Freixo, que só pensa, claro, no bem da humanidade. A parceria entre o partido e os black blocs é de agora?
Ela se revelou de maneira escandalosa, por exemplo, na indecorosa, indecente e politicamente criminosa greve dos professores da rede municipal do Rio, organizada contra aquele que é apenas o melhor plano de carreira do país.
Humoristas, cantores e colunistas não precisam acreditar em mim. Acreditem no PSOL, que comanda o sindicato. Acreditem neste vídeo, em que uma representante sindical assume a parceria.
Como vocês podem constatar, além de demonstrar que estão juntos, o rapaz que discursa incita, na prática, à violência contra os policiais, comparando-os, adicionalmente, a nazistas. Para ele, os PMs são tão culpados por aquilo que chama “repressão” como os comandantes.
À época, em entrevista ao jornal O Dia, o coordenador-geral do sindicato afirmou:“As manifestações dos profissionais de educação continuarão a ser organizadas pelo sindicato, mas os black blocs serão sempre bem-vindos. O sindicato não pode se responsabilizar por atos anteriores, mas, nos protestos dos professores, os causadores dos conflitos não foram os black blocs e sim a polícia”. Era mentira! Os mascarados é que deram início aos confrontos.
Corinho fascistoide
Vejo agora cantores, colunistas e humoristas, num corinho fascistoide, acusando os “reacionários” (claro!) de tentar explorar a morte de Santiago Andrade. Por “explorar”, entendem a exposição nua e crua dos fatos, como eles se deram. Por “explorar”, entendem a reação de indignação; por “explorar”, entendem a apuração das responsabilidades, também as políticas.
Que gente notável! Que grandes democratas! Como essa morte é, obviamente, incômoda à sua “causa”, então eles acham que se deve silenciar a respeito. O cadáver deveria ficar escondido.
É bem verdade que…
É bem verdade que o PSOL não precisa do auxílio de black blocs para aderir à selvageria. O partido comanda o DCE da USP, que decidiu invadir a Reitoria da Universidade no ano passado. Abaixo, os invasores quebram a porta do prédio com uma marreta, em foto de Danilo Verpa, da Folhapress.
Nas duas imagens seguintes, de Leonardo Neiva, do G1, primeiro eles tentam arrombar a porta do Conselho Universitário com uma placa arrancada do estacionamento, que indicava a vaga de deficientes. Como não conseguiram, recorreram, então, a um pé de cabra e, de novo, à marreta.
Quando deixaram o prédio, o resultado era este (fotos de Nelson Antoine, Fotoarena):
A questão me parece bastante simples. Vamos ou não admitir que há um patamar de civilização abaixo do qual não pode haver diálogo e convivência? O PSOL decidiu ser os black blocs sem máscara, e os black blocs são a versão mascarada do PSOL. Não por acaso, um membro da direção do partido assinava um texto, no qual deram sumiço, que fazia o elogio da tática dos vândalos. E não posso deixar de encerrar este post com uma homenagem e uma lembrança.
Caetano fantasiado de black bloc: ele apenas viu uma estética, sabem?
Agora as Fadas Sininho querem que nos esqueçamos deste rosto. Não vai acontecer. Quem apoiou a violência é corresponsável pela morte de Santiago Andrade
Por Reinaldo Azevedo
Tags: ideologias, violência
18/02/2014 às 4:14
José Roberto Arruda, ex-governador do Distrito Federal, tem uma nova condenação, agora numa ação de improbidade administrativa. Em 2008, ele promoveu em Brasília um jogo amistoso entre as seleções do Brasil e de Portugal e contratou, sem licitação, uma empresa de marketing para cuidar do evento. Ainda cabe recurso. Condenação por improbidade, se confirmada, depois do trânsito em julgado, rende suspensão de direitos políticos, entre outras punições. Muito bem! Este poderia ser apenas mais um rolo de Arruda com a Justiça, o que não renderia não mais do que umas dez palavras. Mas o ponto é outro.
O governo do petista Agnelo Queiroz é tão ruim, mas tão ruim, que, acreditem, Arruda volta a ser considerado um forte candidato a sucedê-lo. Sim, senhores! É aquele mesmo que apareceu em vídeo recebendo pacotes de dinheiro do tal Durval Barbosa. Passou da condição de um dos políticos mais festejados do país para a de um pária, com quem ninguém queria conversa.
Pois bem! Ele já se filiou ao PR, o tal Partido da República — aquele de que o mensaleiro Waldemar Costa Neto é um dos chefões — e pode voltar a disputar, com chances, acreditem, o governo do Distrito Federal. E sabem quem é o seu maior cabo eleitoral? Justamente Agnelo, o atual governador.
Desde a queda de Arruda, incluindo as peripécias do próprio, o governo do DF não sai das páginas policiais e não para de gerar notícias assombrosas. A última é uma licitação feita pela turma de Agnelo para comprar — atenção, leitores! — 26.841 garrafas térmicas, ao preço de R$ 972,8 mil. Nem chega a ser o maior dos exotismos: em abril de 2013, entre os gastos com segurança para a Copa de 2014, o GDF reservou R$ 5,35 milhões para a compra de capas de chuva que seriam usadas por policiais militares. A Copa será disputada entre 12 de junho e 13 de julho. Nesse período, não cai uma gota de chuva em Brasília, e o ar é irrespirável também por isso.
É espantoso o que se passa no Distrito Federal. Agnelo ainda diz que vai tentar a reeleição. Se isso acontecer, será o maior cabo eleitoral de Arruda, que não tem condenação nenhuma em segunda instância e pode, sim, ser eleito. Não custa lembrar que, quando caiu em desgraça, fazia um governo aprovado pela esmagadora maioria da população do DF, ao contrário de Agnelo, que conta hoje com uma aprovação de apenas 9%, segundo o Ibope. Parece que o fundo do poço para a política do Distrito Federal é um alçapão.
Por Reinaldo Azevedo
18/02/2014 às 2:33
Por Andreza Matais, no Estadão:
A Polícia Federal instaurou inquérito para investigar como o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato financiou sua fuga para a Itália. Condenado no processo do mensalão a pena de 12 anos e 7 meses de detenção em regime fechado, o petista deixou o País em setembro, dois meses antes de ter a prisão decretada e foi capturado em 5 de fevereiro. O Brasil tenta sua extradição. A investigação será comandada pela PF do Rio, cidade onde Pizzolato vivia antes de fugir.
Há suspeitas de que o ex-diretor do Banco do Brasil condenado no mensalão pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato tenha movimentado altos valores de uma conta na Suíça. A polícia italiana também descobriu contas abertas na Espanha com o nome de Celso Pizzolato, irmão morto de quem Henrique assumiu a identidade após a fuga. A nova investigação tentará descobrir a origem do dinheiro usado por Pizzolato e as transferências monetárias feitas pelo condenado do mensalão. Na captura, na cidade de Maranello, no norte da Itália, a polícia italiana apreendeu com Pizzolato 15 mil e US$ 2 mil. Vizinhos disseram que ele comprava tudo em dinheiro. Pizzolato recebe aposentadoria de cerca de R$ 25 mil da Previ, fundo de pensão dos servidores do Banco do Brasil.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
17/02/2014 às 20:05
Um projeto de lei elaborado pelo governo federal vai proibir o uso de máscaras em protestos. As pessoas que se negarem a se identificar serão encaminhadas à polícia. As penas para danos ao patrimônio e agressões serão agravadas. Leiam post na home. Melhor isso do que o que se tem hoje. Danos ao patrimônio resultam em penas de seis meses a um ano — ou seja: nada. Desde o início da bagunça, em junho, há uma pessoa presa. Parece piada, mas é assim. Reitero: melhor essa lei do que nada, mas é claro que já se está diante de uma capitulação.
Como sempre, a turma do “deixa-disso”, que enxerga em toda manifestação de rua a redenção do povo, veio a público para matar no nascedouro o debate sobre uma lei antiterrorismo no país — única democracia do mundo, grande, pequena ou média, a não ter uma. Estamos num daqueles quadros do surrealismo legal brasileiro. Dois artigos da Constituição, o 4º e o 5º, repudiam o terrorismo, mas não temos leis para puni-lo. Os nossos “progressistas”, especialmente os da imprensa, acham que tem de ser assim mesmo.
Existe uma falácia, um cretinismo, segundo o qual penas mais duras não coíbem o crime. É um absurdo nos seus próprios termos. Não coíbem se não forem aplicadas. A questão é de lógica elementar. Se isso fosse verdade, não haveria penas distintas para furto e homicídio — seria uma pena única. Alta, média ou baixa (seria irrelevante), se furtar fosse igual a matar, o provável é que houvesse uma equalização entre furtos e homicídios. Não há como sair dessa armadilha lógica.
Então, sim, as penas maiores ajudam a coibir os crimes — desde que aplicadas. Já expus aqui os motivos por que não se quer e não se vai votar uma lei antiterror. Alguns dos chamados movimentos sociais, como o MST, seriam facilmente enquadráveis na lei.
A propósito: quantas pessoas foram presas e serão indiciadas em razão da pancadaria promovida pelo MST na Praça dos Três Poderes? Resposta: nenhuma! Ao contrário: no dia seguinte, Dilma recebeu a turba para conversar, demonstrando que ela aceita dialogar com quem fere 30 policiais, oito com gravidade.
Por Reinaldo Azevedo
17/02/2014 às 20:04
Por Marcela Mattos e Laryssa Borges, na VEJA.com:
Às vésperas de o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, decidir se determina ou não o retorno do ex-deputado José Genoino para a Penitenciária da Papuda, o petista sofreu um novo revés. A junta médica da Câmara dos Deputados realizou mais uma bateria de exames no mensaleiro e concluiu que ele não deve ser beneficiado com a aposentadoria por invalidez. De acordo com o laudo, baseado em exames realizados na última terça-feira, Genoino não é portador de cardiopatia grave e, por isso, não teria direito a receber os vencimentos na íntegra – 26.700 reais. Atualmente, ele recebe cerca de 20.000 reais de aposentadoria por tempo de serviço.
As conclusões dos médicos ainda podem ser revistas, mas foi a segunda resposta negativa ao pedido de aposentadoria por invalidez de Genoino. No final de novembro, a junta médica havia apontado que o ex-presidente do PT tinha problemas cardíacos, mas o quadro não era grave o suficiente para ser afastado definitivamente do trabalho. Na época, os médicos pediram mais noventa dias para concluir a análise.
Como o mais recente laudo é desfavorável, a defesa de Genoino tenta uma última cartada para reverter o quadro. Na última quinta-feira, o petista anexou ao processo novos exames, incluindo o monitoramento ambulatorial da pressão arterial (MAPA), sistema que registra a pressão arterial a cada quinze ou vinte minutos durante 24 horas. Quatro médicos ainda vão analisar os resultados desse exame para decidir se revisam o laudo sobre a aposentadoria ou se tornam definitiva a decisão contra Genoino.
Genoino está provisoriamente em prisão domiciliar em Brasília e aguarda decisão do ministro Joaquim Barbosa sobre a necessidade de retornar para o presídio da Papuda. No final de novembro, um laudo médico elaborado a pedido de Barbosa constatou que a prisão domiciliar não era “imprescindível” para o ex-presidente do PT. Ainda assim, Barbosa estendeu o benefício ao mensaleiro por mais noventa dias, prazo que termina nesta quarta-feira.
Ainda nesta semana, o plenário do Supremo deve julgar o último recurso apresentado pelo petista. Ele contesta, por meio de embargos infringentes, a condenação que recebeu por formação de quadrilha. Se os ministros acatarem a tese do mensaleiro, sua pena pode cair para quatro anos e oito meses de prisão.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: José Genoino, Mensalão
17/02/2014 às 19:16
O delegado Zaccone e Sininho: o representante da ordem e a da desordem
Por Gabriel Castro e Daniel Haidar na VEJA.com:
O delegado de Polícia Civil Orlando Zaccone, titular da 31ª DP (Ricardo de Albuquerque), mentiu sobre a data em que conheceu a ativista Elisa Quadros, a Sininho. Incluído na lista de doadores para o evento “Mais amor, menos capital”, realizado em 23 de dezembro do ano passado, Zaccone confirmou ter contribuído com 200 reais, e explicou que só naquela noite esteve pessoalmente com Elisa. Uma fotografia publicada em um blog, no entanto, mostra os dois lado a lado em um evento em 20 de novembro, em outro evento: o “Prêmio dos Protestos de 2013”, promovido pelo humorista-militante conhecido como Rafucko. Nada demais se não fosse Zaccone uma autoridade policial e se não estivessem os manifestantes, naquela noite, festejando, entre outros eventos, o “Maior Ato de Vandalismo” do ano, premiado com o “Molotov de Ouro”. O ato ‘premiado’ foi a quebra dos manequins da Toulon – na noite de 17 de julho, no bairro do Leblon.
Zaccone tem direito de rir do que quiser. Mas, a partir do momento em que acha graça do crime de roubo, depredação do patrimônio público e privado e de atos de vandalismo, deixa de ter credenciais necessárias para chefiar policiais que deveriam, na verdade, investigar e prender quem roubou a Toulon. Em tempo: “Pichar a Alerj” e “Queimar ônibus” também estavam indicados ao prêmio.
“Não fico vendo folha de antecedentes criminais das pessoas que conheço. Óbvio que, se tiver conhecimento que a pessoa tem mandado de prisão, teria que cumprir”, respondeu o delegado, por telefone, ao site de VEJA. Como os roubos foram praticados por mascarados, e Zaccone não reconheceu os manequins expostos como egressos da loja saqueada, a história ficou no riso – menos para a Toulon, que amargou o prejuízo, assim como outras lojas atacadas por baderneiros que percorreram as ruas do Leblon e de Ipanema.
Questionado sobre a foto, Zaccone explicou que foi convidado por Sininho, em outubro, para uma palestra em dezembro. O encontro na noite em que o vandalismo foi premiado foi ao acaso. De acordo com o delegado, ele apenas passou pelo evento na Cinelândia, onde encontrou algumas pessoas, e de lá seguiu para um show de Caetano Veloso e Marisa Monte no Circo Voador, na Lapa.
Zaccone reclama que se sente perseguido. “Me sinto como se estivesse passando por um processo de inquisição pelo fato de ter contato com pessoa que não existe nenhum processo contra ela. Estão me cobrando o fato de eu ter conhecido e estado com uma pessoa que nem sequer sofreu um processo”, disse Zaccone, sobre Sininho. “Eu tenho a liberdade de conhecer pessoas que não estejam foragidas, que não estejam condenadas. Mesmo assim, se a pessoa não está presa e não tem mandado de prisão, qual seria o meu crime por tê-la conhecido?”, reclamou Zaccone.
Doações
Além do delegado, aparecem na lista de doadores os vereadores do PSOL Renato Cinco e Jefferson Moura – ambos admitiram que seus gabinetes fizeram doações ao evento. O juiz João Damasceno, que figura na planilha, negou ter feito doações. Os doadores alegam, em seu favor, que o dinheiro foi usado apenas para a compra de uma ceia, com rabanadas, para a população carente. E ignoram o fato de o grupo ali acampado é o mesmo que organizou a ocupação do Palácio Pedro Ernesto.
A Polícia Civil abriu investigação, no âmbito da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), para descobrir se dinheiro doado por autoridades foi usado para financiar atos criminosos em manifestações. A unidade também foi designada para, a partir de cópias de documentos colhidos pela 17ª DP (São Cristóvão), investigar o aliciamento de manifestantes para atuar em ações violentas nos protestos.
Por Reinaldo Azevedo
17/02/2014 às 18:42
Por Daniel Haidar, na VEJA.com:
Os dois acusados de matar o cinegrafista Santiago Andrade, da rede Bandeirantes, foram denunciados à Justiça nesta segunda-feira pelo Ministério Público do Estado do Rio. O auxiliar de serviços gerais Caio Silva de Souza e o tatuador Rafael Raposo Barbosa, conhecido como “Fox”, ambos de 22 anos, devem responder por homicídio doloso (com intenção de matar) triplamente qualificado – o MP considerou que houve motivo torpe, que a vítima não teve possibilidade de defesa e que foi usado um artefato explosivo para tirar a vida da vítima. Os dois também responderão pelo crime de explosão em área pública – com pena de até quatro anos.
A denúncia indica que o entendimento do MP é mais duro que o da Polícia Civil, que enquadrou os ativistas em apenas uma qualificadora para o crime de homicídio (uso de artefato explosivo). A promotora Vera Regina de Almeida, da 8ª Promotoria de Investigação Penal (PIP), concordou com o delegado Maurício Luciano de Almeida, responsável pelas investigações, e requereu à Justiça a conversão da prisão de Raposo e Souza de temporária para preventiva – sem prazo determinado. Os dois estão presos temporariamente no complexo penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do Rio. O procedimento foi encaminhado à 3ª Vara Criminal do Rio. Caso o juiz Murilo Kieling aceite a denúncia do MP, será aberta ação penal. Com isso, Raposo e Souza passarão da condição de acusados a réus.
Se o magistrado decretar a prisão preventiva dos dois, eles permanecerão atrás das grades até o julgamento, a não ser que obtenham habeas corpus em instâncias superiores. Se ao final da instrução do processo o juiz decidir pronunciá-los, eles serão julgados por um júri popular. Os dois rapazes estão com a prisão temporária expedida, por 30 dias, desde a última segunda-feira. Caio foi preso na quarta-feira, após se entregar em Feira de Santana, na Bahia. Fábio se apresentou à polícia no dia 9 de fevereiro e está preso desde então.
Eles foram reconhecidos em vídeos e fotos da manifestação do dia 6 de fevereiro. Nesse protesto, o cinegrafista Santiago Andrade acabou atingido na cabeça pelo rojão e faleceu alguns dias depois. Em depoimento a policiais, Caio e Fabio confessaram que lançaram o rojão. Na última quinta-feira, um colega de trabalho de Caio disse ainda que o suspeito confessou, em uma ligação depois do protesto, que tinha matado uma pessoa na manifestação.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Santiago Andrade, violência
17/02/2014 às 16:09
Na VEJA.com:
O governo decidiu incluir no projeto de lei que envia nesta semana ao Congresso Federal a proibição do uso de máscaras durante protestos. O projeto, que será apresentado em regime de urgência, visa conter a violência nas manifestações e aumenta as punições em caso de danos ao patrimônio público. A proposta também prevê o agravamento da pena para quem cometer atos de lesão corporal.
“Quem quiser pintar o rosto pode pintar, mas será vedado o uso de máscara ou camisa cobrindo o rosto, sem que as pessoas se identifiquem, para evitar o vandalismo”, afirmou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. “A lei proíbe o anonimato. As pessoas têm de arcar com as consequências do que fazem. Ninguém pode se infiltrar em manifestações para depredar o patrimônio, agredir, matar e não ser punido.” Pelo projeto de lei, os manifestantes mascarados que se recusarem a apresentar a identificação serão encaminhados à polícia. “Se a pessoa se negar a sair do anonimato, estará cometendo crime de desobediência. E casos de reincidência configuram sanção penal mais elevada”, afirmou Cardozo.
A pena existente hoje para danos ao patrimônio público é de seis meses a um ano de reclusão. Na avaliação do governo, trata-se de penalidade “muito baixa”, que precisa ser reforçada. “Em vários países, como a França e o Canadá, existem leis mais duras, que garantem a liberdade de expressão, mas coíbem com rigor a prática de crimes. É isso que estamos fazendo”, disse o ministro.
(…)
O governo está preocupado com o clima de insegurança perto da Copa do Mundo, principalmente em um ano em que a presidente Dilma Rousseff disputará a reeleição. Além disso, na avaliação do Palácio do Planalto, a participação dos black blocs e mascarados em protestos provoca medo generalizado, sensação de descontrole e acaba diminuindo a adesão de pessoas que querem protestar livremente.
Apesar desse diagnóstico, o governo não aprovou a ideia do secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, que dá nova configuração ao crime de formação de quadrilha. Para Beltrame, a quadrilha já poderia ser caracterizada quando duas pessoas – e não três, como é hoje – se reunissem para cometer atos ilícitos. Na semana passada, um cinegrafista da TV Bandeirantes foi morto após ser atingido por um rojão durante manifestação no Rio. Cardozo negou que o projeto de lei tenha o objetivo de coibir atos públicos e protestos contra o governo. “Queremos garantir a liberdade de manifestação, mas vamos atuar com rigor contra a violência e a prática de crimes”, disse o ministro.
Por Reinaldo Azevedo
17/02/2014 às 15:12
Caetano fantasiado de black bloc: ele apenas viu uma estética, sabem?
Mas os black blocs são também uma ética e fazem isto: Santiago Andrade ferido
Caetano Veloso, o esteta dos black blocs, que se deixou fotografar fantasiado de bandido, resolveu, mais uma vez, fazer reflexões políticas. É aquele senhor que chegou a escrever certa feita que os “os black blocs fazem parte”. Infelizmente, não revelou o complemento nominal que tinha em mente para que soubéssemos, afinal de contas, parte de quê.
Neste domingo, em seu artigo no Globo, ele volta à carga com dois truques manjados, velhos, mas que têm eficácia: atacar o veículo em que escreve para a)demonstrar independência; b) fazer com que o jornal prove, então, que ele está errado. Sempre que veículos da grande imprensa são desafiados por esquerdistas e bocós (ou a soma das duas coisas) a provar que não são “de direita”, caem no truque. Até porque não faltam nas redações… esquerdistas e bocós (ou a soma das duas coisas).
Parafraseando uma deliciosa coluna de Diogo Mainardi, sobre outras personagens, noto que Peter Pan e os black blocs têm a fada Sininho. O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ) tem Caetano Veloso. Caetano é a fada Sininho de Freixo. Quando a bomba dos piratas está para estourar no colo de Freixo, providencialmente aparece Caetano, batendo as asinhas. Ele carrega a bomba para longe e – bum! – estoura junto com ela, sempre pronto a se sacrificar pela Terra do Nunca.
Leiam o texto de Caetano publicado no domingo. Volto depois.
*
Gosto de Freixo não porque ele é do PSOL. Acho que gosto um tanto do PSOL por ele abrigar Freixo. Sou independente, conforme se vê. Ser estrela é bem fácil. Nada importam as piadas dos articulistas reacionários que classificam minhas posições como Radical Chic. Desprezo a tirada de Tom Wolfe desde o nascedouro. Antigamente tentavam me incluir na chamada esquerda festiva. Isso sim, embora incorreto, me agradava: a expressão brasileira é muito mais alegre, aberta e democrática do que a de Wolfe. Mas tenho vivido para desmontar o esquema que exige adesão automática às ideologias da moda. Deploro o resultado das revoluções comunistas. Todas. E, considerando o Terror que se seguiu a 1789, sou cético quanto a revoluções em geral. Na maioria das vezes, a violência se dá, não para fazer a história humana caminhar, mas para estancar seu fluxo. Olho com desconfiança os moços que entram em transe narcisista ao quebrar vidros crendo que desfazem a trama dos poderes. Ainda hoje não consigo adotar a posição que considera Eduardo Gianetti, um liberal crítico, ou André Lara Rezende, o homem que põe em discussão o crescimento permanente, conservadores. Nem acho que o conservadorismo seja necessariamente um mal. A adesão de alguns colegas meus à nova direita me deixa nauseado, não por ser à direita, mas por ser automática.
Simplesmente me pergunto qual exatamente será a intenção do GLOBO ao estampar manchetes e editoriais induzindo seus leitores a ligarem Marcelo Freixo aos rapazes que lançaram o rojão que matou Santiago Andrade. A matéria publicada no dia em que saiu a chamada de capa com o nome do deputado era uma não notícia. Nela, a mãe de Fábio Raposo, o rapaz que entregou o foguete a Caio Souza, é citada dizendo acreditar que o filho “tem algum tipo de ligação com Freixo”. Isso em resposta a uma possível declaração do advogado Jonas Tadeu Nunes, que, por sua vez, partiu de uma suposta fala da ativista apelidada Sininho. O GLOBO diz que esta nega. Como então virou manchete a revelação da possível ligação entre o deputado e os rapazes envolvidos no trágico episódio? Eu esperaria mais seriedade no trato de assunto tão grave.
Li o artigo do grande Jânio de Freitas em que ele defende a tese de intenção deliberada de assassinar um jornalista, o que está em desacordo com as imagens exibidas na GloboNews. Sem falar na entrevista do fotógrafo, que afirma que o detonador do artefato tinha mirado os policiais. Claro que me lembrei, ao ver a primeira reportagem na GloboNews, dos carros de emissoras de TV incendiados durante as manifestações, o que me levou a participar da indignação dos âncoras do noticioso. Um vínculo simbólico entre aquelas demonstrações de antipatia e o ocorrido em frente à Central é óbvio: um rojão sai das mãos de um manifestante e atinge a cabeça de um jornalista. Mas parece-me abusivo ver nisso o propósito de matar o repórter. Nas matérias que se seguiram, O GLOBO, ecoando falas do advogado Jonas Tadeu, que diz não ser pago por ninguém para defender os dois réus mas conta que um deles diz receber dinheiro para ir às manifestações, insiste em lançar suspeita sobre Freixo, por ser o PSOL, seu partido, um possível doador do alegado dinheiro. Na verdade, as declarações do advogado, mesmo nas páginas do GLOBO, soam inconvincentes. O mesmo Jânio de Freitas, em artigo posterior àquele em que defende a tese de assassinato deliberado, se mostra desconfortável com o comportamento de Jonas Tadeu. Já O GLOBO, no qual detecto uma sinistra euforia por poder atacar um político que aparentemente ameaça interesses não explicitados, trata as falas de Tadeu sem crítica. Uma das manchetes se refere a vereadores do PSOL que teriam contribuído para uma ação na Cinelândia, na véspera de Natal, sugerindo ligação do partido com vândalos, quando se tratava de caridade com moradores de rua. O tom usado no GLOBO é, para mim, de profundo desrespeito pela morte de Santiago.
Freixo, em fala firme ao jornal, desmente qualquer ligação com os dois rapazes. Ele também lembra (assim como faz Jânio) que Jonas Tadeu representou o miliciano Natalino.
Quando Freixo era candidato a prefeito, escrevi artigo elogioso sobre ele. O jornal fez uma chamada de capa que, a meu ver, desqualificava meu texto. Manifestei minha indignação. A pessoa do jornal que dialogava comigo me assegurou não ter havido pressão dos chefes. Acreditei. Agora não posso deixar de me sentir mal ao ver a agressividade do jornal contra o deputado. Tudo — incluindo os artigos de autores por quem tenho respeito e carinho — me é grandemente estranho e faço absoluta questão de dividir essa estranheza com quem me lê.
*
Comento
Caetano Veloso acha que basta classificar de “colunistas reacionários” aqueles que criticam suas irresponsabilidades para que fique tudo bem. Não, senhor! A causa a que ele, em alguma instância, aderiu já tem um morto e é hoje a força que mais constrange a imprensa livre. Essa mesma onde ele vai posar de pensador alternativo.
Os vereadores do PSOL não “teriam contribuído” com black blocs; eles contribuíram. É preciso ser Caetano Veloso para ter a cara de pau de afirmar que quem promove quebra-quebra num dia vai fazer caridade de Natal no outro. É do poeta já morto Wally Salomão a melhor expressão para designar esse lado falso sonso de Caetano: posa de “Soninha Toda-Pura”.
O “instituto”, ou algo assim, que fornece os advogados que livram da cadeia os black blocs é umbilicalmente ligado ao PSOL, a Freixo. Até outro dia, a página do partido trazia o texto de um membro da direção considerando a tática black bloc aceitável, parte do jogo político. Os covardes tiraram o texto do ar. A notícia, omitida por Caetano, saiu no Globo.
Ele faz de conta também que o Sindicato dos Professores do Rio, comandado pelo PSOL — e isso quer dizer “Marcelo Freixo” —, não promoveu ações conjuntas com os black blocs, o que foi admitido até em nota oficial. A parceria é antiga.
Raramente li texto tão desonesto intelectualmente. E, se notarem bem, não há um só lamento, uma miserável linha, nada, pela morte de Santiago Andrade. Vai ver isso também “faz parte”.
Eu achava que Caetano estava apenas decadente e que ninguém, à sua volta, por medo de perder o emprego, tinha coragem de dar um toque. Mas vejo que ele já morreu faz tempo.
Estou respondendo ao texto de um defunto moral. Vejam as duas imagens lá do alto. Caetano, nos últimos anos, vinha provocando em mim algo como repulsa intelectual. Desta feita, santo Deus!, é nojo físico mesmo. Não é assim que se lida com a morte de pessoas. Não é assim que se lida com sangue humano.
Seu irresponsável!
Por Reinaldo Azevedo
Tags: black blocs, Caetano Veloso
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