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19/02/2014 às 10:57 \ Tradução simultânea
“Um avião não é feito para cair, mas ele sazonalmente cai. O que não se pode dizer é que ele todo ano tem que cair. Assim é o sistema elétrico brasileiro.” (Edison Lobão)
A declaração do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, contém duas bobagens em uma. A primeira, uma impropriedade vocabular flagrante, é chamar de “sazonais” os acidentes aéreos. A segunda é compará-los aos apagões, estes sim tendentes à sazonalidade.
O adjetivo sazonal é derivado de um substantivo feminino nascido no século XIII e pouco usado hoje: sazão, do latim sationis, que quer dizer estação do ano e, por extensão, tempo próprio para a colheita.
Faz tempo que sazonal, “relativo a uma determinada época do ano”, vai além de seu sentido original, podendo nomear tudo aquilo que ocorre em ciclos, regularmente, de forma previsível – como as estações que estão na origem disso tudo.
Safras são sazonais, claro, e fluxos turísticos em balneários também, mas até a Copa do Mundo pode ser chamada de sazonal. Há ciclos e padrões na ocorrência de todos esses eventos. Sinônimos de sazonal são periódico, cíclico, regular, repetitivo.
Um acidente aéreo, como se vê, é tudo menos sazonal. Imprevisível, pode-se dizer que é melhor qualificado pelos antônimos das palavras listadas acima: ocasional, eventual, fortuito, irregular.
Tudo aquilo que os apagões e o medo do desabastecimento energético, pragas brasileiras frequentes e propensas a atacar no verão, infelizmente não são.
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